O
mês de outubro já era, e como não poderia deixar de ser, chegou a hora de
trazer a COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA deste mês, com uma avaliação dos
acontecimentos das últimas semanas no mundo da velocidade. Rotineiramente, o
mesmo esquema: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM
BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a Cotação
de novembro...
EM ALTA:
Sebastian
Vettel: O piloto alemão da Red Bull venceu pela segunda vez na Índia,
conquistou sua 4ª vitória consecutiva no campeonato e segue firme rumo ao
tricampeonato. Mas o jovem alemão mantém os pés no chão, pois admite que a
parada ainda é difícil, e com Fernando Alonso nos calcanhares, qualquer deslize
pode ser fatal, como ficou provado com seu colega de equipe Mark Webber, que
enfrentou problemas com seu Kers e acabou sucumbindo ao espanhol na prova
indiana. Vettel pode se tornar o mais jovem tricampeão da F-1, e isso não é
pouca coisa...
Sébastian
Loeb: O francês da equipe Citroen faturou nada menos do que o seu 9º título no
campeonato mundial de rali, aumentando ainda mais os impressionantes números de
sua carreira na modalidade. A conquista foi definida matematicamente após o
francês vencer a etapa do mundial de rali justamente em seu país, a França. E,
para alegria da concorrência, Loeb anunciou que vai dar novos rumos à sua
profissão em 2013, mas que ainda deverá participar de pelo menos 5 etapas do
Mundial de Rali. Se der sorte, periga o francês ainda conquistar o título se
vencer estas 5 corridas. Na minha opinião, Loeb deveria participar efetivamente
de mais um campeonato em 2013, e talvez conquistar mais um título, que seria o
10º de sua carreira, e então partir para novos desafios. Seria um score
praticamente perfeito: 10 títulos em 10 anos, feito que provavelmente nunca
será igualado. O que aliás vale para seus 9 títulos, pois há praticamente 9
temporadas que o Mundial de Rali não tem outro vencedor. Se Sébastian quer
tentar novos rumos, tem todo o direito. Ficará a expectativa de quem será o
primeiro novo campeão do rali em praticamente uma década...
Jorge
Lorenzo: o piloto espanhol da equipe Yamaha conquistou em Phillip Island, na
etapa da Austrália, o bicampeonato da MotoGP. Lorenzo foi o melhor piloto do
ano, e não foi uma conquista fácil como se imaginava, tendo sofrido uma forte
disputa durante a maior parte do ano com Dany Pedrosa, que infelizmente caiu de
sua moto na Austrália e precipitou o final da luta pelo título ainda na
penúltima etapa do campeonato. Lorenzo fez da regularidade sua principal arma
no atual campeonato, e nas últimas provas, vinha administrando sua vantagem
para Pedrosa, que demonstrava uma forma exuberante e um excelente momento da
Honda frente à Yamaha. Ainda assim, a disputa estava favorável ao espanhol, que
se tornou agora o primeiro piloto de seu país a conquistar um bicampeonato nas
categorias da motovelocidade de forma consecutiva. Lorenzo agora se prepara
para receber de volta Valentino Rossi como companheiro de equipe na Yamaha em
2013, e podem apostar que será uma disputa feroz. Se por um lado Lorenzo está
no seu auge, é preciso ver se o “Doutor” ainda mostrará a velha forma. Mas
desde já a expectativa deste duelo interno no time japonês já atrai grande
interesse para o campeonato do ano que vem.
Kimmi
Raikkonem: o piloto finlandês já jogou a toalha, afirmando que não há como
chegar ao título diante da falta de performance de seu time para conseguir
bater os principais times, como a Red Bull, Ferrari, e McLaren. Mesmo assim,
Kimi vai pontuando em todas as corridas, e ainda se mantém em 3º lugar no
campeonato, mostrando que seu retorno à categoria só não está perfeito porque a
vitória ainda não veio, e se é verdade que a Lótus não tem ritmo para vencer no
momento, a escuderia já teve oportunidade no início do ano, quando sua
performance a colocava como potencial vencedora de corridas. Mas o time se
perdeu em estratégias conservadoras, e em outras ocasiões as circunstâncias não
foram totalmente favoráveis. Ainda assim, a regularidade de Raikkonem
impressiona pela consistência dos resultados, sempre marcando pontos e não se
envolvendo em confusões, ao contrário de seu colega Romain Grossjean, que já
arrumou vários enroscos e se envolveu em diversas batidas no ano. Raikkonem já
está com contrato renovado para 2013 com a Lótus, e se seu nome não foi
considerado pelos outros times, de fato é uma pena, pois não sabem o que estão
perdendo...
Adrian
Newey: O engenheiro e principal projetista da Red Bull mostrou mais uma vez
porque é o técnico mais badalado do circo da F-1. Depois de sofrer com as
restrições da FIA, que podaram as principais inovações que ele havia
desenvolvido para o carro do time austríaco nos últimos tempos, eis que Newey
novamente dá a volta por cima, e se o carro não é aquele monstro que destruía a
concorrência em 2011, pelo menos voltou a mostrar força suficiente para fazer o
atual bicampeão Sebastian Vettel voltar a dominar a F-1 e relança o time das
bebidas energéticas a ser novamente o favorito disparado para conquistar também
um tricampeonato de construtores, uma situação que, na primeira metade do
campeonato, parecia ser até bem difícil, dado o equilíbrio que estávamos
assistindo até então naquele momento da temporada. Newey está mostrando
novamente que consegue desequilibrar a relação de forças na categoria. Se a FIA
quiser brecar o engenheiro inglês, parece que só vai conseguir se proibi-lo de
trabalhar para qualquer escuderia, do contrário...
NA MESMA:
Felipe
Massa: O piloto brasileiro conseguiu reverter a sua má fase na F-1, e conseguiu
o que muitos consideravam impossível: renovou com a Ferrari por mais uma
temporada, e voltou a andar como nos velhos tempos, conseguindo até voltar ao
pódio, depois de uma bela prova no Japão. Felipe ainda se mostrou tremendamente
combativo na Coréia do Sul, mas suas chances de conseguir mais um pódio foram
totalmente tolhidas pela equipe, que não permitiu que o brasileiro ultrapassasse
Fernando Alonso, mesmo Massa estando muito mais rápido que o asturiano. E isso
é o que espera Felipe em 2013: liberdade para correr, só mesmo se Alonso
estiver fora de combate, do contrário, ele terá de se contentar em ficar
totalmente em 2º plano, como já aconteceu nesta última corrida, na Índia, onde
seu carro não recebeu as atualizações implantadas no carro de Alonso, e pior,
ainda teve de correr economizando combustível devido a um “erro” nos cálculos,
o que o impediu sequer de acompanhar Alonso na prova. A Ferrari exige que Massa
ajude o espanhol, mas em várias ocasiões, não há como o brasileiro dar a devida
força se o próprio time não lhe dá o apoio necessário para isso. Infelizmente,
os torcedores brasileiros terão de esquecer a possibilidade de Felipe voltar a
brilhar na F-1 enquanto estiver em Maranello...
Equipe
Ferrari: O time italiano trabalha a todo vapor para voltar a dar a Fernando
Alonso um carro mais competitivo para que o espanhol consiga chegar ao
tricampeonato, mas a parada está difícil. Apesar da melhora vista na
performance do carro na Índia, ainda assim o espanhol não conseguiu superar
Sebastian Vettel, e ficou patente que a falha do Kers no carro de Mark Webber,
se não foi determinante, facilitou para que Alonso o superasse e terminasse em
2º lugar. A escuderia tem levado atualizações direto da fábrica para os locais
dos GPs nas últimas corridas, mas nem todas as melhorias desenvolvidas tem dado
resultados satisfatórios. Para complicar, o time ainda se viu às voltas com seu
túnel de vento descalibrado, que pode ter gerado parte das peças que não
funcionaram a contento. Parece que o F2012, depois de começar o ano
mostrando-se instável e pouco competitivo, atingiu o seu limite, tendo sido
incrivelmente melhorado e desenvolvido ao longo do ano. Mesmo assim, a base
deficiente do chassi agora parece cobrar o seu preço na evolução permitida com
as novas peças. Se a Red Bull não enfrentar problemas, parece que não será
possível ao time de Maranello conseguir reverter o déficit. Será que a Ferrari
ficará mais um ano na fila?
Fernando
Alonso: O piloto espanhol continua tirando leite de pedra de seu carro no atual
campeonato, mas parece ter chegado ao limite, incapaz de fazer frente a um
Sebastian Vettel que, com um revigorado carro da Red Bull, tem manifestado o
domínio que o levou a ser campeão em 2011, tendo vencido as últimas 4 corridas
consecutivamente. Mesmo assim, o espanhol não desiste, e uma de suas armas é o
jogo psicológico, nem que isso signifique dar declarações infelizes, como a do
último fim de semana, quando afirmou que seu maior adversário não era o jovem
bicampeão alemão da Red Bull, mas o projetista Adrian Newey, para quem ele
considera que não dá para competir com alguém que dá um carro superior aos
rivais. Alonso vinha fazendo uma campanha impecável em 2012, dada a
inferioridade inicial do carro da Ferrari, e vinha sendo considerado o melhor
piloto do ano até então. Falar este tipo de coisa desmerece o talento de
Vettel, uma vez que Mark Webber não tem conseguido o mesmo tipo de domínio que
o jovem companheiro alemão: desde que Vettel ganhou tudo nas últimas 4
corridas, Webber só conseguiu marcar 35 pontos, enquanto Sebastian marcou 100
pontos. Mais uma tirada dessas, e muitos torcedores que estavam se rendendo ao
talento do espanhol voltarão novamente a torcer pela sua derrota.
Equipes
nanicas da F-1: Estando para completar seu terceiro ano de competição na
categoria máxima do automobilismo, até agora as escuderias Caterham (ex-Lotus),
Marussia (ex-Virgin) e Hispania ainda encontram-se praticamente no mesmo nível
de quando estrearam em 2010: no fim do pelotão, disputando entre elas apenas, e
com uma ou outra exceção, chegando um pouco mais à frente, quando algum carro
dos outros times enfrenta problemas anormais. Nem mesmo a Caterham, que foi o
melhor time novato até aqui, conseguiu superar o degrau que divide seu time dos
demais já estabelecidos na F-1, embora a diferença tenha diminuído. E se o time
de Tony Fernandes, que pelo menos exibe uma estabilidade, vive esse dilema, a
situação é ainda pior nas outras duas escuderias, uma vez que a Marussia já
trocou de dono, e na Hispania, a situação não foi diferente. A situação deve
complicar em 2014, quando entram os novos motores turbo, pois Marussia e
Hispania correm com os motores da Cosworth, que não tem planos nem projeto de
motor para a nova configuração técnica que a F-1 adotará. Caterham usa os
motores da Renault, mas não há uma definição se continuará com eles na nova era
turbo. E, com orçamentos cada vez mais no vermelho, e patrocinadores escassos,
há quem garanta que 2013 poderá ser a última participação destes times, com a
categoria voltando a ter menos de 20 carros em 2014. Ameaça ou apenas rumor?
Não seria nada difícil a ameaça virar realidade...
Toro
Rosso: Confirmando o que já se esperava, a Toro Rosso, time satélite da Red
Bull, anunciou nesta semana a renovação dos contratos de sua dupla atual de
pilotos, Daniel Ricciardo e Jean-Eric Vergne, para a temporada 2013. Isso já
era até esperando, ainda mais depois de ambos os pilotos não terem se destacado
tanto um sobre o outro, o que indica que as chances de ambos serem rifados pela
Red Bull ao fim do ano que vem aumentam consideravelmente; basta lembrar o que
aconteceu com Sebastien Buemi e Jaime Alguerssuari. Ricciardo e Vergne tem
qualidades, assim como pontos em que precisam melhorar também, mas o maior
problema, e isso não é exatamente culpa deles, é que ambos são equivalentes
como pilotos, ou em linguagem mais simples, não são “diferenciados”, o que para
a Red Bull significa ser um novo “Vettel”. Desconfia-se que duas novas
promessas vão ser queimadas na próxima temporada, pois a Red Bull – leia-se
Helmut Marko, ainda impaciente, e quer fazer a fila andar, nem que seja preciso
atropelar os pilotos no caminho...
EM BAIXA:
Michael
Schumacher: o maior vencedor da história da F-1 vai se aposentar em definitivo
ao fim desta temporada, mas ao contrário de sua primeira aposentadoria, em
2006, Michael desta vez sai pela porta dos fundos: acabou dispensado pela Mercedes,
que contratou Lewis Hamilton para seu lugar, cansada da indefinição do
heptacampeão. Para completar, Michael vem tendo um fim de ano apático, e se o
carro não ajuda, é verdade que o piloto alemão também não tem demonstrado mais
aquela tenacidade da competição aguerrida que sempre o caracterizou. A volta de
Schumacher acabou por se revelar, no balanço geral destes 3 anos de contrato
com a Mercedes, um erro. Só serviu para desmistificar o nome de Schumacher, que
sem ter um superesquema e um time voltado unicamente para si, acabou
mostrando-se um piloto comum a tantos outros, talvez até mais do que se
imaginava, e embora seu currículo lhe garanta um lugar perene na galeria dos
gigantes do esporte a motor, ele não precisava ter passado por esta volta. Antes
tivesse permanecido na competição, onde poderia ter conquistado até mais dois
títulos, do que ter parado e voltado 3 anos depois.
McLaren:
o time de Woking parecia ter voltado das férias de agosto pronto para
desembestar no campeonato da F-1, mas o fôlego do time de Martin Whitmarsh
durou pouco, e depois da Itália, os carros nunca mais mostraram o mesmo ritmo
tanto em classificação quanto em corrida. Nas últimas duas provas, além de não
terem demonstrado a fiabilidade necessária, perderam até para a Ferrari no
ritmo de corrida, de modo que Lewis Hamilton, que era cotado para disputar
firme o título, já está praticamente fora de combate, assim como Jenson Button.
Ainda não vai ser desta vez que a McLaren conquista novamente o título da F-1,
e do jeito que a coisa vai, nem vice-campeã a escuderia inglesa vai conseguir
ser este ano.
Mercedes:
O time da fábrica de Sttutgart praticamente jogou a toalha neste campeonato, e
agora só pensa na temporada de 2013, quando passará a contar com Lewis Hamilton
no lugar de Michael Schumacher. Além de um piloto novo, a escuderia diz que seu
novo carro será totalmente reformulado, seguindo um novo rumo de
desenvolvimento. Espera-se que isso seja mesmo verdade, porque nas últimas
corridas, ver os carros prateados se arrasando em disputas no pelotão
intermediário tem sido difícil de engolir. Não fosse o desempenho irregular da
Sauber, o time de Nico Rosberg e Michael Schumacher já poderia até ter perdido
sua posição no campeonato de construtores, com o time suíço estando apenas 20
pontos atrás na tabela. A Mercedes, desde que voltou como time completo à
categoria máxima do automobilismo, ainda não mostrou a que veio, e dizem que
2013 pode ser a última chance de tentar vencer efetivamente. Caso contrário, o
time pode até ser vendido. O boato não é de agora, mas resta saber se a ameaça
será efetivamente cumprida...
GP
das Américas: a tão sonhada corrida da F-1 em Nova Jérsei acabou por naufragar,
uma vez que não se acertaram detalhes a respeito do pagamento das taxas da FOM
e outros detalhes burocráticos. O grosso do problema é que ainda não
conseguiram levantar os fundos necessários para a realização do GP, então nada
de corrida. Pelo menos para 2013, uma vez que ainda há chances de a corrida
estrear para valer em 2014. Bernie Ecclestone não é de desistir fácil quando
coloca uma idéia na cabeça. Mas, se os americanos não encontrarem alguém que
banque a conta do GP, a corrida não vai rolar. E para Bernie, se não rolar seu
cachê, nada mais interessa. Agora começam fofocas de uma possível corrida
substituta para deixar o campeonato de 2013 com 2º provas. Opções teóricas não
faltam para preencher a lacuna. Mas podem apostar que faltará vontade efetiva
de se atender aos desejos dos torcedores na escolha da corrida.
Indy
Racing League: Randy Bernard, que foi diretor da categoria nos últimos dois
anos, acabou pedindo as contas, devido à pressão de alguns times, descontentes
com sua gestão, principalmente a Andretti, que depois de conquistar o título
deste ano, se saiu no direito de desancar a administração de Bernard, que se
teve seus erros, também teve o mérito de tentar achar novos rumos para a
categoria, que estava praticamente estagnada. Chegou a dar pena saber que Tony
George estava já a postos para querer voltar a ser o dono da categoria, estando
até preparado para fazer uma oferta, o que seria um retrocesso tremendo para a
IRL. Felizmente, a nova administração já avisou para George tirar o cavalinho
da chuva, o que foi um ponto positivo, mas que não serve para elevar muito o
moral da Indycar, mostrando que este ano de renovação não conseguiu atingir
todos os objetivos propostos...