quarta-feira, 19 de outubro de 2011

ARQUIVO PISTA & BOX – JANEIRO DE 1995

            Dando seguimento à publicação de minhas antigas colunas, eis a primeira do já distante ano de 1995, com algumas das expectativas a respeito do que esperar da nova temporada da F-1. Boa leitura a todos...


E COMEÇOU 95...



Adriano de Avance Moreno

            Começou a corrida pelo campeonato de 1995 na Fórmula 1. A Jordan foi a primeira escuderia a apresentar o seu modelo deste ano, o EJ195, seguida da Benetton, que mostrou o novo B195. Tanto Benetton e Jordan tem duas coisas em comum: ambas eram equipes médias há alguns anos. A Benetton, desde que assumiu a antiga Toleman em fins de 1985, só veio a consolidar sua posição de equipe de ponta em 1990. De lá para cá, apesar de alguns altos e baixos, andou sempre na frente, apesar de apenas em 1994 ter exercido um forte domínio. De 1986 a 1989, o time das confecções italianas passou por um período de crescimento, igual ao que a Jordan vem experimentando nestes 4 anos desde que estreou na categoria. O time de Eddie Jordan agora parece ter a chance de entrar para o grupo de elite da F-1.

            E temos um novo time na categoria máxima do automobilismo: a Forti Corse, que já nasce bem estruturada e com um orçamento razoável, e alguns patrocinadores fortes, o que leva a crer que o novo time tem tudo para repetir o excelente desempenho inicial que a Jordan mostrou em sua estréia na F-1, em 1991. O carro é simples, assinado pelo projetista Sérgio Rinland, um projetista de renome na categoria. Mas as expectativas são sóbrias, e a equipe disse que este deve ser um ano de aprendizado. Isso é bom pelo motivo de que tudo o que a escuderia conseguir este ano será considerado lucro, com a intenção de fazer vôos mais altos em 1996.

            Infelizmente, se a F-1 ganhou uma nova equipe, também perdeu uma do fim de 94 para cá. A Lótus, time mais tradicional da história da categoria, depois da Ferrari, faliu. O fim da escuderia foi um fato que entristeceu a todos na F-1, mas a situação da escuderia em seus últimos dias na categoria era tão precária que dava dó ver que aqueles carros tão desajeitados foram feitos por um time que já foi um dia sinônimo de F-1. tal qual a Ferrari. A temporada de 1994 foi a primeira, desde que estreou no mundial, em 1958, em que o time fundado por Colin Chapmam ficou praticamente sem conseguir marcar pontos.

            A saída da escuderia deixa um vazio na F-1. Situação semelhante foi vista em 1992, quando a equipe Brabham deu adeus às pistas de forma tão lamentável quanto a da Lótus: ambos eram times tradicionais da história da F-1, fundados por pessoas que fizeram nome em sua história no automobilismo internacional, e que marcaram uma F-1 em uma época muito diferente da atual.

            Isso só vem comprovar que, nestes tempos atuais, a F-1 é, mais do que tudo, um negócio. Há o esporte ainda, mas sem uma administração competente, até o mais poderoso de todos os times pode desaparecer. O da Lótus foi um destes tristes casos, concluindo um lento e doloroso processo de decadência iniciado na década passada. Esperamos ainda que uma possível volta da Lótus à F-1 em 1996 ainda seja possível, mas isso parece algo que será muito difícil de se realizar, mas a esperança é a última que morre...

            Enquanto isso, a novela sobre Nigel Mansell teve terminar em breve, e a única opção possível para o campeão de 1992 a esta altura é a McLaren. Até que tudo se esclareça, contudo, todos ficam na expectativa. A Williams preferiu esnobar Mansell novamente, a exemplo do que fizeram em 1992. David Couthard foi uma opção bem mais cômoda e econômica para Frank Williams.

            Christian Fittipaldi também deve anunciar nos próximos dias o seu destino em 95. As chances de ele acertar com a Tyrrel são grandes, mas a Arrows também está reservando um lugar para abrigar o brasileiro. A opção de qual time vai ficar com o sobrinho de Émerson Fittipaldi deve ser tomada em breve, e o contrato deve ser assinado em poucos dias.

            Quanto às demais especulações sobre o próximo mundial, tudo ainda está em aberto. Apenas quando as demais escuderias colocarem seus novos carros na pista, poderemos ter uma noção do que cada time será capaz de fazer neste campeonato. As únicas escuderias a mostrarem seus bólidos até agora, Benetton, Jordan, e Forti Corse, esbanjam otimismo, mas isso apenas não é o suficiente para se manter na F-1. Vamos esperar para ver o que os outros times vão apresentar para este ano. Ferrari, Williams e McLaren também devem mostrar grande otimismo para este ano.


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