Álex Márquez venceu a primeira corrida na MotoGP em Jerez de La Frontera, e reassumiu a liderança do campeonato.
A temporada 2025 da
MotoGP segue conforme era esperado, e estamos vendo o domínio da Ducati se
repetir, tal como aconteceu nos últimos anos, uma vez que as marcas
concorrentes não se encontram capazes de oferecer oposição à altura, pelo menos
com a constância necessária para efetivamente ameaçar o domínio da marca
italiana na classe rainha do motociclismo.
O que não quer dizer que a MotoGP não esteja oferecendo alguns atrativos interessantes para quem curte mais as corridas do que a temporada em si. E domingo passado, na etapa de Jerez de La Frontera, tivemos um novo vencedor na competição: ninguém menos que Álex Márquez, o irmão mais novo de Marc Márquez, hexacampeão da categoria. É a primeira vez que irmãos se tornam vencedores na história da classe rainha do motociclismo, repetindo o feito já ocorrido na F-1, quando Michael Schumacher e seu irmão Ralf se tornaram os primeiros irmãos vencedores de Grandes Prêmios na categoria máxima do automobilismo.
Não que a F-1 já não tivesse tido irmãos competindo, mas alcançar o sucesso de vencer corridas é outra história. Nos anos 1970, tivemos o exemplo dos irmãos Rodriguez no México, mas apenas Pedro venceu GPs, enquanto seu irmão Ricardo passou em branco na história da competição. E nos anos 1980, Teo Fabi e seu irmão Corrado participaram da F-1, mas nenhum deles venceu corridas. E, claro, temos o exemplo nacional de Wilsinho e Émerson Fittipaldi, onde apenas Émerson alcançou a glória na categoria, sendo até bicampeão mundial, enquanto seu irmão mais velho Wilsinho fez apenas figuração.
E agora, é a vez da MotoGP ter dois irmãos com vitórias na competição. Se Marc Márquez, o irmão mais velho, dispensa apresentações, tendo estreado no início da década passada na classe rainha e arrasado os rivais em várias temporadas em que foi campeão, tornando-se um dos maiores nomes do motociclismo mundial, agora é a vez de seu irmão mais novo, Álex, trilhar o caminho do sucesso na categoria.
Marc felicita o irmão caçula pela vitória. Os irmãos são os primeiros vencedores em família na MotoGP. E como ficará a briga pelo título entre ambos?
A primeira vitória na
MotoGP veio com um pouco de sorte, e talento, claro. A sorte foi a queda de seu
irmão Marc Márquez, o favorito na competição, caindo lá para trás e tendo de
fazer uma prova de recuperação. Mas o talento veio na superação do duelo com
Francesco Bagnaia, companheiro de Marc na Ducati, e de Fabio Quartararo, da
Yamaha. Com determinação e cuidado, Álex levou sua Desmosédici ao ataque,
conseguindo superar os dois rivais na pista e comemorar o primeiro triunfo da
carreira. É verdade que ele já tinha vitória em corrida sprint, mas é a corrida
de domingo que entra nas estatísticas oficiais da competição.
Não há como negar que Álex tem sido um dos destaques da temporada. O piloto da Gresini tem frequentado assiduamente o pódio, quase sempre na 2ª posição, e tendo até batalhado com o irmão mais velho a vitória em algumas provas, mas só domingo passado ele desencantou mesmo, e subiu ao degrau mais alto do pódio, feito que claramente foi comemorado por Marc. E reforçando a impressão de que poderemos ter um duelo entre os irmãos Márquez pelo título da temporada. Pode até parecer meio exagerado, mas também não é improvável de acontecer. Afinal, Álex conta na Gresini com a moto GP24, que foi campeã no ano passado com Jorge Martin, que defendia a Pramac, time satélite da Ducati, que se tornou a primeira escuderia na atual era da MotoGP a ser campeã como satélite de uma marca, tendo superado Francesco Bagnaia, que corria pelo time oficial da marca italiana. E, até o presente momento, a moto GP25 não demonstrou uma superioridade tão grande em relação ao modelo de 2024, lembrando até que, por questão de confiabilidade, diante do congelamento imposto pelo regulamento da competição, a Ducati manteve o motor de 2024, diante das incertezas que o propulsor deste ano trazia, cuja performance não era tão distinta do propulsor do ano passado, de modo a justificar sua adoção.
É claro que aqui fica a questão? Álex vai deslanchar na competição? Ou o triunfo será meio fogo de palha? Algo do momento, e que vai se repetir apenas esporadicamente? Até aqui, Álex não mostrou ter o mesmo nível de talento do irmão mais velho, o que não quer dizer que ele não possa fazer sucesso na MotoGP. Só quer dizer que ninguém pode esperar que ele vá colecionar vitórias e títulos como Marc já fez, e ainda pode fazer. O que não quer dizer que não possa vencer mais corridas, e até disputar e ganhar um campeonato.
A disputa entre os irmãos pela vitória já aconteceu em algumas provas este ano, mas Marc Márquez sempre tinha saído vencedor.
Na F-1, logo ficou
claro que Ralf Schumacher era talentoso, mas não um gênio como seu irmão mais
velho Michael. E Ralf, mesmo depois de começar a vencer corridas, não conseguiu
se estabelecer como um piloto de ponta. Ele estreou em 1997 na Jordan, um time
médio, com capacidade até de vencer uma corrida aqui e ali, mas de forma
ocasional, e excepcional. Mesmo quando se mudou para a Williams em 1999,
demorou até 2001, quando o time de Frank Williams voltou a ter um carro
realmente competitivo, para ele vencer suas primeiras corridas. Ele venceu
provas também em 2002 e 2003, mas diante da hegemonia da Ferrari, e de seu
irmão mais velho, ele não conseguiu “decolar” como líder da Williams, tanto que
após a temporada de 2004, quando não conseguiu vencer nenhuma corrida, ele
perdeu seu lugar no time inglês, indo para a Toyota, que também nunca conseguiu
brigar pelas primeiras posições, e acabou deixando a competição ao fim da temporada
de 2007, com míseras 6 vitórias em corridas, praticamente nada diante das 91
vitórias obtidas pelo irmão mais velho, para não falar de seus sete títulos.
Ralf nunca conseguiu se livrar da alcunha de “little” Schummy, ou o irmão menor
de Schumacher.
Na MotoGP, contudo, Álex pode ter melhores chances de escapar de ser considerado “apenas” o irmão caçula de Marc Márquez. Ele dispõe de uma moto competitiva, e de um time que já conseguiu surpreender na competição em momentos passados, e parece disposta a reviver estes momentos. No ano passado, no mesmo time, o próprio Marc foi uma das sensações da temporada, terminando em 3º lugar, e ficando atrás apenas da dupla postulante do título, Jorge Martin e Francesco Bagnaia, conseguindo vencer corridas, e quase até se metendo na disputa pelo título. Não fosse ter passado parte do início da temporada se adaptando à nova moto Ducati, depois de mais de uma década pilotando para a Honda, Marc poderia até ter entrado firme na disputa pelo título. Mas, mesmo sendo novato no time, Marc superou Álex com relativa facilidade, já que o irmão mais novo terminou a temporada apenas na 8ª colocação.
Claro que demorou até Álex ter em mãos um equipamento competitivo. Ele estreou na classe rainha do motociclismo em 2020, logo no time de fábrica da Honda, mas a marca já vivia problemas com uma moto instável, da qual só Marc Márquez conseguia domar o equipamento e tirar resultados competitivos. Mas o “Formiga Atômica” se acidentou logo na primeira prova daquele ano anormal onde explodiu a pandemia da Covid-19, ficando de fora da competição. Álex pouco pode fazer com o equipamento, obtendo apenas um ou outro resultado mais relevante. Ele acabou rebaixado para o time satélite da Honda, a LCR, onde podia correr sem maiores pressões, mas também onde não conseguiu bons resultados diante da queda de performance da moto japonesa. Depois de penar por lá em 2021 e 2022, onde terminou em 16º e 17º, respectivamente, ele mudou-se para a Gresini em 2023, onde teve acesso a uma moto mais competitiva, a Ducati, e os resultados começaram a aparecer, terminando o ano em 9º lugar. No ano passado, o jovem acabou ofuscado pelo irmão mais velho no time, com Marc terminando o ano em 3º, e Álex em 8º, mesmo sendo mais experiente com a moto italiana, o que comprova o talento maior de Marc em relação ao irmão.
Mas este ano, Álex
subiu de nível, e está no páreo, até o presente momento, da briga pelo título,
que pelo que se viu até aqui, possui apenas três pilotos que podem ser
candidatos sérios a brigar pelo campeonato, que é Marc Márquez e Francesco
Bagnaia, do time oficial da Ducati, e justamente Álex Márquez, da Gresini. Os
demais pilotos, salvo uma mudança de panorama inesperada, devem ocupar posições
secundárias no campeonato, podendo brilhar, mas dificilmente entrando no duelo
pelo título, como Quartararo e a Yamaha, que ainda não conseguiram recuperar o
desempenho a tempo integral para voltarem a desafiar as Desmosédicis. O duelo,
contudo, não deverá ser fácil. Marc vem dominando a competição, e só perde para
ele mesmo, uma vez que as quedas que o impediram de vencer foram decorrentes de
erros do próprio piloto, e não de problemas alheios. E mesmo assim, o
hexacampeão está apenas 1 ponto atrás na classificação, mostrando como a tarefa
do irmão caçula é complicada.
E não se pode ignorar “Pecco” Bagnaia, que ainda não despontou a contento na temporada, mas tem todas as condições de virar o jogo, e complicar a disputa. E, como bicampeão, e defendendo o time oficial, Bagnaia tem a obrigação de melhorar de nível, já que saiu com a reputação arranhada no ano passado, quando perdeu a disputa para Jorge Martin, e certamente não vai querer repetir a dose, seja para o companheiro de time, ou para o piloto da Gresini. De qualquer forma, a expectativa em torno de mais um título da família Márquez vem crescendo a cada etapa. Na década passada, Marc Márquez passou feito um rolo compressor por cima da concorrência, conquistando seis títulos em sete temporadas na competição, e depois de passar pelos percalços físicos e de competitividade da Honda desde 2020, a “Formiga Atômica” está de volta ao melhor time, e à melhor moto da categoria, prometendo reviver aqueles tempos onde mandava na competição. E, se não for ele, tem o irmão Álex para brigar pelo título, no que pode ser um campeonato a ser decidido pela primeira vez entre dois irmãos, numa briga em família, numa categoria TOP do mundo do esporte a motor.
Acredito que o mais próximo que tivemos de algo assim, no mundo do esporte a motor, foi na antiga F-Indy, em 1985, quando a disputa do título da competição se deu entre Al Unser, e seu filho Al Unser Jr. E deu o pai, campeão por apenas 1 ponto, sobre o filho. Será que Álex irá conseguir sobrepujar o irmão Marc na disputa pelo título da MotoGP? O que estamos vendo é que a Gresini parece ter achado um acerto da GP24 melhor até do que o acerto da GP25 do próprio time de fábrica, e Álex está fazendo seu papel na pista, e colocando pressão no irmão mais velho, numa disputa que até aqui tem se mostrado bem equilibrada, em que pese a vantagem no número de vitórias do irmão mais velho, enquanto Álex conquistou apenas a sua primeira vitória na competição. Será que a MotoGP poderá ver uma “dinastia Márquez”?
Ainda é cedo para confirmar, até porque ainda temos muito chão pela frente na temporada de 2025, mas não podemos esperar ficar surpresos se isso acontecer. Só esperemos que a decisão seja empolgante, e possamos ver ótimos duelos e disputas, e se de preferência, que o título mais uma vez saia apenas na prova de encerramento da temporada. Até lá, cruzemos os dedos para vermos uma briga emocionante, seja ou não em família...
A Formula-E está em Mônaco para a disputa de sua etapa no principado, que pela primeira vez, terá uma rodada dupla da categoria de carros monopostos elétricos na famosa pista que também é usada pela F-1. Contando com transmissão do site Grande Prêmio em seu canal do You Tube, e pelo canal pago Bandsports, as corridas terão transmissão a partir das 09:30 da manhã, pelo horário de Brasília, tanto no sábado quanto no domingo. E vamos lembrar que, diferente da corrida da F-1, as provas da F-E em Mônaco, mesmo usando o mesmo traçado, são inteiramente diferentes, com os carros elétricos a entregarem uma prova disputada, com várias ultrapassagens, e pegas, numa amostra de que, apesar das dificuldades que a pista monegasca apresenta, o problema de corridas monótonas mesmo se deve aos carros da F-1, muito mais do que o traçado. Nos últimos dois anos, a F-E mostrou uma corrida empolgante e com muitas brigas entre os pilotos, com várias trocas de posição e diversos duelos entre os pilotos na pista. E as chances de podermos ver isso novamente este ano são altas. Confiram neste final de semana, e depois, podem fazer um paralelo com a corrida da F-1 no final deste mês, para verem a diferença.
A F-1 está em Miami, para a primeira corrida nos Estados Unidos, e o clima é de expectativa para vermos o que a Red Bull poderá fazer nesta pista, onde está com várias atualizações no carro, e até mesmo um novo assoalho. Foi aqui que, no ano passado, Lando Norris obteve sua primeira vitória na competição, e onde a temporada deu uma guinada para lá de positiva, passando de uma expectativa de Max Verstappen correr sozinho, sem oposição, para um duelo muito mais empolgante e imprevisível, com a performance renovada não apenas da McLaren, mas também da Ferrari e da Mercedes, que nas corridas seguintes ajudariam a deixar a competição mais embolada, embora Verstappen nunca tenha perdido a liderança, ou o controle da disputa pelo título, pelo menos do de pilotos, já que desde então a Red Bull acabou superada na tabela de construtores, e nunca mais recuperou a dianteira. Coincidentemente, foi aqui também a primeira corrida da Red Bull após Adrian Newey anunciar sua saída da escuderia, e até então, o modelo RB20 dava a parecer que Max venceria todas as temporadas quase que com um pé nas costas. Será que o time dos energéticos conseguirá justo aqui dar a virada de que precisa para proporcionar a Verstappen as chances firmes de brigar pelo pentacampeonato mundial? A situação deste fim de semana é mais complicada, se lembrarmos que, tal como no ano passado, será uma etapa com corrida sprint, com apenas um treino livre para todos conseguirem acertar seus carros. A corrida Sprint terá largada às 13:00 Hrs. deste sábado, enquanto a corrida de domingo começará às 17:00 Hrs., tudo com transmissão ao vivo da TV Bandeirantes.
Miami é a primeira corrida da F-1 nos Estados Unidos, e vai ficar no calendário por um longo tempo, tendo renovado contrato para sediar seu GP até 2041.
A Indycar também estará na pista neste final de semana, com o GP do Alabama, no belo circuito misto de Barber Motorsport. A transmissão da corrida, ao vivo, será feita pelo Disney+, pelo canal por assinatura ESPN4, e pela TV Cultura, com largada prevista para as 14:30 Hrs. de domingo, pelo horário de Brasília. No ano passado, a Penske fez dobradinha nessa prova com Scott McLaughlin vencendo a corrida, com Will Power terminando em 2º lugar. A Penske, aliás, precisa reagir na atual temporada, uma vez que McLaughlin, o piloto mais bem classificado da escuderia, é apenas o 8º colocado na classificação, com Power e Josef Newgarden vindo logo atrás, com menos da metade dos pontos de Álex Palou, da Ganassi, o líder da temporada até aqui.
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