quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – OUTUBRO DE 1995 - I

            Continuando a trazer as minhas antigas colunas de automobilismo, eis aqui a primeira coluna escrita no mês de outubro de 1995. A partir desta coluna, com raras exceções, sua periodicidade passou a ser semanal, com maior agilidade no tratamento dos assuntos em voga no meio automobilístico, prosseguindo neste formato de publicação até os dias de hoje, mais de 15 anos depois. Realmente, o tempo passa rápido, quando olhamos para traz. O assunto na coluna era o andamento do campeonato de F-1 daquele ano, que praticamente já havia “acabado” depois do que se viu na pista de Nurburgring, na Alemanha. Embora ainda não tivesse fechado a conta matematicamente, todos já saudavam Michael Schumacher como bicampeão da categoria. Uma boa leitura para todos...

ACABOU O CAMPEONATO

Adriano de Avance Moreno

            Opinião unânime sobre o GP da Europa, disputado no último domingo, em Nurburgring: foi a melhor corrida da temporada, e uma das melhores dos últimos anos. A prova, que encerrou a temporada européia da F-1 em 95 foi recheada de emoções a cada volta e teve um final bem disputado.
            Michael Schumacher venceu a corrida, e de quebra, praticamente encerrou o campeonato, abrindo 27 pontos de vantagem sobre Damon Hill. Faltando apenas 3 corridas e tendo apenas mais 30 pontos em jogo, só o inesperado pode impedir que o alemão chegue ao bicampeonato de F-1 este ano. Damon Hill mais uma vez acabou sendo o pior inimigo de si próprio. O inglês fazia uma prova cheia de garra e impecável, até alcançar Jean Alesi e disputar uma freada no lugar errado para se tentar uma ultrapassagem. Alesi manteve sua trajetória, e o inglês perdeu o bico de sua Williams. Com o carro reparado, iniciou sua cavalgada de recuperação dos primeiros lugares, e quando estava com Couthard na sua alça de mira, errou de novo, saindo da pista e batendo o carro, dando adeus à corrida, e praticamente, à luta pelo título.
            Schumacher fazia uma prova memorável. Suportou a forte pressão de Hill, foi ultrapassado por ele mas conseguiu reaver a posição, alcançou Alesi quando parecia já não haver mais chances, ultrapassou o francês da Ferrari a 2 voltas do final e conquistou sua 2ª vitória consecutiva em terras alemãs – ele venceu também o GP da Alemanha deste ano. A torcida de Schumacher lotou Nurburgring, que fica a apenas 60 Km de Kerpen, cidade natal do campeão mundial. O público, apenas no domingo, foi estimado em 200 mil pessoas. Do número de espectadores ao show mostrado na pista, foi um GP digno para encerrar a fase européia da F-1 em 95.
Agora, a F-1 segue para o Oriente. Dia 22, teremos o GP do Pacífico, a ser disputado em Ainda, no Japão. Apenas uma semana depois, ainda em terras nipônicas, a F-1 desembarca em Suzuka, para o GP do Japão; e depois segue para Adelaide, na Austrállia, para a prova de encerramento do campeonato. E que ninguém duvide que, decidindo ou não o campeonato, estas provas finais já irão oferecer emoções bem fortes.
Rubens Barrichello fez sua melhor prova na temporada de 95. Mesmo com uma forte gripe e com uma posição desfavorável no grid, o piloto brasileiro mostrou novamente todo o seu talento ao volante de seu carro, que apesar de não apresentar problemas, não mostrou a competitividade esperada. Rubinho fez uma largada relâmpago, pulando da 11ª posição para o 7º lugar apenas na primeira volta. Até a pista secar e ele fazer seu primeiro pit stop, disputava posição com Alesi. Depois dos pit stops, foi à caça de Eddie Irvinne e Johnny Herbert, que digladiavam-se pela posição e acabaram se enroscando e saindo da pista. A Jordan cruzou a linha de chegada em 4º com o brasileiro.
Alesi foi, ao lado de Schumacher, a grande estrela da corrida. Até seu único pit stop, Alesi dominou a corrida assim que assumiu a liderança, chegando a abrir 45s de vantagem para os demais. Depois da troca de pneus, entretanto, sua Ferrari não repetiu a mesma performance, e Schumacher se aproximou, a ponto de ultrapassá-lo a menos de 2 voltas para o fim da prova. O alemão teve sua vida facilitada pelos retardatários, que atrasaram Alesi e até o fizeram sair reto numa chicane, fazendo o piloto francês perder 5s e permitindo a aproximação definitiva de Schumacher. A disputa foi dura, mas limpa, para delírio dos torcedores, que viram seu ídolo ganhar a liderança e a corrida em um final empolgante, como há muito não se via.
O outro alemão da casa, Heinz-Harald Frentzen, também estava dando o seu show, até cruzar com Pedro Paulo Diniz. Numa tentativa errada de ultrapassagem, acabou se enroscando com o brasileiro e saindo da pista, abandonando a corrida, enquanto Diniz seguia na prova. Os alemães protestaram, mas foi um incidente normal de corrida, e Frentzen perdeu chance de repartir com Schumacher as atenções dos torcedores pelo restante da corrida.
Agora que a temporada européia da F-1 terminou, começam a serem veiculadas as possíveis mudanças para o ano que vem. A mais nova é a eliminação do treino de classificação da sexta-feira. O treino de sábado seria o único. Esta é uma decisão quase certa. Já as regras do treino ainda estão em aberto. Começou também a divulgação, em caráter provisório, do calendário de 96, que terá 16 provas; e as contratações finais das equipes médias. As equipes de ponta e a maioria dos times médios já definiram seus pilotos. Mas nessas negociações tudo pode acontecer, portanto, surpresas não podem ser descartadas.
Pedro Paulo Diniz está estudando uma nova equipe para 96, e as chances estão na Arrows, Ligier e Sauber. E os brasileiros Tarso Marques e Ricardo Rosset, que disputaram o campeonato de F-3000 este ano, também estão de olho na F-1 para 96. Para completar, a DAMS, escuderia de ponta da F-3000, prepara seu ingresso na F-1 em 96. Seu carro deve ser apresentado nos próximos dias, e Erik Comas já está escalado para ser um dos pilotos da equipe. Com isso, os grids deverão voltar a ter os 26 lugares completos. Isso mostra que a F-1, ao contrário do que muitos andam especulando, não está perdendo a sua importância e atratividade. Muito pelo contrário...Ainda bem.


A Mercedes gastou cerca de US$ 3 milhões na construção de uma tribuna e vários camarotes Vips para inúmeros convidados no GP da Europa, disputado em Nurburgring. O resultado na pista foi um fiasco. Mika Hakkinem chegou a ser superado na pista por Pedro Paulo Diniz, e custou muito a recuperar a posição perdida para o piloto da Forti Corse.


 
No último fim de semana, a PacWest, equipe do piloto brasileiro Mauricio Gugelmim, convidou a imprensa especializada para testar o carro do piloto brasileiro em um circuito provisório montado nas pistas do aeroporto da cidade de Columbus, Ohio. Entre os brasileiros, estiveram presentes Téo José, narrador das provas da F-Indy na TVS; Mauro Tagliaferri, da Folha de São Paulo; e Mair Pena Neto, do Jornal do Brasil. Todos gostaram muito da experiência, e é claro, deram várias rodadas com o carro Reynard S951 Ford...


A DAMS é mais uma equipe da F-3000 a tentar a sorte na F-1. Desde a temporada de 88, inúmeras equipes da categoria vieram para a F-1: Scuderia Itália (Dallara), Jordan, Pacific, e Forti Corse.

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