sexta-feira, 21 de março de 2014

ENCHEÇÃO DE SACO


Nico Rosberg assumiu a ponta na largada para vencer a prova da Austrália de ponta a ponta. Em 1985, seu pai, Keke Rosberg, foi o primeiro vencedor desta corrida, disputada na época em Adelaide.

            Começou o campeonato 2014 da F-1, e o que se viu na Austrália, foi muito animador, embora a corrida em si não tenha sido nenhuma maravilha, mas mostrou novamente porque os engenheiros e técnicos da categoria máxima do automobilismo são extremamente competentes. O índice de quebras dos carros foi menor do que o esperado, e quem achava que a categoria ficaria mais lenta a ponto de não ser mais a F-1, errou feio: o melhor tempo dos treinos livres foi cerca de 2s mais lento do que a pole de Sebastian Vettel em 2013, e a corrida em si, mesmo com a entrada do safety car, durou cerca de 2 minutos a mais. Em relação à melhor volta, o tempo deste ano foi cerca de 3s mais lento que em 2013, mas a rigor, não houve luta efetiva pela vitória, o que se deduz que, se preciso fosse, Nico Rosberg poderia ter andado mais forte. Em outras palavras, os carros continuam velozes como sempre, e ninguém pode reclamar disso.
            Mas, como sempre, há aqueles que reclamam, e desta vez, a chiadeira é pelo barulho dos motores, ou melhor, pelo barulho menor que eles fazem. Pipocam reclamações de público, chefes de equipe, e até de Bernie Ecclestone, que "exige" que se tomem providências para "restituir" a alma dos motores da categoria. Parte das reclamações é até compreensível, mas tem gente que está reclamando simplesmente por reclamar, além de terem motivos egoístas e de segundas intenções.
            Em primeiro lugar, os motores turbo tem um ronco diferente. Ele é menos alto do que o dos motores aspirados, mas ninguém deveria ficar surpreso com isso. Eu já conheço o barulho dos motores turbo desde os anos 1980, e ninguém chiava disso naquela época. Todos louvaram o motor dos novos motores aspirados em 1989, e de certa forma, todos eles tinham sua personalidade, mas mesmo essa característica particular de cada um há muito tempo já havia ficado para trás, quando a FIA padronizou os motores em unidades V-10, e depois os V-8, que foram usados até o ano passado. É uma questão de se acostumarem. Ou será que o barulho de uma corrida é mais importante do que a própria. Pela reclamação que vejo, esse pessoal parece que só quer mesmo é ficar surdo...
            Um resultado a se comemorar é o desempenho das novas unidades turbo. Com um consumo praticamente 1/3 menor do que o que se gastava até o ano passado, conseguiram disputar um GP inteiro. Ninguém parou com pane seca, e embora alguns pilotos possam ter diminuído seu ritmo para poder chegar ao final, é preciso lembrar que foi a primeira corrida dentro das novas regras técnicas da categoria, e todos os times ainda estavam inseguros sobre alguns dados de performance e consumo das novas unidades. Mais algumas corridas, e as escuderias poderão forçar ainda mais seus equipamentos, procurando atingir limites mais altos de desempenho. A F-1 tinha se tornado uma categoria "beberrona" em termos de consumo de combustível, e as novas regras dos motores turbos, aliados às novas unidades de recuperação de energia, os Ers, são um desafio mais do que condizente para fazer com que a F-1 volte a ficar antenada com as necessidades mais prementes da indústria automobilística na luta por um futuro mais ecológico.
            Sim, por mais benefícios que o automóvel tenha trazido ao mundo, ele também trouxe um efeito nefasto, que foi o aumento da poluição do meio ambiente. No último século, poluiu-se a atmosfera como nunca se viu na história, e os automóveis tiveram, e ainda têm, grande parcela de culpa neste processo. Nos últimos anos, a consciência ecológica vem crescendo, e se quisermos legar um mundo com um futuro melhor para nossos filhos e netos, é preciso desenvolver tecnologias que permitam obter maior eficiência com menos consumo. A humanidade já devora os recursos naturais com mais velocidade do que nosso planeta consegue repor. Uma hora, a conta não mais poderá ser fechada, e quando isso acontecer, a civilização poderá entrar em colapso. É preciso ser mais eficiente no uso dos recursos, e as novas unidades de potência utilizadas na F-1 são um exemplo de tecnologia que pode render muitos frutos para a indústria. De início, já se conseguiu uma economia considerável: mesmo com 100 Kg de combustível, os carros cumpriram o primeiro GP do ano com uma perda de performance natural para carros com menos downforce do que possuíam até o ano passado, donde se conclui que os novos motores já são tão rápidos e potentes como os velhos V-8 aspirados. A velocidade dos monopostos diminuiu em curva, muito mais devido à menor sustentação aerodinâmica do que à menor potência. E a força dos turbos mostrou a que veio nas retas, com os carros atingindo velocidades mais altas do que conseguiam atingir no ano passado.
            A tendência é os carros ficarem ainda mais rápidos, e os motores, poderem desenvolver ainda mais potência tão logo os times tenham mais dados e parâmetros nas próximas corridas. Nenhum motor ainda está utilizando todo o limite de 15 rotações estabelecido pelo regulamento, e isso significa que eles podem crescer em performance. E a expectativa é que cresçam também em economia. As novas unidades Ers disponibilizam mais potência do que muitos carros que rodam por aí, e embora elas obtenham uma taxa de recuperação espantosa em compensação com o que era obtido até o ano passado, a intenção é aumentar ainda mais a eficiência dos sistemas de recuperação. O congelamento dos motores turbo obedece a parâmetros diferentes dos Ers, e mesmo homologados pela FIA, todos os fabricantes podem efetuar melhorias nos pontos que são permitidos pelo regulamento. A indústria de motores terá pelos próximos tempos um grande desafio no objetivo de tornar os novos motores e seus Ers ainda mais eficientes do que já são, e dominar essa tecnologia é a grande vedete da indústria mundial, que terá na F-1 um laboratório perfeito para crescer em suas pesquisas. Enfim, a F-1 volta a oferecer contribuição ao desenvolvimento tecnológico, algo que andava sem função nos últimos anos, onde o ponto forte foi apenas o desenvolvimento aerodinâmico.
            Menos consumo de combustível, menos poluição. Imaginem se fosse possível aplicar o incremento de performance no consumo de combustível a todos os veículos rodando neste planeta? Seria uma economia monstruosa, que ajudaria a deixar o mundo mais limpo. E houve outra contribuição: menos poluição sonora. Muitos chiaram, mas muita gente também gostou de menos barulho, não apenas na pista, mas também nos boxes. Nas transmissões, o barulho menos abrangente dos motores permitiu que se ouvisse as freadas dos carros, e certamente, os pilotos também gostaram de menos barulho em seus ouvidos. Não dá para agradar a todos, é verdade, mas o som dos novos turbos veio para ficar, e desculpem quem não gostou. Se eles curtem as corridas apenas pelo barulho, estão não gostam de corridas realmente.
            Quanto ao fato da corrida ter sido morna, sem muitas disputas, prejudicou muito o abandono prematuro de Lewis Hamilton no começo. O inglês era o único que poderia ameaçar a liderança de Nico Rosberg, e sem seu companheiro de equipe na prova, o filho de Keke Rosberg pode administrar a corrida a seu bel prazer, como mostrou o fato de ter feito a volta mais rápida já à 19ª volta, quando ainda tinha mais da metade do peso de combustível no carro. A desclassificação de Daniel Ricciardo foi um balde de água fria para os torcedores, e infelizmente jogou contra a imagem da F-1, mas a Red Bull, advertida que foi pela FIA sobre o consumo anormal verificado no carro do australiano, resolveu pagar para ver, e a princípio, perdeu. Ciente de sua força como time de ponta, não é o primeiro time que acredita tanto em seu poderio esportivo que mete os pés pelas mãos tentando dar uma "furada" nas regras.
            Se alguns pilotos não brigaram por posições como deveriam, não se pode culpá-los inteiramente por serem conservadores. Por mais que o público queira que ver disputa na pista, nenhum piloto gosta de ficar a pé pelo circuito, e se alguns preferiram recolher os carros aos boxes para evitar uma quebra na pista, não posso recriminá-los totalmente. Algumas atitudes fazem a alegria do público, mas nem todas são apreciadas pelos pilotos, e muito menos pelos times. Como já mencionei, foi a primeira corrida, e à medida que todos estiverem mais confiantes do que seus carros podem render, podem apostar que serão mais agressivos e combativos. E não venham novamente com aquela justificativa de que piloto não pode acelerar de verdade, tendo que andar mais devagar: sempre houve limitações em qualquer competição. O desafio é ser o mais veloz dentro das limitações existentes. Tem quem saiba se sobressair melhor nas restrições atuais, e tem aqueles que não gostam e nem sabem conviver com elas. E tem fãs que sabem apreciar as corridas como um todo, e não apenas um ou outro aspecto. O campeonato de 2014 começou bem em certos aspectos e ruim em outros. Pode e deve melhorar. Certamente as disputas haverão de melhorar, salvo se a Mercedes dominar de fato o campeonato, e não haver disputa entre seus pilotos. Se Hamilton equilibrar a briga, e os outros times conseguirem incomodar, poderemos ter um bom ano pela frente, com perspectiva de excelentes corridas no campeonato. Mas, se ainda assim o pessoal continuar reclamando, que vá curtir outro campeonato então, e parem de encher o saco de quem está pelo menos se satisfazendo com o novo panorama apresentado, e aqueles que estão gostando...


Bia Figueiredo é uma das atrações do campeonato deste ano da Stock Car.
Começam hoje os treinos para a primeira etapa do campeonato 2014 da Stock Car Nacional. Uma das novidades é a presença de Bia Figueiredo, que sem conseguir fechar nenhum acordo para continuar tentando uma vaga na Indy Racing League, optou por disputar a temporada da categoria nacional, onde defenderá a equipe ProGP. Abaixo, segue o calendário do campeonato de 2014. As provas serão transmitidas na íntegra e ao vivo pelo canal por assinatura SporTV, com uma ou outra corrida sendo exibida ao vivo pela TV Globo, dependendo do humor da emissora aberta, que não anda lá essas coisas, mas ainda faz menos estripulias que algumas outras emissoras com seus campeonatos automobilísticos...

DATA
ETAPA
CIRCUITO
23.03
São Paulo
Interlagos - Autódromo José Carlos Pace
13.04
Santa Cruz do Sul
Autódromo Internacional de Santa Cruz do Sul
27.04
Brasília
Autódromo Nélson Piquet
01.06
Goiânia
Autódromo Internacional de Goiânia
03.08
Corrida do Milhão
Interlagos - Autódromo José Carlos Pace
17.08
Cascavel
Autódromo Zilmar Beux
31.08
Curitiba
Autódromo Internacional de Curitiba
14.09
Velopark
Autódromo do Velopark
28.09
Salvador
Circuito do CAB
12.10
Curitiba
Autódromo Internacional de Curitiba
02.11
Tarumã
Autódromo Internacional de Tarumã
16.11
Brasília
Autódromo Nélson Piquet

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