quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX – MAIO DE 1996 – 17.05.1996


            Hora de desencavar mais uma antiga coluna aqui na seção Arquivo, e esta é datada de 17 de maio de 1996, quando estava para acompanhar o Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1 daquele ano. O circuito monegasco é até hoje a prova mais difícil do calendário, e num momento onde a categoria anda dando de ombros para a tradição, em virtude da ganância de sua cartolagem, consegue se manter firme no campeonato. Aproveitem o texto, e em breve, mais algumas colunas antigas aqui no blog...

 
MÔNACO E A F-1
            A Fórmula 1 reúne-se neste fim de semana em um dos menores países do mundo: o Principado de Mônaco. E, apesar de seu aparente tamanho, este GP é, de longe, o maior evento do calendário da categoria.
            Mônaco, ao lado de Monza e Silverstone, é uma das pistas mais tradicionais da F-1. O GP de Mônaco é disputado desde fins da década de 1920, e a partir de 1950, faz parte do calendário do Mundial de F-1. Aqui neste pequeno principado, o glamour e o charme encontram seu ponto máximo no calendário automobilístico. A semana do GP é recheada de acontecimentos sociais e quem é quem nas fileiras sociais sempre aparece para ver e ser visto. Talvez em nenhum outro lugar do mundo consiga-se encontrar proporção maior de carros de luxo por metro quadrado.
            E, ao lado desta badalação toda, o circo da F-1, a categoria automobilística de maior expressão do mundo. No principado, a F-1 ainda vive a aura mística da era romântica que caracterizou a categoria há décadas atrás. O prestígio e o clima deste GP são ímpares e não encontram iguais em nenhum outro GP do calendário.
            E talvez seja isso que ainda mantenha vivo o GP de Mônaco. Em uma era marcada pelo avanço desenfreado da performance dos bólidos mais velozes do mundo, o circuito monegasco é, sem sombra de dúvidas, o lugar mais inconveniente para uma corrida de F-1. Mas é verdade que a F-1 não seria a mesma sem este GP. Mônaco faz parte da aura mítica que a F-1 construiu todos estes anos. Assim como seria inconcebível disputar um GP sem a Ferrari, a mais carismática equipe de corridas já criada, não haveria campeonato de F-1 sem o GP de Mônaco.
            Nélson Piquet uma vez definiu que correr em Monco é como andar de bicicleta dentro de casa. Não é muito exagero: o circuito, apesar de ser o menor em uso na F-1, e o GP ser também o de menor percurso entre todos os do calendário, é também um dos mais difíceis e exigentes do mundo, tanto no nível técnico como no nível humano. Achar um acerto ideal para os carros não é fácil; como não há pontos de alta velocidade e não há áreas de escape, utiliza-se todo o apoio aerodinâmico possível para dinamizar as freadas. De fato, o único ponto onde os carros atingem altas velocidades é no trecho do Túnel, após a curva Portier, chegando aos 270 Km/h.
            É neste circuito que os pilotos têm de justificar o que ganham, e é onde também se percebe o talento dos pilotos. Não há margem para erros, e sem áreas de escape, quem comete um erro quase sempre vai parar no guard-rail. Ultrapassar, então, nem pensar: não há pontos favoráveis, com exceção da aproximação da Mirabeau e da chicane do porto, após o Túnel. E, mesmo assim, é preciso contar com a boa vontade do piloto que vai à frente. É um desafio a mais para os pilotos. Isso favorece aqueles que são mais decididos e determinados. Não é de se admirar que o maior vencedor deste GP seja nosso saudoso Ayrton Senna, que venceu aqui 6 vezes, e não fosse por um pequeno deslize em 88, quando bateu sozinho na parte final da prova, poderia ter vencido 7 vezes, e teriam sido 7 triunfos consecutivos (1987 a 1993). E, para frisar que o circuito favorece o talento dos pilotos, no caso de Senna, 3 de suas vitórias foram conquistadas ao volante de carros inferiores aos favoritos. Foram vitórias conquistadas na base da garra, talento e estratégia, qualidades indispensáveis aos grandes pilotos.
            Nos últimos dois anos, as honras da vitória couberam a Michael Schumacher. Quem será o vencedor este ano? Em Mônaco, mais do que em todos os outros GPs, será preciso esperar a bandeirada de chegada para descobrir...

Definidas as primeiras filas das 500 Milhas de Indianápolis e da US 500: Scott Brayton largará na posição de honra em Indianápolis. Já em Michigan, Jimmy Vasser abocanhou a pole e adicionou mais um ponto na classificação do campeonato, que lidera à frente de Al Unser Jr., o segundo colocado no certame.

A IRL está forçando a barra para ganhar no marketing contra a F-Indy tradicional. E, no intuito de afirmar que seus carros são os mais velozes do mundo, a tradicional limitação de 45 polegadas nas válvulas limitadoras dos motores turbo foi para o espaço. Com a liberação, tem quem esteja usando até 60 polegadas de pressão. O resultado são velocidades recordes para o Indianápolis Motor Speedway. Tony Stewart chegou a atingir 390 Km/h durante os treinos livres. Na classificação, o holandês Arie Luyendick atingiu 381 Km/h. O temor maior é que, com o elevado número de novatos na prova deste ano, poderão haver inúmeros acidentes devido às altas velocidades atingidas.

Arie Luyendick, por sinal, é o nome de maior prestígio na corrida das 500 Milhas de Indianápolis este ano. O piloto, conhecido como “holandês voador”, venceu a prova de 1990, e foi pole-position em 1993. Arie, entretanto, teve uma classificação atribulada: fez o 2º tempo no Pole Day, mas acabou desclassificado por que seu carro estava 3 Km mais leve que o permitido. Teve de tentar a classificação na repescagem de domingo. Irado com o azar, mandou bala, atingindo 381 Km/h de média nas voltas cronometradas, mais rápido até que o pole, Scott Brayton, Luyendick acabou relegado à 21ª posição.

A Bandeirantes parece ter ganho a parada contra a TVS/SBT pelos direitos de transmissão das 500 Milhas de Indianápolis. A justiça americana deu ganho de causa à Bandeirantes, que assinou contrato com o Indianápolis Motor Speedway para transmitir a corrida pelos próximos 5 anos. A briga ainda não terminou e novos lances podem surgir ainda...

Michael Schumacher já avisa: não quer nada menos que a vitória no GP de Mônaco. O piloto alemão conta com seu talento para vencer a corrida no principado. Schumacher ainda não conseguiu digerir a derrota que sofreu de Hill em Ímola. Sua irritação após a corrida era nítida. Uma nova derrota para Hill em Mônaco pode fazer o alemão perder a esportiva por um bom período...

Damon Hill, todos já sabem, não costuma empolgar em suas declarações à imprensa, mas em Ímola, foi seu companheiro na Williams, Jaccques Villeneuve, quem deu algumas respostas que soaram como heréticas aos repórteres italianos: indagado se tinha anseios de correr pela Ferrari, o canadense foi curto e direto: “Só se for um bom carro.” Outra declaração do canadense foi que, durante a corrida, não conseguia sentir segurança no carro para fazer a fundo duas curvas do circuito. Uma era a Variante Alta, respondeu Jaccques; já a segunda curva ele alegou que não lembrava o nome. A tal curva em questão era Curva Villeneuve...

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