Nico Rosberg assumiu a ponta na largada para vencer a prova da Austrália de ponta a ponta. Em 1985, seu pai, Keke Rosberg, foi o primeiro vencedor desta corrida, disputada na época em Adelaide. |
Começou o campeonato
2014 da F-1, e o que se viu na Austrália, foi muito animador, embora a corrida
em si não tenha sido nenhuma maravilha, mas mostrou novamente porque os
engenheiros e técnicos da categoria máxima do automobilismo são extremamente
competentes. O índice de quebras dos carros foi menor do que o esperado, e quem
achava que a categoria ficaria mais lenta a ponto de não ser mais a F-1, errou
feio: o melhor tempo dos treinos livres foi cerca de 2s mais lento do que a
pole de Sebastian Vettel em 2013, e a corrida em si, mesmo com a entrada do
safety car, durou cerca de 2 minutos a mais. Em relação à melhor volta, o tempo
deste ano foi cerca de 3s mais lento que em 2013, mas a rigor, não houve luta
efetiva pela vitória, o que se deduz que, se preciso fosse, Nico Rosberg
poderia ter andado mais forte. Em outras palavras, os carros continuam velozes
como sempre, e ninguém pode reclamar disso.
Mas, como sempre, há aqueles
que reclamam, e desta vez, a chiadeira é pelo barulho dos motores, ou melhor,
pelo barulho menor que eles fazem. Pipocam reclamações de público, chefes de
equipe, e até de Bernie Ecclestone, que "exige" que se tomem
providências para "restituir" a alma dos motores da categoria. Parte
das reclamações é até compreensível, mas tem gente que está reclamando
simplesmente por reclamar, além de terem motivos egoístas e de segundas
intenções.
Em primeiro lugar, os
motores turbo tem um ronco diferente. Ele é menos alto do que o dos motores
aspirados, mas ninguém deveria ficar surpreso com isso. Eu já conheço o barulho
dos motores turbo desde os anos 1980, e ninguém chiava disso naquela época.
Todos louvaram o motor dos novos motores aspirados em 1989, e de certa forma,
todos eles tinham sua personalidade, mas mesmo essa característica particular
de cada um há muito tempo já havia ficado para trás, quando a FIA padronizou os
motores em unidades V-10, e depois os V-8, que foram usados até o ano passado.
É uma questão de se acostumarem. Ou será que o barulho de uma corrida é mais
importante do que a própria. Pela reclamação que vejo, esse pessoal parece que
só quer mesmo é ficar surdo...
Um resultado a se
comemorar é o desempenho das novas unidades turbo. Com um consumo praticamente
1/3 menor do que o que se gastava até o ano passado, conseguiram disputar um GP
inteiro. Ninguém parou com pane seca, e embora alguns pilotos possam ter
diminuído seu ritmo para poder chegar ao final, é preciso lembrar que foi a
primeira corrida dentro das novas regras técnicas da categoria, e todos os
times ainda estavam inseguros sobre alguns dados de performance e consumo das
novas unidades. Mais algumas corridas, e as escuderias poderão forçar ainda
mais seus equipamentos, procurando atingir limites mais altos de desempenho. A
F-1 tinha se tornado uma categoria "beberrona" em termos de consumo
de combustível, e as novas regras dos motores turbos, aliados às novas unidades
de recuperação de energia, os Ers, são um desafio mais do que condizente para
fazer com que a F-1 volte a ficar antenada com as necessidades mais prementes
da indústria automobilística na luta por um futuro mais ecológico.
Sim, por mais
benefícios que o automóvel tenha trazido ao mundo, ele também trouxe um efeito
nefasto, que foi o aumento da poluição do meio ambiente. No último século,
poluiu-se a atmosfera como nunca se viu na história, e os automóveis tiveram, e
ainda têm, grande parcela de culpa neste processo. Nos últimos anos, a
consciência ecológica vem crescendo, e se quisermos legar um mundo com um
futuro melhor para nossos filhos e netos, é preciso desenvolver tecnologias que
permitam obter maior eficiência com menos consumo. A humanidade já devora os
recursos naturais com mais velocidade do que nosso planeta consegue repor. Uma
hora, a conta não mais poderá ser fechada, e quando isso acontecer, a
civilização poderá entrar em colapso. É preciso ser mais eficiente no uso dos
recursos, e as novas unidades de potência utilizadas na F-1 são um exemplo de
tecnologia que pode render muitos frutos para a indústria. De início, já se
conseguiu uma economia considerável: mesmo com 100 Kg de combustível, os
carros cumpriram o primeiro GP do ano com uma perda de performance natural para
carros com menos downforce do que possuíam até o ano passado, donde se conclui
que os novos motores já são tão rápidos e potentes como os velhos V-8
aspirados. A velocidade dos monopostos diminuiu em curva, muito mais devido à
menor sustentação aerodinâmica do que à menor potência. E a força dos turbos
mostrou a que veio nas retas, com os carros atingindo velocidades mais altas do
que conseguiam atingir no ano passado.
A tendência é os
carros ficarem ainda mais rápidos, e os motores, poderem desenvolver ainda mais
potência tão logo os times tenham mais dados e parâmetros nas próximas
corridas. Nenhum motor ainda está utilizando todo o limite de 15 rotações
estabelecido pelo regulamento, e isso significa que eles podem crescer em
performance. E a expectativa é que cresçam também em economia. As novas
unidades Ers disponibilizam mais potência do que muitos carros que rodam por
aí, e embora elas obtenham uma taxa de recuperação espantosa em compensação com
o que era obtido até o ano passado, a intenção é aumentar ainda mais a
eficiência dos sistemas de recuperação. O congelamento dos motores turbo
obedece a parâmetros diferentes dos Ers, e mesmo homologados pela FIA, todos os
fabricantes podem efetuar melhorias nos pontos que são permitidos pelo
regulamento. A indústria de motores terá pelos próximos tempos um grande
desafio no objetivo de tornar os novos motores e seus Ers ainda mais eficientes
do que já são, e dominar essa tecnologia é a grande vedete da indústria
mundial, que terá na F-1 um laboratório perfeito para crescer em suas
pesquisas. Enfim, a F-1 volta a oferecer contribuição ao desenvolvimento
tecnológico, algo que andava sem função nos últimos anos, onde o ponto forte
foi apenas o desenvolvimento aerodinâmico.
Menos consumo de
combustível, menos poluição. Imaginem se fosse possível aplicar o incremento de
performance no consumo de combustível a todos os veículos rodando neste
planeta? Seria uma economia monstruosa, que ajudaria a deixar o mundo mais
limpo. E houve outra contribuição: menos poluição sonora. Muitos chiaram, mas
muita gente também gostou de menos barulho, não apenas na pista, mas também nos
boxes. Nas transmissões, o barulho menos abrangente dos motores permitiu que se
ouvisse as freadas dos carros, e certamente, os pilotos também gostaram de
menos barulho em seus ouvidos. Não dá para agradar a todos, é verdade, mas o
som dos novos turbos veio para ficar, e desculpem quem não gostou. Se eles
curtem as corridas apenas pelo barulho, estão não gostam de corridas realmente.
Quanto ao fato da
corrida ter sido morna, sem muitas disputas, prejudicou muito o abandono
prematuro de Lewis Hamilton no começo. O inglês era o único que poderia ameaçar
a liderança de Nico Rosberg, e sem seu companheiro de equipe na prova, o filho
de Keke Rosberg pode administrar a corrida a seu bel prazer, como mostrou o
fato de ter feito a volta mais rápida já à 19ª volta, quando ainda tinha mais
da metade do peso de combustível no carro. A desclassificação de Daniel
Ricciardo foi um balde de água fria para os torcedores, e infelizmente jogou
contra a imagem da F-1, mas a Red Bull, advertida que foi pela FIA sobre o
consumo anormal verificado no carro do australiano, resolveu pagar para ver, e
a princípio, perdeu. Ciente de sua força como time de ponta, não é o primeiro
time que acredita tanto em seu poderio esportivo que mete os pés pelas mãos
tentando dar uma "furada" nas regras.
Se alguns pilotos não
brigaram por posições como deveriam, não se pode culpá-los inteiramente por
serem conservadores. Por mais que o público queira que ver disputa na pista, nenhum
piloto gosta de ficar a pé pelo circuito, e se alguns preferiram recolher os
carros aos boxes para evitar uma quebra na pista, não posso recriminá-los
totalmente. Algumas atitudes fazem a alegria do público, mas nem todas são
apreciadas pelos pilotos, e muito menos pelos times. Como já mencionei, foi a
primeira corrida, e à medida que todos estiverem mais confiantes do que seus
carros podem render, podem apostar que serão mais agressivos e combativos. E
não venham novamente com aquela justificativa de que piloto não pode acelerar
de verdade, tendo que andar mais devagar: sempre houve limitações em qualquer
competição. O desafio é ser o mais veloz dentro das limitações existentes. Tem
quem saiba se sobressair melhor nas restrições atuais, e tem aqueles que não
gostam e nem sabem conviver com elas. E tem fãs que sabem apreciar as corridas
como um todo, e não apenas um ou outro aspecto. O campeonato de 2014 começou
bem em certos aspectos e ruim em outros. Pode e deve melhorar. Certamente as
disputas haverão de melhorar, salvo se a Mercedes dominar de fato o campeonato,
e não haver disputa entre seus pilotos. Se Hamilton equilibrar a briga, e os
outros times conseguirem incomodar, poderemos ter um bom ano pela frente, com
perspectiva de excelentes corridas no campeonato. Mas, se ainda assim o pessoal
continuar reclamando, que vá curtir outro campeonato então, e parem de encher o
saco de quem está pelo menos se satisfazendo com o novo panorama apresentado, e
aqueles que estão gostando...
Bia Figueiredo é uma das atrações do campeonato deste ano da Stock Car. |
Começam hoje os treinos para a
primeira etapa do campeonato 2014 da Stock Car Nacional. Uma das novidades é a
presença de Bia Figueiredo, que sem conseguir fechar nenhum acordo para
continuar tentando uma vaga na Indy Racing League, optou por disputar a
temporada da categoria nacional, onde defenderá a equipe ProGP. Abaixo, segue o
calendário do campeonato de 2014. As provas serão transmitidas na íntegra e ao
vivo pelo canal por assinatura SporTV, com uma ou outra corrida sendo exibida
ao vivo pela TV Globo, dependendo do humor da emissora aberta, que não anda lá
essas coisas, mas ainda faz menos estripulias que algumas outras emissoras com
seus campeonatos automobilísticos...
DATA
|
ETAPA
|
CIRCUITO
|
23.03
|
São Paulo
|
Interlagos - Autódromo José
Carlos Pace
|
13.04
|
Santa Cruz do Sul
|
Autódromo Internacional de
Santa Cruz do Sul
|
27.04
|
Brasília
|
Autódromo Nélson Piquet
|
01.06
|
Goiânia
|
Autódromo Internacional de
Goiânia
|
03.08
|
Corrida do Milhão
|
Interlagos - Autódromo José
Carlos Pace
|
17.08
|
Cascavel
|
Autódromo Zilmar Beux
|
31.08
|
Curitiba
|
Autódromo Internacional de
Curitiba
|
14.09
|
Velopark
|
Autódromo do Velopark
|
28.09
|
Salvador
|
Circuito do CAB
|
12.10
|
Curitiba
|
Autódromo Internacional de
Curitiba
|
02.11
|
Tarumã
|
Autódromo Internacional de
Tarumã
|
16.11
|
Brasília
|
Autódromo Nélson Piquet
|
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