Max Verstappen está pronto para lutar pelo pentacampeonato. Resta saber se o modelo RB21 ajudará a contento neste objetivo, devolvendo o favoritismo à Red Bull.
A Fórmula 1 deu a
largada para a temporada 2025 oficialmente, com a pré-temporada realizada esta
semana, mais uma vez, na pista de Sakhir, no Bahrein, e mais uma vez, repetindo
teimosamente a ridícula duração de apenas 3 dias, mantendo, novamente, a mesma
regra imbecil de cada time treinar com apenas um carro na pista de cada vez, um
enorme contrasenso diante de tempo tão pífio para todos os times e pilotos
testarem seus novos carros, precisando conferir todo tipo de informação
relevante para se prepararem adequadamente para o início da competição, daqui a
duas semanas, em Melbourne, na Áustrália. Difícil entender a teimosia da F-1 em
manter um esquema de treinos de pré-temporada tão curto assim. E por mais que
seja igual para todos, sempre há a chance de algo acontecer, e ferrar com o
planejamento de todos.
No primeiro dia, houve um apagão no circuito, interrompendo os trabalhos por mais de uma hora, que acabou sendo compensada por um aumento no tempo de pista ao final do dia, quando a energia foi restabelecida. No segundo dia, a chuva resolveu dar o ar da graça, em pleno deserto barenita, e apesar de um momento onde chegou até a ficar forte, felizmente foi por um tempo bem curto, o que permitiu que a pista secasse, e os trabalhos não fossem tão prejudicados. Mas, e se isso não acontecesse? Já neste terceiro e último dia, vários problemas menores surgiram, atrapalhando as atividades, como a entrada de um ônibus numa parte da pista, e vermos até a cabine de largada ter seu vidro estilhaçado, necessitando pausar as atividades para limpar os detritos no asfalto junto ao setor. Carlos Sainz Jr. resumiu bem os sentimentos de todos os pilotos, ao reclamar da duração ridícula de apenas 3 dias de testes, alegando, justificadamente, que não teve tempo de fazer tudo o que queria, e precisava. Por isso mesmo, a crítica ao esdrúxulo esquema de cada time testar com apenas um carro de cada vez, quando seria muito mais produtivo que os dois pilotos de cada escuderia andassem ao mesmo tempo, o que poderia dobrar a eficiência do trabalho. Realmente, a F-1 continua a manter umas regras completamente idiotas, muitas delas ainda usando a argumentação da contenção de gastos, quando já temos implantado um teto de gastos para os times usarem na competição do ano todo.
Os carros não quebraram? Isso é bom, mas em parte, estraga um pouco a competição, deixando tudo previsível até demais, já que hoje tem regra de punição para vários componentes que precisam ser trocados antes do tempo previsto, o que fez com que os times aprimorassem a fiabilidade a todo custo, mas em algumas vezes, comprometendo a performance, em troca de não haver quebras. Mas é em testes da pré-temporada que as equipes e pilotos precisam dar tudo de seus projetos, mesmo que apresentem quebras, para descobrir possíveis defeitos e erros nos carros, para evitar percalços quando a competição de fato começar. Mas não haver quebras indicam que os carros estão melhores do que se esperava, evitando comprometer o escasso tempo de testes permitido. Felizmente, apesar de algumas rodadas e escapadas de pista, ninguém bateu, o que já foi um grande alívio para os times, que não precisaram passar por problemas adicionais tendo de consertar os carros, fazendo com que perdessem tempo mesmo somente com problemas mecânicos mais convencionais, em maior ou menor grau.
O novo carro da McLaren deixou o pessoal arrepiado na simulação de corrida, sugerindo que o time de Woking vem tão ou até mais forte do que como terminou 2024.
E, como não poderia
deixar de ser, os resultados precisam ser vistos com certa relatividade, pois
podem mascarar algumas performances que não se traduzirão em realidade quando a
temporada se iniciar. Mas não deixa de ser animador ver alguns carros andando
melhor do que o esperado, caso da Williams, que pela primeira vez em anos tem
uma dupla de verdade no time, e não apenas um piloto e meio, como ficou sendo
chamada a situação dos últimos anos, quando o segundo piloto da escuderia,
geralmente um pagante, como foi o caso de Nicholas Latiffe e Logan Sargeant,
comprometeu as chances da equipe obter resultados melhores. Não que o carro
fosse tão bom para isso, mas certamente ter uma dupla mais competente ao
volante certamente potencializará a capacidade do carro, e ao que parece, o
novo modelo FW47 tem tudo para ser o melhor bólido da equipe de Grove em vários
anos, resultado da reorganização do time promovida por Jason Vowles, em
especial na temporada passada, onde o dirigente fez questão de frisar que os
resultados de pista não refletiram as mudanças internas do time, que agora
parecem começar a dar resultado. Alexander Albon e Carlos Sainz Jr. marcaram
tempos expressivos, que na melhor das hipóteses, deve recolocar a Williams no
meio do pelotão, o que seria um grande alento para um dos times mais tradicionais
da história da F-1. No cômputo dos três dias, Sainz marcou o melhor tempo da
pré-temporada, com 1min29s348, enquanto Albon foi o 6º, com 1min29s650. O time
deu um total de 395 voltas na pista barenita, ocupando a 5ª posição neste
quesito.
A McLaren bem que tentou ficar na surdina, mas os excelentes tempos das simulações de corrida indicam que o time de Woking não apenas manteve a excelente forma com que terminou o ano passado como parece ainda mais rápida este ano. Com a imagem chamuscada da derrota sofrida por Max Verstappen no ano passado, Lando Norris sabe que precisará partir para o ataque desde o início, e se confirmada a excelente performance do modelo MCL39, é bom que mostre mais atitude desde já, até porque Oscar Piastri está à espreita para roubar do inglês sua posição de líder do time na pista. No acumulado dos testes, Piastri foi apenas o 8º melhor tempo, e Norris, o 13º, enquanto o time papaia rodou 381 voltas na pista, apenas a 7º marca de rodagem, e se deu por satisfeita, aparentemente, com bons motivos para isso, deixando os rivais com a pulga atrás da orelha, torcendo para suas percepções estarem erradas. Do contrário, o panorama potencial ao longo da temporada pode ser bem frustrante...
Enquanto isso, a Ferrari, que terminou 2024 como principal adversária da McLaren, também parece ter escondido parte do jogo, mas sem dar indícios de como está sua verdadeira força. Lewis Hamilton, contudo, mencionou que o time italiano terá de trabalhar para combater o ritmo de prova dos carros laranjas, o que pode significar que o time italiano não vem com a mesma força, mas tal declaração pode ter sido um blefe para despistar. Afinal, a Ferrari deu “apenas” 382 giros na pista, e apesar de tudo, Hamilton fez a 2ª melhor marca, enquanto Charles LeClerc ficou com o 3º tempo, em marcas bem próximas. O heptacampeão, entretanto, deu um sinal mais do que positivo não fazendo comentários a respeito do comportamento do novo SF-75, indicando que o carro do time italiano parece bem mais confortável do que os últimos modelos da Mercedes que ele pilotou, o que pode ser um claro sinal de que a Ferrari tem um carro estável e equilibrado. Resta saber se continuará sendo o grande rival do bólido da McLaren.
Lewis Hamilton terminou com o 2º melhor tempo dos testes. Será que a Ferrari está tão bem assim? A conferir.
E a Red Bull? O novo
modelo RB21 parece ter sanado parte dos problemas exibidos no carro do ano
passado, e que quase fizeram o time perder o campeonato de pilotos, não fosse a
capacidade de Max Verstappen, que conseguiu manter a grande vantagem obtida no
início da temporada, protegendo-se dos ataques da concorrência quando esta
assumiu a primazia na segunda metade do ano. Agora com o primeiro carro criado
sem a supervisão de Adrian Newey, que havia concebido todos os carros
vencedores do time dos energéticos, o desafio da Red Bull é múltiplo: mostrar
que não depende mais do mago das pranchetas; que Verstappen conseguirá ser
novamente campeão; e que conseguirá voltar a ser campeã de construtores. Mas
durante os testes, alguns momentos mostraram que o novo carro parece não ter
corrigido todos os problemas de seu antecessor, e ainda que Verstappen tenha
terminado o último dia em 2º lugar, será preciso confirmar a capacidade do
carro em corrida, ainda que na simulação feita, os tempos obtidos tenham sido
respeitáveis. Mas, a exemplo do ano passado, a escuderia precisa tomar cuidado
para não sofrer um revés durante o ano, lembrando que em 2024 se imaginava
haver outro massacre por parte de Verstappen contra a concorrência, o que até
se concretizou no início, mas que depois virou completamente a situação, com o
time austríaco precisando se segurar firme nas tabelas, o que só conseguiu
graças ao piloto holandês, enquanto Sergio Pérez sucumbiu à queda de performance
do modelo RB20. No balanço geral, 5º melhor tempo para o tetracampeão, e,
mostrando que ainda há algumas arestas a serem aparadas, foi o time que menos
rodou em Sakhir, com apenas 304 voltas.
A Mercedes, com seu novo modelo W16, inicia uma nova era sem Lewis Hamilton, e George Russell, agora como líder efetivo do time na pista, ao menos mostrou velocidade em Sakhir, terminando o último dia com o melhor tempo. Andrea Kimi Antonelli não comprometeu, e em alguns momentos, esteve na cola de Russell na velocidade das voltas, algo importante para o novato, que não apenas estréia em um time de ponta, mas substituindo ninguém menos que Hamilton no time alemão, uma responsabilidade tremenda que a escuderia espera ser feita sem as cobranças exageradas que a F-1 tem imposto a seus pilotos novatos nos últimos tempos. O time alemão foi o campeão de quilometragem da pré-temporada, com nada menos que 458 voltas na pista, e George Russell finalizou com o 4º melhor tempo geral, enquanto Antonelli foi o 7º. O principal desafio do time é esperar que seu novo carro seja constante, e não tenha um comportamento irregular, ora andando muito, ora não andando nada, e sem que o time saiba exatamente o que causa essa discrepância de resultados. Na pior das hipóteses, deve brigar para ser a 3ª força, se não continuar como 4ª. Os prognósticos iniciais indicam que deve estar abaixo de McLaren e Ferrari, com perspectivas de duelar mais diretamente com a Red Bull, se Verstappen não desequilibrar a disputa. Aliás, o holandês vai estar na alça de mira de Russell, pelas desavenças do ano passado, e pode sair faísca na pista dessa discussão.
A Mercedes continua na expectativa de voltar ao topo. Será que este ano vai?
Com o 14º e 15º
melhores tempos, a Racing Bulls, ex-Toro Rosso, ex-Alpha Tauri, ex-Visa RB, só
impressionou mesmo pela beleza da pintura do novo carro, e por ter sido o time
que ficou na 3ª posição de voltas rodadas, 454, o que não parece muito
inspirador. Por outro lado, na temporada passada o time mostrou boa performance
nos testes, e desandou na temporada, quem sabe agora não acontece o contrário? Rejeitado
para promoção ao time principal, Yuki Tsunoda deve partir para seu último ano
no time, já que a Honda deixa de fornecer os propulsores para a escuderia no
próximo ano. Resta saber para onde o japonês irá, já que o novo time dos nipônicos
na competição já está teoricamente fechado para 2026. Aliás, a Aston Martin
deve brigar para não cair mais em relação ao ano passado, enquanto espera pelo
primeiro projeto de Adrian Newey em 2026. Fernando Alonso e Lance Stroll não
impressionaram nos testes, ficando apenas em 16º e 10º lugares,
respectivamente, com o time inglês anotando apenas 306 voltas. Já a Alpine, no
ano em que a Renault faz sua despedida da F-1, até que impressionou um pouco,
com Pierre Gasly ficando com o 9º melhor tempo, e Jack Doohan com o 12º, tendo
feito a 4ª maior quilometragem dos testes, com 405 voltas, indicando que pode
brigar no meio do pelotão, onde conseguiu terminar em 2024.
Sonhar não custa, mas o melhor tempo de Carlos Sainz com a Williams seria maravilhoso para confirmar na temporada a volta da equipe às primeiras posições.
No grupo da
“lanterna”, parece que a Sauber e a Haas irão dividir o espaço, tentando não
ficar em último lugar. Na sua última temporada, antes de se tornar o time
oficial da Audi, que já detém a propriedade da escuderia, não se esperava
exatamente um salto de competitividade, até pela mudança de regulamento para
2026, mas imaginava-se pelo menos um desempenho um pouco melhor dentro do
segundo pelotão. Não é o que pudemos ver, e tudo indica que será de fato um ano
de transição, com todas as energias sendo canalizadas para o próximo ano, e com
sua dupla de pilotos apenas cumprindo tabela este ano. O time rodou 354 voltas
no total, com sua dupla de pilotos terminando os testes com o 18º e 19º tempos.
Os brasileiros, em especial, que sosseguem o facho e não encham a paciência de
Gabriel Bortoleto por resultados ruins que o carro naturalmente condicionará.
A Haas, com uma nova dupla, pode já estar sentindo saudades de Nico Hulkenberg, que foi quem conseguiu os melhores resultados da escuderia estadunidense nos últimos dois anos. Estéban Ocón vai precisar de toda a sua capacidade para tentar obter algum desempenho digno de nota do carro, enquanto Oliver Bearman precisa ter cuidado que um carro pouco competitivo não arraste o bom cartaz obtido em 2024 para o ralo. A escuderia foi a 2ª equipe que mais andou, com 457 voltas, sendo que Bearman terminou com o pior tempo da pré-temporada no cômputo geral. Já Ocón conseguiu ser pouca coisa melhor, terminando em 17º.
Agora, todos estão de volta às suas sedes para os ajustes e aprimoramentos finais de todos os bólidos já levando em conta os dados obtidos na pista de Sakhir. O tempo urge, pois no próximo final de semana, é hora da longa viagem da Europa até a Oceania, para o primeiro GP do ano, e onde poderemos ver quem irá dar as cartas e possivelmente qual será a provável relação de forças no ano, pelo menos nestas primeiras etapas. Que venha a temporada 2025 da Fórmula 1!
A Indycar iniciou hoje os treinos para a sua primeira corrida da temporada 2025, na pista citadina de São Petesburgo, na Flórida. A corrida terá transmissão ao vivo pela TV Cultura, e pelo canal ESPN4, além do sistema de streaming Disney+. Nenhum brasileiro estará presente na pista este ano, infelizmente, com exceção da Indy500, que contará mais uma vez com Hélio Castro Neves tentando vencer novamente a corrida e se tornar o recordista absoluto de vitórias da prova. Já vai longe os tempos em que as categorias Indy haviam se tornado o refúgio de vários pilotos brasileiros que, impossibilitados de chegar à F-1, optavam pelas categorias de monopostos dos Estados Unidos, muito mais acessíveis financeiramente do que a categoria máxima do automobilismo. Hoje, parece que nem a Indy é mais tão acessível assim para nossos pilotos… Que tempos diferentes…
A MotoGP também deu sua largada para a temporada 2025 com os primeiros treinos livres na pista de Buriram, na Tailândia, que pela primeira vez abre a competição da motovelocidade. E Álex Márquez, da Gresini, ocupou o topo da tabela de tempos hoje na pista, superando justamente seu irmão mais velho, Marc Márquez, que ficou com a 2ª colocação com a Ducati oficial de fábrica. Pedro Acosta, estreando no time oficial da KTM, fez o 3º melhor tempo, enquanto Francesco Bagnaia teve problemas para achar uma volta rápida, e ficou apenas em 13º, quando foi também atrapalhado por Franco Morbidelli, da VR46, que pelo bloqueio tomou uma punição de 3 posições no grid da corrida de domingo. O destaque da etapa tailandesa é a ausência do atual campeão do mundo, o espanhol Jorge Martin, que irá perder também a etapa seguinte da competição, na Argentina, por ter fraturado a mão em uma queda esta semana, quando se preparava para a prova de estréia da temporada. Martin já havia fraturado a mesma mão e um dos pés no primeiro dia de testes da pré-temporada, na Malásia, quando sofreu um acidente, precisando passar por cirurgia para corrigir a situação, e perdeu o restante dos dias de testes para se recuperar. Agora, o piloto precisou passar por nova cirurgia, e a Aprilia, seu novo time, não indica uma data para retorno de seu piloto, que pode ser na terceira corrida do ano, em Austin, no Texas, nos Estados Unidos, na melhor das hipóteses. A corrida sprint e a corrida principal terão transmissão ao vivo pelo serviço de streaming Disney+, bem como pelo canal por assinatura ESPN4.