quarta-feira, 7 de maio de 2025

FLYING LAPS – ABRIL DE 2025

            Já chegamos ao mês de maio, um dos mais importantes do mundo do automobilismo mundial, pela disputa de provas icônicas, como as 500 Milhas de Indianápolis, e o Grande Prêmio de Mônaco de F-1. Mas nem por isso devemos deixar de lado alguns acontecimentos ocorridos neste último mês de abril, no mundo da velocidade. Por isso mesmo, como é de costume no início de cada mês, é chegada a hora de mais uma edição da Flying Laps, relatando alguns acontecimentos das competições que acabaram sendo deixadas de lado nas colunas regulares. Portanto, uma boa leitura e espero que curtam o texto, e até a próxima edição da Flying Laps, no mês que vem...

O Circuito de Homestead, em Miami, fez sua estréia no campeonato da Formula-E, e viu Pascal Werhlein sair como vencedor da corrida, que teve seus percalços no final, com vários pilotos recebendo punições por não terem feito uso devido de todo o recurso do Modo Ataque. A corrida vinha se desenrolando bem, até que uma batida causou um engavetamento numa chicane, bloqueando a passagem dos carros, e obrigando ao uso da bandeira vermelha para que os carros danificados fossem retirados do traçado. Os pilotos envolvidos foram Jake Hughes, Maximilian Günther e Mitch Evans, e isso mudou toda a prova. O safety car foi acionado e alguns momentos depois, foi dada a bandeira vermelha, paralisando a prova, que depois de tudo arrumado, foi retomada na volta 22, com relargada liderada por Antonio Félix da Costa, seguido por Pascal Wehrlein, Edoardo Mortara, Robin Frijns e Lucas Di Grassi. O problema é que restariam 4 voltas para encerrar a corrida, e todos os pilotos precisavam ainda fazer uso da segunda ativação do Modo Ataque, que deveria ser finalizado antes da bandeirada de chegada, conforme define o regulamento da competição. Mas os pilotos precisaram esperar completar a volta para poderem então acionar o recurso. Mortara tomou o segundo lugar, enquanto os pilotos ativavam o Modo Ataque, e as disputas pelas primeiras posições se tornaram frenéticas. O problema é que, com algumas exceções, como de Di Grassi, que tinha menos tempo disponível no recurso, vários pilotos não conseguiram receber a bandeirada antes que o tempo do Modo Ataque se esgotasse. Norman Nato, na prática, venceu a corrida, com Robin Frijns, Sam Bird e Oliver Rowland também perdendo posições pela punição de não terem utilizado o recurso na sua integralidade. E com isso, o triunfo caiu nas mãos do atual campeão, Pascal Wehrlein, da Porsche. E Lucas Di Grassi acabou promovido ao 2º lugar, com Antonio Félix da Costa fechando o pódio, em 3º lugar. Com a punição, Nato, da Nissan, acabou classificado apenas em 6º lugar.

 

 

Homestead substituiu a etapa de Portland dos Estados Unidos na competição da Formula-E nesta temporada, sendo que nos dois últimos anos a categoria disputou o ePrix na capital do Estado do Oregon, no tradicional circuito utilizado pela Indycar, e surpreendeu com corridas alucinantes de pelotão, com quase todos os competidores andando juntos a maior parte da corrida, com disputas e ultrapassagens frenéticas. Embora o argumento de buscar novos públicos possa ter suas razões, ninguém achou que a substituição de Portland por Homestead teria a mesma atratividade, embora a tentativa fosse válida de se buscar novas etapas para o calendário. Mas também não precisavam ter tirado Portland como fizeram. Apesar do traçado misto até interessante montado no autódromo de Miami, a prova da categoria de carros elétricos infelizmente não conseguiu empolgar o público como se esperava, e muito provavelmente não retornará no próximo campeonato, cujo calendário já está sendo montado, e deverá ser divulgado em breve, onde presume-se que deverá ser o mais longo da história da categoria, com 18 corridas. Já se estudam alternativas para onde a corrida pode migrar nos Estados Unidos, sendo que já houve provas disputadas em um circuito urbano na própria Miami, em Long Beach, e até em Nova Iorque. Comenta-se que a categoria poderia voltar à pista de Valência, onde por vários anos já esteve na pista para os testes de pré-temporada, ou quem sabe ir para Jarama, onde fez a última pré-temporada, diante dos estragos causados pela chuva na região de Valência. Roma e Paris, cidades que já sediaram etapas da competição, parecem descartadas no momento. E não se confirmou se o Excel Arena, onde tem sido realizado o ePrix de Londres, será mantido para o próximo ano, diante das limitações da pista montada no centro de exposições londrino. O Brasil certamente deverá abrir mais uma vez a temporada, muito provavelmente em dezembro deste ano, tal como foi feito no final do ano passado, abrindo a atual temporada da competição.

 

 

E a McLaren anunciou que está deixando a Formula-E ao fim da atual temporada. O motivo é o ingresso da escuderia no Mundial de Endurance (WEC) a partir da temporada 2027, na classe Hypercar. A direção da equipe já foi liberada para encontrar novos parceiros e proprietários para seguir adiante na F-E, lembrando que o time assumido pela McLaren há alguns anos atrás era o time oficial da Mercedes na F-E, que também resolveu deixar a categoria dos carros elétricos para se concentrar unicamente na F-1. A McLaren tem uma vitória na competição, obtida por Sam Bird no ano passado, e na atual temporada tem Taylor Barnard como uma das sensações da competição, sendo que o jovem até marcou pole-position na primeira corrida de Mônaco na rodada dupla deste ano. Uma pena, pois a McLaren, além da F-1, já vem competindo regularmente na Indycar, e vinha tendo um desempenho também razoável na F-E, e sua presença no meio automobilístico só cresceria com a adição do WEC, mas infelizmente o programa no certame de carros elétricos será sacrificado para isso. Outro time que anda meio mal das pernas é a Maserati, que também pode dar adeus à F-E, mas especula-se que a Stellantis, dona da marca, poderá manter a escuderia na competição, adotando nova nomenclatura, talvez usando até mesmo o nome do conglomerado, que também tem parceria de fornecimento de trem de força com a Penske, através da marca DS. Curiosamente, a atual Maserati também é um time que foi incorporado, sendo a antiga Venturi, que nos seus melhores momentos, utilizada trens de força da Mercedes. Esperemos que o número de equipes presentes na competição não diminua, já que toda perda de alguma escuderia é um ponto negativo na competição, e até pouco tempo atrás, a F-E perdeu a Techeetah, que havia conquistado três títulos de pilotos na competição, o bicampeonato com Jean-Éric Vergne, e o título de Antonio Félix da Costa. Falou-se de uma ausência temporária, mas já se foram algumas temporadas, e nada do retorno da Techeetah ao grid, o que confirma que, mesmo sendo um certame muito mais acessível, seus times também não estão imunes a crises financeiras.

 

 

Jorge Martin, atual campeão da MotoGP, finalmente voltou para casa, na Espanha, após duas semanas de tratamento no Qatar, após sofrer queda e ter sido atingido por outro competidor no GP, o que lhe causou 11 fraturas além de um pneumotórax, situação que exigiu várias dias internado no hospital geral Hamad para tratamento. Examinado no Hospital Ruber Internacional Quirón, o Dr. Ángel Charte, diretor-médico da MotoGP, deu boas notícias a respeito da recuperação do piloto da Aprilia, mas evitou dar qualquer prazo de retorno para o campeão mundial. Segundo o Dr. Charte, a pleura, membrana que envolve o pulmão, e que havia sido ferida no acidente, ocasionando o quadro de pneumotórax, já está completamente fechada, e que das 11 fraturas que tinha nas costelas, sobraram apenas três, mas apresentando bom progresso. Martin segue a rotina de recuperação, e seu retorno deve se dar somente após as férias de verão do calendário, muito provavelmente no mês de agosto, embora datas não tenham sido anunciadas, sendo apenas uma estimativa possível. De qualquer forma, a temporada de Martin na competição já foi para o espaço, e mesmo com a aprovação de uma mudança no regulamento que daria a Jorge o direito de um dia de testes, por estar sem competir por tanto tempo, mesmo assim o piloto terá dificuldades para se inteirar com a moto da Aprilia. O jeito será ter paciência, e contar com um efetivo retorno às competições apenas no ano que vem.

 

 

Na comemoração dos 50 anos do GP de Long Beach, a corrida, hoje válida pelo campeonato da Indycar, teve Kyle Kirkwood, da Andretti, como vencedor. O piloto largou na pole-position e controlou a corrida do começo ao fim, e nas voltas finais, suportou a pressão de Álex Palou, que vinha forte para tentar manter a invencibilidade na atual temporada da competição, mas acabou barrado pelo piloto da Andretti, que comemorou a vitória. Christian Lundgaard, da McLaren, fechou o pódio com uma corrida consistente, enquanto Felix Rosenqvist, da Meyer Shank, foi o 4º colocado, à frente de Will Power, o melhor piloto da Penske na corrida, chegando imediatamente à frente do companheiro de time Scott McLaughlin. Colton Herta, de quem se esperava um forte desempenho, tratando-se de corrida de rua, e por largar na primeira fila, ao lado do companheiro de time Kirkwood, não teve um bom desempenho, e no final, foi apenas o 7º colocado. Scott Dixon, da Ganassi, também teve uma atuação mediana, e foi apenas o 8º colocado, perdendo cada vez mais contato com Palou na classificação, com o espanhol dando as cartas no time de Chip Ganassi, e rumando firme para mais um campeonato, apesar de estarmos ainda no início da temporada.

 

 

A prova de Long Beach foi disputada pela primeira vez em 1975, inicialmente contando como uma etapa do campeonato da F-5000. O GP foi criado por Chris Pook, e em 1976, a corrida passou a fazer parte do campeonato da F-1, nomeado como GP dos EUA-Oeste. A corrida seguiu no calendário da categoria máxima do automobilismo até 1983, quando as exigências financeiras da F-1 e requisitos de segurança se tornaram inviáveis para a organização do evento, que então migrou para o calendário da F-Indy original a partir de 1984, fazendo parte do calendário até a sua extinção, no início de 2008, quando foi disputada a última corrida da categoria Indy original. De lá para cá, Long Beach passou a fazer parte da nova Indycar, originalmente a IRL (Indy Racing League), criada em 1996 por Tony George. A prova nunca deixou de ser disputada desde 1975, à exceção de 2020, devido à pandemia da Covid-19, e hoje, é o maior evento do calendário da Indycar, perdendo apenas para as 500 Milhas de Indianápolis, obviamente. Em pouco tempo, depois de suas primeiras edições, ainda nos anos 1970, e na primeira metade dos anos 1980, principalmente, o evento ganhou destaque no calendário de competições da F-Indy original, e o sucesso da corrida ajudou a desencadear um renascimento econômico da cidade de Long Beach. A corrida foi usada para promover a cidade e, nos anos desde o início da corrida, muitos edifícios antes decadentes e até e condenados na área próxima ao mar foram sendo substituídos por complexos de hotéis e diversas atrações turísticas. Hoje, Long Beach é uma cidade movimentada, e um destino turístico muito procurado, fazendo de sua proximidade a Los Angeles um dos fatores positivos para o público que procura a cidade. Obviamente, a corrida já foi objeto de cobiça de certames rivais, e em tempos recentes, a Nascar e a F-1 tentaram se apoderar do GP, trazendo-o para seus campeonatos, mas felizmente as negociações não tiveram êxito, e a própria direção da Indycar também se mexeu para garantir a prova em seu calendário pelos próximos anos, evitando de ficar desfalcada de uma de suas corridas mais famosas e bem-sucedidas. Long Beach também sedia, além da Indycar, uma das etapas do campeonato norte-americano de endurance, o IMSA WheatherTech Sportscar, e a corrida deste ano foi vencida por Felipe Nasr, da Porsche/Penske, em companhia de seus colegas de time na escuderia, mantendo a liderança no campeonato da competição, após as provas das 24 Horas de Daytona, e as 12 Horas de Sebring.

 

 

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