E
o ano de 2013 já vai quase indo embora, restando apenas 2 meses para chegarmos
a 2014. E fim de mês é sempre o momento de uma nova edição da COTAÇÃO
AUTOBILÍSTICA, fazendo um pequeno balanço de alguns dos acontecimentos deste
mês no mundo das corridas mundo afora, com apresentação no tradicional esquema
de sempre: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM
BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura para todos, e espero estar
de volta no mês que vem, com mais uma edição da Cotação. E até a próxima
postagem...
EM ALTA:
Sebastian
Vettel: Exibindo um domínio patente desde o GP da Bélgica, a conquista do
título de 2013 da Fórmula 1 era mera questão de tempo, e o jovem alemão da
equipe Red Bull fechou a fatura no Grande Prêmio da Índia com todos os méritos,
após 6 vitórias consecutivas onde seus potenciais adversários ficaram pelo
caminho, impotentes. Com a conquista, Vettel torna-se o 4° piloto na história
da F-1 a
alcançar a marca de 4 títulos, e o 3° piloto a conseguir um tetracampeonato
consecutivo. Apenas Michael Schumacher e Juan Manuel Fangio venceram 4
campeonatos seguidos. Mas Sebastian impressiona pela precocidade: é o mais
jovem tetracampeão de todos os tempos na F-1, com apenas 26 anos. Colecionando
títulos desde 2010, quem achava que o heptacampeonato de Schumacher seria
inigualável pode começar a rever seus conceitos. Com muito tempo de carreira
ainda pela frente, Vettel pode pulverizar os recordes conquistados por seu
ídolo Michael Schumacher, e tornar-se o maior piloto da história da F-1. O
tempo dirá...
Scott
Dixon: O neozelandês da equipe Chip Ganassi chegou ao tricampeonato da Indy
Racing League com todos os méritos. Depois de uma primeira metade de campeonato
apenas mediana, Dixon fez uma arrancada demolidora após a prova de Pocono,
conquistando 3 vitórias consecutivas e lançando-se como candidato ao título. E
apesar dos percalços em algumas corridas, continuou escalando a classificação,
acabando por inverter as expectativas na rodada dupla de Houston, onde de
desafiante passou a favorito ao título, e não deixando escapar o caneco. Dixon
agora empata em títulos com Sam Hornish Jr., e com certeza vai em busca de
igualar o número de títulos de Dario Franchiti, que foi campeão em 4 temporadas
da IRL.
Jorge
Lorenzo: O atual bicampeão da MotoGP tem feito tudo ao seu alcance para se
manter na luta pelo título da atual temporada, que vem sendo dominada pelo
novato sensação Marc Márquez, e tem sido um rival duro na queda. Após a prova
do Japão, em Motegi, apenas Márquez e Lorenzo agora podem conquistar o título,
e o atual campeão da categoria é quem mais venceu no ano, com 7 vitórias. Um
dado expressivo, se levarmos em conta que a Honda possui um equipamento
levemente superior à Yamaha, time de Lorenzo, o que só mostra ainda mais que
Jorge tem dado tudo de si e mais um pouco nas corridas. E não vai baixar os
braços na etapa final, em Valência.
Nico
Hulkenberg: O piloto alemão da Sauber se tornou o principal atrativo das
especulações de contratação de pilotos para 2014. Com a melhora do carro do
time suíço, Nico fez corridas de encher os olhos nas etapas da Itália, Coréia
do Sul e Japão, onde duelou com pilotos de carros muito superiores, e
valorizando ainda mais o seu passe nas negociações de um lugar mais competitivo
para a próxima temporada. No auge das fofocas, já teria assinado com pelo menos
4 escuderias para 2014, mas até o presente momento, ainda não tem nada certo
efetivamente. Não fosse a F-1 atual comandada mais pelo dinheiro do que pelo
talento, com certeza já teria sua vaga garantida em 2014, mas a questão
orçamentária ainda é o seu maior obstáculo para obter um bom cockpit no próximo
ano. Mas Hulkenberg já mostrou seu cartão de visitas, e isso não costuma ser
esquecido pelos chefes das escuderias da categoria máxima do automobilismo.
Romain
Grossjean: De batedor com fama de maluco em 2012, o piloto franco-suíço
melhorou muito nesta temporada, e nas últimas corridas, tem andado muito forte
e conquistado 3 pódios consecutivos nas provas da Coréia do Sul, Japão e Índia,
mostrando que tem condições de liderar o time, que vai perder sua maior
estrela, Kimi Raikkonen, já de malas prontas para a Ferrari em 2014. Sem dúvida
um panorama bem mais animador, e muito bem-vindo para Romain em um momento
crucial do campeonato, quando estão sendo escolhidos os pilotos de vários times
para a próxima temporada. Se antes sua presença na Lotus em 2014 era mais
devida a Eric Bouiller, que além de seu empresário é chefe da escuderia
inglesa, agora Grossjean mostra mais credenciais para permanecer no time por
méritos próprios, e com possibilidade de conquistar resultados muito mais
expressivos.
NA MESMA:
Equipe
Penske: Pelo quarto ano consecutivo, o time de Roger Penske amarga o
vice-campeonato na Indy Racing League. Nos últimos 3 anos o título foi perdido
por Will Power na prova final, e este ano o derrotado foi Hélio Castro Neves,
que fez da constância e regularidade suas principais armas no campeonato. Mas a
falta de alguns resultados mais vistosos tornou o brasileiro presa fácil para a
eventualidade de tudo dar errado em algum momento, e se algum adversário poder
capitalizar com isso na luta pelo campeonato. E infelizmente esse adversário
surgiu, Scott Dixon, e a etapa azarada, em Houston, quando foram disputadas não
apenas uma, mas duas provas, com Helinho a ter quebra de cãmbio nas duas
corridas, se mostraram fatais para as ambições de título, e nem a reação em
Fontana foi suficiente para reverter as expectativas. O jejum de títulos é
incômodo para Roger Penske: seu time contabiliza até hoje apenas um campeonato
na IRL, em 2006, obtido por Sam Horsnish Jr. Melhor sorte em 2014, quando sua
escuderia terá o reforço de ninguém menos do que Juan Pablo Montoya...
Fernando
Alonso: Mais um ano, mais promessas de disputar o título, e mais um ano na fila,
esse é o panorama para o bicampeão espanhol, que desde que chegou à Ferrari,
não conseguiu acabar com o seu jejum de títulos. Além de ver Sebastian Vettel
conquistar seu 4° título consecutivo, Alonso ainda tem que se preocupar em
garantir o vice-campeonato, pois com 3 corridas ainda para fechar o campeonato,
o espanhol tem que se preocupar com a performance superior de Mercedes e Lotus,
que nas últimas corridas têm superado o time italiano com certa facilidade,
colocando a Ferrari em posição perigosa tanto na classificação de construtores
como de pilotos. Se Alonso não tomar cuidado, pode ainda terminar superado por Kimi
Raikkonen e Lewis Hamilton na classificação, apesar de ainda ter uma vantagem
razoável para seus perseguidores mais diretos.
Dani
Pedrosa: Quem também vai precisar esperar outro campeonato para ver se consegue
ser campeão é Dani Pedrosa. Justo no ano em que seu time, a Honda, possui a
melhor moto do campeonato da MotoGP, Pedrosa ganhou um companheiro de equipe
com performance arrasadora, Marc Márquez, deixando o veterano do time na
sombra. Com o resultado da corrida do Japão, Pedrosa já ficou sem chances de
disputar o título, e até mesmo de ficar com o vice-campeonato, pois agora pode
apenas empatar em pontos com Jorge Lorenzo, mas perderia a posição por ter
menos vitórias do que seu conterrâneo e atual bicampeão da categoria. A
situação só não é ruim para os espanhóis porque tanto Lorenzo quanto Márquez e
Pedrosa são conterrâneos, então um espanhol vai vencer o campeonato de qualquer
maneira...
Transmissão
da Indy Racing League no Brasil: Pelas declarações dos narradores durante a
transmissão da etapa de encerramento do campeonato de 2013, em Fontana, a
Bandeirantes deve continuar transmitindo as corridas da IRL no Brasil na
próxima temporada. Agora, se vai melhorar o seu esquema de transmissão, isso
são outros quinhentos. Para quem já estava na expectativa de ficar sem as
corridas da categoria americana, saber que ainda poderão acompanhar as provas
na TV brasileira, seja no canal pago ou no canal aberto, já é algo positivo. E,
lembrando que no ano que vem teremos tanto Hélio Castro Neves quanto Tony
Kanaan em equipes de ponta e provavelmente lutando pelo título, já dá um bom
incentivo para o torcedor "comum" acompanhar as corridas com um pouco
mais de atenção.
Chatice
dos comissários da F-1: Vettel venceu o GP da Índia e comemorou a conquista do
tetracampeonato dando zerinhos na reta dos boxes, e ainda foi para o alambrado
jogar as lugas para a torcida, num gesto efusivo de comemoração como há muito
tempo não se via na F-1. E o que os comissários fizeram: tacaram uma multa na
Red Bull por seu piloto ter "violado" a regra de se dirigir ao parque
fechado após a corrida, e com isso atrasar a cerimônia do pódio. Depois, quando
se fala que a categoria máxima do automobilismo anda intragável, é graças a
gestos como esse, onde a organização da categoria não parece compreender o que
está acontecendo. Fosse um piloto mais "sincero", como Nélson Piquet
em seus bons tempos, Vettel teria soltado palavrões para cima de todos na sala
da organização da corrida. E com certeza, acabaria tomando outra multa por
isso, o que valeria outra rodada de palavrões para um grupo de chatos que
mereceria tudo com a mais justa causa. Definitivamente, a categoria máxima do
automobilismo precisa se uma sessão de descarrego para se livrar destas
imbecilidades...
EM BAIXA:
Felipe
Massa: O piloto brasileiro ainda tem seu futuro indefinido na F-1 em 2014.
Apesar de manter conversas com vários times, o passe do brasileiro já foi mais
valorizado, e nas últimas corridas, o brasileiro teve a infelicidade de sofrer
e/ou cometer vários erros, que arruinaram suas chances de obter melhores
resultados e valorizar sua posição na mesa de negociações. Apenas na Índia
Felipe conseguiu de fato fazer uma prova combativa, estando perto de terminar
no pódio, mas as negociações ainda seguem se desenvolvendo, com algumas
especulações já dando conta de que Massa teria assinado com a Williams, algo
que ainda precisa ser confirmado. Para complicar, Massa até o momento não
parece trazer patrocinadores de vulto, algo que anda contando muito para a
maioria dos times da categoria atualmente, e que certamente seria um grande
trunfo na mesa de negociações, onde só sua experiência de quase uma década como
piloto da Ferrari parece não ser tão decisivo como o fator financeiro,
infelizmente.
Ferrari:
O time italiano vive uma temporada inferior à de 2012, quando mesmo tendo
começado o ano de forma risível, ainda conseguiu colocar as coisas nos eixos e
disputar o título com Fernando Alonso. Este ano, começando o campeonato de
forma muito mais animadora, se esperava um melhor desempenho, mas o time de
Maranello se perdeu no desenvolvimento do carro deste ano, e nas últimas
provas, tem sido superada por Lotus, Mercedes, e até pela Sauber. E para
piorar, tanto Alonso quanto Massa tem alternado performances médias com ruins,
o que só complica a situação da escuderia italiana, que está numa luta renhida
com a Mercedes pelo vice-campeonato de construtores, e ainda está na
possibilidade de ser alcançada pela Lotus, se não se cuidar. Com o time já
voltado para o mundial de 2014,
a Ferrari tem que torcer para não ser superada pelos
adversários nas corridas que faltam, mas a parada promete ser complicada.
Mark
Webber: O piloto australiano tem vivido um inferno astral nas últimas corridas,
em que pese ter feito algumas boas performances. Com sua aposentadoria da F-1
já anunciada, Webber merecia pelo menos vencer pela última vez na categoria,
mas no Japão, a estratégia de pneus não funcionou, e Mark ainda ficou
"trancado" atrás de Grossjean; e na Índia, o carro quebrou. E como
desgraça pouca é bobagem, ainda viu seu carro pegar fogo na Coréia do Sul, após
ser abalroado por outro competidor durante a corrida. Certamente não é a final
de campeonato que o australiano esperava. Para piorar, Helmut Marko, que nunca
morreu de amores por Webber, anda rindo à toa com mais um título de seu
protegido Vettel, e não vê a hora de Webber nunca mais dar as caras na
escuderia...
Pastor
Maldonado: A lua de mel entre o piloto venezuelano e a Williams azedou de vez,
e Pastor não cansa de reclamar que o carro é ruim, fato mais do que óbvio.
Agora ele tenta arrumar lugar em outra escuderia, mas o patrocínio da PDVSA,
seu grande trunfo, tem um contrato muito bem amarrado com a Williams, e o velho
Frank não vai largar esse osso tão facilmente, ainda mais que o contrato prevê
as temporadas de 2014 e 2015 ao time inglês, que não exigem necessariamente a
presença de Maldonado na escuderia. Sem a verba da PDVSA, dificilmente
Maldonado arrume lugar em outro time, e o venezuelano já chegou a falar que,
para ter um carro ruim prefere ficar em casa. Se não conseguir levar consigo o polpudo
patrocínio da petrlífera venezuelana, é bem capaz mesmo de acabar ficando em
casa...Ainda tem a hipótese de a PDVSA ir com Maldonado e continuar
patrocinando a Williams, mas com o sucateamento da empresa, em virtude da
administração perpetrada por Hugo Chávez na última década, resta saber se a
empresa teria interesse em dispender verba para manter dois patrocínios de
vulto na F-1...
GP
da Índia: Apesar de possuir uma pista interessate, o GP da Índia é mais uma
prova que dá adeus ao calendário da categoria, após apenas 3 edições
realizadas. A prova indiana nunca conseguiu ter um público satisfatório, e a
categoria máxima do automobilismo também não chegou a encantar os torcedores do
país. E como Bernie Ecclestone tem outros interessados na fila de espera para
terem um GP, a Índia fica a ver navios. Uma pena que seja assim com as pistas
mais interessantes que Hermann Tilke andou criando, como a da Turquia, que
também muito cedo perdeu seus deslumbre com a F-1 e foi rifada do calendário
sem maiores lamentações por parte do chefão da FOM. De positivo, ficará apenas
a decisão do título de 2013, com mais uma vitória de Sebastian Vettel, que se
tornou o único piloto a vencer na pista indiana. De ponto negativo, tem a
poluição da cidade de Nova Delhi, que em todas as ocasiões sempre deixou a
pista com um nevoeiro incômodo, e que também sempre pegou mal nas transmissões...