sexta-feira, 27 de março de 2015

E A ALEMANHA CAPITULOU...


Sem grana, sem GP. Nurburgring está fora da F-1, deixando a Alemanha sem prova no campeonato este ano.

            No fim de semana passado veio a notícia oficial de que o campeonato de Fórmula 1 deste ano terá uma prova a menos, o que ninguém queria ouvir, mesmo sabendo da dura realidade: o Grande Prêmio da Alemanha está fora! Os motivos já são amplamente conhecidos: a falta de fundos da pista de Nurburgring para realização do GP. Bernie Ecclestone não se comoveu nem um pouco com o pedido de baixar as altíssimas taxas cobradas pela FOM pelo direito de sediar um GP, e mesmo tentando apelar para o circuito de Hockenhein para tentar sediar novamente a corrida germânica lá nesta temporada, a falta de fundos impediu que o negócio fosse adiante, assim como o pedido para baixar o alto valor da taxa de direito de realização do GP. Bernie segue sua lógica: contratos firmados devem ser honrados, e se abrir exceções, todo mundo vai se sentir no direito de pedir também, e a última coisa que o chefão da categoria quer é ver os lucros diminuírem. Dá para entender a lógica, o que não quer dizer que concorde com ela. Quem perde são os torcedores, e a própria F-1.
            Ingressos de F-1 são caros no mundo inteiro, e infelizmente são caros porque os custos de realização de um GP são enormes. Para começar, é preciso pagar a Promoter Fee, que é uma taxa para que alguém tenha o "direito" de organizar e promover um Grande Prêmio. Paga essa taxa, que nunca é barata, começam os trabalhos de montagem da prova, com a adequação da estrutura do autódromo, contratação dos funcionários que trabalharão, suporte e logística a todos que lá estarão, etc. É um trabalho danado, e acreditem, de pouco retorno. Pouco retorno? Pois é, isso mesmo. Mas e todas aquela placas de patrocinadores, e toda aquela penca de gente que paga os caríssimos ingressos do Hospitality Center? Vai tudo para a Formula One Management - FOM, leia-se Bernie Ecclestone, que é quem também cobra a Promoter Fee. Em outras palavras, Ecclestone fica com o prato principal, as entradas, e até a sobremesa, numa comparação com um banquete. Aos promotores dos GPs, sobram literalmente, "as sobras"..., ou seja, os ingressos que são cobrados dos torcedores que comparecem às corridas.
            Por isso, os ingressos são caros porque tem de cobrir todos os gastos operacionais de um GP. E tem vezes que essa conta não fecha. No ano passado, o GP da Alemanha já havia dado prejuízo, pelo pouco público que a prova teve. Foi preocupante ver as enormes arquibancadas do Motodron - a seção do autódromo junto à reta dos boxes cujas arquibancadas acompanham a pista, e lembram um estádio de futebol, por isso o nome, ocupadas por muito menos da metade de sua capacidade. E olhe que a Mercedes, um time alemão, dominava o campeonato, e seu piloto Nico Rosberg, também alemão, liderava a competição. Mesmo assim, a corrida foi um fiasco em termos de público, algo nunca imaginado nos tempos de Michael Schumacher, e até mesmo recentemente, dos títulos de Sebastian Vettel.
            Nurburgring ainda tem o pesadelo de ter sido criado um complexo turístico dentro do autódromo, com hotel e tudo, tentando capitalizar com os fãs da velocidade. Só que exageraram na dose, e o complexo vive recebendo muitos poucos turistas interessados em conhecer a história e os feitos do circuito. As contas de manutenção passam longe as receitas. Por mais famosa que fosse, a pista de Nurburg não tinha corridas suficientes para atrair fãs o ano todo que ajudassem a manter a estrutura que foi criada no local. Daí a juntar esse prejuízo com as altas taxas de realização de uma prova de F-1, foi um pulo para a insolvência. A Mercedes, maior interessada em manter o GP no calendário, tentou mediar um acordo para custear metade dos custos da corrida, mas as negociações com Bernie não frutificaram. Espera-se que a prova retorne em 2016, mas este retorno fica ameaçado pela não-realização da corrida este ano. E devemos lembrar que, só para manter a pressão e a ameaça, Ecclestone já tem gente na fila para ocupar o lugar da Alemanha...
            Para 2016, está prevista a estréia do Azerbaijão no calendário, e alguém certamente teria de sair do calendário atual para dar lugar a esse novo GP. E os alemães acabaram de dar seu "aval" para facilitar as coisas para o cartola. E as coisas não param por aí: o chefão da FOM anda ameaçando o GP da Itália de ser excluído do calendário ao fim do atual contrato que vence justo no ano que vem. E ele quer aumento dos valores, dizendo-se tremendamente insatisfeito com o que recebe da prova em Monza. O recado é claro: ou paga e fica, ou cai fora, porque tem gente na fila mais do que disposta a pagar muito, muito mais. É praticamente um leilão desavergonhado: quem dá mais, leva, e enquanto tiverem candidatos a dar lances, essa prática não cessará.
            A situação começou a ficar fora de controle em 1999, quando estreou o GP da Malásia, que foi, e continuando sendo, bancado pelo governo do país, interessado em usar a prova para divulgar o seu país, turística e financeiramente, ao mundo. Com o uso das estatais para custear a corrida, principalmente da petrolífera malaia, a Petronas, Bernie viu ali a mina de ouro: um GP onde seus promotores não recusariam suas exigências financeiras para realização da prova. Só piorou o fato o governo da Malásia ainda bancar a construção de um autódromo considerado faraônico até então, se comparado às estruturas dos outros autódromos então presentes na categoria, cujo projeto foi contratado a Hermann Tilke, por indicação de Ecclestone, claro. Indicação que não foi de graça.
A Malásia inaugurou a era dos "megaautódromos" e GPs bancados por governos sem receio de pagar as taxas da FOM. Bernie Ecclestone deitou e rolou desde então...
            Com outros países e governos seguindo o exemplo, o caldo engrossou: China, Bahrein, Turquia, Cingapura, Valência, Índia, Abu Dhabi, Coréia do Sul, Rússia, todos aceitando sem pestanejar as condições impostas, os valores foram subindo cada vez mais. E como aceitar tanta prova nova no calendário? Simplesmente "chutando fora" aqueles que começavam a ser "inconvenientes" ou "pobres" demais para aceitar pagar as taxas bem mais altas na renovação dos contratos dos GPs. San Marino foi riscada da competição. Depois, foi a vez da França. Com o aumento do número de provas, conseguiu-se evitar, momentaneamente, a "expulsão" de mais provas, mas a ganância de Bernie não parou de subir. Uma hora, a corda iria estourar do lado mais fraco, e mesmo com alguns dos novos GPs também pulando fora por não aguentarem as taxas exorbitantes - os sul-coreanos, valencianos e turcos jogaram a toalha, e com os indianos foi mais um problema relativo a situação tributária local que não abriu exceções para a movimentação milionária da F-1, era só questão de tempo até novas "vítimas" surgirem, como agora, com a saída, pelo menos por este ano, da prova da Alemanha.
            Não há muito o que os promotores podem fazer. Tratam-se de empresas privadas, e como tal, precisam ter lucro para viver, do contrário, fecham. Geralmente podem conseguir fazer acordos com alguns patrocinadores e arrecadar mais alguns recursos com suas corridas, mas não contam com benesses dos governos de seus países - que diga-se de passagem, tem assuntos mais prioritários para tratarem, do que sustentarem corridas de F-1 em seus territórios. Como competir com países como Malásia, China, Bahrein, e agora a Rússia, onde os governos despejam rios de dinheiro sem pestanejar para a realização de suas etapas, não importando se terão prejuízo ou lucro? Não há. Mas a F-1 não perde seus fãs, uma vez que nestes países, pouca gente se entusiasma pelas corridas, ou nem dá bola para elas? Ecclestone não parece perder o sono por causa disso, e diga-se de passagem que certa vez ele já declarou que gostaria de não ter "público" nos autódromos, alegando que eles seriam um estorvo, já que o filão do faturamento estava na venda dos direitos de TV. Então, para que se preocupar se quem está na arquibancada nessas corridas está afinado ou não com o acontece na pista? Se estão ali, já pagaram a entrada mesmo...
            Aliás, esta escalada das taxas de promoção dos GPs hoje já superaram a arrecadação obtida dos direitos de TVs, o que dá uma idéia de como os preços inflacionaram desde então. E o chefão da FOM não pretende parar. Além da prova do Azerbaijão, já há conversas com o Vietnã para sediar um GP, e outro país do Oriente Médio, o Catar, que já sedia uma corrida da MotoGP, também iria atrás de seu GP, para concorrer com seus "rivais" do deserto, Bahrein e Abu Dhabi. Bernie ainda ambiciona ter outro GP nos Estados Unidos, na Costa Leste, onde já tentou incluir uma prova em Nova Jérsei, que só não saiu ainda do papel porque seus idealizadores não conseguiram viabilizar o empreendimento - diga-se arcar com os altos custos cobrados pelo inglês.
            Outro efeito colateral nefasto destes novos GPs é o que se fazer com os autódromos em alguns lugares. Para os turcos, a pista de Istambul não foi um bom negócio, porque só foi utilizada para a F-1, e desde que esta saiu de lá, o lugar virou praticamente um elefante branco. Os sul-coreanos tinham a intenção de usar a corrida de F-1 para trazer desenvolvimento à região de Yeongam, esperando que o circuito despertasse o interesse dos empresários em investir na região. O plano também não deu certo, e a pista está também sem uso. Ao menos eles pularam fora quando viram que o negócio não seria mais atrativo, mas ainda assim, ficaram com pistas que atualmente não tem utilidade. Assim como a cidade de Valência, que viu o buraco crescer mais do que imaginavam, e tiveram de sair também, cujos políticos quiseram se dar bem e quebraram a cara...
Pista de Istambul, que sediou o GP da Turquia: sem GP, ficou sem uso praticamente. Os turcos não gostaram da brincadeira...
            Aliás, motivações políticas não são novidade, e em 1991, a França passou a ter seu GP disputado no circuito de Magny-Cours, numa região central da França onde não havia nada por perto. Fora as belas instalações do circuito, ninguém gostou do traçado da pista e do lugar, ainda mais se comparado a Paul Ricard, que sediara os GPs anteriores. A idéia era usar a corrida para desenvolver a região, próxima à cidade de Nevers. Foram 18 corridas, de 1991 a 2008, até que os franceses cansaram da brincadeira e deram um basta. Bernie Ecclestone não pensou duas vezes em rifar a França do calendário. E Magny-Cours continua sendo um lugar sem importância, com o desenvolvimento nunca tendo surgido por lá levado pela pista. Mas a idéia não era exatamente ruim: o circuito de Barcelona também foi criado para incrementar o desenvolvimento da região da Catalunha, que em 1991, não tinha nada nos arredores, e hoje é uma área bem mais desenvolvida. Ali, o projeto deu certo.
            Sediar uma corrida hoje em dia é algo completamente sem garantias, porque Bernie Ecclestone cuidou de garantir os bons resultados para si, e deixar quaisquer pepinos que surjam a cargo dos promotores locais. E, quando se tem o governo por trás, estes tem muito mais fôlego e capacidade para resolverem os percalços. Também tem outro detalhe: os governos de países como Bahrein, China, e Rússia não se sentem na obrigação de prestar detalhes do que fazem caso alguém queira se meter a besta de contestar os gastos da corrida. No caso da China, ainda chegou a ser ridículo toda a paparicação do presidente russo Vladimir Putin, numa clara demonstração da mais pura hipocrisia de Ecclestone quando ele afirma que a F-1 não se mete em política...
            A F-1 vem perdendo contato com seus torcedores nos últimos anos. E acabar com as corridas de países onde ainda há amor puro e genuíno pela categoria, em prol de lugares onde o que se conta é somente a conta bancária da FOM, certamente só vai ajudar a categoria a despencar ainda mais junto aos fãs. E com Bernie dando de ombros para isso, quando se tocar que está indo longe demais, talvez não tenha como voltar atrás para desfazer seus erros...


Hoje começaram os treinos oficiais para a segunda etapa da temporada, na pista de Sepang, na Malásia. Começando com boas notícias: Valtteri Bottas e Fernando Alonso estarão na pista. Ambos os pilotos passaram pelos médicos e foram liberados para a competição. Alonso vai ter um fim de semana complicado de estréia oficial na McLaren/Honda: duas semanas atrás, na Austrália, os carros do time inglês largariam em último - Kevin Magnussem quebrou quando saiu dos boxes para alinhar no grid, e apenas Jenson Button disputou a corrida. Button aliás terminou em último entre os que cruzaram a linha de chegada, com 2 voltas de atraso para o vencedor Lewis Hamilton. O time garante que aqui em Sepang terá condições de andar melhor, uma vez que a prova da Austrália serviu para coletarem muitos dados importantes. Pode ser, mas com o motor Honda atuando com limitação de potência, o que fez os carros de Ron Dennis andarem quase 20 Km/h mais lentos nas retas do Albert Park, nesta pista, com suas duas grandes retas, os carros de Alonso e Button poderão ser protagonistas de um festival de ultrapassagens - dos adversários sobre eles. Tomara que tenham melhorado mesmo, pois do contrário, o vexame tende a ser muito pior do que o visto na Austrália...


Tencionando evitar o problema com as chuvas torrenciais que costumam cair no horário da corrida, a FIA antecipou as etapas disputadas no Oriente em uma hora em relação aos horários utilizados no ano passado. Assim, no Brasil, onde se acostumou a ver a prova no horário das 5 da madrugada de domingo, desta vez o pessoal terá que acordar mais cedo: a prova será às 4 da madrugada pelo horário de Brasília. A intenção é ter mais tempo, e dia sobrando em caso de uma chuva obrigar a interrupção da corrida, como aconteceu em 2009, quando um temporal impediu que a prova fosse retomada, e depois acabou sendo finalizada definitivamente, por não haver mais luz natural. Uma medida que a FIA já deveria ter tomado há muito mais tempo, pois no clima de Sepang, a dúvida não é se vai chover, mas quando vai chover, porque chuva sempre costuma ter, pelo clima equatorial da região, que está bem próxima à linha do Equador. Vejamos se a medida funciona...

quarta-feira, 25 de março de 2015

ESPECIAL INDY RACING LEAGUE 2015



            Neste domingo começa mais um campeonato de 2015: é a vez da Indy Racing League, que disputa sua etapa inaugural no circuito urbano de São Petesburgo, na Flórida, uma vez que a etapa brasileira foi para o vinagre novamente, portanto, é hora de uma matéria especial sobre o que esperar do campeonato da categoria para este ano, com o calendário e lista completa de pilotos e equipes. E contamos mais uma vez com dois pilotos brasileiros na lista de favoritos ao título. Uma boa leitura a todos, e que venha a largada...


IRL 2015

Temporada deste ano marca a estréia dos kits aerodinâmicos produzidos por Honda e Chevrolet

Adriano de Avance Moreno

Os carros da IRL estão prontos para acelerar novamente. Will Power vai em busca do bicampeonato na Penske. Os adversários que se cuidem...
            A Indy Racing League prepara-se para dar início à temporada de 2015 tendo como principal novidade a estréia dos kits aerodinâmicos, além da estréia de uma nova pista no calendário, o GP da Louisiana. Mas a categoria já deveria ter iniciado a competição no último dia 8 de março, data para a qual estava programada a etapa do Brasil, que deveria ser ter sido realizada no Autódromo Nélson Piquet, em Brasília, no Distrito Federal. Contudo, o contrato assinado para a realização da corrida, que precisava efetuar reformas no circuito da capital federal estava eivado de várias irregularidades, e com a não-reeleição de Agnelo Queiroz para o governo do Distrito Federal, escancarou de vez a catastrófica situação econômica de Brasília, que não tinha nenhuma condição financeira de assumir a obrigação de sediar a prova, pelo que o novo governador eleito, Rodrigo Rollemberg, após comunicação do Ministério Público, não demorou a cancelar o acordo, até porque não havia respaldo jurídico para o governo do DF ser responsabilizado, e era preciso cortar despesas.
            O resultado é que as obras foram iniciadas, e toda a infraestrutura do circuito foi desmantelada, antes das obras serem canceladas. Quando veio o comunicado do governo do DF de cancelar as obras, e com isso praticamente inviabilizando a realização da prova, a direção da Indycar ainda tentou buscar um acordo com o autódromo de Goiânia, em Goiás, a fim de tentar salvar a realização da corrida, mas não teve jeito, e o Brasil saiu novamente do calendário, deixando uma péssima impressão pela lambança executada no acordo que garantiria a corrida da Indy na capital federal. Mas, palhaçadas nacionais à parte, a própria direção da categoria errou ao confiar demais nos parceiros nacionais para a realização da empreitada, não fiscalizando as negociações como deveria, a fim de se prevenir contra a inviabilização da corrida. Mas deve ficar mesmo marcado é a incompetência brasileira para se fazer as tratativas de realização da corrida, o que significa que tão cedo nosso país não deve voltar a sediar uma corrida da categoria.
            Na verdade, o acordo desfeito colocou a TV Bandeirantes, promotora da corrida e detentora dos direitos de exibição da categoria no Brasil, em uma tremenda saia justa, ainda mais pelo contrato malfeito onde a emissora teria de assumir pesadas multas caso a etapa não fosse realizada. Temeu-se pela manutenção do contrato de exibição da categoria em nosso país, mas pelo menos neste ano, a transmissão da IRL está garantida, ainda que o esquema de transmissão da Bandeirantes continue sendo irregular na maneira como transmitem as corridas, exibindo algumas no canal aberto, mostrando outras somente no canal pago Bandsports, e por aí vai. Na etapa de abertura em São Petesburgo, neste domingo, a prova será mostrada ao vivo pelo Bandsports, pelo motivo óbvio de sempre: bate de frente com o horário do futebol, para azar de quem não tem acesso ao canal por assinatura.
O kit aerodinâmico que a Chevrolet fornecerá a seus times este ano deve dar mais personalidade aos carros da categoria, assim como o kit da rival Honda (abaixo).
            Barbeiragens brasileiras de lado, é hora da categoria iniciar realmente sua competição de 2015, e este ano teremos a estréia dos kits aerodinâmicos, que deverão dar maior diferenciação aos carros da categoria. O "kit" referido é nada menos do que o conjunto de carenagens que revestem os bólidos. Os kits já estavam planejados para serem introduzidos desde que a categoria passou a utilizar os novos chassis DW12 da Dallara, em 2012, mas sua introdução foi sendo postergada a pedido dos próprios times por motivos de contenção de gastos, até que finalmente serão adotados este ano. Assim, nestes últimos anos, os times utilizaram as carenagens padrão fornecidas pela própria Dallara.
            Os kits serão fornecidos pelos fabricantes de motores que competem na categoria, Honda e Chevrolet. Era previsto que a Lotus também fornecesse kits, mas com o fracasso dos motores da marca em sua única temporada de competição, o fabricante pulou fora. Os chassis continuarão a ser os modelos DW12 da Dallara, mas a adoção do kit aerodinâmico promete dar mais personalidade aos monopostos de acordo com os objetivos particulares de cada time. Na prática, cada time terá opção de utilizar tanto o kit produzido pelo fabricante do motor com o qual compete, ou utilizar o kit padrão da própria Dallara, de acordo com sua conveniência e/ou possibilidade.
            Os kits são uma tentativa de oferecer opções de diferenciação dos monopostos, sem aumentar os gastos de competição significativamente. A antiga F-Indy, no início dos anos 1990, por exemplo, competia com chassis de diferentes fornecedores, como a Lola, March, e Penske. Os motores também tinham alguma variedade, tendo como opções os Chevrolet, Judd, Ford, e por um breve momento, Porshe. Tirando a Penske, que competia com chassi próprio, e fornecia no máximo a um outro time, todos os demais podiam competir com o chassi que lhe conviesse, e que podiam ser equipados com qualquer um dos motores dos fabricantes disponíveis. Havia um regulamento técnico que mantinha os custos em níveis bem razoáveis, e a competitividade, apesar de alguns altos e baixos, era bem homongênea.
            Na última década a IRL caracterizou-se por se tornar um campeonato monomarca, com todos os times usando chassis da Dallara, e, com exceção de 2012 para cá, usaram sempre motores da Honda. Se por um lado isso foi uma tentativa de manter os custos baixos, por outro lado não forneceu atratividade técnica. Atualmente, há somente motores da Chevrolet e da Honda equipando os carros, e com os novos kits aerodinâmicos, mesmo utilizando o mesmo chassi, eles poderão ter aparências diferentes, ajudando a diversificar o visual da categoria.
Detalhe da aerodinâmica na traseira do kit da Chevrolet: novas aletas e proteções aos pneus traseiros dão novo visual aos carros.
            Mas não é apenas no visual diferente que darão aos carros que os kits irão atrair o interesse de todos. Fica a dúvida sobre qual deles será mais eficiente, e como os times poderão otimizar seus ajustes nas provas do campeonato. Tudo indica que, pelo visual mais arrojado que os kits exibem, sejam capazes de proporcionar melhor downforce e estabilidade aerodinâmica aos carros do que a carenagem padrão da Dallara. O desafio fica para as escuderias descobrirem como utilizarem melhor este novo recurso para ganhar qualquer vantagem que seja possível, em um certame que caracteriza-se por ser bem equilibrado.
Will Power é o homem a ser batido em 2015: australiano finalmente conquistou o título em 2014, depois de ser vice-campeão por 3 anos seguidos.
            Para a disputa deste ano, a Penske é o time a ser batido. Will Power, depois de bater na trave por 3 anos consecutivos, finalmente desencantou e tirou o time de Roger da fila de onde se encontrava desde 2006, tornando-se finalmente campeão da categoria. E a escuderia ainda teve Hélio Castro Neves como vice-campeão, e o colombiano Juan Pablo Montoya, de volta a uma competição de monopostos, terminando em 4° lugar no campeonato, o que dá uma idéia da força que a Penske demonstrou em 2014. Assim, nada mais óbvio do que a concorrência vir com a idéia determinada de superar a escuderia mais poderosa da Indy. Só que Roger Penske não dormiu sobre os louros da vitória alcançada: reforçou ainda mais seu time, que irá alinhar este ano 4 pilotos por toda a temporada, a exemplo do que já faz o time de Michael Andretti. Além do trio Power/Castro Neves/Montoya, a Penske terá o francês Simon Pagenaud, que foi um dos destaques da categoria nos últimos anos, competindo pela equipe de Sam Schmidt, e chegando a disputar o título da competição, mesmo que seu time não tivesse as mesmas condições das grandes escuderias Ganassi, Andretti ou Penske. Pagenaud foi 5° colocado no ano passado, com duas vitórias no campeonato, e em 2013, ele foi o 3° colocado, tendo vencido também duas corridas, e ficando atrás apenas dos postulantes ao título Hélio Castro Neves e Scott Dixon. Com seu nome ganhando tanta projeção, Roger Penske tratou logo de garantir os serviços do mais novo talento da categoria, para azar dos rivais que pensavam em contratá-lo e perderam o bonde da parada.
Juan Pablo Montoya mostrou em 2014 que já tirou a ferrugem da pilotagem de monopostos. O colombiano deve dar muita dor de cabeça aos adversários nesta temporada.
            Penske, aliás, já havia mostrado sua rapidez em fins de 2013, quando contratou o colombiano Juan Pablo Montoya enquanto outros times como a Andretti ainda tentavam viabilizar sua contratação. E a aposta de Roger em Montoya mostrou-se válida: apesar de apanhar um pouco na sua volta aos monopostos, o colombiano foi ficando mais à vontade, e venceu as 500 Milhas de Pocono, terminando o campeonato entre os primeiros colocados, e mostrando que ainda pode render muito na Indy, a exemplo do que fez na categoria original no fim dos anos 1990. E com o atual quarteto de pilotos, a Penske sem dúvida será um time fortíssimo e tremendamente difícil de ser superado na pista, o que não quer dizer que os adversários irão fugir da briga.
            A maior rival é a Ganassi, que tem sido a grande vencedora de campeonatos nos últimos anos. Em 2014, a escuderia teve um ano irregular, encontrando sua melhor forma já perto do fim da competição, quando conquistou 3 vitórias, mas já não tinha chances efetivas de vencer o campeonato. Para este ano, dispensaram Ryan Briscoe e contrataram o novato Sage Karan, vencedor da Indy Lights em 2013, e que só agora se tornou piloto titular para toda a temporada na IRL. O time tem o tricampeão Scott Dixon e conta com Tony Kanaan, reconhecido como um dos pilotos mais técnicos e talentosos da categoria, e ainda conta com um piloto competente como Charlie Kimball, que já mostrou que pode vencer corridas quando tem domínio da situação e condições plenas de acelerar tudo o que pode.
Estreando o kit aerodinâmico produzido pela Honda, Ryan Hunter-Reay quer lutar pelo bicampeonato em 2015 com a Andretti Autosports.
            Outro adversário que quer voltar ao posto de campeão é a Andretti Autosport, que venceu o certame em 2012 com Ryan Hunter-Heay. A escuderia ficou de fora na reta final da luta pelo título em 2014, mas levou a vitória na Indy500, a corrida mais famosa dos Estados Unidos. Ryan tem se mostrado o piloto mais capaz do time, e certamente vai buscar o bicampeonato na competição. Marco Andretti parece ter atingido o seu limite, e muitos dizem que ele só não perde o lugar por ser filho do patrão Michael. E Marco tem de melhorar, tendo ficado atrás até do novato Carlos Muñoz na competição do ano passado, e pode roubar as atenções do resto do time, que completando seu tradicional quarteto de carros, terá a suíça Simona de Silvestro como titular do time, pelo menos até as 500 Milhas de Indianápolis.
            Penske, Ganassi e Andretti são as forças principais da categoria, mas os times médios e pequenos podem aprontar suas surpresas em algumas etapas da competição, e faturar algumas vitórias. E, com um pouco mais de constância e preparo, mesmo sem ter estrutura comparável às das principais equipes, podem incomodar e até almejar chegar ao título da competição, como ocorreu com o time de Sam Schmidt em 2013 com Simon Pagenaud. Tudo vai depender das oportunidades que surgirem durante as provas, e de quem estará preparado para aproveitar o momento e estar no lugar certo na hora certa. No ano passado, o time de Ed Carpenter faturou 3 corridas, mesmo sem ter conseguido disputar o título. Também venceram corridas a KV e a Dale Coyne, com nada menos do que 11 pilotos diferentes vencendo corridas no campeonato. Não há porque não esperar que possa haver menos surpresas este ano, ainda mais porque os novos kits aerodinâmicos também deverão ajudar a tornar algumas corridas mais agitadas, na possibilidade de algum time descobrir algum acerto mais específico que melhore seus desempenhos em determinados circuitos. Por outro lado, também haverá a possibilidade de ocorrer o contrário, com a chance de ajustes errados arruinarem a performance. O jogo de xadrez do acerto dos monopostos ganha um novo e interessante campo de atuação, uma vez que até o ano passado, só havia a possibilidade de mexer nas carenagens padrão dos carros.
Tricampeão da IRL, Scott Dixon quer o tetra. E a Ganassi tem time para conseguir isso.
            Em termos de calendário, a programação de 2015 continua extremamente compacta, com todas as corridas sendo disputadas em apenas 5 meses, evitando competir com outros eventos esportivos na TV americana. Com o cancelamento da etapa brasileira, haverá apenas a prova da Louisiana de novidade na competição. Serã 16 provas, sendo que haverá somente uma rodada dupla em 2015, que será realizada em Detroit. No ano passado, as etapas de Toronto e Houston tiveram um elevado índice de acidentes, e com a saída da metrópole texana do caledário, Toronto voltará a ser corrida única em seu fim de semana. Assim como a pista de Baltimore, Houston não deixou saudades entre os times e pilotos da categoria. O campeonato também teve sua etapa final mudada: Fontana foi realocada para o mês de junho, e a prova de Sonoma encerrará o campeonato, no final de agosto. Serão apenas 6 provas em pistas ovais, 4 em circuitos urbanos, e o restante em pistas mistas. A direção da Indycar tem interesse em aumentar o tamanho do calendário, com a inclusão de mais algumas pistas nas quais os fãs tem muito interesse, como por exemplo, Road America, tido como o melhor circuito misto dos Estados Unidos, que sediava uma das etapas da F-Indy original, e que nunca participou do campeonato da Indy Racing League, mas até o momento não se conseguiu chegar a termo para levar a IRL a novos locais. A transmissão das corridas nos Estados Unidos será feita pelos canais das redes ABC, CNBC, e NBC Sports, dependendo da etapa.
            Agregar mais corridas, e aumentar a duração do campeonato tem sido desafios que a direção da Indycar trata com cautela, a fim de não elevar os custos da competição, que poderia prejudicar as escuderias, uma vez que os patrocínios, apesar de estarem um pouco mais amplos este ano, ainda não permitem muitas ousadias. Mesmo assim, a categoria tem resistido aos percalços dos últimos anos, ainda que tenham cometido alguns equívocos. Se no ano passado deram um passo certo ao estabelecerem pontuação dobrada para as etapas de 500 milhas, restabelecendo o prestígio da "Tríplice Coroa" do campeonato, Indianápolis, Pocono e Fontana, este ano acabaram retrocedendo, sendo que apenas Indianápolis, e a corrida de Sonoma, terão pontos em dobro, sendo que a pista de Infineon é um circuito misto, e a prova tem a duração similar à das demais em pistas mistas, o que torna sem motivo a pontuação dobrada, mantida mais por ser a etapa final da competição do que por outra coisa mais relevante.
            A IRL ainda tem muito o que avançar se quiser ter a relevância que a F-Indy original já teve. Tem feito progressos nos últimos anos, mas precisa evitar implantar certas medidas com o único propósito de atrair mais atenção sem um estudo mais adequado, e aperfeiçoando suas análises de prova e eventuais punições a pilotos. Mas a esperança sempre se mantém, e 2015 promete ser um ano interessante. Aguardemos a bandeira verde, e preparem-se para o acelerar dos carros!
A equipe Schmidt-Peterson é outro time que usará os kits aerodinâmicos da Honda. Mas a escuderia perdeu Simon Pagenaud para a Penske.

PILOTOS E EQUIPES DO CAMPEONATO:

EQUIPE
PILOTOS
MOTOR
Penske Racing Team
Will Power
Hélio Castro Neves
Juan Pablo Montoya
Simon Pagenaud
Chevrolet
Chip Ganassi Racing
Scott Dixon
Sage Karan
Chevrolet
Andretti Autosport
Ryan Hunter-Reay
Marco Andretti
Simona De Silvestro
Carlos Muñoz
Honda
Foyt Enterprises
Jack Hawksworth
Takuma Sato
Honda
Bryan Herta Autosport
Gabby Chaves
Honda
KV Racing
Sebastien Bourdais
Stefano Coletti
Chevrolet
Nordisk Ganassi
Charlie Kimball
Chevrolet
NTT Ganassi
Tony Kanaan
Chevrolet
Rahal-Letterman-Lannigan
Graham Rahal
Honda
Schmidt Peterson
James Hinchcliffe
James Jakes
Honda
CFH Racing
Lucca Fillipi
Ed Carpenter
Josef Newgarden
Chevrolet
Dale Coyne
Carlos Huertas
Francesco Dracone
Honda
Fontana não encerra o campeonato este ano, ao contrário das últimas temporadas.

CALENDÁRIO DA INDY RACING LEAGUE 2015:

DATA
PROVA
TIPO DE CIRCUITO
29.03
GP de São Petesburgo
Urbano
12.04
GP da Louisiana
Misto
19.04
GP de Long Beach
Urbano
26.04
GP do Alabama
Misto
09.05
GP de Indianápolis
Misto
24.05
500 Milhas de Indianápolis
Oval
30.05
31.05
GP de Detroit (*)
GP de Detroit (*)
Urbano
Urbano
06.06
GP do Texas
Oval
14.06
GP de Toronto
Urbano
27.06
500 Milhas de Fontana
Oval
12.07
GP de Milwaukee
Oval
18.07
GP de Iowa
Oval
02.08
GP de Mid-Ohio
Misto
23.08
500 Milhas de Pocono
Oval
30.08
GP de Sonoma
Misto

(*) = Rodada dupla

O BRASILEIROS NA IRL 2015

Vice-campeão em 2014, Helinho vai novamente tentar o título em 2015. Brasileiro está na Penske desde o ano 2000. Já são 16 temporadas pela escuderia de Roger Penske.
            Novamente teremos apenas dois representantes na categoria este ano. Hélio Castro Neves segue na equipe Penske, após bater novamente na trave em 2014, e ficar com o vice-campeonato. Perto dos 40 anos, tudo indica que Helinho esteja perto de aposentar o capacete, mas nada impede que ele siga firme na categoria por vários anos ainda. Enquanto ele tiver a confiança de Roger Penske, ele terá lugar no time, e sua performance na temporada passada mostram que ele ainda é um piloto forte, precisando apenas melhorar sua constância em algumas provas onde deveria ter tido um melhor desempenho, assim como evitar alguns erros primários que um veterano como ele não deveria cometer, como aconteceu em Fontana, ao cruzar a linha branca de demarcação da pista que o levou a uma punição que praticamente definiu a luta pelo título na etapa final. Hélio ainda busca o objetivo maior de sua carreira, que é ser campeão, o que até hoje não conseguiu, tendo sempre ficado para trás quando seu time conseguiu conquistar o campeonato, fosse como Gil de Ferran na F-Indy original (em 2000 e 2001), fossem com Sam Horsnish Jr. (IRL, 2006), ou Will Power (IRL, 2014). Este ano, a competição dentro da própria Penske deve se tornar ainda mais acirrada, o que significa que Helinho vai ter de se aplicar mais do que nunca para superar seus colegas de escuderia e lutar a fundo pelo título da categoria.
Tony Kanaan conta com a Ganassi para lutar pelo bicampeonato.
            Tony Kanaan continua sendo um piloto extremamente técnico e competitivo, mas em 2014 levou mais tempo do que se imaginava sua adaptação à equipe Ganassi, onde se esperava que rendesse muito mais. Suplantado na maioria das provas por Scott Dixon, o baiano reagiu na parte final da competição, com uma bela vitória em Fontana, mostrando que sua fase de adaptação ao novo time já havia sido completa. Para este ano, Tony terá cores diferentes em seu carro, como deveria ter sido no ano passado, quando assumiu o carro de Dario Franchiti, aposentado. Para alguns, a subdivisão na Ganassi pode significar que o brasileiro pode ter um novo período de adaptação, mas para a maioria, isso não muda o status da Ganassi como um time, e Kanaan tem todas as condições de voltar a lutar pelo título, que já conquistara uma vez, em 2004, quando defendia o time de Michael Andretti.
            Para os torcedores, fica a esperança de um bom campeonato de ambos, pois tecnicamente, estão em escuderias de ponta, com grande capacidade técnica, e tanto um quanto o outro terão condições de lutar pelo título. Resta esperar, entretanto, que a realidade corresponda à teoria, pois a Indy deve apresentar uma grande competitividade e equilíbrio, e a luta será intensa entre todos para se chegar ao título.
            Infelizmente, há cada vez mais o temor de nossa participação na categoria findar em breve, uma vez que apenas Helinho e Tony permanecem na competição, onde já se encontram nos últimos 15 anos, estando, portanto, próximos de se aposentarem, sem que novos talentos nacionais tenham conseguido se firmar na Indy nos últimos anos, em virtude de falta de resultados e/ou de patrocínios. Um dado que só ajuda a constatar a situação crítica de nosso automobilismo nacional, que há tempos não exibe mais a fartura e pujança dos bons tempos, quando tínhamos praticamente levas de talentos que seguiam ou para a Europa - e a F-1, ou para os Estados Unidos, visando chegar à Indy. E um futuro que não parece ser muito animador, ainda mais agora com a recessão e estagnação rondando nossa economia.
Hélio Castro Neves testa o novo kit aerodinâmico da Chevrolet. Assim como a Penske, a Ganassi também utilizará os mesmos kits. Abaixo, Tony Kanaan experimenta o novo conjunto em seu carro, com as novas cores da NTTData.


sexta-feira, 20 de março de 2015

A STOCK CAR DÁ A LARGADA DE 2015


Campeão da categoria em 2014, Rubens Barrichello inicia neste fim de semana sua luta pelo bi na Stock Car nacional.

            Está para começar o campeonato 2015 da Stock Car, e o palco é o autódromo de Goiânia, que abre a competição neste domingo, com a Corrida de Duplas, onde um dos pilotos titulares da categoria disputará a prova tendo como parceiro um piloto convidado, com quem dividirá o carro em parte da etapa, como já acontece rotineiramente com as provas do Mundial de Endurance. A novidade foi introduzida no ano passado e caiu no gosto dos torcedores. E a prova deste ano tem alguns convidados bem interessantes que vão ajudar a deixar o público bem entusiasmado.
            Rubens Barrichello, o atual campeão da categoria, da Full Time, entra na pista para defender o seu título, e terá a seu lado ninguém menos do que Ingo Hoffman, o maior vencedor de toda a história da Stock Car nacional, com nada menos do que 12 títulos. Aposentado há alguns anos, Ingo declarou que não tinha intenção de retornar ao volante, mas o pedido de Rubinho o convenceu a "aposentar" sua aposentadoria por esta corrida, e ainda brincou dizendo que solicitou vaga de idoso no estacionamento do autódromo para disputar a etapa. Outro nome importante da Stock que retorna é Chico Serra, que irá dividir o carro com o filho Daniel na equipe da Red Bull. Mas há vários convidados nacionais e internacionais para agradar a todos os gostos.
            Jacques Villeneuve, campeão da F-1 em 1997, está de volta à Stock, onde disputou a corrida do Milhão de 2011, e fazendo dupla nesta corrida com seu ex-parceiro na equipe BAR de F-1, Ricardo Zonta, pela equipe Shell Racing. Antonio Pizzonia, da equipe Prati-Donaduzzi, terá como parceiro Bruno Senna, enquanto seu parceiro de time na Stock, Júlio Campos, correrá em dupla com Nicolas Prost, reeditando no time da Stock, em Goiânia, a parceria Prost-Senna que brilhou na equipe McLaren entre 1988 e 1989. O argentino José Maria López será o parceiro de Cacá Bueno na Red Bull Racing. Allam Kodhair, companheiro de Barrichello na Full Time, terá a seu lado o belga Laurens Vanthoor, que foi campeão do Mundial de GT no ano passado.
Lenda da categoria, Ingo Hoffman volta a acelerar um Stock após sua aposentadoria em 2008.
            Além de Bruno Senna, outros brasileiros com passagem pela F-1 também estarão presentes nesta etapa inaugural da competição: Lucas Di Grassi estará na pista  dividindo o carro de Thiago Camilo. Enrique Bernoldi fará dupla com Daniel Casagrande. E Nelsinho Piquet correrá ao lado de Átila Abreu. O italiano Vitantonio Liuzzi e o espanhol Jaime Alguersuari são outros nomes com histórico na F-1 que também estarão presentes.
            Com exceção desta Corrida de Duplas, e da Corrida do Milhão, a Stock manterá o formato das demais corridas do modo como foi implantado no ano passado, com as etapas do fim de semana mantendo o sistema de rodadas duplas, que ajudou a bagunçar o planejamento das equipes e providenciou várias disputas e surpresas na pista. E a categoria comemora o contrato de patrocínio firmado com a Petrobrás, que inclusive fará os carros abandonarem o álcool pelas próximas 3 temporadas, passando a competir novamente com gasolina.
            A transmissão da categoria continua firme apenas nos canais pagos do SporTV, com a TV Globo mostrando apenas a prova de abertura, a Corrida do Milhão, e o encerramento da competição, com a possível decisão do título. Se o alcance da TV por assinatura é menor, pelo menos a cobertura feita pelo SporTV tende a ser bem mais sóbria.
            Até o fechamento desta coluna, ainda pairava a dúvida sobre quantas etapas terá o calendário da Stock nesta temporada. Com a destruição - sim, sejamos francos, acabaram mesmo com o autódromo com o caso malfadado da Indy, do circuito Nélson Piquet, em Brasília, a etapa marcada para o dia 26 de abril acabou substituída por uma corrida no Velopark, no Rio Grande do Sul. Mas ainda há outra corrida programada para o circuito brasiliano, com data para 13 de setembro. Muito provavelmente a corrida será substituída, ou no pior caso, ser cancelada. Dificilmente a situação do autódromo do Distrito Federal terá uma solução neste ano, e graças a isso, tanto a Stock quanto a F-Truck perderam um belo local para disputar suas corridas, em um país que, infelizmente, não prima por conservar adequadamente os seus autódromos. E tanto faltam opções que o calendário da Stock, inicialmente, teria 3 circuitos sediando duas etapas do calendário: Goiânia, Brasília, e Curitiba, o que daria praticamente metade do ano da competição nestes circuitos. Urge encontrar alternativas, o que infelizmente, não depende apenas da direção da Stock Car.
            Também seria bom dar uma reorganizada no calendário da competição, que possui um "buraco" muito grande no meio do ano, sem haver praticamente nenhuma etapa disputada nos meses de junho e julho. São praticamente dois meses sem corridas. Isso acaba "empurrando" as provas para agosto, com 3 etapas. E temos os meses de maio, setembro e novembro com apenas uma corrida. Não é preciso aumentar o calendário, o que seria até difícil, dada a falta de pistas no país, mas seria bom não deixar o grande espaço entre junho e julho sem nenhuma atividade na pista.
            De qualquer maneira, a Stock parece ter reencontrado o seu bom momento em 2014. A fórmula das rodadas duplas ofereceu várias disputas e surpresas, o que agradou público e pilotos, pelo desafio imposto aos times sobre como proceder para encarar as duas corridas. Foi legal também ver Rubens Barrichello conquistando não só suas primeiras vitórias na categoria, como o título da competição, com direito a uma festa sem tamanho na etapa final do ano passado, com todos comemorando o feito do recordista de participações de corridas na F-1, e que depois de mais de 20 anos de carreira, poder comemorar novamente a conquista de um título. E Rubinho certamente vai querer manter o bom momento, e inicia já nos treinos livres sua meta de correr pelo bicampeonato da Stock. Pensando alto demais? Nem um pouco. Neste início do certame de 2015, Barrichello é o alvo a ser batido, e podem apostar que a concorrência não vai deixar Rubens dormir sossegado. Se eles vão ser bem-sucedidos, só saberemos depois da bandeirada.
            Então, que venha o sinal verde. É hora dos carrões da Stock acelerarem fundo...e que vença o melhor... Confiram abaixo o calendário da temporada 2015, bem como a lista completa dos times e pilotos da categoria:
Cacá Bueno ficou sem vencer no ano passado, mas está disposto a corrigir isso nesta temporada e deve ser um dos mais fortes nomes da competição.

EQUIPES E PILOTOS DA STOCK CAR 2015
EQUIPE
PILOTOS
Boettger Competições
Alceu Feldman, Vitor Genz
C2 Team
Gabriel Casagrande, Sérgio Jimenez
Eurofarma RC
Ricardo Maurício, Max Wilson
Full Time Sports
Rubens Barrichello, Allam Kodhair
Hanier Racing
Beto Cavaleiro
Hot Car Competições
Raphael Abbate, Fábio Fogaça
Ipiranga RCM
Thiago Camilo, Galid Osman
Mobil Super Racing
Átila Abreu, Lucas Foresti
Prati-Donaduzzi
Júlio Campos, Antonio Pizzonia
RC3 Bassani
Bia Figueiredo, Tuka Rocha
Red Bull Racing
Cacá Bueno, Daniel Serra
RZ Motorsport
Rafael Suzuki, Luciano Burti
Schin Racing Team
Rafa Matos, Felipe Lapenna
Shell Racing
Ricardo Zonta, Valdeno Brito
Vogel Motorsport
Diego Nunes, Denis Navarro
Voxx Racing
Felipe Braga, Marcos Gomes

DATA
ETAPA
CIRCUITO
22.03
Corrida de Duplas
Goiânia
05.04
Corrida de Ribeirão Preto
Ribeirão Preto
26.04
Corrida de Porto Alegre
Velopark
31.05
Corrida de Curitiba
Curitiba
02.08
Corrida de Salvador
Salvador
16.08
Corrida do Milhão
Goiânia
30.08
Corrida de Cascavel
Cascavel
13.09
Corrida de Brasília 2*
Brasília
04.10
Corrida de Santa Cruz do Sul
Santa Cruz do Sul
18.10
Corrida de Curitiba 2
Curitiba
08.11
Corrida de Tarumã
Tarumã
13.12
Corrida de São Paulo
Interlagos

(*)= Em dúvida se a etapa ainda será cancelada ou substituída, devido ao desmantelamento da pista de Brasília.
O autódromo de Goiânia sedia o início da competição 2015 da Stock Car.


Felipe Nasr fez uma excelente corrida de estréia na F-1. O piloto brasileiro conseguiu a 11ª posição no grid, e fez uma prova combativa e firme, sustentando posição em duelo com Daniel Ricciardo, da Red Bull, durante praticamente toda a prova, sem cometer um único erro, para terminar em um belo 5° lugar. Se é verdade que o mais novo brasileiro teve sua vida facilitada com a saída de pelo menos 4 competidores em condições de chegarem à sua frente, é inegável que Nasr abraçou a chance que apareceu e não a desperdiçou, marcando pontos já em sua corrida de estréia na categoria, feito que nenhum outro brasileiro havia conquistado até hoje. E o melhor de tudo: Nasr sabe muito bem disso, e mantém os pés no chão quando às chances de conseguir repetir um resultado tão bom em outras corridas, quando os demais rivais não tiverem os problemas que enfrentaram no Albert Park. E seria bom também a imprensa tomar cuidado com o oba-oba que já começam a fazer em cima do novato. Um exemplo é da Globo, sempre ela, que tinha até link direito na casa da família do piloto, em Brasília, para ver a reação dos parentes e amigos de Nasr acompanhando sua estréia na Austrália. Inegável que Felipe foi mesmo o destaque da corrida de estréia do Mundial, e foi tratado assim não apenas aqui, mas também em diversos outros países, pela excelente corrida que disputou. Só precisam tomar cuidado para não exagerar na dose, pois já indagam se Nasr será "o novo Senna". Felipe não precisa ser nenhum novo Senna; basta ele ser ele mesmo, que se tudo correr bem, ele chegará ao topo na categoria máxima do automobilismo. Só precisa tomar cuidado com os obstáculos e armadilhas veladas que podem surgir pelo meio do caminho...


A F-E continua mostrando um campeonato bem interessante em sua primeira temporada. Na etapa disputada nas ruas de Miami, o certame teve seu 5° vencedor diferente, com o triunfo de Nicolas Prost, que deu o bote certeiro em Daniel ABT a poucas voltas do final para conquistar não apenas a vitória na primeira etapa da competição em território estadunidense, mas também para assumir a liderança do campeonato, até então ocupada desde a etapa inicial pelo brasileiro Lucas Di Grassi. Quem também deu show na etapa foi Scott Speed, que disputando a corrida pela equipe de Michael Andretti, terminou em 2° lugar com uma performance bem forte durante toda a corrida, após largar na 11ª posição. Daniel ABT vinha para seu melhor resultado em toda a temporada, mas teve de economizar suas baterias nas voltas finais e não conseguiu resistir à pressão de Prost e Speed, acabando por terminar em 3° lugar, o que não deixou de ser sua melhor apresentação no campeonato até então. Nelsinho Piquet fez uma prova combativa, mas enfrentou alguns percalços, terminando em 5° lugar, em forte disputa com Jerôme D'Ambrosio, que conseguiu resistir às investidas de Piquet e finalizou em 4° lugar. Lucas Di Grassi vinha firme para garantir mais um lugar no pódio, mas na parte final da prova enfrentou um superaquecimento em seu sistema de baterias, e começou a perder rendimento, ficando apenas em 9° lugar, imediatamente atrás de Sam Bird, outro piloto que não teve em Miami seus melhores resultados esperados. Bruno Senna, por sua vez, amargou outro abandono, novamente com problemas na suspensão de seu monoposto, o que o deixou irritado, e reclamando providências da organização para resolver este percalço. Nicolas Prost agora lidera a competição com 67 pontos. Lucas Di Grassi caiu para a vice-liderança, com 60 pontos, e logo atrás dele vem Sam Bird, com 52 pontos. Nelsinho Piquet assumiu o 4° lugar, com 49 pontos, e é o único dos ponteiros a não ter vencido uma corrida ainda. Sébastien Buemi é o 5° colocado, com 43 pontos;  Antonio Félix da Costa o 6°, com 37 pontos. Dia 4 de abril a categoria volta á pista em Long Beach, na Califórnia, numa variante do circuito utilizado atualmente pela Indy Racing League.
Nicolas Prost venceu a etapa de Miami da F-E, e já está em Goiânia para a corrida de duplas da Stock Car.