sexta-feira, 5 de setembro de 2014

E A PENSKE SAI DA FILA; WLL POWER FINALMENTE DESENCANTA


Tim Cindric, Will Power (ao centro), e Roger Penske: acabando com o jejum de títulos da escuderia desde 2006 e com o australiano finalmente conquistando o campeonato na Indy Racing League.

            Depois de bater na trave nas últimas temporadas, Roger Penske enfim pode comemorar novamente um título. No sábado passado, seu time conquistou pela segunda vez o campeonato da Indy Racing League, categoria que passou a disputar desde 2002, e que até então tinha vencido apenas em 2006, com o piloto americano Sam Hornish Jr. Agora, a conquista foi com o australiano Will Power, que assim como o time, vinha batendo na trave nas últimas temporadas, criando a fama de pé frio nas decisões de última etapa, por perder sempre para os concorrentes.
            O trabalho de Power, contudo, por pouco não ficou mais complicado do que já parecia inicialmente. Uma punição a Hélio Castro Neves por cruzar a linha branca na parte final da corrida jogou o brasileiro, que largara na pole e vinha se mantendo sempre entre os primeiros colocados, para o meio do pelotão, sem chances de impedir a conquista do título por parte do parceiro. Power, por sua vez, largara na última fila, com problemas na classificação, mas em se tratando de uma prova de 500 milhas, como era a etapa final do campeonato, em Fontana, aliado ao fato de a pontuação ser dobrada, tudo podia acontecer, e nem mesmo os 50 pontos de vantagem para Helinho eram garantia de favoritismo.
            O grid, aliás, certamente trazia o fantasma da derrota vivenciado nas temporadas de 2010, 2011, e 2012, quando o australiano chegou para a etapa final com boa vantagem, e acabou, nas 3 ocasiões, sucumbindo aos rivais, em derrotas que pareciam impossíveis. Com Hélio, o único rival real no campeonato, largando na frente, parecia que o cenário iria se repetir. Mas, com mais experiência, e mantendo-se longe de qualquer encrenca na pista - que aliás a etapa de Fontana praticamente não teve, Power chegou a subir para a liderança na segunda metade da corrida, e mesmo que Hélio vencesse, estaria garantindo o título sem riscos e por uma larga margem. Mas, após a última parada de box, seu carro passou a perder rendimento, de modo que ele acabou em um até modesto 9° lugar. Mas se Hélio não tivesse cometido o erro que causou sua penalização, poderia ser o brasileiro a estar comemorando o título, enquanto Power estaria amargando o 4° vice-campeonato em 5 temporadas.
            Para Roger Penske, a temporada 2014 foi a redenção de seu time, que apesar de nunca ter estado longe da luta pelo título nos últimos anos, vinha amargando um jejum incômodo de vice-campeonatos para quem possui a maior escuderia da competição. Apesar do ano ter sido bem equilibrado em termos de pilotos vencedores, a Penske foi o time com maior número de vitórias - 5, e seus pilotos se mantiveram quase sempre entre os primeiros nos resultados das corridas ou quando isso não aconteceu, trataram de pontuar sempre dentro do Top-10. Essa constância, aliada ao fato dos concorrentes digladiarem-se entre si, pulverizando os resultados, ajudou na conquista do campeonato. E, diferente do que ocorrera nas últimas temporadas, os principais favoritos ao título na etapa final deste ano eram dois de seus pilotos, enquanto o único que ainda tinha chances de título de um time rival, Simon Pagenaud, só levaria o campeonato por um milagre imenso. Ia dar Will ou Hélio, e desde sempre Roger enfatizou que não havia ninguém "escolhido" para ser o campeão, procurando demonstrar que não haveria nenhuma ordem de equipe para manobrar a corrida de ambos. Venceria quem fosse o melhor. Deu Power.
            Outro motivo de orgulho para Roger Penske foi sua aposta em Juan Pablo Montoya. O colombiano deixou a Nascar, após competir por várias temporadas, com a moral em baixa, com perspectiva até de encerrar a carreira por falta de opções para competir este ano. Mas foi só Michael Andretti abrir negociações para tentar contratar Montoya para seu time que Penske foi mais rápido no gatilho e assegurou um lugar para o colombiano em seu time para 2014. Com uma Ganassi que havia perdido Dario Franchiti, mas se reforçava com a presença de Tony Kanaan, reconhecido com um dos pilotos mais combativos e técnicos do grid, era preciso reforçar a aposta para 2014. Mas ficava a dúvida se Montoya, que não competia em monopostos desde que deixou a F-1 em 2006, voltaria exibindo a velha forma que mostrou na Ganassi na finada Fórmula Indy, onde foi campeão em 1999. Juan Pablo realmente começou deixando a desejar nas primeiras corridas, mas conforme o campeonato avançava, o piloto ia se acostumando mais ao carro e à dinâmica da competição, e mostrou que ainda tem o que mostrar. Seu ponto alto foi a vitória nas 500 Milhas de Pocono, e por pouco Montoya não terminou o campeonato em 3° lugar. Ficou em 4°. O "intrometido" foi Scott Dixon, que finalizou o ano em 3° lugar. Assim, Roger Penske conseguiu o resultado "quase" perfeito de ter seus 3 pilotos nas 4 primeiras posições do campeonato.
            Mas quem finalmente tirou um peso das costas foi Power. O australiano havia iniciado sua carreira na América do Norte ainda na finada Fórmula Indy, tendo estreado em 2005 na equipe Walker, onde disputou apenas duas corridas. Naquele ano, Will ainda disputava a World Series by, Renault pela equipe Carlin, e também a A1GP, defendendo o time de seu país. Só em 2006 ele entraria de vez na Fórmula Indy, competindo por todo o campeonato, defendendo a escuderia de Derrick Walker, finalizando a competição em 6° lugar. No ano seguinte, ele venceria suas primeiras corridas na categoria, em Las Vegas e Toronto, terminando o ano em 4° lugar. Com a extinção da Fórmula Indy no início de 2008, Power ainda venceu a última corrida daquele certame, em Long Beach. No mesmo ano, ingressou na Indy Racing League, defendendo a KV Racing, onde fez todo o campeonato, terminando em 12° colocado.
            Em 2009, com os problemas judiciais junto ao fisco americano que ameaçaram mandar Hélio Castro Neves para a cadeia, Roger Penske contratou o australiano para ocupar o lugar do brasileiro até que este terminasse de enfrentar seu julgamento. Will participou normalmente da primeira corrida, em São Petesburgo, mas em Long Beach, Hélio já estava de volta, livre da justiça americana, que o inocentou. Como Power já tinha iniciado os treinos com o time, ele ainda participou da corrida em um carro extra, e o bom desempenho do piloto lhe garantiu a participação em mais algumas corridas da temporada. Em Sonoma, entretanto, o piloto foi vítima de um forte acidente que inviabilizou sua participação pelo restante do ano. Mas, para 2010, estava garantido na Penske como titular em tempo integral, substituindo Ryan Briscoe.
            A estréia como titular integral na Penske foi arrasadora: Power venceu as duas primeiras provas da temporada, e passava a ser o homem a ser batido nas pistas mistas e urbanas. Foram 5 vitórias na temporada, mas seu desempenho nos circuitos ovais foram seu calcanhar de Aquiles, e perdeu a decisão final, em Homestead, para Dario Franchiti, da Chip Ganassi. Em 2011, de novo Power parecia imbatível nas pistas não-ovais, vencendo nada menos do que 6 corridas, sendo uma delas em circuito oval - Texas. Nova decisão, e nova derrota, agora em Las Vegas, pelo cancelamento da corrida após a morte de Dan Wheldon no pavoroso acidente que envolveu a maioria dos competidores naquela prova. O título, novamente, ficou com Dario Franchiti. Em 2012, o australiano novamente começou arrasando, com 3 vitórias consecutivas, mas foi perdendo o domínio esmagador que parecia exercer nos circuitos mistos e urbanos. Mas foi para uma nova decisão de título, agora em Fontana, e pela terceira temporada consecutiva, ficava com o segundo lugar no campeonato, perdendo agora o título para Ryan Hunter-Reay, da Andretti Autosport.
            No ano passado, o australiano começou o campeonato praticamente irreconhecível, cometendo erros diversos e sem conseguir mostrar a performance dos anos anteriores. Hélio Castro Neves, que havia ficado à sombra de Power no time nas temporadas anteriores, é quem disputava o título agora para a Penske. O australiano só foi se reencontrar na segunda metade do campeonato, e com 3 vitórias - a última dela, na pista oval de Fontana, terminou o ano em 4° lugar. Neste ano, mais experiente, começou o ano com vitória, e passou a fazer uso melhor da constância de resultados, travando um duelo até renhido com Hélio, e finalmente chegou ao título.
            Sem o peso das derrotas em anos anteriores, Power tem tudo para vir ainda mais forte em 2015, procurando o bicampeonato. Mas a parada dentro da própria Penske, que pela primeira vez em sua história usará os números 1, 2 e 3 em seus carros, promete ser duríssima: Hélio, apesar da derrota pelo segundo ano consecutivo, já mira a próxima temporada, onde continuará defendendo a Penske, e Juan Pablo Montoya, já plenamente adaptado à categoria, não vai querer ficar na sombra dos companheiros de time. E não se pode esquecer dos concorrentes, que tem suas próprias idéias. Quem viver, verá...
            Mas, por hora, é o momento de Roger Penske e seus comandados comemorarem como nunca, e com muito merecimento...


Eles ainda podem sorrir juntos, mas o clima de camaradagem foi para o espaço. A ordem da Mercedes é apenas uma: não bater um no outro. Conseguirão cumpri-la?
A Fórmula chegou a Monza com os bastidores ainda fervilhando de especulações sobre o toque ocorrido em Spa-Francorchamps entre a dupla da equipe Mercedes, Lewis Hamilton e Nico Rosberg. Em nova reunião realizada semana passada, a direção da escuderia alemã reafirmou seu objetivo de manter a luta entre seus pilotos totalmente liberada na pista, sem as famigeradas ordens de equipe. Ficou claro, contudo, que ambos os pilotos levaram uma chamada de atenção daquelas, e que terão de obedecer a única regra que desde o início do ano o time sempre fez questão de enfatizar: não baterem ou tocarem um no outro nas corridas. Tanto Hamilton quanto Rosberg deram declarações "comportadas" depois disso, em consonância com as diretrizes do time, mas que ninguém se iluda: o clima dentro da escuderia continua pesado, e muitos apostam que não vai demorar muito até termos um novo incidente, que para alguns, pode ocorrer aqui mesmo em Monza. A pista italiana é a mais veloz do mundial, com longas retas que devem favorecer, mais do que nunca, os motores da Mercedes. Graças à potência dos motores turbos, que é despejada mais rápido, todos apostam que as velocidades de ponta na pista devem bater novos recordes, superando a marca dos 370 Km/h. Em Spa-Francorchamps, a Red Bull surpreendeu a todos com o uso de uma asa traseira minúscula, que ajudava seu carro a ter uma velocidade de reta até maior que a da Williams, tida como mais forte neste quesito, mas em Monza todos os times costumam usar asas mínimas, para maximizar as velocidades de reta, uma vez que as curvas e chicanes são poucas, e isso pode neutralizar o ganho obtido pelo time dos energéticos com sua nova asa. O percentual de aceleração dos motores também é bem mais elevado que Spa, sendo as unidades levadas ao limite por um tempo ainda maior. Com 29 pontos de vantagem na liderança, Nico Rosberg não sai daqui sem perder a liderança, mas certamente pode querer tentar concluir o fim de semana sem causar problemas para não ficar novamente como o "vilão" da história. Para Hamilton, é tudo ou nada, e o piloto inglês sabe que, se quiser ser campeão, terá de vencer ou vencer. E, depois de finalmente ter saído como "vítima" na prova belga, espera-se que não tumultue o ambiente no time, que teoricamente está pendendo no momento a seu favor. Mas claro que isso é apenas especulação: para alguns, Nico e Lewis podem até falar tudo ensaiado, mas nenhum deles vai querer ficar atrás do outro em nenhum momento. Resta saber se irão se controlar, como fizeram no espetacular duelo travado na etapa do Bahrein, ou se irão partir para o tudo ou nada e dane-se o restante. Na coletiva de imprensa desta quinta-feira, deu para notar o clima "gelado" entre a dupla da Mercedes, e ver que o relacionamento de ambos não é mais o mesmo. Claro que juraram que o clima dentro do time não está ruim, etc e tal, mas duvido que a maioria do resto do pessoal na sala tenha acreditado nisso...


A curva Parabólica ganhou asfalto em parte de sua área de escape. Estava demorando para acontecer... Dizem que foi solicitação dos pilotos. Isso está definitivamente perdendo a graça...


Hélio Castro Neves pode ter perdido o título da temporada 2014 da IRL, mas pelo menos a vitória na etapa final em Fontana foi brasileira: Tony Kanaan encerrou sua primeira temporada competindo pela Ganassi com uma vitória para lavar a alma no California Speedway. Depois de bater na trave em várias corridas na segunda metade do campeonato, e perder oportunidades potenciais em outras etapas por problemas alheios a se controle, Tony não deu chance para o azar na corrida final, e comandou uma bela dobradinha de seu time, com Scott Dixon em 2° lugar. Com o resultado, Kanaan terminou a competição em 7° lugar, com 544 pontos. Dixon, com duas vitórias no ano, foi 3° colocado, com 604, mas o brasileiro não se incomoda em ter terminado o ano atrás do companheiro de equipe. Sabe que teve resultados abaixo do esperado pela sua adaptação ao novo time, e que assim que encaixou todos os pormenores, andou sempre no mesmo nível e até à frente de Dixon. O neozelandês, tricampeão da categoria, pode se preparar, que o piloto baiano virá com tudo em 2015...

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