quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – SETEMBRO DE 1995

            E aqui estamos com mais uma coluna do meu arquivo. Desta vez é do texto que escrevi ao fim do mês de setembro de 1995, com algumas das novidades do mercado de pilotos naquele ano e das últimas disputas de pista do campeonato. Boa leitura...

DERROTAS E VITÓRIAS!
 
Adriano de Avance Moreno
            Terminado o Grande Prêmio de Portugal, a F-1 não descansou. Com o Grande Prêmio da Europa a ser disputado já neste novo fim de semana, as equipes começaram a se preparar para mais esta nova etapa do campeonato, que será disputada apenas 7 dias após o último GP.
            Mas o ambiente da F-1 ultimamente anda pegando fogo. Desde a disputa por um lugar no ano que vem até as corridas do atual campeonato, houve boas brigas, com perdedores e vencedores em vários quesitos. Damon Hill, no momento, após declarar que “só um milagre poderia lhe dar o título”, parece já ter assumido a derrota para Michael Schumacher, o que pode facilitar as coisas para o alemão daqui para frente, faltando apenas 4 etapas para fechar o campeonato. Hill, que no começo do ano era tido como o maior favorito ao título, parece ter perdido o embalo com a reação de Schumacher a partir do GP da Espanha. Já o piloto alemão, por sua vez, prefere adotar a cautela, pois o campeonato ainda está em aberto, o que pode reservar surpresas até para ele. Mas será difícil Michael perder o bicampeonato, embora no momento, o seu maior adversário, Damon Hill, possa aparentemente ter desistido ou não, da luta. No balanço geral do GP de Portugal, Schumacher ganhou mais uma parada com Hill, derrotando o inglês. Hill acabou arriscando na tática de apenas 2 paradas e não deu o resultado esperado.
            David Couthard, finalmente, fez uma corrida sem cometer nenhum erro. Largou na pole e só perdeu a liderança por algumas voltas na corrida, após o seu 2º pit stop, para Damon Hill. A primeira vitória do escocês serviu para apagar o fiasco de Monza, onde Couthard rodou na volta de apresentação, e bateu o carro, sozinho. Sua sorte foi a nova largada, e depois de 12 voltas, acabou rodando sozinho na entrada das Curvas Di Lesmo. O resultado no Estoril foi uma vitória em todos os sentidos. Não só confirmou o talento do escocês, que até o atual momento do campeonato não parecia corresponder às perspectivas criadas em 94. Como ele praticamente garantiu sua vaga na McLaren para 95, após o anúncio oficial de Alain Prost ter desistido de retornar à F-1, veremos Couthard em novo time na próxima temporada.
            No quesito classificação, o vitorioso do fim de semana foi Heinz-Harald Frentzen. Com uma fantástica 5ª posição no grid de largada, Frentzen mostrou todo o seu talento; e para confirmar apenas o fato de não ter sido apenas rápido nos treinos, ele acabou largando em último do box, devido a uma rodada na primeira largada, que foi abortada pela capotagem de Ukyo Katayama, e ainda terminou em 6º, depois de uma prova cheia de garra.
            Rubens Barrichello foi outro derrotado do fim de semana e até ficou surpreso com os acontecimentos que se desenrolaram depois, especialmente no tocante à contratação de seu companheiro de equipe, Eddie Irvinne, para ser o companheiro de Michael Schumacher na Ferrari em 1996. Irvinne já tinha renovado o seu contrato com a Jordan para 96, assim como o piloto brasileiro. A Ferrari pagou cerca de US$ 5 milhões à Jordan pela rescisão de contrato do irlandês com a escuderia.
Esta notícia caiu como uma bomba no paddock do Estoril na terça-feira. Todos ficaram surpresos com a contratação de Irvinne pela escuderia italiana, e a maioria não entendeu porque a Ferrari deixou de lado Barrichello, que tinha a preferência do diretor Jean Todt, para ficar com o irlandês, tendo inclusive de pagar essa multa contratual. Tudo indica que Schumacher teve sua vontade reconhecida pela cúpula da FIAT, ao barrar o piloto brasileiro, alegando que ele seria incompetente para acertar carros e não saber trabalhar em uma equipe de ponta. Outro indício que colabora neste sentido foi o fato de que o piloto alemão levou um pito da Ferrari, que mandou que ele ficasse quieto. E como Schumacher parou de falar, suspeita-se que houve uma troca de favores. Michael vinha reclamando da forma como a Ferrari estava estudando a escolha do segundo piloto da equipe, e começou a criticar a escuderia.
Outro que acabou entrando de gaiato nesta história e não achou nada bom foi Martin Brundle. Ele tinha sido contratado pela Ferrari, e tinha sido informado de que havia fortes chances de ficar com a segunda vaga na escuderia. Depois, sem mais nem menos, recebeu um telefonema dizendo que o lugar já havia sido preenchido, e que não poderiam fazer mais nada.
Neste momento, é fácil apontar perdedores e ganhadores, mas será preciso ver como a situação se desenrolará no ano que vem para se confirmar quem saiu perdendo e quem saiu ganhando realmente. Irvinne pode brilhar na Ferrari, como também pode se afundar nela, caso a escuderia não consiga a competitividade que almeja. Nada indica que a McLaren também volte a disputar o título em 96, e talvez nem mesmo as vitórias possam voltar a surgir, mas tudo caminha para uma melhora de performance. Na Jordan, tudo deve melhorar. A equipe aprendeu muito nesta temporada, assim como a Peugeot, que poderão ajudar o time a subir para o topo, junto às escuderias vencedoras, o que não foi conseguido este ano. E Frentzen com a Sauber terão horizontes mais amplos com o novo motor Ford Zetec-S V-10 que será utilizado com exclusividade pela equipe suíça. Vamos ver...



Disputa-se no próximo domingo mais um GP da Europa de F-1. Em 94, a vitória foi de Michael Schumacher, quando o GP foi disputado em Jerez de La Fronteira, na Espanha. Este ano, o GP será disputado no novo circuito de Nurburgring, na Alemanha. O último GP de F-1 disputado neste circuito foi em 1985, como GP da Alemanha, e teve vitória da Ferrari, com Michele Alboreto.



David Couthard protagonizou a maior palhaçada do ano na F-1. Cometeu a proeza de rodar e bater o carro na volta de apresentação, quando a velocidade dos carros é menos da metade da velocidade normal em ritmo de corrida. Algo parecido aconteceu com Alain Prost em San Marino em 1991, quando o piloto francês não conseguiu largar depois de rodar e sair da pista na volta de apresentação. Mas Prost tinha um atenuante: caía uma chuva torrencial naquela hora. Couthard rodou com pista seca e sol forte...

Ukyo Katayama parece ter incorporado o “estilo Nakajima” na largada do GP de Portugal. O piloto japonês deu um toque na roda dianteira da Minardi de Luca Badoer e foi catapultado para cima, numa capotagem espetacular, batendo de ambos os lados da pista e destruindo o carro quase por completo. A última vez que houve tamanho pânico numa largada foi em 1989, em Paul Ricard, na França, quando Maurício Gugelmim voou por cima de vários carros na feeada para a primeira curva, no GP da França daquele ano. Felizmente, ninguém saiu ferido em ambas as ocasiões, só alguns carros ficaram bem avariados...

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