Trazendo
mais um texto antigo, este foi publicado no dia 7 de março de 1997, às vésperas
do Grande Prêmio da Austrália daquele ano, que iniciava o campeonato da Fórmula
1 com a novidade de inverter as posições do país da Oceania na competição, pois
desde a sua estréia no calendário, a Austrália sempre fechava o calendário,
tendo assistido a algumas decisões de títulos da categoria, na pista urbana de
Adelaide. Esta cidade, aliás, também ficava para trás: o ano de 1997 marcava a
estréia de Melbourne no calendário como nova sede do GP australiano, com um
circuito montado no Albert Park, no centro da metrópole. A nova pista veio para
ficar, pois desde aquele ano segue firme no calendário até hoje, mesmo com
algumas brigas que ocorrem entre os organizadores e Bernie Ecclestone, além de
alguns ecochatos que protestam alegando poluição sonora por ocasião do GP.
Curtam o texto, e boa leitura...
ENFIM, A AUSTRÁLIA
Bem,
lá vamos nós de novo para mais um campeonato mundial da Fórmula 1. O palco está
armado na bela cidade de Melbourne, na Austrália, onde o circo da categoria
máxima do automobilismo pelo segundo ano consecutivo abre a temporada da
competição. Depois de uma década montado na também bela cidade de Adelaide,
Melbourne é agora o novo palco do GP australiano, de longe o mais animado e
festivo Grande Prêmio do campeonato.
Desde
sua estréia em 1985, virou unanimidade geral entre pilotos e equipes a certeza
de ser este o melhor GP do ano em termos de atmosfera e competição, salvo uma
ou outra exceção. Em Adelaide, o trabalho de promoção da corrida era excelente
e praticamente toda a cidade se voltava para a prova. Festas, promoções de patrocinadores
e outras atividades recheavam a semana do Grande Prêmio da Austrália. E, logo
após a prova, todo mundo se mandava para as mais diversas festas organizadas
como comemoração de encerramento de mais uma temporada. Na prática, uma festa
antecipada de fim de ano, só que em novembro.
O
próprio clima do GP era também o mais agradável do ano. Como geralmente o
campeonato, fosse de pilotos, fosse de construtores, já estava definido, todos
os pilotos e escuderias estavam mais relaxados em Adelaide. E este clima
de paz e tranqüilidade era um convite para uma excelente prova, onde os pilotos
podiam pilotar mais pelo prazer de competir do que para lutar pelo título.
Lógico que nem todos podiam pensar nisso, pois sempre haviam posições ainda em
jogo no campeonato, mas a atmosfera tranqüila proporcionava melhores
performances dos pilotos, decididos a mostrar seu potencial na pista. Outros,
por sua vez, com mudanças de equipe programadas e/ou encerramento de carreira,
davam o máximo de si para terminar o ano da melhor forma possível.
E
o GP australiano é muito competitivo. Dos pilotos que venceram a prova, o
máximo que obtiveram foi 2 vitórias. A conferir: Alain Prost (1986 e 1988);
Gerhard Berger (1987 e 1992); Ayrton Senna (1991 e 1993); e Damon Hill (1995 e
1996). Os demais venceram apenas 1 única vez: Keke Rosberg (1985); Thierry
Boutsen (1989); Nélson Piquet (1990); e Nigel Mansell (1994). No quesito
equipes, a McLaren acumula 5 vitórias (1986, 1988, 1991, 1992 e 1993), tendo
obtido nesta corrida sua última vitória na categoria. Em segundo lugar, vem a
Williams, com 4 triunfos (1985, 1989, 1995 e 1996). Depois temos a Ferrari
(venceu em 1987), e a Benetton (venceu em 1990), ambas com apenas 1 vitória
cada uma.
Para
o GP deste ano, o favoritismo inicial está com a equipe campeã de 1996, a
Williams, que joga todas as suas fichas em Jacques Villeneuve.
As demais escuderias, por sua vez, prometem jogar areia nas
pretensões do canadense, e se confirmarem o potencial exibido nos testes,
realmente terão grandes possibilidades de conseguirem isso. Nos treinos
classificatórios, já poderão dar uma amostra do que poderão fazer na corrida.
Pelo menos, no momento em que esta coluna estiver sendo lida, os primeiros
treinos livres já terão sido encerrados em Melbourne. O treino
classificatório, é bom lembrar, ocorre hoje à noite (pelo horário de Brasília).
Então, quem está lendo esta coluna agora possivelmente já deverá estar a par
dos tempos obtidos nos primeiros treinos, e é sempre bom lembrar que, por serem
treinos livres, podem dar algumas impressões equivocadas. No treino de
classificação é que poderemos ter uma idéia do potencial real das escuderias
somente.
Bem,
é hora de dar a largada. Façam suas apostas, acelerem suas torcidas e que vença
o melhor piloto e equipe. Começou mais um campeonato de F-1!
Fofocas de bastidores: a nova aposta em voga é de qual será a equipe
“lanterna” do grid em 97? Em 1996, a Minardi, depois da Forti Corse, foi a
escuderia que ficou o maior número de vezes na última fila. E este ano? Até o
momento, há duas opções: Minardi e Lola. O motivo primário da colocação é um
só: ambas as escuderias usam os motores mais fracos entre todas as demais...
O Brasil larga com 3 representantes na F-1 em 97: Rubens Barrichello
(Stewart/Ford), Pedro Paulo Diniz (TWR-Arrows), e Ricardo Rosset (Lola/Ford).
Na retaguarda, como piloto reserva da Minardi, está Tarso Marques, sem
previsões de ser efetivado a curto prazo...
Declaração de Jacques Villeneuve durante os testes da pré-temporada:
“Damon Hill não vai ser bicampeão este ano!” Brilhante dedução...como é que
ninguém percebeu isso antes...?
A F-CART deu sua largada no último domingo com o Grande Prêmio de
Miami, no circuito de Homestead. Michael Andretti, demonstrando grande arrojo e
sorte, venceu a corrida, marcando a estréia vitoriosa do novo chassi Swift na
categoria. Paul Tracy e Jimmy Vasser completaram o pódio. A prova te certo
ponto foi monótona, com a maioria dos pilotos mantendo posições, devido às
dificuldades aerodinâmicas criadas pela nova configuração obrigatória, própria
apenas para os superespeedways, mas inadequada para o traçado médio de
Homestead. A CART ainda percebeu o erro da medida, mas apenas às vésperas da
prova, e já não dava para as equipes voltarem atrás em seus acertos. Além dessa
gafe da direção da CART, houve outra, que bagunçou a classificação da corrida.
O pace-car, em uma das bandeiras amarelas, entrou de maneira errada na pista, e
posicionou-se de maneira incorreta, acarretando confusão entre vários
corredores, que foram reposicionados diversas vezes e em algumas delas
erradamente. Scott Pruett, por exemplo, foi elevado à condição de
“retardatário”, perdendo, na cronometragem oficial, 1 volta, mesmo tendo
cruzado a linha de chegada em 2º lugar, atrás de Michael Andretti. O novo
sistema de cronometragem, realizado pela Omega, em subsituição à EDS, que fazia
isso em 96, teve muitos problemas, o que acarretou protestos de outras
escuderias. A CART, por sua vez, já admite rever a regra das relargadas para
evitar tais confusões. Para os brasileiros, foi mais uma corrida marcada pelo
azar: Gil de Ferran foi fechado de maneira totalmente irresponsável por Dennis
Vitolo, o que o fez perder a corrida praticamente; Raul Boesel começou 97 como
terminou 96, abandonando com o carro quebrado; Roberto Moreno passou mais tempo
nos boxes do que na pista; Christian Fittipaldi teve a sorte inversa de seu
companheiro de equipe Michael Andretti, abandonando a corrida. Só Maurício
Gugelmim terminou a prova razoavelmente bem, em 6º lugar. André Ribeiro, sem
carro para brigar pelas primeiras posições, ficou em 12º, enquanto o novo
piloto brasileiro da categoria, Guálter Salles, terminou em um modesto 17º. De
positivo, o fato de que o campeonato está mais competitivo do que nunca. A
Ganassi, que parecia ser a franca favorita, foi surpreendida pela concorrência
e parece que vai ter muito trabalho para conquistar novamente o título. Tomara
que o mesmo aconteça em relação ao campeonato da F-1, que começou oficialmente
nesta madrugada...
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