Tim Cindric, Will Power (ao centro), e Roger Penske: acabando com o jejum de títulos da escuderia desde 2006 e com o australiano finalmente conquistando o campeonato na Indy Racing League. |
Depois de bater na
trave nas últimas temporadas, Roger Penske enfim pode comemorar novamente um
título. No sábado passado, seu time conquistou pela segunda vez o campeonato da
Indy Racing League, categoria que passou a disputar desde 2002, e que até então
tinha vencido apenas em 2006, com o piloto americano Sam Hornish Jr. Agora, a
conquista foi com o australiano Will Power, que assim como o time, vinha
batendo na trave nas últimas temporadas, criando a fama de pé frio nas decisões
de última etapa, por perder sempre para os concorrentes.
O trabalho de Power,
contudo, por pouco não ficou mais complicado do que já parecia inicialmente.
Uma punição a Hélio Castro Neves por cruzar a linha branca na parte final da
corrida jogou o brasileiro, que largara na pole e vinha se mantendo sempre
entre os primeiros colocados, para o meio do pelotão, sem chances de impedir a
conquista do título por parte do parceiro. Power, por sua vez, largara na
última fila, com problemas na classificação, mas em se tratando de uma prova de
500 milhas,
como era a etapa final do campeonato, em Fontana, aliado ao fato de a pontuação
ser dobrada, tudo podia acontecer, e nem mesmo os 50 pontos de vantagem para
Helinho eram garantia de favoritismo.
O grid, aliás,
certamente trazia o fantasma da derrota vivenciado nas temporadas de 2010,
2011, e 2012, quando o australiano chegou para a etapa final com boa vantagem,
e acabou, nas 3 ocasiões, sucumbindo aos rivais, em derrotas que pareciam
impossíveis. Com Hélio, o único rival real no campeonato, largando na frente,
parecia que o cenário iria se repetir. Mas, com mais experiência, e mantendo-se
longe de qualquer encrenca na pista - que aliás a etapa de Fontana praticamente
não teve, Power chegou a subir para a liderança na segunda metade da corrida, e
mesmo que Hélio vencesse, estaria garantindo o título sem riscos e por uma larga
margem. Mas, após a última parada de box, seu carro passou a perder rendimento,
de modo que ele acabou em um até modesto 9° lugar. Mas se Hélio não tivesse
cometido o erro que causou sua penalização, poderia ser o brasileiro a estar
comemorando o título, enquanto Power estaria amargando o 4° vice-campeonato em
5 temporadas.
Para Roger Penske, a
temporada 2014 foi a redenção de seu time, que apesar de nunca ter estado longe
da luta pelo título nos últimos anos, vinha amargando um jejum incômodo de
vice-campeonatos para quem possui a maior escuderia da competição. Apesar do
ano ter sido bem equilibrado em termos de pilotos vencedores, a Penske foi o
time com maior número de vitórias - 5, e seus pilotos se mantiveram quase
sempre entre os primeiros nos resultados das corridas ou quando isso não
aconteceu, trataram de pontuar sempre dentro do Top-10. Essa constância, aliada
ao fato dos concorrentes digladiarem-se entre si, pulverizando os resultados,
ajudou na conquista do campeonato. E, diferente do que ocorrera nas últimas
temporadas, os principais favoritos ao título na etapa final deste ano eram
dois de seus pilotos, enquanto o único que ainda tinha chances de título de um
time rival, Simon Pagenaud, só levaria o campeonato por um milagre imenso. Ia
dar Will ou Hélio, e desde sempre Roger enfatizou que não havia ninguém
"escolhido" para ser o campeão, procurando demonstrar que não haveria
nenhuma ordem de equipe para manobrar a corrida de ambos. Venceria quem fosse o
melhor. Deu Power.
Outro motivo de
orgulho para Roger Penske foi sua aposta em Juan Pablo Montoya. O colombiano
deixou a Nascar, após competir por várias temporadas, com a moral em baixa, com
perspectiva até de encerrar a carreira por falta de opções para competir este
ano. Mas foi só Michael Andretti abrir negociações para tentar contratar
Montoya para seu time que Penske foi mais rápido no gatilho e assegurou um
lugar para o colombiano em seu time para 2014. Com uma Ganassi que havia
perdido Dario Franchiti, mas se reforçava com a presença de Tony Kanaan,
reconhecido com um dos pilotos mais combativos e técnicos do grid, era preciso
reforçar a aposta para 2014. Mas ficava a dúvida se Montoya, que não competia
em monopostos desde que deixou a F-1 em 2006, voltaria exibindo a velha forma
que mostrou na Ganassi na finada Fórmula Indy, onde foi campeão em 1999. Juan
Pablo realmente começou deixando a desejar nas primeiras corridas, mas conforme
o campeonato avançava, o piloto ia se acostumando mais ao carro e à dinâmica da
competição, e mostrou que ainda tem o que mostrar. Seu ponto alto foi a vitória
nas 500 Milhas
de Pocono, e por pouco Montoya não terminou o campeonato em 3° lugar. Ficou em
4°. O "intrometido" foi Scott Dixon, que finalizou o ano em 3° lugar.
Assim, Roger Penske conseguiu o resultado "quase" perfeito de ter
seus 3 pilotos nas 4 primeiras posições do campeonato.
Mas quem finalmente
tirou um peso das costas foi Power. O australiano havia iniciado sua carreira
na América do Norte ainda na finada Fórmula Indy, tendo estreado em 2005 na
equipe Walker, onde disputou apenas duas corridas. Naquele ano, Will ainda
disputava a World Series by, Renault pela equipe Carlin, e também a A1GP,
defendendo o time de seu país. Só em 2006 ele entraria de vez na Fórmula Indy,
competindo por todo o campeonato, defendendo a escuderia de Derrick Walker,
finalizando a competição em 6° lugar. No ano seguinte, ele venceria suas
primeiras corridas na categoria, em Las Vegas e Toronto, terminando o ano em 4°
lugar. Com a extinção da Fórmula Indy no início de 2008, Power ainda venceu a
última corrida daquele certame, em Long Beach. No mesmo ano, ingressou na Indy
Racing League, defendendo a KV Racing, onde fez todo o campeonato, terminando
em 12° colocado.
Em 2009, com os
problemas judiciais junto ao fisco americano que ameaçaram mandar Hélio Castro
Neves para a cadeia, Roger Penske contratou o australiano para ocupar o lugar
do brasileiro até que este terminasse de enfrentar seu julgamento. Will
participou normalmente da primeira corrida, em São Petesburgo, mas em Long
Beach, Hélio já estava de volta, livre da justiça americana, que o inocentou. Como
Power já tinha iniciado os treinos com o time, ele ainda participou da corrida
em um carro extra, e o bom desempenho do piloto lhe garantiu a participação em
mais algumas corridas da temporada. Em Sonoma, entretanto, o piloto foi vítima
de um forte acidente que inviabilizou sua participação pelo restante do ano.
Mas, para 2010, estava garantido na Penske como titular em tempo integral,
substituindo Ryan Briscoe.
A estréia como titular
integral na Penske foi arrasadora: Power venceu as duas primeiras provas da
temporada, e passava a ser o homem a ser batido nas pistas mistas e urbanas.
Foram 5 vitórias na temporada, mas seu desempenho nos circuitos ovais foram seu
calcanhar de Aquiles, e perdeu a decisão final, em Homestead, para Dario
Franchiti, da Chip Ganassi. Em 2011, de novo Power parecia imbatível nas pistas
não-ovais, vencendo nada menos do que 6 corridas, sendo uma delas em circuito
oval - Texas. Nova decisão, e nova derrota, agora em Las Vegas, pelo
cancelamento da corrida após a morte de Dan Wheldon no pavoroso acidente que
envolveu a maioria dos competidores naquela prova. O título, novamente, ficou
com Dario Franchiti. Em 2012, o australiano novamente começou arrasando, com 3
vitórias consecutivas, mas foi perdendo o domínio esmagador que parecia exercer
nos circuitos mistos e urbanos. Mas foi para uma nova decisão de título, agora
em Fontana, e pela terceira temporada consecutiva, ficava com o segundo lugar
no campeonato, perdendo agora o título para Ryan Hunter-Reay, da Andretti
Autosport.
No ano passado, o
australiano começou o campeonato praticamente irreconhecível, cometendo erros
diversos e sem conseguir mostrar a performance dos anos anteriores. Hélio
Castro Neves, que havia ficado à sombra de Power no time nas temporadas
anteriores, é quem disputava o título agora para a Penske. O australiano só foi
se reencontrar na segunda metade do campeonato, e com 3 vitórias - a última
dela, na pista oval de Fontana, terminou o ano em 4° lugar. Neste ano, mais
experiente, começou o ano com vitória, e passou a fazer uso melhor da
constância de resultados, travando um duelo até renhido com Hélio, e finalmente
chegou ao título.
Sem o peso das
derrotas em anos anteriores, Power tem tudo para vir ainda mais forte em 2015,
procurando o bicampeonato. Mas a parada dentro da própria Penske, que pela
primeira vez em sua história usará os números 1, 2 e 3 em seus carros, promete
ser duríssima: Hélio, apesar da derrota pelo segundo ano consecutivo, já mira a
próxima temporada, onde continuará defendendo a Penske, e Juan Pablo Montoya,
já plenamente adaptado à categoria, não vai querer ficar na sombra dos
companheiros de time. E não se pode esquecer dos concorrentes, que tem suas
próprias idéias. Quem viver, verá...
Mas, por hora, é o
momento de Roger Penske e seus comandados comemorarem como nunca, e com muito
merecimento...
Eles ainda podem sorrir juntos, mas o clima de camaradagem foi para o espaço. A ordem da Mercedes é apenas uma: não bater um no outro. Conseguirão cumpri-la? |
A Fórmula chegou a Monza com os
bastidores ainda fervilhando de especulações sobre o toque ocorrido em
Spa-Francorchamps entre a dupla da equipe Mercedes, Lewis Hamilton e Nico
Rosberg. Em nova reunião realizada semana passada, a direção da escuderia alemã
reafirmou seu objetivo de manter a luta entre seus pilotos totalmente liberada
na pista, sem as famigeradas ordens de equipe. Ficou claro, contudo, que ambos
os pilotos levaram uma chamada de atenção daquelas, e que terão de obedecer a
única regra que desde o início do ano o time sempre fez questão de enfatizar:
não baterem ou tocarem um no outro nas corridas. Tanto Hamilton quanto Rosberg
deram declarações "comportadas" depois disso, em consonância com as
diretrizes do time, mas que ninguém se iluda: o clima dentro da escuderia
continua pesado, e muitos apostam que não vai demorar muito até termos um novo
incidente, que para alguns, pode ocorrer aqui mesmo em Monza. A pista italiana
é a mais veloz do mundial, com longas retas que devem favorecer, mais do que
nunca, os motores da Mercedes. Graças à potência dos motores turbos, que é
despejada mais rápido, todos apostam que as velocidades de ponta na pista devem
bater novos recordes, superando a marca dos 370 Km/h. Em
Spa-Francorchamps, a Red Bull surpreendeu a todos com o uso de uma asa traseira
minúscula, que ajudava seu carro a ter uma velocidade de reta até maior que a
da Williams, tida como mais forte neste quesito, mas em Monza todos os times
costumam usar asas mínimas, para maximizar as velocidades de reta, uma vez que
as curvas e chicanes são poucas, e isso pode neutralizar o ganho obtido pelo
time dos energéticos com sua nova asa. O percentual de aceleração dos motores
também é bem mais elevado que Spa, sendo as unidades levadas ao limite por um
tempo ainda maior. Com 29 pontos de vantagem na liderança, Nico Rosberg não sai
daqui sem perder a liderança, mas certamente pode querer tentar concluir o fim
de semana sem causar problemas para não ficar novamente como o
"vilão" da história. Para Hamilton, é tudo ou nada, e o piloto inglês
sabe que, se quiser ser campeão, terá de vencer ou vencer. E, depois de
finalmente ter saído como "vítima" na prova belga, espera-se que não
tumultue o ambiente no time, que teoricamente está pendendo no momento a seu
favor. Mas claro que isso é apenas especulação: para alguns, Nico e Lewis podem
até falar tudo ensaiado, mas nenhum deles vai querer ficar atrás do outro em
nenhum momento. Resta saber se irão se controlar, como fizeram no espetacular
duelo travado na etapa do Bahrein, ou se irão partir para o tudo ou nada e
dane-se o restante. Na coletiva de imprensa desta quinta-feira, deu para notar
o clima "gelado" entre a dupla da Mercedes, e ver que o relacionamento
de ambos não é mais o mesmo. Claro que juraram que o clima dentro do time não
está ruim, etc e tal, mas duvido que a maioria do resto do pessoal na sala
tenha acreditado nisso...
A curva Parabólica ganhou asfalto
em parte de sua área de escape. Estava demorando para acontecer... Dizem que
foi solicitação dos pilotos. Isso está definitivamente perdendo a graça...
Hélio Castro Neves pode ter
perdido o título da temporada 2014 da IRL, mas pelo menos a vitória na etapa
final em Fontana foi brasileira: Tony Kanaan encerrou sua primeira temporada
competindo pela Ganassi com uma vitória para lavar a alma no California
Speedway. Depois de bater na trave em várias corridas na segunda metade do
campeonato, e perder oportunidades potenciais em outras etapas por problemas
alheios a se controle, Tony não deu chance para o azar na corrida final, e
comandou uma bela dobradinha de seu time, com Scott Dixon em 2° lugar. Com o
resultado, Kanaan terminou a competição em 7° lugar, com 544 pontos. Dixon, com
duas vitórias no ano, foi 3° colocado, com 604, mas o brasileiro não se
incomoda em ter terminado o ano atrás do companheiro de equipe. Sabe que teve
resultados abaixo do esperado pela sua adaptação ao novo time, e que assim que
encaixou todos os pormenores, andou sempre no mesmo nível e até à frente de
Dixon. O neozelandês, tricampeão da categoria, pode se preparar, que o piloto
baiano virá com tudo em 2015...
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