sábado, 15 de outubro de 2011

FAZENDO HISTÓRIA...

            Sebastián Vettel entra para a história da F-1 como o mais jovem bicampeão de todos os tempos. Com apenas 24 anos, 3 meses e 6 dias, o jovem alemão nascido em Heppenhein, um pequeno lugarejo da Alemanha, continua quebrando todos os recordes de precocidade na categoria, atingindo um currículo numa altura da vida em que muitos campeões da história da F-1 sequer haviam estreado no certame. O 3° lugar obtido em Suzuka, domingo passado, foi mais do que suficiente para sacramentar a conquista do título. Jenson Button, em outra corrida eficiente, foi o melhor piloto da prova japonesa, obtendo seu 3° triunfo da temporada, mas todos os holofotes estavam mesmo voltados para o prodígio da equipe Red Bull, que desde que chegou à equipe, há 3 anos, nunca terminou um campeonato abaixo da 2ª colocação (em 2009, seu ano de estréia, e foi campeão em 2010).
            Tendo estreado aos 7 anos em corridas de kart, Vettel começou a mostrar do que era capaz em 2004, quando foi campeão da F-BMW alemã com nada menos do que 18 vitórias em 20 etapas disputadas. Em seguida, passou a correr na F-3 Européia, de onde passou a ser visado pela BMW, passando a fazer parte da escuderia de F-1 da fábrica como piloto de testes. Em 2007, estreou finalmente em competição na F-1 ao substituir o acidentado polonês Robert Kubica no GP dos Estados Unidos. Kubica havia sofrido uma forte batida na corrida anterior, no Canadá, e embora não tenha sofrido ferimentos, foi vetado pelos médicos de correr devido ao pouco tempo entre as provas. Vettel fez uma estréia com o pé direito, chegando em 8° lugar e tornando-se o mais jovem piloto a pontuar na categoria. Ainda em 2007, foi cedido para a Toro Rosso, que substituiu o americano Scott Speed, e novamente Vettel mostrou do que era capaz no GP da China, chegando em 4° lugar numa corrida debaixo de chuva. Tendo sido “apenas emprestado” à Toro Rosso, não demorou para a Red Bull, dona da equipe italiana, arrebatar o rapaz em definitivo, o que deve ter causado grande frustração aos alemães, se soubessem o que estavam perdendo. Por outro lado, como a BMW pulou fora da F-1, para Vettel, foi um grande negócio ir para a Red Bull, mesmo ainda guiando a Toro Rosso.
            Em 2008, a equipe teve um carro bem competitivo, capaz de proporcionar alguns bons desempenhos, chegando até mesmo a superar os carros da equipe matriz. E Vettel soube fazer muito bom uso disso, em especial no GP da Itália daquele ano, onde debaixo de chuva novamente, conquistou sua primeira pole-position, um feito para o time italiano. Maior feito ainda seria visto na corrida, com o jovem alemão vencendo a corrida de ponta a ponta, como se guiasse um carro de equipe grande. Naquela prova, Sebastian carimbava definitivamente o seu ingresso na equipe matriz, que já tinha anunciado a aposentadoria de David Couthard.
            E Vettel também deu sorte pelo momento certo: contratado a peso de ouro pela Red Bull, o projetista Adrian Newey proporcionou uma revolução no departamento técnico do time austríaco, e seus primeiros efeitos concretos seriam sentidos justamente em 2009, o primeiro de Vettel no time. Dispondo do que era considerado melhor carro depois do surpreendente modelo BGP-001 da Brawn, Vettel repetiu a vitória, e ao longo do ano foi mostrando todo o seu talento, conquistando novos triunfos a ponto de, na reta final do campeonato, em Abu Dhabi, conquistar o vice-campeonato. No ano seguinte, novamente com um carro de ponta em suas mãos, Vettel teve talvez o seu mais conturbado ano na sua curta carreira na F-1. Cometendo erros crassos em algumas corridas, e sofrendo com a falta de fiabilidade do modelo RB06 em outras, o jovem alemão chegou à etapa final, novamente em Abu Dhabi, como azarão, mas conseguindo conquistar o título quando todos já imaginavam ver Fernando Alonso novamente campeão.
            O título trouxe uma paz e calma que aparentemente estavam faltando para Vettel conseguir deslanchar seu talento. E foi o que fez este ano: ao volante do RB07, mais um carro vencedor projetado por Adrian Newey, Vettel faturou nada menos do que 9 vitórias em 15 corridas disputadas até aqui. Um desempenho surpreendente se levarmos em conta que seu pior resultado este ano foi “apenas” um 4° lugar no GP da Alemanha, e o 3° lugar obtido em Suzuka foi o seu 2° pior resultado na temporada. E com apenas um erro cometido em corrida até agora, no Canadá, quando rodou na última volta, sob pressão de Jenson Button e perdendo mais uma vitória, mas terminando a prova em Montreal em 2° lugar. Um desempenho para calar a boca de muita gente. Mas, se é verdade que Vettel mostrou muito talento, não se pode negar que ter o melhor carro da categoria nas mãos é uma grande vantagem. Mas, se formos comparar os resultados obtidos por Mark Webber, companheiro de Vettel na Red Bull, podemos ver o quanto Sebastian foi superior ao australiano, que mesmo tendo um carro igual, até agora não conseguiu vencer uma corrida sequer no ano, e luta para conseguir, sequer, ser vice-campeão.
            A F-1 chegou à Coréia do Sul, e foi aqui neste circuito que Vettel teve o seu último resultado negativo de sua carreira na F-1: ele abandonou a corrida a poucas voltas do final com um motor quebrado. De lá para cá, não teve mais nenhum abandono, terminando todas as corridas entre os primeiros. E, com 4 corridas ainda neste campeonato, que ninguém duvide que Vettel irá atrás de mais vitórias. Já são 12 poles este ano, contra apenas 3 de Mark Webber. No currículo, Vettel já tem 19 vitórias, 27 poles, 33 pódios e 705 pontos acumulados, em apenas 77 GPs disputados. Já são números expressivos para tão curta carreira. Pior para a concorrência é que estes números deverão aumentar muito nos próximos anos.
            Com a Red Bull mantendo sua base técnica atual, com Adrian Newey no comando de sua área de projetos até 2015, no mínimo, podemos supor que a escuderia, salvo algum desastre, terá pelo menos mais 4 anos de status de ponta. Se repetir a forma deste ano pelas próximas 4 temporadas, Vettel tem tudo para conseguir, potencialmente, igualar o heptacampeonato de Michael Schumacher, algo que muitos consideravam impossível de ser repetido. Mas é bom lembrar que, até conseguir tal feito, muitos diziam que era impossível conseguir igualar o pentacampeonato de Juan Manuel Fangio. Schumacher não apenas igualou, como foi além. Vettel será capaz de igualar ou ir além também, como fez seu ídolo? Devido à sua pouca idade, e se estiver no lugar certo na hora certa, terá tudo para conseguir isso, e fazer história na F-1, como Schumacher fez na década passada.
            Não dá para saber se a Red Bull dominará ou não nos próximos anos. A concorrência não vai ficar parada. Fica a dúvida se o mais jovem bicampeão da categoria conseguirá brilhar com facilidade quando tiver uma concorrência mais renhida nas pistas. Mas, se ele mantiver a cabeça no lugar, e souber fazer aflorar o seu grande talento, com certeza saberá lidar com isso.
            No momento, só podemos mesmo congratular Sebastian por seu bicampeonato. Parabéns, Vettel!


A Indy Racing League chegou a Lãs Vegas para sua última corrida da temporada, e com a definição do título em aberto entre Will Power e Dario Franchiti. O australiano da Penske parecia ter revertido sua sorte nas últimas etapas, mas um desempenho desastroso na prova do Kentucky devolveu o favoritismo ao escocês da Ganassi, que tem novamente tudo para sagrar-se novamente campeão da categoria, feito inédito em sua curta história, pois seria o 4° título do piloto. A situação só fica ainda mais difícil para Power por se tratar de um circuito oval, onde o piloto até agora não conseguiu mostrar a mesma desenvoltura do rival. Franchiti, com 18 pontos de vantagem sobre Power, pode tentar correr na marcação direta em cima do rival, mas é uma postura arriscada. Dependendo do acerto conseguido nos treinos, a Ganassi deverá definir sua estratégia de corrida. Se tiverem um bom ajuste para o circuito, Franchiti deverá lutar pela vitória. Mesmo tendo melhor retrospecto neste tipo de pista, Franchiti não pode se deixar levar pelo entusiasmo, pois corridas em ovais muitas vezes podem ser uma completa loteria. Certo mesmo é que Power ficará duplamente frustrado por perder o título duas vezes na corrida final, para o mesmo piloto, em caso de derrota...

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