Alguns dos novos carros 2013 da F-1 |
Hoje
termina em Barcelona a segunda sessão de testes coletivos da pré-temporada
visando o campeonato deste ano da Fórmula 1, e desta vez, todos os times
entraram na pista, desde terça-feira, com seus novos modelos. E, como se trata
do circuito da Catalunha, os times tiveram uma semana realmente cheia para
tentar decifrar, na pista, se seus novos carros correspondem a tudo o que
puderam verificar nos simuladores virtuais em suas sedes, componente hoje
praticamente essencial para todo time que queira ser competitivo. Mas, por mais
avançado que seja o simulador e seu programa de operação, os testes em pista
real ainda são imprescindíveis, mesmo que nos últimos tempos as escuderias
tenham aprendido a se prepararem com menos sessões de pista real, devido à
regra de limitação radical dos testes, implantada a partir de 2009.
Semana
retrasada, em Jerez de La Fronteira, os times efetuaram a primeira sessão de
testes coletivos do ano, mas devido ao fato do circuito da Andaluzia não fazer
parte do campeonato, e de seu asfalto ter um teor abrasivo pouco visto em
outras pistas da temporada, a sessão foi considerada por muitos times um
gigantesco shakedown de seus novos carros. Isso sem mencionar que um dos times,
a Williams, estreou seu novo carro apenas esta semana, em Barcelona, tendo
feito a sessão de Jerez com o modelo 2012. Prática comum antigamente, quando os
testes eram liberados, a maioria dos times efetuava a maior parte das sessões
do mês de janeiro com modelos híbridos, do ano anterior, carregando inovações
que seriam vistas nos novos carros. Como a maioria dos times só mostrava o novo
carro em fevereiro, poucas vezes se via um carro novo logo no início do ano. Hoje,
essa prática virou exceção, devido ao tempo escasso dos testes da pré-temporada.
O que não quer dizer que o time de Frank Williams não tenha feito bom proveito
da sessão de Jerez. No ano passado, foi a Red Bull que apresentou seu carro
apenas na segunda sessão de testes, e isso não prejudicou a performance do time
que acabou sendo novamente campeão, ainda que não tenha iniciado o ano do jeito
que esperavam.
Com
todos os novos bólidos na pista, os times têm agora que decifrar os novos pneus
da Pirelli, que novamente modificou seus compostos, deixando-os mais propensos
a aquecerem, facilitando a ascenção de sua performance, que é atingida mais
rapidamente do que os compostos do ano passado. Se por um lado isso pode
favorecer os carros, que atingem mais rapidamente o maior desempenho, por outro
lado também está encurtando a vida útil dos pneus, o que poderá forçar mais pit
stops por corrida este ano. Esta, aliás, foi uma das metas da mudança dos
compostos dos pneus, de forma a embaralhar novamente as opções dos times, que
entrarão na pista do Albert Park sem saberem exatamente como os pneus se
comportarão. Pelo que se viu essa semana, os pilotos estão vendo que os novos
pneus chegam mais rapidamente ao ponto ideal de performance, mas também estão
se desgastando mais rapidamente. Como o tempo tanto na Andaluzia quanto na
Catalunha ainda está relativamente frio, não dá para saber como a mudança para
um clima quente irá afetar o desempenho dos pneus. Por isso, tentando coletar o
maior número de dados disponíveis, as escuderias estão andando tudo o que podem
nestes poucos dias de testes. Na semana que vem, de 28 de fevereiro a 3 de
março, haverá a última sessão coletiva da pré-temporada, novamente em
Barcelona, e de lá, os times voltarão para suas bases para as mudanças e
ajustes finais em seus carros para o embarque ao Oriente.
Consenso
geral entre todos os jornalistas, os carros de 2013 são bem mais bonitos do que
os do ano passado. O uso de uma “tampa” no nariz para disfarçar o degrau criado
nos modelos de 2012 ajudou a tornar os bólidos novamente agradáveis à vista do
público. Red Bull, Caterham e Lótus foram as exceções até agora, mas nada
impede que eles reavaliem o uso do dispositivo. Novamente, a McLaren, com seu
visual cromado, é o carro mais bonito do plantel, em que pese muitos terem
adorado o visual do novo carro da Ferrari, muito mais elegante e harmonioso do
que o de 2012. E, nas pinturas, apenas a Sauber apresentou uma mudança mais
significativa em relação a 2012, passando a usar um tom cinza escuro, que
lembra um pouco o tom de cor dos carros de quando a escuderia estreou na F-1,
há 20 anos atrás. A Lótus continua com seu visual negro e dourado, enquanto
Marussia e Caterham fizeram mudanças mínimas em seus visuais. Se Williams,
Mercedes e Force Índia continuam idênticas na pintura em relação ao ano
passado, ninguém engoliu muito o tom roxo apresentado pela Red Bull no novo
carro, e concordo que havia outros tons de cores que poderiam ser muito mais
elegantes com o visual tradicional do carro. Mas pintura, é bom lembrar, não
ganha corrida: mesmo o carro com a pior pintura pode ser um vencedor, ou o
contrário. Vale a máxima de que carro bonito é carro vencedor, seja ele com que
visual for.
Com
duas sessões de treinos finalizadas, apesar de hoje ainda termos os carros em
ação em Barcelona, ainda não dá para fazer uma previsão acurada de quem está na
dianteira. Dá para constatar o óbvio: Red Bull, McLaren e Ferrari devem seguir
na frente, com a Lótus em seus calcanhares, enquanto a nova Mercedes tem
mostrado velocidade, mas enfrentado problemas de confiabilidade. A Ferrari tem
tudo para iniciar 2013 melhor do que no ano passado, e as impressões de
Fernando Alonso e Felipe Massa confirmam que o novo carro é, de fato, bem
nascido, ao contrário do modelo 2012, que se revelou problemático logo de cara.
Se o pessoal de Maranello conseguir trabalhar o desenvolvimento do novo F138
como fizeram com o F2012 durante o campeonato, a Ferrari deverá ser um páreo
duríssimo a ser batido, ainda mais se Alonso continuar pilotando em ponto de
bala, como fez em 2012.
A
McLaren, que terminou 2012 vencendo as últimas corridas, terá que mostrar que
pode confiar plenamente em Jenson Button para liderar o time, e precisará
confirmar que sua aposta em Sérgio Pérez foi acertada. O novo MP4/28 tem
mostrado velocidade, e parece ter também bem fiável, mesmo que o time inglês
tenha tido alguns problemas. Problemas, aliás, que também estiveram presentes
nos trabalhos da Red Bull, que novamente parece ter um grande carro nas mãos,
como convém a um time que tem o mago das pranchetas da categoria, Adrian Newey,
coordenando a área técnica da escuderia. Tricampeão nos últimos campeonatos de
forma consecutiva, Sebastian Vettel segue firme no sentido de não prometer
nada, no que faz bem. Mas há quem diga nos bastidores que o time austríaco não
está andando tudo o que pode. Disfarçar os resultados é uma tática velha na
categoria, e mesmo nestes novos tempos de testes escassos, só mesmo quando
tivermos a luz verde para o primeiro treino livre no Albert Park, em Melbourne,
é que veremos quem está mesmo dando as cartas.
Enquanto
isso, vemos uma Lótus que, mesmo nos dias ruins de testes, se mostra muito
animada e empolgada com a performance do novo E21, sentimento que é partilhado
por sua dupla de pilotos. E na Mercedes, tanto a nova direção da escuderia
quanto Nico Rosberg e a nova contratação Lewis Hamilton, sabem que o ano
demandará muito trabalho, indicando que o novo modelo W04 terá que mostrar a
que veio. Hamilton já adianta que não é “milagreiro”, e espero que tenha sido
realmente sincero na afirmação, sabendo que terá que suar o macacão mais do que
nunca nesta nova fase e desafio de sua carreira. Resta esperar que ele não
perca a paciência se as coisas ficarem mais complicadas do que se imagina.
Marussia
e Caterham, mais uma vez, tentarão deixar a lanterna. Com a falência da
Hispania, estes dois times é o que sobrou das novas equipes que entraram na F-1
recentemente, e espera-se que deixem realmente de serem as lanternas do grid. E
enquanto isso, a batalha no pelotão intermediário promete, com Williams, Force
Índia, Sauber e Toro Tosso tentando mostrar a que vieram. E, para deixar o
ambiente apimentado, a FIA já anunciou que os sistemas de escapamento da
Williams e da Caterham estão irregulares, por conterem peças que redirecionam o
fluxo dos gases para baixo, e precisarão ser redesenhados, de acordo com as
novas regras, que estipularam que os escapes fiquem para cima, de modo que os
gases liberados não interferiram no difusor traseiro, criando efeito
aerodinâmico.
Depois
de praticamente dois meses sem atividades de pista, foi muito bom ver os carros
em ação novamente, com o ronco dos motores e a agitação dos boxes, mesmo que
pequena se comparada com a dos Grandes Prêmios. O que chateia é a mania dos
times de esconderem seus carros atrás de tapumes toda hora que param nas
garagens, para evitar “espionagem”. A desculpa pode proceder, mas prefiro muito
mais os velhos tempos, quando não se tinha essa frescura toda. E caminhemos
rumo ao mundial...
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