sexta-feira, 28 de novembro de 2014

HAMILTON BICAMPEÃO


Lewis Hamilton venceu 11 vezes no ano e coroou seu bicampeonato com mais uma vitória em Abu Dhabi. Aqui ele abre caminho sobre Fernando Alonso no chuvoso GP do Japão, em Suzuka.

            Na decisão do título da Fórmula 1, deu Lewis Hamilton, que chegou ao seu tão esperado bicampeonato. Um título que, à semelhança do primeiro, precisou ser conquistado na raça. Se em 2008 o adversário foi um Felipe Massa como poucas vezes se viu em sua carreira na categoria, neste ano a grande pedra na sapatilha do inglês foi Nico Rosberg, seu companheiro de equipe, que se revelou um oponente mais duro de roer do que se imaginava. Infelizmente, o piloto alemão deu azar na corrida de Abu Dhabi, ao enfrentar problemas no sistema do Ers de seu carro, o que lhe roubou quaisquer hipóteses de tentar arrebatar o título contra seu parceiro de time.
            Mas Nico não perdeu o campeonato por causa disso. Mesmo que vencesse, bastaria um segundo lugar a Hamilton para sacramentar seu bicampeonato, mas Lewis resolveu não correr para chegar, mas para ganhar. Ele perdeu a pole para Rosberg, mas no arranque da largada, tomou a ponta para comandar a corrida, o que vinha fazendo com extrema competência, mantendo o colega de time a uma distância pequena, mas estável, apenas se preocupando em rechaçar qualquer aproximação, de modo que Nico não tivesse a opção de usar o DRS para tentar uma ultrapassagem. A Rosberg só restava esperar por um milagre, como também por problemas no carro do companheiro. Só que os problemas atingiram ele, não Hamilton.
            Nico ainda demonstrou esportividade, ao ir cumprimentar Lewis antes da cerimônia do pódio, colocando um ar de civilidade na disputa que acirrou os ânimos entre ambos a partir da etapa de Mônaco, com sua crise maior na Bélgica, onde o alemão tocou no carro do parceiro, provocando um furo de pneu no carro do inglês que arruinou sua corrida em Spa. Foi talvez o ponto mais nervoso do campeonato, onde a Mercedes precisou agir para esfriar a cabeça de sua dupla de pilotos, cuja disputa estava prestes a virar guerra declarada.
            Hamilton mereceu a conquista. Foi o piloto com mais vitórias no ano, 11, contra apenas 5 do companheiro de equipe. Deixou de pontuar apenas em 3 corridas, e marcou 7 pole-positions. Seus piores resultados foram seus 3°s lugares nas etapas da Alemanha e da Hungria. Nico foi o rei das poles em 2014, com 11, e seu pior resultado pontuável foi o 4° lugar na Hungria. O filho de Keke Rosberg perdeu a disputa e sua primeira grande chance de ser campeão, e já vão 9 anos desde sua estréia na F-1. Mas apenas este ano ele disputou realmente o título, sendo que até o ano passado nunca teve chances reais de vencer, e só há dois anos conquistou sua primeira vitória na categoria.
            Mesmo assim, todos imaginavam que Rosberg seria presa fácil para Hamilton. Nico havia suplantado Michael Schumacher em 2010, 2011, e 2012, mas era nítido que o heptacampeão não exibia a mesma forma de antes de se aposentar pela primeira vez em 2006. O confronto com Hamilton, considerado o piloto mais rápido da categoria atualmente, seria um parâmetro de comparação bem mais revelador, e foi, especialmente neste ano. A ponto de Nico conseguir suplantar Lewis justo no seu principal adjetivo: a velocidade. Ele conseguiu mais poles que Hamilton, mas o inglês, para surpresa de todos, revidou com um ritmo de corrida mais forte e estável, características que não eram sua especialidade. E sem perder seu habitual arrojo e agressividade, ele conseguiu manter Rosberg sob controle, mas a parada foi dura, especialmente entre as provas de Mônaco e Bélgica, onde o alemão chegou a abrir 29 pontos de diferença e parecia rumar firme para o título, invertendo o favoritismo visto até a etapa da Espanha.
            Hamilton mostrou ter evoluído como piloto, ficando mais completo, e ainda tem o que melhorar. Em Mônaco, o inglês perdeu um pouco as estribeiras, ao acusar Rosberg de rodar de propósito no treino de classificação para impedi-lo de conquistar a pole. Verdade ou não, Rosberg largou na frente no Principado, e venceu a corrida, iniciando uma reação que chegou a abalar um pouco o equilíbrio de Hamilton, que cometeu alguns erros nas etapas seguintes, mas nada exatamente drástico. Mas com ambos desfrutando do mesmo equipamento, e com diferenças nos décimos de segundo, qualquer deslize podia ser fatal. O abandono na Austrália levou 4 corridas para ser compensado, e os percalços do Canadá e Bélgica acabaram compensados pelos problemas de Nico na Inglaterra e em Cingapura. Hamilton ainda precisou dar um show de arrojo e velocidade na Alemanha e na Hungria, onde teve problemas na classificação e precisou largar lá de trás enquanto via seu companheiro de equipe largar na pole. Lutando sempre sem desistir jamais, Hamilton conseguiu minimizar os prejuízos, e quando foi a vez de Rosberg ter azar, não deixou escapar as chances.
            Hamilton mostrava nos últimos anos que era um piloto que podia perder o controle sobre pressão. Em 2007, tinha tudo para ser campeão logo em sua primeira temporada na F-1, estreando pela McLaren, onde chegou a desestabilizar ninguém menos do que Fernando Alonso, então já bicampeão da categoria, mas cometeu erros nas etapas finais, e permitiu que a Ferrari levasse o título, com Kimi Raikkonem. No ano seguinte, o título por pouco não escapou, em Interlagos, em uma corrida sob chuva onde Hamilton novamente tinha as melhores chances de faturar o campeonato. Correndo apenas para chegar, piloto e equipe ficaram abaixo do esperado, e só na última volta o inglês conseguiu a posição mínima que lhe daria o título. No ano seguinte, a temporada rendeu-se à surpresa da Brawn GP, e a McLaren foi apenas coadjuvante. Na sua primeira temporada sem disputar o título, Hamilton começou a amadurecer, embora seu estado de espírito variasse muito dependendo das circunstâncias. Nas temporadas seguintes, dividindo a escuderia com Jenson Button, mostrou sempre rapidez, mas também continuou errando em etapas cruciais, e com isso perdendo as chances de se manter na luta pelo título. O ano de 2011 que o diga, quando Jenson Button ficou com o vice-campeonato, e Lewis amargou vários resultados ruins, vários deles por culpa própria, chegando até a levar broncas de Ron Dennis, que o patrocinou desde o kart até a chegada à F-1. Chegou até a falar besteiras, como o fato de ser negro podia prejudicá-lo, fazendo insinuação de que seria vítima de racismo. O piloto precisou botar a cabeça no lugar para não perder o foco do trabalho. Aos poucos, foi conseguindo recuperar sua concentração e manter-se distante de confusões e outras estripulias que volta e meia cometia em disputas na pista.
            Em 2012, apesar do bom campeonato, onde ficou em 4° lugar, resolveu que era hora de procurar novos ares, e surpreendeu ao assinar com a Mercedes para as temporadas seguintes. O ambiente na McLaren já não lhe era mais propício, e a escuderia também parecia não ter mais onde evoluir. Coincidência ou não, o time inglês decaiu de lá para cá, enquanto o inglês pegou uma Mercedes que finalmente começava a despontar como time vencedor na F-1. Não foram só a qualidade dos carros que influenciaram, mas a presença e ausência de Hamilton se fizeram sentir nas duas escuderias. E a aposta de Lewis mostrou-se mais do que acertada, e agora, ele comemora com justiça o seu bicampeonato. Não por acaso, Ron Dennis, seu ex-patrão, foi um dos que não demonstrou entusiasmo pela conquista do ex-contratado, mostrando ainda possuir ressentimento com a decisão de Lewis de trocar seu time pela Mercedes há dois anos. Azar o dele. Praticamente quase todo mundo no paddock de Abu Dhabi exaltou o título de Hamilton. Até mesmo Alonso, desafeto dele pela temporada explosiva que tiveram em 2007 dividindo a McLaren, parabenizou o ex-colega pela conquista. E olhe que o humor do espanhol este ano não foi nem um pouco dos melhores.
            De quebra, Hamilton ainda tornou-se o piloto britânico com mai vitórias na F-1, 33, tendo superado o recorde que era de Nigel Mansell, com 32 triunfos. Ele iguala a marca de Graham Hill, também bicampeão da categoria. E agora resta superar o tricampeão Jackie Stewart, tricampeão da F-1, o britânico com mais títulos na história. Hamilton também passa a ser o segundo piloto mais vitorioso em atividade, perdendo apenas para Sebastian Vettel, com 39 vitórias, e passando à frente de Fernando Alonso, com 32, e que passou o ano inteiro sem conseguir vencer, o que tinha acontecido pela última vez em 2009, quando defendia a Renault. E, pelo ritmo do time alemão, Hamilton tem tudo para se tornar o líder de vitórias em 2015.
            A Mercedes reinou suprema em 2014, e só perdeu 3 corridas por percalços na confiabilidade dos carros (Canadá), estratégias de corrida bagunçadas pela chuva (Hungria), e desaire entre seus pilotos (Bélgica). Nas demais corridas, deixou a concorrência a ver navios. Não apenas a marca de Sttugart concebeu o melhor motor turbo e um sistema de ERS confiável, como apresentou um excelente carro, o modelo W05, evolução lógica do W04 de 2013, com todas as mudanças de regulamento técnico exigidas, e ainda conseguindo sanar as principais deficiências do carro do ano passado, que era extremamente veloz, mas consumia os pneus vorazmente, perdendo performance muito rápido frente aos rivais, que conseguiam economizar melhor os pneus e tinham uma performance mais estável e constante. A tarefa da Mercedes acabou facilitada pelo fato de os rivais não terem conseguido apresentar carros tão bons ou projetar seus novos motores turbo com a mesma competência.
            O que salvou o campeonato foi justamente a Mercedes ter deixado seus pilotos disputarem livremente a competição, e o fez com grande competência, ainda que tenham tido algumas dores de cabeça para gerenciar o ego de seus pilotos durante a temporada. Um exemplo especialmente para quem ama o esporte e a competição, e um tapa na cara de times como a Ferrari, com sua política tacanha de privilegiar um de seus pilotos em detrimento do outro. A F-1, que já tem tantos problemas, merecia uma disputa aberta e limpa assim entre pilotos de uma mesma escuderia. E ganhou também o piloto mais popular da escuderia, sem que isso tenha significado preferência ou favorecimento dentro do time.
            Hamilton agora vai tratar da renovação de seu contrato, e tudo indica que deverá continuar na Mercedes por um bom tempo. O time está feliz com ele, e sua dupla de pilotos, apesar dos sustos que passaram durante o ano. E podem apostar que para 2015, sua meta é mais óbvia do que nunca: ser tricampeão. Mas isso fica para a próxima temporada. Agora, Lewis vai comemorar como nunca, como é seu direito, e merece todos os cumprimentos e parabéns pela conquista obtida.


A Stock Car disputa neste final de semana sua etapa final, no autódromo de Curitiba. Rubens Barrichello é o líder do campeonato, com 14,5 pontos de vantagem na classificação para o segundo colocado, Átila Abreu. Mas a parada será bem mais complicada do que parece à primeira vista: a corrida de encerramento do campeonato terá pontuação dobrada, e isso faz com que nada menos do que 7 pilotos tenham chance de conquistar o título da competição. Além de Barrichello e Abreu, Julio Campos, Antonio Pizzonia, Sergio Jimenez, Cacá Bueno e Allam Khodair podem faturar o campeonato, dependendo da combinação de resultados. Recordista de GPs da F-1, Barrichello precisará manter-se na frente de todos estes adversários se quiser ser campeão, e pelo padrão das corridas no ano, a tarefa promete ser dura, pois vários pilotos tem condições de andar na frente, embaralhando as cartas na mesa. Rubens não poderá dar moleza em momento algum. A disputa promete grandes emoções.


E Interlagos recebe neste final de semana a etapa de encerramento do Mundial de Endurance. A Toyota já faturou o título de pilotos, mas ainda falta garantir o campeonato de construtores. A equipe japonesa tem 259 pontos no campeonato, contra 219 da Audi, que venceu os dois campeonatos anteriores. Mas, a julgar pela performance dos carros das quatro argolas, a Toyota não deverá ter problemas para ser campeã, a menos que surjam problemas graves na sua participação. Nas últimas corridas, os Audi perderam feio as disputas para os carros japoneses, sendo superados até pelos carros da Porshe, que voltou a competir nas provas de longa duração neste ano.Os treinos para as 6 HORAS DE SÃO PAULO começam hoje, com duas sessões, uma às 13 horas, e outra às 17:30 Hrs. Amanhã, haverá outro treino livre às 10 horas da manhã, e o treino de classificação a partir das 14:45 hrs. A corrida, no domingo, tem a largada programada para as 13 Horas. Na pista, o grande destaque, claro, é a presença de Lucas Di Grassi defendendo um dos carros da Audi, mas a sensação da corrida será o retorno oficial de Émerson Fittipaldi a uma competição automobilística desde sua participação na finada GP Masters há alguns anos atrás. Nosso bicampeão de F-1 e campeão da F-Indy irá participar da categoria GTE-Am, pilotando uma Ferrari 458 Italia da equipe AF Course. Émerson terá como companheiros na prova o italiano Alessandro Pierguidi e o americano Jeff Segal, que dividirão com o brasileiro o carro N° 61 da competição. A etapa brasileira marcará mais uma despedida na equipe Audi. Se no ano passado foi Allan McNish que anunciou sua retirada das competições, este ano quem está dando adeus é ninguém menos do que Tom Kristensen, 9 vezes vencedor das 24 Horas de Le Mans, que defende a Audi há 15 anos, e agora, aos 47 anos de idade, disse que é sua hora de pendurar o capacete.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - NOVEMBRO DE 2014



            Já estamos encerrando o mês de novembro. Falta pouco para chegarmos a 2015. E como acontece todo fim de mês, eis aqui a nova edição da Cotação Automobilística, com uma pequena avaliação dos destaques, positivos e negativos, de alguns dos acontecimentos destas últimas semanas no mundo da alta velocidade. Lembrando do velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, boa leitura para todos, e até a edição da cotação automobilística do mês de dezembro...



EM ALTA:

Marc Márquez: A "Formiga Atômica" encerrou o campeonato do Mundial de MotoGP com mais uma vitória. Com 13 triunfos na temporada, o mais jovem bicampeão da categoria superou o recorde de vitórias no mesmo ano, que pertencia a Michael Dohan, e mostrou que sua sede de vitórias segue intacta e firme para tentar o tricampeonato em 2015, para desespero dos concorrentes, que só podem torcer para que o novo modelo de moto da equipe oficial da Honda não seja tão bom quanto foi nos últimos anos, pois do contrário, é bom irem se acostumando com o massacre que o jovem espanhol vem impondo a todos...

Valentino Rossi: O grande nome da MotoGP da década passada passou em branco pela equipe Ducatti recentemente, e voltou ao time da Yamaha para lutar novamente por vitórias e pelo título. No ano passado, entretanto, Rossi virou um coadjuvante de luxo, vendo Marc Márquez e Dani Pedrosa, da Honda, e seu companheiro de time, Jorge Lorenzo, disputarem a taça, restando a ele apenas uma solitária vitória em Assen, na Holanda. Pois Valentino tratou de se reinventar em 2014, trocando inclusive de preparador físico. E deu certo: o "Doutor" encerrou o ano com o vice-campeonato, da categoria rainha do motociclismo, que era o máximo que se podia aspirar diante da supremacia de Márquez. Ainda conseguiu 2 vitórias no ano e mostrou que pode render muito ainda, além de continuar sendo o campeão da categoria quando o assunto é carisma. Quem não gostou muito da forma revigorada de Rossi foi Jorge Lorenzo, que perdeu a disputa interna na Yamaha para o companheiro. E se a nova moto da Yamaha para 2015 for boa, podem apostar que Valentino vai infernizar o novo bicampeão como nunca...

Lewis Hamilton: Campeão de 2008, Lewis enfim chegou ao bicampeonato, agora como piloto da Mercedes, tornando-se o segundo campeão do time alemão, que em 1955 e 1956, quando teve time próprio, levou as taças daqueles anos com o argentino Juan Manuel Fangio. Hamilton foi o piloto que mais venceu no ano, com 11 triunfos, tornou-se o britânico com mais vitórias na história da F-1, e ainda superou nas estatísticas Fernando Alonso, seu velho desafeto dos tempos de McLaren. Lewis foi impecável na corrida decisiva em Abu Dhabi: perdeu a pole, mas arrancou bem para assumir a liderança e controlar a situação como desejava. Os problemas de Nico Rosberg apenas tornaram a tarefa mais fácil, mas o inglês teve um ano esplêndido, e nas últimas corridas, aproveitou para abrir abrir e administrar a vantagem que poderia lhe dar o campeonato apenas com um 2° lugar na etapa dos Emirados Árabes Unidos. E com a Mercedes mantendo sua forma, certamente será o piloto a ser batido em 2015, quando tentará o tricampeonato.

Nico Rosberg: O filho de Keke continua na fila em seu sonho de repetir o feito do pai, de conquistar o título da F-1. Mas o piloto alemão não tem do que se envergonhar da excelente campanha realizada neste ano, onde todos imaginavam que iria levar um banho de Lewis Hamilton. Seu duelo com Lewis, reconhecido como o piloto mais rápido da categoria, onde foi um páreo duro especialmente a meio da temporada, quando chegou a abalar os nervos do companheiro de equipe, mostraram claramente o seu crescimento como piloto, passando a ser visto efetivamente como um dos astros da categoria, algo que até o ano passado ainda suscitava muitas dúvidas. O único ponto que Nico pode se arrepender do ano é do toque que deu no companheiro de time em Spa-Francorchamps, onde furou o pneu do parceiro e acabou levando uma boa bronca do time, por querer se impôr se maneira errada dentro do time. Apesar de aparentemente conseguir se manter bem mais sob controle do que Lewis, a chamada de atenção do time claramente o afetou, a ponto de em seguida assistir a 5 vitórias consecutivas de Hamilton. Além das 5 vitórias, acumulou 11 poles na temporada, mostrando toda a sua velocidade em volta lançada. E promete ser um páreo mais duro do que nunca em 2015, quando terá a missão de impedir o possível tricampeonado do parceiro de time...

Felipe Massa: O piloto brasileiro iniciou o ano com certa empolgação pelos bons resultados obtidos pela Williams nos testes da pré-temporada, mas essa boa forma do time só foi encontrada bem mais à frente na competição, e quando isso aconteceu, foi Valtteri Bottas a exibir os melhores resultados, enquanto Felipe voltava a padecer de azares e fracos resultados, como nos tempos da Ferrari. Mas Massa conseguiu melhorar na segunda metade da temporada, e nas últimas 3 corridas, chegou sempre na frente do companheiro de equipe ao fim das corridas, conseguindo dois pódios consecutivos em Interlagos e Abu Dhabi, sendo que nesta chegou próximo até de vencer a corrida, ainda que com poucas chances. Felipe só não terminou o ano melhor devido a ter ficado sem pontuar em 8 provas, mas parece ter reencontrado sua melhor forma, além de recuperar auto estima e aproveitar o ambiente menos estressante da equipe Williams. O brasileiro promete manter a ascenção em 2015, e voltar a lutar efetivamente por vitórias, e quem sabe, o título. A conferir no próximo ano...



NA MESMA:

Fernando Alonso: O bicampeão encerrou sua participação na equipe Ferrari sem um anúncio oficial de por onde competirá em 2015, embora todos estejam cientes de que a McLaren é sua única opção, e que o contrato muito provavelmente já estaria assinado, restando apenas acertar detalhes da operação, bem como salário. O espanhol conseguiu se sobressair imensamente sobre Kimi Raikkonem, e a falta de competitividade do modelo deste ano minou completamente a expectativa de um duelo renhido entre o espanhol e o finlandês. E ainda levou uma alfinetada do novo diretor Marco Mattiacci de que estaria "desmotivado" para atender às pretensões da escuderia.

Red Bull: O time das bebidas energéticas ficou com o vice-campeonato, e não fosse a falta de potência das unidades turbo da Renault, com certeza teria dado mais trabalho. De mérito, o grande trabalho de desenvolvimento do chassi RB11, e ter sido o único time a vencer além da Mercedes no ano. Mas apresentou uma performance irregular em várias corridas, e não conseguiu deixar o comportamento do carro mais ao estilo de Vettel, que não se encontrou totalmente com o carro nesta temporada. A escuderia manteve sua capacidade e contou com a grande surpresa da temporada, Daniel Ricciardo, 3° colocado no ano com todos os méritos. Resta saber se conseguirá voltar firme à disputa pelo título em 2015.

Corrida de Abu Dhabi: Não fosse a pontuação dobrada e a decisão do título, a corrida de encerramento do campeonato nos Emirados Árabes Unidos teria sido mais do mesmo: um visual espetacular, com uma pista que até hoje, desde que estreou na competição, nunca forneceu uma boa corrida, e neste ano, não foi diferente. A etapa, que tem como maior atrativo começar com a luz do sol e terminar à noite, apresentou outra corrida com poucos momentos de destaque, e se a luta entre Rosberg e Hamilton foi abreviada pelos problemas no carro do alemão, restou a Felipe Massa dar uma esperança de emoção na disputa pela vitória nas voltas finais na perseguição ao piloto inglês. Mas o duelo de posições não chegou propriamente a se concretizar, e apesar de algumas boas disputas no pelotão intermediário, a corrida esteve longe de ser uma das melhores do ano, novamente. Pelo menos para 2015 deve acabar esse negócio de pontos em dobro...

Felipe Nasr: O brasileiro firmou contrato para ser piloto titular da Sauber na próxima temporada, e o time não se fez de rogado ao admitir que contratou sua próxima dupla de pilotos mais pelo dinheiro que trazem do que propriamente pelo talento. No encerramento da GP2, Felipe acabou caindo para a 3ª colocação, com o vice-campeonato ficando para o belga Stoffel Vandoorne por uma diferença de 3 pontos. Visto como nova esperança do Brasil nas pistas, Nasr terá um ano potencialmente complicado em 2015, visto que a Sauber vai precisar tirar muita diferença da péssima performance exibida neste ano. É bom que a torcida não fique de marcação em cima, e muito menos a Rede Globo, ou Nasr poderá ser mais um a ser fritado pelas exigências de se descobrir um novo "Ayrton Senna" para "salvar" a audiência da F-1 no Brasil...

Como está fica: Force India e Lotus, apesar dos percalços financeiros, manterão suas duplas de pilotos na próxima temporada. Nico Hulkenberg e Sérgio Pérez até que fizeram campanhas razoáveis este ano, e terão chance de mostrar mais serviço para Vijay Mallya em 2015. A Lotus, que comeu o pão que o diabo amassou este ano, manteve Pastor Maldonado - e seus petrodólares, principalmente, bem como Romain Grossjean, que sem melhores perspectivas, acabou ficando no time de Enstone. Resta agora esperar que ambas as escuderias melhores seus carros, uma vez que motor é o que não faltará a ambas no próximo ano, quando competirão com as unidades de força da Mercedes, as mais potentes e eficientes do grid.



EM BAIXA:

Crise financeira na F-1: A categoria máxima do automobilismo termina o ano com a crise econômica levando as duas menores escuderias à falência - Marussia e Caterham, e com o perigo de arrastar mais times na próxima temporada. E sem consenso entre times e cartolagem para tentarem resolver a situação. Bernie Ecclestone só ajudou a complicar a situação com sua tradicional maneira de gestão de negócios, ao afirmar que se não tem dinheiro, que não se venha competir na F-1. E os times grandes também não ajudam, uma vez que se recusam a ter restrições na sua administração para cortar gastos. E o perigo não é para ser subestimado: este ano, até mesmo a McLaren, com todo o seu currículo e reputação, não conseguiu patrocinadores principais para o time, que correu com o carro quase limpo a temporada toda.

Rolo nos autódromos brasileiros: O autódromo de Brasília teve sua licitação de obras para reformas visando receber a IRL em 2014 suspensa por irregularidades, e agora será preciso refazer o processo, o que vai demandar tempo e com isso, comprometer possivelmente a realização da etapa brasileira da categoria, marcada para o início de março do ano que vem. Praticamente ao mesmo tempo, o governo federal também abandonou as atividades para desenvolver o projeto do novo autódromo da cidade do Rio de Janeiro, na região de Deodoro, por pendengas judiciais que ainda estão longe de serem resolvidas. Realmente, quando se trata do poder público nacional precisar exibir celeridade para resolver algumas coisas, o Brasil é mesmo uma piada, e de mau gosto. Mas desde quando isso é novidade por aqui? Basta lembrar que a MotoGP já pulou fora de voltar a estas paragens recentemente, justamente pelas confusões de se tentar reformar o circuito da capital do país, e resolveu nem perder tempo procurando outro lugar...

Equipe Sauber: O time suíço teve este ano sua pior temporada desde que estreou na F-1, e passou o ano sem conseguir marcar um ponto sequer. Com isso, a escuderia precisou apelas aos dólares trazidos pelo sueco Marcus Ericson e do brasileiro Felipe Nasr, para se manter na temporada de 2015. O problema é que a falta de grana deste ano pode muito bem comprometer o desenvolvimento e projeto do carro do próximo campeonato. O time fundado por Peter Sauber quase não conseguiu patrocínios na temporada, tendo de se virar com as verbas da Telmex garantidas por Esteban Gutierrez, que ficou a pé para o próximo ano, em virtude da falta de resultados. Nem Adrian Sutil escapou da degola. A escuderia foi uma das mais afetadas pela crise econômica que ronda a categoria.

Ferrari: Confirmou-se o que todo mundo já esperava: o time rosso passou seu primeiro campeonato desde 1993 sem conseguir vencer nenhuma corrida. Se a escuderia conseguiu contratar Sebastian Vettel para substituir Fernando Alonso, a mudança de administração imposta pela Fiat, controladora da Ferrari, promete causar alguns terremotos internos na escuderia, em virtude da falta de cultura de automobilismo, aliada às já tradicionais cobranças desmedidas e impacientes de resultados imediatos. Espera-se que o ano de 2015 seja melhor para a escuderia de Maranello, mas dependendo de como os rivais evoluírem, os ganhos poderão não ser tão significativos como se esperam. Alonso certamente não sentirá saudades deste ano de despedida dos carros vermelhos...

Sebastian Vettel: O tetracampeão terminou o ano sem vencer, e pior, perdeu a disputa interna com seu novo companheiro de equipe Daniel Ricciardo, que ainda por cima conseguiu vencer 3 provas no ano, ainda que mais à custa dos problemas da Mercedes do que pela performance da escuderia. Mesmo mantendo o bom humor, o alemão mostrou que isso o afetou bastante, a ponto de resolver se bandear para Maranello, onde ganhará o maior salário da F-1 pelas próximas 3 temporadas. Resta saber se no time italiano ele terá a paciência para aguardar pela chegada de bons resultados, que pela reorganização e mudança de mentalidade administrativa pela qual o time rosso está passando, podem significar um bom atraso na resolução dos problemas. Isso para não falar do tradicional ambiente carregado de Maranello, além das cobranas irascíveis da torcida italiana, que muitas vezes quer tudo para anteontem. Vettel pode estar entrando em uma grande fria...

 



sexta-feira, 21 de novembro de 2014

VETTEL NA FERRARI


Sebastian Vettel se acostumou a ganhar tudo nos últimos 4 anos. Ficar sem vencer este ano incomodou bastante, e agora vai tentar a sorte na turbulenta equipe Ferrari, pelas próximas 3 temporadas.

            A Fórmula 1 chegou ao circuito de Yas Marina, nos Emirados Árabes Unidos, para a sua prova final do campeonato de 2014. Lewis Hamilton ou Nico Rosberg, um dos dois sairá coroado deste circuito que é uma maravilha fora da pista, e um pesadelo para ultrapassagens dentro dela. Além da tradicional tensão de uma decisão de título, o paddock anda agitado com a crise financeira que ameaça cada vez mais alguns times da categoria. Tratarei deste assunto em breve em outra coluna. Hoje o assunto é a oficialização do que todo mundo já sabia desde o GP do Japão: Sebastian Vettel é piloto da Ferrari! O anúncio foi feito aqui em Abu Dhabi e o tetracampeão vestirá as cores da escuderia de Maranello pelos próximos 3 anos. Em 2015, terá como companheiro o finlandês Kimmi Raikkonem, muito provavelmente em sua última temporada na F-1...
            Vettel vai em busca do sonho de ser campeão pela escuderia mais carismática da F-1, e busca repetir o feito de Michael Schumacher, seu grande ídolo, que lá reinou como um deus, amealhando 5 títulos mundiais de 2000 a 2004, e tornando-se o maior nome da história da categoria. Já com 4 títulos no currículo, Sebastian quer repetir o mesmo sucesso, e quem sabe, até superar as marcas de Schumacher. Mas a parada promete ser dura, e muitos têm dúvidas se o jovem piloto, o mais precoce tetracampeão da história, terá o sucesso que espera. Ou se terá a paciência necessária para tanto.
            Se espelhar em Michael Schumacher para repetir seus feitos é legal, mas há de se atentar para alguns detalhes que certamente pesam contra Vettel nesta comparação. Em 1995, Schumacher surpreendeu a todos com o anúncio de que iria para Maranello. O time italiano vinha de uma seca de títulos de mais de uma década e meia, e Michael, coroado bicampeão, e tendo a Benetton no auge de sua força, só tinha a perder indo para o time italiano. Ficasse na escuderia multicolorida, era garantia de disputar novo título em 1996, e de ser tricampeão naquele ano. Preferiu encarar o desafio que nem mesmo Ayrton Senna se atreveu a tentar: fazer da Ferrari novamente um time campeão.
            Vettel sai da Red Bull, em direção a Maranello, logo no seu primeiro ano de dificuldades no time das bebidas energéticas. Não apenas não conseguiu vencer este ano, consequência da supremacia da Mercedes na temporada, como ainda acabou superado, na pista, e até no campeonato, por seu novo companheiro de equipe, Daniel Ricciardo. E a gota d'água sem dúvida, foi ver o parceiro conseguir 3 vitórias no ano, sendo o único piloto a conseguir quebrar a hegemonia do time alemão. Vettel assumiu com sinceridade que o novo companheiro de equipe conseguia tirar do modelo RB11 mais do que ele conseguia, além de revelar não ter se adaptado às reações do novo carro. Neste ponto, em que pese muita gente criticar Fernando Alonso quando o asturiano tem seus chiliques ao ver um companheiro de equipe andando mais do que ele, Vettel acabou demonstrando o mesmo incômodo do espanhol, só foi mais discreto.
            Para muitos, eu inclusive, Vettel deveria dar mais uma chance à Red Bull, com quem ainda tinha contrato até o fim do ano que vem. Seria a chance do tira-teima contra Ricciardo, além de poder contar com aquele que deverá ser o último carro de F-1 projetado por Adrian Newey, o modelo RB12. O projetista a partir da próxima temporada passa a ser apenas consultor da escuderia, e irá se dedicar a novos projetos fora da F-1. O modelo de 2016, esse sim, já não deverá contar com sua genialidade no projeto total. A expectativa de que a Renault consiga melhorar sua unidade de potência é também uma chance de poder ter um carro mais competitivo, uma vez que neste setor, após os testes desastrosos da pré-temporada deste ano, a escuderia conseguiu um progresso notável a ponto de muitos hoje confirmarem que a Red Bull tem novamente o melhor chassi da temporada. Mas, com um déficit de cerca de 80 HPs na unidade de potência, não havia como desafiar a Mercedes, que além de um motor extremamente potente, ainda conta com um chassi praticamente tão com quanto o do time rubrotaurino. Se a perspectiva da Renault em diminuir sua desvantagem para o motor da Mercedes não é totalmente fiável, pelo menos Sebastian ainda deveria considerar a possibilidade de derrotar Ricciardo, além de ainda dar uma força ao time que lhe deu tudo, em seu momento de dificuldade, antes de pular fora. Se ele resolvesse sair ao fim do ano que vem, em virtude de outro ano de poucos resultados, aí sim não poderia condená-lo pela atitude.
            Nesse ponto, Schumacher também teve atitude diferente: depois de 5 títulos consecutivos na Ferrari, o alemão virou coadjuvante de luxo em 2005, com a Ferrari incapaz de competir com os times da Renault e McLaren, equipados com pneus mais competitivos da Michelin, frente aos Bridgestone usados pela Ferrari. O heptacampeão poderia muito bem ter largado o time e até se aposentado, já tinha feito história mesmo, mas Michael manteve a cabeça no lugar, e prometeu que em 2006 daria a resposta a quem o achava "acabado" para a F-1. E no ano seguinte, com um carro novamente competitivo, calou todos os críticos, e saiu para a aposentadoria com sua cotação plenamente em alta. Vettel resolveu não dar a mesma chance à Red Bull.
            Se ele vai conseguir ser campeão na Ferrari, ainda é cedo para dizer. O time rosso tem sua pior temporada em vários anos, e acaba de sofrer uma mudança de direção e passa por reformulação na área técnica. Ajeitar as novas peças em seus devidos lugares deve levar tempo, mas pela fraca performance do time neste ano, todos apostam que em 2015 a escuderia deverá se sair melhor. A questão é quanto melhor. Sebastian tem noção de que o desafio que terá pela frente será grande. Será que ele está preparado para todas as dificuldades que o esperam? E, principalmente, terá a paciência necessária para colher os frutos que espera no time italiano? É o que todos perguntam.
            Quando Schumacher chegou à Ferrari em 1996, o time já vinha sofrendo uma reestruturação desde 1994, com a nova chefia de Jean Todt, que assumiu a direção do time em 1993. Todt colocou ordem na casa, que vivia uma bagunça, não conseguindo manter a coordenação de todos os setores da fábrica e da escuderia. E com a sua chegada, havia um talento incontestável que poderia dar os resultados na pista que todos esperavam. E foi naquele ano também que, por indicação de Schumacher, que a Ferrari contratou os principais nomes do staff técnico que foram responsáveis pelo sucesso da Benetton nos anos anteriores, Rory Byrne e Ross Brawn. Com a estrutura montada, os frutos começaram a aparecer já em 1997, quando Michael voltou a disputar o título. Mas foram precisas mais 3 temporadas, até tudo ficar totalmente 100%, e em 2000, quatro anos depois de chegar a Maranello, Michael iniciou o maior período de vitórias de um único piloto na história da F-1.
            O contrato de Vettel é de 3 anos. Ele alcançará o sucesso de Schumacher no time neste período? Os mais otimistas garantem que a Ferrari já voltará a vencer corridas em 2015, podendo disputar o título novamente em 2016. Os mais realistas garantem que a escuderia italiana só deverá estar mesmo forte em 2017, teoricamente o último ano do contrato de Sebastian. Os mais pessimistas garantem que Vettel pula fora antes mesmo de cumprir estes 3 anos. Fico no time dos realistas, até pelo histórico recente da passagem de Alonso pelo time. O asturiano ficou 5 anos em Maranello, e tudo o que conseguiu foram 3 vice-campeonatos e 11 vitórias, sendo que em apenas 2 anos ele lutou efetivamente pelo título, 2010 e 2012. No ano passado, apesar do vice-campeonato, Alonso assistiu impotente ao passeio de Vettel nas 9 corridas finais do campeonato, vendo o alemão conquistar o tetra praticamente sem oposição.
            Alonso também chegou a Maranello em um momento onde a estrutura eficiente de profissionais montada por Todt e Schumacher não mais lá se encontrava. O time não tinha mais a mesma coesão de antes, situação que se repete neste momento, complicada ainda mais pela mudança de direção, que está impondo também um novo tipo de mentalidade no time. Tudo pode dar certo, mas neste momento, os prognósticos indicam que Vettel pode enfrentar mais problemas do que Alonso em sua estada no time italiano. E que poderão demandar mais tempo para serem solucionados, isso se forem. Não se pode descartar a possibilidade de se produzirem novos modelos de performance fraca.
            É uma decisão errada Sebastian ir para a Ferrari? Isso vai depender mais dele do que dos outros. Ele tem liberdade para fazer o que quiser de sua carreira. E o jovem alemão tem alguns desafios a cumprir. O primeiro deles é calar os críticos que dizem que seus títulos se devem unicamente aos carros de Adrian Newey, e que seu talento não seria assim tão grande quando pensa que é. Vencer pela Ferrari mostraria que Sebastian é o grande piloto que seus títulos dizem, e não fruto de um carro superior aos demais. Ele quer mostrar que seu talento é fato e não presumido apenas por ter o melhor carro. E ele precisa provar isso para mostrar a todos que é mesmo um campeão de fato. É seu direito buscar isso. Infelizmente, o resultado desse ano joga um pouco contra ele, por ter ficado atrás do companheiro de equipe quando não teve mais um carro "superior" aos demais.
            E, também por esse motivo, ele estaria indo para a Ferrari, justamente para evitar uma possível nova derrota para Ricciardo em 2015 na Red Bull. Caso o australiano o suplantasse novamente como tem feito este ano, sua imagem de campeão certamente sofreria um forte abalo, e os críticos às suas conquistas teriam ainda mais munição para contestá-lo. Infelizmente, eles terão assunto neste sentido ao afirmarem que Vettel "fugiu" da disputa indo para Maranello, com medo de nova derrota.
            E Vettel terá sucesso onde Alonso falhou? Sebastian tem pontos positivos a seu favor: não é egocêntrico como o asturiano, não cria clima ruim dentro do time (pelo menos, não como Alonso), e mais do que todos, quer provar do que é capaz. Isso sugere que ele vai entrar de cabeça em todos os esforços para tornar a Ferrari novamente um time campeão. E de início, terá em Raikkonem um parceiro com o qual não deverá ter problemas. O finlandês não é dado a brigas dentro da equipe, e ele tem um excelente relacionamento com Sebastian, que deve ajudar a desanuviar o clima carregado de centralização que o espanhol sempre impôs ao redor de si como condição de seu contrato. Com um clima mais cordial e sereno, todos ganham mais tranquilidade pra poderem produzir mais e melhor, o que certamente deve ajudar a escuderia a melhorar seu rendimento.
            O ponto negativo é a Ferrari ser justamente...a Ferrari. Diferente da Red Bull, um time jovial e descontraído, com uma percepção mais fresca da F-1, a Ferrari é um time cheio de picuinhas e frescuras políticas. Luca de Montezemolo nunca deixou o pessoal totalmente à vontade, cobrando sempre mais e mais. Mas pelo menos ele ainda entendia a "alma" da F-1, e isso lhe dava uma compreensão do que deveria ser feito. A Ferrari agora tem outra direção, escolhida pela Fiat, com um novo diretor geral que veio de uma área diferente das competições. O objetivo é impôr uma nova mentalidade administrativa, e isso pode implicar em mais cobranças do que o habitual. Cobranças, aliás, que logo começarão a ser feitas de forma implacável também pela torcida da escuderia, que tem costumeiramente pouca paciência para maus resultados.
            Acostumado à rotina de um time que era bem menos ocupado com politicagens,Vettel vai encontrar um ambiente bem diferente no time italiano. A princípio tudo poderá correr bem, mas e quando a lua de mel acabar, será que Sebastian terá paciência de aguentar o clima carregado que costuma rondar a escuderia? E se os resultados não vierem como se espera, continuará por lá? Alonso aguentou 5 anos, e não fosse a péssima performance deste ano, poderia até continuar por lá em 2015. Mas o entusiasmo esmoreceu, a confiança acabou, e já não era de hoje. Com seu último campeonato datando de 2006, o asturiano está perto de completar 10 anos sem conquistar um novo título, e isso pesa. O bastante para ele agora ter de se arriscar na renovada parceria da Honda com a McLaren como única alternativa para seguir adiante.
            Vettel mostrou impaciência pulando fora da Red Bull no primeiro ano de dificuldade. Pode enfrentar um jejum ainda pior na Itália. E terá de aguentar firme; pular fora novamente em pouco tempo iria deixar uma péssima impressão em sua imagem. O alemão ainda é bem jovem, e se mantiver a cabeça no lugar, e ser paciente tanto quando necessário, terá sua chance de colher frutos na Ferrari. Ou mudar de time novamente, mas depois de findar seu contrato, se sentir que não terá melhor sorte em continuar por lá. Agora ele não pode é voltar atrás. Se ele quer seguir o mesmo caminho trilhado por Schumacher, terá de esperar e torcer para as peças que estão sendo montadas pela nova direção da Ferrari combinarem entre si. Com Alonso não deu certo, e o espanhol aguentou 5 anos. O que espera por Vettel é seu futuro na F-1. Se vai ser glorioso ou fracassado, só o tempo dirá.
            Seja bem-vindo à Ferrari, e boa sorte em sua nova empreitada, Sebastian.


E a Caterham está mesmo aqui em Abu Dhabi. Com uma vaquinha virtual, e uma ajudinha de Bernie Ecclestone, o time verde estará na pista, fazendo o grid retornar a 20 carros. Mas que ninguém se empolgue: é o canto do cisne da escuderia, que demitiu todos os funcionários na semana passada, e com aqueles que vieram para Yas Marina recebendo como "free-lancers", para conseguirem pôr os carros na pista. Kamui Kobayashi volta para defender o time em sua última participação, que terá como outro piloto Will Stevens, anunciado há pouco. Vai ser uma despedida melancólica, fazendo até menos do que normalmente faria na pista. Triste, mas consequência do modelo atual de competição da categoria, que virou há tempos um saco sem fundo no que tange aos custos de competição.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

ARQUIVO PISTA & BOX - MARÇO DE 1997 - 21.03.1997



            Voltando a trazer minhas colunas antigas na seção Arquivo, trago hoje a coluna lançada em 21 de março de 1997. O assunto era a volta da McLaren ao topo do pódio, após 3 longos anos de jejum da escuderia, que tinha vencido pela última vez na despedida de Ayrton Senna do time, ao fim de 1993. A McLaren estreava também o seu novo visual prateado, em substituição à pintura vermelha e branca da Marlboro que era usada desde os tempos de Émerson Fittipaldi, em 1974. Foi um recomeço para o time, que no ano seguinte voltaria efetivamente a disputar o titulo, resgatando todo o protagonismo que havia tido nos anos 1980 e início da década de 1990. Fiquem agora com o texto, e boa leitura. Logo, logo, trago mais textos antigos...


MCLAREN, O REGRESSO

            Demorou, mas depois de 3 anos sem vitórias, a McLaren enfim retornou ao degrau mais alto do pódio na Fórmula 1. Curiosamente, o retorno da McLaren ao círculo dos vencedores se deu no mesmo GP onde a escuderia conquistou, em 1993, sua última vitória na categoria até então. No Grande Prêmio da Austrália daquele ano, disputado na época em Adelaide, Ayrton Senna conquistou a 104ª e até o início do campeonato deste ano última vitória da McLaren na F-1. Coincidentemente, foi também a última vitória de Ayrton Senna, a sua 41ª. E semana retrasada, também no Grande Prêmio da Austrália, vimos novamente a McLaren vencer de novo uma corrida da categoria, agora no circuito de Melbourne, e pelas mãos do piloto escocês David Couthard.
            Durante este longo período afastada das vitórias, temeu-se pela possibilidade de a McLaren sofrer um decadência parecida com a sofrida pela Lótus, que começou a entrar em crise a partir da temporada de 1988, e terminou com o encerramento de suas atividades em fins de 1994, pondo fim a uma das mais carismáticas e vitoriosas escuderias que já participaram da F-1.
            Ron Dennis, diretor da McLaren, sempre mostrou um exemplar gerenciamento da escuderia. Foi ele quem, no início da década de 1980, transformou totalmente a velha McLaren, até então de propriedade de Teddy Meyer, na nova McLaren International. Junto com John Barnard, Ron Dennis conduziu a escuderia para o seu primeiro período de supremacia nos anos 1980, tendo como pilotos Niki Lauda e Alain Prost, conquistando 3 títulos de pilotos consecutivos. Tal supremacia só foi abalada momentaneamente pela Williams, que em meados de 1986 e durante toda a temporada de 1987. Mas a partir de 1988, a McLaren voltou a impor total domínio na F-1 até 1991, quando novamente a Williams iniciou seu retorno ao topo com força total.
            A partir de 1992, a McLaren começou a decair, deu uma nova retomada de fôlego em 1993, mas seu maior trunfo até então, Ayrton Senna, deixou a escuderia em fins de 1993 para ingressar na Williams em 1994. Além disso tudo, a McLaren perdeu também a Honda, sua grande força motriz no campo dos motores, o qual sem dúvida foi tão sentido quanto a perda de Ayrton Senna. A temporada 93 foi feita como equipe cliente da Ford, e mesmo obtendo resultados até melhores do que a Benetton, equipe oficial da fábrica, a McLaren não conseguiu melhor tratamento para 94. Foi então que a escuderia conseguiu um acordo com a Peugeot, que estava fazendo sua estréia na F-1.
            A temporada de 94 até que foi muito boa, considerando-se o fato dos motores Peugeot serem estreantes na categoria. A McLaren terminou o campeonato de construtores na 4ª posição, com 42 pontos, e vários pódios de seus dois pilotos, Mika Hakkinen e Martin Brundle, mas nenhuma vitória ou pole-position. Apesar do bom desempenho da Peugeot em sua temporada de estréia, Ron Dennis resolveu rescindir o contrato, e acertou com a Mercedes-Benz, que estava se desvinculando da equipe Sauber, para ser o novo time de fábrica da marca alemã em 1995.
            Só que a temporada de 95 foi pior que a de 94. Se em 94 o chassi MP4/9 tinha dado mostras de ser competitivo mesmo com o motor francês estreante, em 95 o chassi MP4/10 revelou um péssimo monoposto, sem boas qualidades, sendo que até Nigel Mansell declarou que o carro era totalmente instável. Os problemas que surgiram com o modelo 95 foram vários. Nigel Mansell precisou de um cockpit remodelado, pois não conseguia caber direito no carro. Com muito trabalho, a escuderia lançou o MP4/10B a meio da temporada, mas os problemas persistiram. Foi lançada até uma terceira versão, o MP4/10C, ao fim da temporada européia, mas os ganhos foram insignificantes em comparação com o volume de trabalho realizado. A equipe só conseguiu 30 pontos, mostrando nítida regressão em relação aos anos anteriores, apesar de ainda ter conseguido alguns pódios.
            Entrando na temporada de 1996, tudo indicava que a McLaren teria, enfim, condições de evoluir, pois pela primeira vez em várias temporadas, teria uma base firme e contínua para trabalhar. Tendo como pilotos Mika Hakkinen e David Couthard, a McLaren teve um inicio de ano meio problemático, dando a impressão de que os problemas de 1995 continuavam sem solução, mas com o decorrer da fase européia do campeonato, a McLaren começou a dar mostras de reação, conseguindo até liderar, ainda que esporadicamente, algumas corridas. Tanto Hakkinen quanto Couthard demonstraram muita garra em diversas provas, à medida que o novo MP4/11 progredia em conjunto com o motor Mercedes V-10. O único inconveniente foi uma certa instabilidade nas performances: em algumas pistas a McLaren parecia estar ao nível das melhores equipes, enquanto em outras, tinha um desempenho bem mais modesto, disputando colocações no meio do grid.
            Mas o balanço geral do ano foi positivo. Novamente 4ª colocada no campeonato de construtores, a escuderia acumulou 49 pontos contra os míseros 30 de 1995. A equipe, porém, sofreu um novo golpe: perdeu o patrocínio milionário da Marlboro, que desistiu de investir na escuderia inglesa e preferiu centrar seus esforços na Ferrari. Ron Dennis, porém, conseguiu arrumar um substituto à altura e assinou um novo contrato de patrocínio com a West.
            Chegamos então à temporada de 1997. A McLaren, apesar dos últimos anos terem sido de vacas magras para a escuderia, ainda apresenta a melhor estrutura entre todos os times de ponta da F-1. E o poderio técnico de Woking já se fez notar no programa de testes da pré-temporada, onde a escuderia realizou treinos em todas as pistas possíveis para dar o melhor nível de desenvolvimento ao novíssimo MP4/12. Os resultados foram muito bons e a prova pode ser conferida em Melbourne. Todavia, é certo afirmar que a McLaren ainda está um pouco abaixo da Williams, mas já consegue fazer frente à Benetton e à Ferrari. A expectativa agora é que, com o desenrolar do campeonato, o time inglês continue crescendo para que se torne novamente aquela superequipe do início da década, com força para disputar o campeonato tanto com a Williams quanto com a Benetton e a Ferrari, e até superá-las com certa folga, como costumava fazer...


A equipe Newmann-Hass vai encontrar muitas dificuldades na tentativa de repetir em Surfer’s Paradise o seu extraordinário desempenho de Homestead, na etapa inaugural do campeonato 97 da F-CART. Nos testes do circuito de Firebird, no Arizona, semana passada, o câmbio do chassi Swift apresentou inúmeras quebras, assim como os motores Ford. A fábrica ainda está testando novos desenhos do câmbio para tentar conseguir maior fiabilidade da peça. Novos testes no circuito misto de Sebring, na Flórida, estão programados antes do embarque para a Austrália.


A Lola parece ter detectado o seu principal problema do chassi T9700 para o campeonato da F-CART: a falta de rigidez da peça que segura o motor ao chassi. Segundo os testes realizados, a força do motor está provocando torção nos suportes dos propulsores, e com isso, tirando toda a estabilidade dos carros em curva. A fábrica está reforçando as peças para tentar recuperar a competitividade de seus times no campeonato da F-CART.
 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

QUAL A NOVIDADE?



Esboço do prometido novo autódromo do Rio de Janeiro, em Deodoro. E que não deverá passar disso...apenas um esboço, e nada mais...

            Esta semana, logo após a disputa do Grande Prêmio do Brasil, surgiu a notícia de que a licitação para as obras de reforma do autódromo de Brasília, com vistas a receber a etapa de estréia do campeonato 2015 da Indy Racing League, foi suspensa. O motivo? Falhas no processo, para não mencionar que o projeto tinha vários dados e levantamento de preços não detalhados. E estas falhas poderiam elevar os preços das reformas, estimadas em R$ 250 milhões, para mais de R$ 300 milhões, conforme matéria veiculada no site Grande Prêmio (www.grandepremio.uol.com.br). Portanto, com as bolas fora do projeto, a empresa responsável pelas obras, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil - Novacap, suspendeu o acordo, e agora, será necessário fazer uma nova licitação, e como a burocracia brasileira adora criar empecilhos e/ou atrasar cronogramas, isso já coloca em risco a realização da corrida brasileira do certame Indy, que iria abrir o calendário 2015 da IRL no dia 8 de março.
            Seria um mico e tanto, depois do cancelamento da corrida neste ano, pela tirada de corpo fora da Bandeirantes, quando a corrida começava a conquistar o público brasileiro. A quebra de contrato, inclusive com a emissora querendo pular fora das transmissões da categoria, levaram a direção da Indycar a mover um processo por quebra de contrato, e só depois de muita conversa se colocou panos quentes na situação, com a Bandeirantes continuando a transmitir a categoria, e ainda viabilizar novamente uma etapa brasileira, que foi anunciada com pompa para ser realizada na capital federal, no autódromo Nélson Piquet. Mas todos sabiam que o estado do autódromo, quase de abandono, exigiria reformas extensas para deixá-lo preparado para receber os monopostos da categoria americana. Claro, prometeram que todas as reformas seriam feitas.
            Como já não dava tempo de reformar todo o autódromo, que iria durar muito tempo, o plano era dividir as reformas em duas fases, procurando deixar pronto apenas o que fosse necessário para viabilizar a realização da corrida, como recapeamento da pista, e reforma completa das áreas de escape, procurando dar toda a segurança necessária para a competição. O restante do autódromo seria recuperado depois, com um cronograma de obras que só terminaria para a corrida Indy de 2016. Claro que, na teoria, tudo parece lindo. Mas, quem disse que no Brasil as coisas andam direito? Na verdade, devemos ficar surpresos é quando tudo é feito da maneira correta, do jeito que as coisas são feitas em nosso país...
            Com praticamente 4 meses até a corrida, as perspectivas de que mesmo as poucas reformas projetadas para dar um suporte mínimo à realização do GP possam ser concluídas a tempo são pessimistas. Além do tempo que uma nova licitação deve gastar para ser feita, e o atraso que isso pode provocar nas obras, como bem lembrou o jornalista Flávio Gomes, o Distrito Federal estará empossando novo governo em janeiro, e nada garante que o novo governador eleito, Rodrigo Rollemberg, que substituirá Agnelo Queiroz, mantenha a mesma fidelidade ao projeto, ainda mais se levarmos em conta que um dos temas de campanha abordados foi o grande déficit de mais de R$ 2 bilhões nas contas públicas, ao qual Queiroz diz não existir, e que entregará o cargo com um grande superávit a Rollelberg. Conversa fiada de políticos à parte, se o buraco nas contas for grande, a tentação de cortar gastos pode acabar comprometendo as obras de reforma, e por tabela, a corrida. O jeito seria, quem sabe, fazer a prova nas ruas da capital, mas será que alguém pensou em um plano B para a situação? De acordo com Mark Milles, diretor da Indycar, quando o anúncio da corrida foi feito, não há plano B algum, e que sabia que os trabalhos de adequação do autódromo seriam extensos e árduos, mas confiava na capacidade de tudo ser feito a tempo.
            Fosse o Brasil um país sério, com certeza se conseguiria acertar tudo o que fosse necessário, e até mais. Infelizmente, não é o caso, e temos o exemplo dos estádios da Copa do Mundo para ilustrar. Ficaram prontos? Ficaram, no talo, em vários lugares, mas levando-se em conta que nosso país teve 7 anos para se preparar para o evento, quando se vê a lista de obras que ficaram pelo caminho, e o que ficou "meio pronto", realmente é para se perder a fé em qualquer promessa de autoridade pública...
            Daí então, não venham se surpreender se a etapa brasileira for cancelada. Aliás, a MotoGP, que ensaiava um retorno ao Brasil, pulou fora justamente por causa das incertezas relativas justamente às reformas necessárias para que a pista estivesse apta a sediar uma etapa da categoria. FIM e Dorna resolveram não pagar para ver, e posso dizer que não se arrependeram nem um pouco. Não sei se a Indycar terá a mesma sorte... E pena dos fãs brasileiros que curtem automobilismo, que merecem melhor sorte para terem a chance de assistirem a mais competições internacionais por aqui.
Autódromo de Brasília: obras para receber a IRL em março tiveram a licitação suspensa. A corrida pode ir para o brejo...
            E essa não foi a única "bomba" a circular na imprensa. O jornal "O Povo", do Rio de Janeiro, noticiou essa semana que os planos de construção do novo autódromo carioca, na região de Deodoro, estão cancelados. Quem tirou o time de campo foi o governo federal, até que a pendenga jurídica arrumada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro na justiça estadual seja resolvida. Antiga área de testes do exército brasileiro, a região é considerada local de proteção ambiental, na opinião do MP, e com isso, eles obtiveram uma liminar em janeiro do ano passado, o que suspendeu todos os trâmites que ocorriam no sentido de viabilizar o novo autódromo da capital fluminense. Para que os trabalhos fossem retomados, seria necessário obter um novo Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), emitido pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea). O governo federal tentou cassar a liminar, mas quebrou a cara, e ainda por cima, ainda gastou esforços para que o caso fosse mudado para a justiça federal, acreditando que teria menos problemas que na justiça estadual, mas até agora não conseguiu absolutamente nada de produtivo. O caso segue "emperrado", e sabe-se lá quando andará novamente, se formos nos basear nas experiências prévias deste tipo de situação em nosso país.
            Cansado da demora da situação, o Ministério dos Esportes, que coordenava os trabalhos, suspendeu tudo. Com a enrolação da justiça, nesse ponto não dá para criticá-los, afinal, a demora poderia fazer perder praticamente tudo o que fosse feito, e de dinheiro gasto à toa no governo federal, certamente não precisamos de mais desperdício, apesar de que se formos listar todas as bobagens que o governo faz, gastaríamos a vida inteira nisso.
            Interessa saber mesmo é o balanço da situação: a construção do novo autódromo era a condição "obrigatória" para a desativação completa do autódromo de Jacarepaguá. O circuito há havia sido mutilado para as obras os Jogos Pan-Americanos na década passada, onde resolveram construir parte das instalações justo em cima de uma das curvas do circuito. O resto do traçado, ainda ileso, exceção ao circuito oval, ainda sediou algumas corridas, mas todo mundo sabia que era questão de tempo até acabarem de vez com a pista. Depois que surgiu a "promessa" de um novo autódromo, todo modernoso e dotado das mais avançadas instalações e tudo o mais, assim como os mais recentes autódromos visitados pela F-1 nos últimos anos, arrefeceu-se a pouca oposição que já existia ao projeto, e Jacarepaguá foi definitivamente para o vinagre. A "indignação" da CBA - Confederação Brasileira de Automobilismo, com a "demora" e "descaso" da justiça, é conversa para boi dormir. A entidade não fez praticamente nada para salvar o autódromo. Venceram os políticos e a cartolagem esportiva, um bando de cretinos da pior espécie, e que mereciam ser fuzilados em praça pública, se este fosse de fato um país sério. Como não é...
            O prefeito do Rio já tirou o corpo fora há tempos. E como o enguiço passou a ser federal, e com a situação em parafuso que nosso país está, especialmente em se tratando do atual desgoverno, que continua dizendo que não há "nada de errado" com o Brasil, podem esquecer qualquer perspectiva de a cidade do Rio de Janeiro voltar a ter um autódromo. E quem argumenta que se os russos conseguiram fazer uma pista no seu Parque Olímpico, em Sochi, o Brasil também poderia fazer o mesmo, desculpe dizer, mas os interesses são distintos. Os russos, apesar dos pesares, fizeram um planejamento mais cuidadoso com suas instalações em Sochi, e foram criativos e inteligentes ao conceberem a idéia de fazer o seu circuito de F-1 nas ruas do parque olímpico. Aqui no Brasil, infelizmente, o que moveu a destruição de Jacarepaguá foram os especuladores imobiliários, que junto com a politicagem e a cartolagem, que certamente devem ter recebido sua gorda cota de propinas, pretendem fazer daquela área um conjunto de condomínios privados, ou pelo menos, de gente muito endinheirada, ou similar. Encaixar uma pista de corridas ali poderia muito bem ser feito, exceto por um único detalhe: eles não tem interesse, e nem querem isso.
            Acusar os pilotos é besteira. Eles até protestaram, mas o que poderiam de fato fazer? Desistir de correr? E seus times, abandonar sua atividade de vida? O povo, infelizmente, também tem parte da culpa, uma vez que há muito tempo os torcedores se mobilizam mais para coisas inúteis e cretinas - como brigas de torcidas rivais nos dias de jogos de futebol, onde acontecem até de matarem alguém, do que se mobilizarem por algo realmente útil e correto. E isso infelizmente vale para boa parte da sociedade como um todo. Fiquei com alguma esperança quando eclodiram as manifestações do meio do ano passado, mas logo se viu que aquilo era fogo de palha, não indo a lugar nenhum.
            Se este fosse um país sério, Jacarepaguá ainda estaria lá, com a CBA exercendo seu dever como deveria ser, defendendo o autódromo até o cumprimento da criação da nova pista, até o ponto de fazer os patifes que se dizem "defensores" do esporte desistirem da parada, ou eles mesmos, em parceria com a iniciativa privada, lançar a construção de uma nova pista, sem as frescuras do poder público. Lamentavelmente, e isso ficou ainda mais claro nestas últimas eleições, onde se viu uma campanha de extrema baixaria promovida justamente pelo partido que diz "defender" os trabalhadores, mas na verdade defende mesmo só a corrupção e a picaretagem, e que mesmo assim acabou reeleito para a presidência, mesmo com todos os exemplos de patifaria que pipocam a todo mundo. Boa parte do povo brasileiro merece mesmo os políticos que elegem. Uma pena que boa parte do povo tenha que arcar com as consequências destas escolhas pra lá de questionáveis.
            Resumindo, qual a novidade nisso tudo? Parece mesmo que não conhecemos o país onde temos de viver... E cada vez mais perco as esperanças do Brasil tomar jeito...


Lendas Brasileiras do Automobilismo: cada fascículo trará uma miniatura, além de muitas informações e curiosidades sobre nossos pilotos na F-1.
Colecionadores de automobilismo, preparem os bolsos: a editora Eaglemoss, especializada em coleções, está lançando a série "Lendas Brasileiras do Automobilismo", uma coleção composta de 60 fascículos que trará todos os grandes nomes nacionais das pistas que competiram na Fórmula 1, dos anos 1950 até os dias atuais. E cada edição trará também uma miniatura de um carro de competição, na escala 1:43, pilotado pelo piloto em destaque em cada edição. A distribuição em bancas começa em dezembro, mas no site da editora, no endereço http://www.lendasf1.com.br, é possível já fazer pré-assinaturas da coleção, com direito a descontos e brindes promocionais. A coleção deverá durar 2 anos, e quem optar por assinar por este período integral terá opção de pagar tudo em 12 parcelas de R$ 209,25, preço já com 10% de desconto sobre as 60 edições avulsas. Há também a opção de assinar por um ano, adquirindo 30 edições, pelo preço de R$ 131,24, com desconto de 5% sobre os exemplares avulsos. Quem comprar por assinatura ganhará de brinde um pôster exclusivo com os maiores pilotos brasileiros que já passaram pela F-1 (Émerson Fittipaldi, Nélson Piquet, Ayrton Senna, Rubens Barrichello, e Felipe Massa), uma caixa para arquivar os fascículos, além de um kit com 3 fotos de Ayrton Senna. Quem assinar o pacote completo de dois anos ainda ganhará um brinde adicional: uma miniatura, escala 1:43, de um caminhão de transporte da McLaren. Cada fascículo trará várias informações e curiosidades de corridas e do campeonato do ano do carro em questão que virá na edição. As primeiras 4 edições da coleção já tiveram seus modelos divulgados: a edição de estréia trará o McLaren MP4/4, com o qual Ayrton Senna foi campeão em 1988; a segunda edição trará o Lotus 99T, com o qual Ayrton disputou sua última temporada no time fundado por Colin Chapman, em 1987; a edição 3 terá o McLaren MP4/6, com o qual Senna foi tricampeão em 1991. A edição 4 trará o lendário Lotus 72D, com o qual o Brasil conquistou pela primeira vez um título na F-1, com Émerson Fittipaldi, em 1972.
É hora de reservar uma boa grana para adquirir toda essa coleção, que tem tudo para trazer aos fãs verdadeiras relíquias do mundo da velocidade, ilustrando a saga de nossos pilotos na categoria máxima do automobilismo. E será uma coleção bem mais prática do que a da PlanetadeAgostini, que no ano passado lançou uma coleção para se montar o modelo McLaren MP4/4, com cerca de 90 fascículos, com cada edição trazendo novas peças para a montagem do carro, que deve estar sendo um verdadeiro teste de paciência para os fãs do tricampeão Ayrton Senna, e qualquer outro fã de automobilismo que tenha aceitado o desafio de colecionar a série e montar o carro. Sem falar também que a coleção da Eaglemoss será bem mais em conta, além de que os fascículos certamente trarão muitas informações interessantes para os fãs.