Hora
de desencavar mais uma antiga coluna aqui na seção Arquivo, e esta é datada de
17 de maio de 1996, quando estava para acompanhar o Grande Prêmio de Mônaco de
Fórmula 1 daquele ano. O circuito monegasco é até hoje a prova mais difícil do
calendário, e num momento onde a categoria anda dando de ombros para a
tradição, em virtude da ganância de sua cartolagem, consegue se manter firme no
campeonato. Aproveitem o texto, e em breve, mais algumas colunas antigas aqui
no blog...
MÔNACO E A F-1
A
Fórmula 1 reúne-se neste fim de semana em um dos menores países do mundo: o
Principado de Mônaco. E, apesar de seu aparente tamanho, este GP é, de longe, o
maior evento do calendário da categoria.
Mônaco,
ao lado de Monza e Silverstone, é uma das pistas mais tradicionais da F-1. O GP
de Mônaco é disputado desde fins da década de 1920, e a partir de 1950, faz
parte do calendário do Mundial de F-1. Aqui neste pequeno principado, o glamour
e o charme encontram seu ponto máximo no calendário automobilístico. A semana
do GP é recheada de acontecimentos sociais e quem é quem nas fileiras sociais
sempre aparece para ver e ser visto. Talvez em nenhum outro lugar do mundo
consiga-se encontrar proporção maior de carros de luxo por metro quadrado.
E,
ao lado desta badalação toda, o circo da F-1, a categoria automobilística de
maior expressão do mundo. No principado, a F-1 ainda vive a aura mística da era
romântica que caracterizou a categoria há décadas atrás. O prestígio e o clima
deste GP são ímpares e não encontram iguais em nenhum outro GP do calendário.
E
talvez seja isso que ainda mantenha vivo o GP de Mônaco. Em uma era marcada
pelo avanço desenfreado da performance dos bólidos mais velozes do mundo, o
circuito monegasco é, sem sombra de dúvidas, o lugar mais inconveniente para
uma corrida de F-1. Mas é verdade que a F-1 não seria a mesma sem este GP.
Mônaco faz parte da aura mítica que a F-1 construiu todos estes anos. Assim
como seria inconcebível disputar um GP sem a Ferrari, a mais carismática equipe
de corridas já criada, não haveria campeonato de F-1 sem o GP de Mônaco.
Nélson
Piquet uma vez definiu que correr em Monco é como andar de bicicleta dentro de
casa. Não é muito exagero: o circuito, apesar de ser o menor em uso na F-1, e o
GP ser também o de menor percurso entre todos os do calendário, é também um dos
mais difíceis e exigentes do mundo, tanto no nível técnico como no nível
humano. Achar um acerto ideal para os carros não é fácil; como não há pontos de
alta velocidade e não há áreas de escape, utiliza-se todo o apoio aerodinâmico
possível para dinamizar as freadas. De fato, o único ponto onde os carros
atingem altas velocidades é no trecho do Túnel, após a curva Portier, chegando
aos 270 Km/h.
É
neste circuito que os pilotos têm de justificar o que ganham, e é onde também
se percebe o talento dos pilotos. Não há margem para erros, e sem áreas de
escape, quem comete um erro quase sempre vai parar no guard-rail. Ultrapassar,
então, nem pensar: não há pontos favoráveis, com exceção da aproximação da
Mirabeau e da chicane do porto, após o Túnel. E, mesmo assim, é preciso contar
com a boa vontade do piloto que vai à frente. É um desafio a mais para os
pilotos. Isso favorece aqueles que são mais decididos e determinados. Não é de
se admirar que o maior vencedor deste GP seja nosso saudoso Ayrton Senna, que
venceu aqui 6 vezes, e não fosse por um pequeno deslize em 88, quando bateu
sozinho na parte final da prova, poderia ter vencido 7 vezes, e teriam sido 7
triunfos consecutivos (1987 a
1993). E, para frisar que o circuito favorece o talento dos pilotos, no caso de
Senna, 3 de suas vitórias foram conquistadas ao volante de carros inferiores
aos favoritos. Foram vitórias conquistadas na base da garra, talento e
estratégia, qualidades indispensáveis aos grandes pilotos.
Nos
últimos dois anos, as honras da vitória couberam a Michael Schumacher. Quem
será o vencedor este ano? Em Mônaco, mais do que em todos os outros GPs, será
preciso esperar a bandeirada de chegada para descobrir...
Definidas as primeiras filas das 500 Milhas de Indianápolis e da US
500: Scott Brayton largará na posição de honra em Indianápolis. Já
em Michigan, Jimmy Vasser abocanhou a pole e adicionou mais um ponto na
classificação do campeonato, que lidera à frente de Al Unser Jr., o segundo
colocado no certame.
A IRL está forçando a barra para ganhar no marketing contra a F-Indy
tradicional. E, no intuito de afirmar que seus carros são os mais velozes do
mundo, a tradicional limitação de 45 polegadas nas válvulas limitadoras dos
motores turbo foi para o espaço. Com a liberação, tem quem esteja usando até 60
polegadas de pressão. O resultado são velocidades recordes para o Indianápolis
Motor Speedway. Tony Stewart chegou a atingir 390 Km/h durante os treinos
livres. Na classificação, o holandês Arie Luyendick atingiu 381 Km/h. O temor
maior é que, com o elevado número de novatos na prova deste ano, poderão haver
inúmeros acidentes devido às altas velocidades atingidas.
Arie Luyendick, por sinal, é o nome de maior prestígio na corrida das
500 Milhas de Indianápolis este ano. O piloto, conhecido como “holandês
voador”, venceu a prova de 1990, e foi pole-position em 1993. Arie, entretanto,
teve uma classificação atribulada: fez o 2º tempo no Pole Day, mas acabou
desclassificado por que seu carro estava 3 Km mais leve que o permitido. Teve
de tentar a classificação na repescagem de domingo. Irado com o azar, mandou
bala, atingindo 381 Km/h de média nas voltas cronometradas, mais rápido até que
o pole, Scott Brayton, Luyendick acabou relegado à 21ª posição.
A Bandeirantes parece ter ganho a parada contra a TVS/SBT pelos
direitos de transmissão das 500 Milhas de Indianápolis. A justiça americana deu
ganho de causa à Bandeirantes, que assinou contrato com o Indianápolis Motor
Speedway para transmitir a corrida pelos próximos 5 anos. A briga ainda não
terminou e novos lances podem surgir ainda...
Michael Schumacher já avisa: não quer nada menos que a vitória no GP de
Mônaco. O piloto alemão conta com seu talento para vencer a corrida no
principado. Schumacher ainda não conseguiu digerir a derrota que sofreu de Hill
em Ímola. Sua irritação após a corrida era nítida. Uma nova derrota para Hill
em Mônaco pode fazer o alemão perder a esportiva por um bom período...
Damon Hill, todos já sabem, não costuma empolgar em suas declarações à
imprensa, mas em Ímola, foi seu companheiro na Williams, Jaccques Villeneuve,
quem deu algumas respostas que soaram como heréticas aos repórteres italianos: indagado
se tinha anseios de correr pela Ferrari, o canadense foi curto e direto: “Só se
for um bom carro.” Outra declaração do canadense foi que, durante a corrida,
não conseguia sentir segurança no carro para fazer a fundo duas curvas do
circuito. Uma era a Variante Alta, respondeu Jaccques; já a segunda curva ele
alegou que não lembrava o nome. A tal curva em questão era Curva Villeneuve...
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