quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

FLYING LAPS – NOVEMBRO DE 2024

            Já chegamos ao mês de Dezembro, e praticamente o ano de 2024 já está indo embora, com vários campeonatos do mundo da velocidade mundo afora tendo encerrado suas competições, com algum ou outro certame ainda tendo provas a disputar neste mês. E, com um pouco de atraso, é hora de mais uma edição da Flying Laps, recapitulando alguns dos acontecimentos ocorridos no mês de novembro no mundo da velocidade, com comentários rápidos a respeito dos tópicos, como de costume. Portanto, uma boa leitura para todos, e até a próxima edição da Flying Laps, já no início de janeiro de 2025, com um relato de alguns dos acontecimentos deste mês de dezembro, e bom fim de ano para todos, tanto quanto possível...

A KTM terminou a temporada 2024 da MotoGP com o vice-campeonato de construtores, perdendo apenas para a imbatível Ducati, mas a marca austríaca não teve motivos para comemorar. A equipe passou mais um ano em branco na classe rainha do motociclismo, tendo como destaque apenas a estréia do novato Pedro Acosta, que mesmo defendendo o time satélite Tech3, causou sensação e burburinho como novo grande talento na competição, e obviamente, sendo promovido para o time de fábrica no próximo ano, quando será companheiro de Brad Binder, que terminou o ano como melhor piloto da KTM no campeonato, em 5º lugar, mas por uma pequena margem de diferença para Acosta, apenas 2 pontos, que terminou em 6º lugar. Só que esse não foi o pior problema da KTM no ano. Na verdade, a marca austríaca está em péssima situação financeira, e por pouco não entrou em processo de falência, tendo de efetuar diversos cortes em várias áreas. A princípio o Grupo KTM negou os problemas, mas a situação estava tão grave que não houve como esconder a situação, diante das evidências de que algo não estava bem na organização, especialmente depois das notícias das demissões de funcionários nas fábricas do grupo austríaco. O compromisso com a MotoGP foi mantido, mas à custa de paralisar todo o desenvolvimento para a temporada de 2025. Isso irá afetar não apenas o time oficial de fábrica, mas também a equipe satélite Tech3, que irá contar com Maverick Viñalez e Enea Bastianini, egressos dos times oficiais de Aprilia e Ducati, o que significa que ambas as escuderias deverão enfrentar um período de vacas magras no próximo campeonato. A temporada de 2024 da KTM já não foi nenhum primor, e o vice-campeonato deu-se mais por fraca temporada da Aprilia, que ainda salvou-se com uma solitária vitória de Viñalez, mas esteve longe de brilhar propriamente. Com Yamaha e Honda ainda tendo de lidar com suas crises de competitividade, os times não ameaçaram a marca austríaca na competição. Porém, o panorama para o próximo ano certamente será impactado, e com o desenvolvimento paralisado pela falta de recursos, obviamente seus pilotos no máximo irão contar com as mesmas motos de 2024, salvo alguma evolução já concebida e pronta. Assim, dependendo de como a Aprilia, Yamaha e Honda evoluírem para o próximo ano, as chances da KTM despencar na competição podem ser altas. O Grupo KTM precisou entrar em modo de autoadministração com supervisão judicial para evitar o processo falimentar, e chegou-se a anunciar até a suspensão da fabricação de motos nos meses iniciais de 2025, a fim de desovar os estoques na fábrica e nas concessionárias da marca. Negociações com os credores seguem sendo feitas, a fim de estabelecer condições para o plano de recuperação da marca. Resta esperar que os procedimentos sejam bem-sucedidos e a KTM consiga diminuir suas dívidas, e possa voltar a investir na competição.

 

 

Enquanto a KTM tenta se manter operacional, apesar das dificuldades financeiras que está enfrentando, começam a correr boatos de que a Suzuki possa retornar à MotoGP. Com o congelamento de times no próximo ano, e a mudança de regulamento prevista em 2026, a marca japonesa, que abandonou abruptamente a competição ao fim de 2022, pode novamente surpreender e voltar ao grid da classe rainha, mas a direção da fábrica nipônica preferiu não ser muito enfático na chance de retorno, afirmando que há condições que a Suzuki precisa atender antes de pensar em se envolver novamente na competição, em especial no desenvolvimento de um modelo mais avançado e que possa ser competitivo. Seria uma notícia muito bem-vinda na categoria. A Suzuki foi campeã na temporada de 2020 com Joan Mir, em um ano que foi marcado pela pandemia, e onde Honda e Yamaha desapontaram na competição, com a disputa pelo título sendo decidida entre a SRT, time satélite da Yamaha, e a marca japonesa Suzuki.

 

 

Marc Márquez não tem do que reclamar da temporada de 2024. Tendo rescindido seu contrato ainda em vigor com a Honda, o hexacampeão preferiu dar um passo atrás, ao escolher defender um time satélite este ano, a Gresini, mas com uma moto Ducati, para conferir se ainda poderia voltar a ser competitivo, já que a Honda, time onde conquistou todas as suas vitórias e títulos, encontra-se numa crise de competitividade que parece que tão cedo não será superada. Pois Márquez foi bem-sucedido no seu plano, e voltou a brilhar, ficando atrás somente da dupla postulante do título, Francesco Bagnaiana, e Jorge Martin, e ele ficou plenamente satisfeito com o que conseguiu, especialmente o contrato de dois anos para defender o time de fábrica da Ducati a partir de 2025. Mas a “Formiga Atômica” prefere manter uma certa prudência e evitar o otimismo exagerado, e antecipado, de como se dará o próximo campeonato, sendo que alguns já o dão como o grande favorito para o título de 2025. Ele lembra que os outros times podem se apresentar competitivos, e até entrarem na briga por vitórias e quem sabe, o título, de modo que não quer ser tachado como favorito destacado na competição. Pode até ser, mas o espanhol não quis prometer mundos e fundos no próximo ano. Ele sabe que terá sim um equipamento muito competitivo, e é difícil a Ducati perder o seu favoritismo, mas fez questão de frisar que Francesco Bagnaia é a grande força da equipe de fábrica da Ducati, que levou a marca a dois títulos na MotoGP, e mesmo tendo perdido o título deste ano, ele o perdeu para outra moto Ducati, mas venceu 11 corridas no ano, algo que não se pode desprezar. E, por isso mesmo, se apressou em declarar que ele precisará buscar o seu espaço naturalmente, sem criar celeumas dentro da escuderia. Pode ser uma postura prudente, de não querer chegar chegando com base no seu currículo de multivencedor da MotoGP, e ir conquistando seu espaço no time sem criar tensão lá dentro. Mas quem conhece Marc Márquez sabe que ele nunca foi exatamente de ir de forma moderada, partindo logo para o ataque, e massacrando seus adversários, seja na pista ou fora dela. Pode ser que os anos de vacas magras o tenham feito valorizar mais o trabalho de equipe, e com isso, estar disposto a trabalhar de forma mais harmoniosa com Bagnaia na sua estadia no time de fábrica da Ducati. Mas, é bom Bagnaia ficar de olho, porque apesar de ser o grande nome do time, na hora que entrar na pista, precisará confirmar isso, se não quiser ser superado por Márquez. E vale lembrar que ele saiu derrotado da temporada de 2024 perante Jorge Martin, e mesmo fazendo uma autocrítica aos erros cometidos por ele durante a temporada, sabe que terá as mesmas dificuldades em 2025, talvez até mais, diante do que Márquez poderá fazer ao dividir o time de fábrica com ele. E essa expectativa é o que já está deixando todo mundo ouriçado para ver o que acontecerá no próximo ano.

 

 

Quem também possui opinião parecida sobre Marc Márquez não ser favorito destacado é o novo campeão Jorge Martin. Segundo ele, Bagnaia é um piloto incrivelmente rápido, e não será “engolido” assim tão fácil como muitos imaginam pela “Formiga Atômica”, que desde que estreou na MotoGP sempre massacrou de forma implacável todos os seus companheiros de equipe na Honda, sendo que um deles foi ninguém menos que o tricampeão Jorge Lorenzo, que diante das dificuldades que encontrou de competir no mesmo time com Márquez, acabou até pendurando o capacete e encerrando a carreira. Martin cita os duelos que travou com o italiano, e sabe melhor do que ninguém como foi difícil conseguir vencê-lo na pista, e conseguir especialmente ganhar a temporada de 2024, citando as 11 corridas vencidas por “Pecco”. De certa forma, pode parecer consenso geral de que Bagnaia é rápido por dispor da melhor moto do grid, mas no ano que vem, poderemos ter uma dimensão melhor do quão rápido o bicampeão é de fato, afinal, estará medindo forças com um hexacampeão, e um dos maiores pilotos da história da MotoGP. A conferir como isso se confirmará ou não...

 

 

Na Indycar, a McLaren promoveu mudanças na sua direção da escuderia, com a saída do canadense Gavin Ward, no time desde 2022. Ward ocupava a posição de chefe de equipe, e lhe foi proposta a mudança para o posto de diretor técnico do time, o que Gavin teria recusado, motivando sua saída da escuderia. Com isso, Tony Kanaan, que já ocupava a posição de posto de chefe de equipe adjunto, além de desempenhar também as funções de diretor esportivo e consultor especial, fica como principal chefe do time, e homem de confiança de Zak Brown nas operações da McLaren na Indycar. O brasileiro pendurou o capacete definitivamente após disputar a Indy500 no ano passado, pela McLaren, e desde então faz parte da escuderia, e agora, assume ainda mais importância na estrutura do time em sua divisão da Indycar.

 

 

A Indycar realizou em novembro sua última atividade no ano, em um teste coletivo na pista do Thermal Club, na Califórnia. E contou com a presença de pilotos brasileiros. Felipe Nasr esteve presente no time da Penske, escuderia pela qual compete no IMSA Wheather Tech Sportscar, e terminou o dia com o melhor tempo. Outro brasileiro que esteve na pista foi Enzo Fittipaldi, que andou com o carro da McLaren, finalizando o teste com o 5º melhor tempo. Quem também teve oportunidade de conhecer o carro da Indy foi Logan Sargeant, ex-piloto da equipe Williams na F-1, demitido este ano devido ao excesso de batidas com o carro e falta de performance. Sargeant andou com o carro da Meyer Shank, e fez o 3º melhor tempo na sessão de testes. Os brasileiros, contudo, não estão, por enquanto, na mira dos times pelos quais testaram. Nasr fez questão de frisar que foi chamado para ajudar o time da Indycar com a tecnologia de motores híbridos, um equipamento que ele já tem experiência no carro Porsche/Penske no IMSA, mas claro que, indiretamente, o bom trabalho desempenhado pelo brasileiro é visto com atenção, talvez um nome a ser considerado para integrar o lineup de pilotos do time de Roger Penske na Indycar em 2026, diante dos boatos de uma possível saída de Will Power do time ao fim de 2025. Quem sabe? Já Enzo Fittipaldi está em negociações para tentar conseguir um lugar na competição para o próximo ano, e o teste pela McLaren certamente ajuda a conseguir mais intimidade com o carro da Indy. Mas, por enquanto, a única participação brasileira na Indycar em 2025 é a presença de Hélio Castro Neves nas 500 Milhas de Indianápolis, sendo que Pietro e Enzo Fittipaldi ainda negociam suas presenças na competição.

 

 

A Juncos Hollinger confirmou a contratação de Sting Ray Robb para ser um de seus pilotos titulares na próxima temporada da Indycar, e já falou abertamente que precisa de outro piloto “pagante” para ocupar o segundo carro do time. Robb, aliás, não é nenhuma maravilha na pista, mas irá trazer patrocínios pelos quais o time precisa muito. A desculpa dada pela direção da escuderia de forma tão veemente da necessidade de pilotos que tragam dinheiro foi o aumento dos custos proporcionada pela implementação dos novos motores turbo híbridos, que tornou mais onerosa a manutenção e eventual conserto de problemas nas novas unidades. Romain Grosjean, que defendeu o time nesta temporada de 2024, reclamou que os custos de manter a vaga na escuderia subiram demais, e por isso, ele provavelmente estará fora do grid do certame norte-americano de monopostos no próximo ano. De fato, em boa parte das corridas os carros da Juncos não tinham muitos patrocinadores nas carenagens. Ricardo Juncos citou inclusive pilotos que estão levando patrocínio até para times grandes como Ganassi e McLaren para ilustrar as dificuldades.

 

 

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