sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

NOVOS CARROS EM AÇÃO

Alguns dos novos carros 2013 da F-1
             Hoje termina em Barcelona a segunda sessão de testes coletivos da pré-temporada visando o campeonato deste ano da Fórmula 1, e desta vez, todos os times entraram na pista, desde terça-feira, com seus novos modelos. E, como se trata do circuito da Catalunha, os times tiveram uma semana realmente cheia para tentar decifrar, na pista, se seus novos carros correspondem a tudo o que puderam verificar nos simuladores virtuais em suas sedes, componente hoje praticamente essencial para todo time que queira ser competitivo. Mas, por mais avançado que seja o simulador e seu programa de operação, os testes em pista real ainda são imprescindíveis, mesmo que nos últimos tempos as escuderias tenham aprendido a se prepararem com menos sessões de pista real, devido à regra de limitação radical dos testes, implantada a partir de 2009.
            Semana retrasada, em Jerez de La Fronteira, os times efetuaram a primeira sessão de testes coletivos do ano, mas devido ao fato do circuito da Andaluzia não fazer parte do campeonato, e de seu asfalto ter um teor abrasivo pouco visto em outras pistas da temporada, a sessão foi considerada por muitos times um gigantesco shakedown de seus novos carros. Isso sem mencionar que um dos times, a Williams, estreou seu novo carro apenas esta semana, em Barcelona, tendo feito a sessão de Jerez com o modelo 2012. Prática comum antigamente, quando os testes eram liberados, a maioria dos times efetuava a maior parte das sessões do mês de janeiro com modelos híbridos, do ano anterior, carregando inovações que seriam vistas nos novos carros. Como a maioria dos times só mostrava o novo carro em fevereiro, poucas vezes se via um carro novo logo no início do ano. Hoje, essa prática virou exceção, devido ao tempo escasso dos testes da pré-temporada. O que não quer dizer que o time de Frank Williams não tenha feito bom proveito da sessão de Jerez. No ano passado, foi a Red Bull que apresentou seu carro apenas na segunda sessão de testes, e isso não prejudicou a performance do time que acabou sendo novamente campeão, ainda que não tenha iniciado o ano do jeito que esperavam.
            Com todos os novos bólidos na pista, os times têm agora que decifrar os novos pneus da Pirelli, que novamente modificou seus compostos, deixando-os mais propensos a aquecerem, facilitando a ascenção de sua performance, que é atingida mais rapidamente do que os compostos do ano passado. Se por um lado isso pode favorecer os carros, que atingem mais rapidamente o maior desempenho, por outro lado também está encurtando a vida útil dos pneus, o que poderá forçar mais pit stops por corrida este ano. Esta, aliás, foi uma das metas da mudança dos compostos dos pneus, de forma a embaralhar novamente as opções dos times, que entrarão na pista do Albert Park sem saberem exatamente como os pneus se comportarão. Pelo que se viu essa semana, os pilotos estão vendo que os novos pneus chegam mais rapidamente ao ponto ideal de performance, mas também estão se desgastando mais rapidamente. Como o tempo tanto na Andaluzia quanto na Catalunha ainda está relativamente frio, não dá para saber como a mudança para um clima quente irá afetar o desempenho dos pneus. Por isso, tentando coletar o maior número de dados disponíveis, as escuderias estão andando tudo o que podem nestes poucos dias de testes. Na semana que vem, de 28 de fevereiro a 3 de março, haverá a última sessão coletiva da pré-temporada, novamente em Barcelona, e de lá, os times voltarão para suas bases para as mudanças e ajustes finais em seus carros para o embarque ao Oriente.
            Consenso geral entre todos os jornalistas, os carros de 2013 são bem mais bonitos do que os do ano passado. O uso de uma “tampa” no nariz para disfarçar o degrau criado nos modelos de 2012 ajudou a tornar os bólidos novamente agradáveis à vista do público. Red Bull, Caterham e Lótus foram as exceções até agora, mas nada impede que eles reavaliem o uso do dispositivo. Novamente, a McLaren, com seu visual cromado, é o carro mais bonito do plantel, em que pese muitos terem adorado o visual do novo carro da Ferrari, muito mais elegante e harmonioso do que o de 2012. E, nas pinturas, apenas a Sauber apresentou uma mudança mais significativa em relação a 2012, passando a usar um tom cinza escuro, que lembra um pouco o tom de cor dos carros de quando a escuderia estreou na F-1, há 20 anos atrás. A Lótus continua com seu visual negro e dourado, enquanto Marussia e Caterham fizeram mudanças mínimas em seus visuais. Se Williams, Mercedes e Force Índia continuam idênticas na pintura em relação ao ano passado, ninguém engoliu muito o tom roxo apresentado pela Red Bull no novo carro, e concordo que havia outros tons de cores que poderiam ser muito mais elegantes com o visual tradicional do carro. Mas pintura, é bom lembrar, não ganha corrida: mesmo o carro com a pior pintura pode ser um vencedor, ou o contrário. Vale a máxima de que carro bonito é carro vencedor, seja ele com que visual for.
            Com duas sessões de treinos finalizadas, apesar de hoje ainda termos os carros em ação em Barcelona, ainda não dá para fazer uma previsão acurada de quem está na dianteira. Dá para constatar o óbvio: Red Bull, McLaren e Ferrari devem seguir na frente, com a Lótus em seus calcanhares, enquanto a nova Mercedes tem mostrado velocidade, mas enfrentado problemas de confiabilidade. A Ferrari tem tudo para iniciar 2013 melhor do que no ano passado, e as impressões de Fernando Alonso e Felipe Massa confirmam que o novo carro é, de fato, bem nascido, ao contrário do modelo 2012, que se revelou problemático logo de cara. Se o pessoal de Maranello conseguir trabalhar o desenvolvimento do novo F138 como fizeram com o F2012 durante o campeonato, a Ferrari deverá ser um páreo duríssimo a ser batido, ainda mais se Alonso continuar pilotando em ponto de bala, como fez em 2012.
            A McLaren, que terminou 2012 vencendo as últimas corridas, terá que mostrar que pode confiar plenamente em Jenson Button para liderar o time, e precisará confirmar que sua aposta em Sérgio Pérez foi acertada. O novo MP4/28 tem mostrado velocidade, e parece ter também bem fiável, mesmo que o time inglês tenha tido alguns problemas. Problemas, aliás, que também estiveram presentes nos trabalhos da Red Bull, que novamente parece ter um grande carro nas mãos, como convém a um time que tem o mago das pranchetas da categoria, Adrian Newey, coordenando a área técnica da escuderia. Tricampeão nos últimos campeonatos de forma consecutiva, Sebastian Vettel segue firme no sentido de não prometer nada, no que faz bem. Mas há quem diga nos bastidores que o time austríaco não está andando tudo o que pode. Disfarçar os resultados é uma tática velha na categoria, e mesmo nestes novos tempos de testes escassos, só mesmo quando tivermos a luz verde para o primeiro treino livre no Albert Park, em Melbourne, é que veremos quem está mesmo dando as cartas.
            Enquanto isso, vemos uma Lótus que, mesmo nos dias ruins de testes, se mostra muito animada e empolgada com a performance do novo E21, sentimento que é partilhado por sua dupla de pilotos. E na Mercedes, tanto a nova direção da escuderia quanto Nico Rosberg e a nova contratação Lewis Hamilton, sabem que o ano demandará muito trabalho, indicando que o novo modelo W04 terá que mostrar a que veio. Hamilton já adianta que não é “milagreiro”, e espero que tenha sido realmente sincero na afirmação, sabendo que terá que suar o macacão mais do que nunca nesta nova fase e desafio de sua carreira. Resta esperar que ele não perca a paciência se as coisas ficarem mais complicadas do que se imagina.
            Marussia e Caterham, mais uma vez, tentarão deixar a lanterna. Com a falência da Hispania, estes dois times é o que sobrou das novas equipes que entraram na F-1 recentemente, e espera-se que deixem realmente de serem as lanternas do grid. E enquanto isso, a batalha no pelotão intermediário promete, com Williams, Force Índia, Sauber e Toro Tosso tentando mostrar a que vieram. E, para deixar o ambiente apimentado, a FIA já anunciou que os sistemas de escapamento da Williams e da Caterham estão irregulares, por conterem peças que redirecionam o fluxo dos gases para baixo, e precisarão ser redesenhados, de acordo com as novas regras, que estipularam que os escapes fiquem para cima, de modo que os gases liberados não interferiram no difusor traseiro, criando efeito aerodinâmico.
            Depois de praticamente dois meses sem atividades de pista, foi muito bom ver os carros em ação novamente, com o ronco dos motores e a agitação dos boxes, mesmo que pequena se comparada com a dos Grandes Prêmios. O que chateia é a mania dos times de esconderem seus carros atrás de tapumes toda hora que param nas garagens, para evitar “espionagem”. A desculpa pode proceder, mas prefiro muito mais os velhos tempos, quando não se tinha essa frescura toda. E caminhemos rumo ao mundial...

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