E eis aqui a segunda
parte de minha análise da temporada deste ano da Fórmula 1. De fato, uma
temporada que saiu melhor que a encomenda, apesar de mais um título de Max
Verstappen, que foi a conquista mais difícil do holandês depois de seu primeiro
título, em 2021. Mas a concorrência reagiu tarde, e não conseguiu capitalizar
sua vantagem como poderia. Mas não se pode negar que a segunda metade da
temporada deu um tempero extra muito bem-vindo às disputas, com a
imprevisibilidade voltando a figurar na competição, depois de um ano modorrento
como havia sido 2023.
Depois de tudo, pode-se louvar a Red Bull por ter conseguido manter seu nível, em boa parte graças à genialidade de Max Verstappen, que mostrou efetivamente porque é o melhor piloto do grid no momento. Mas podemos elogiar o time austríaco por ter conseguido manter, pelo menos no caso do holandês, uma certa coesão interna que permitiu que o carro ainda se mantivesse razoavelmente competitivo dentro de uma margem que ainda permitisse a Max fazer a diferença. Caso a performance do modelo RB20 caísse ainda mais, teria sido difícil o holandês conseguir emplacar o seu quarto título. Infelizmente, isso não valeu para Sergio Perez, que ficou completamente exposto na temporada, em que pese uma fase ruim do piloto, azares, além do comportamento complicado do carro que em nada o ajudou, por mais que o time tenha declarado que fez o possível para isso, o que eu acho meio duvidoso. Não fosse a capacidade de Max otimizar seus resultados, aproveitando toda e qualquer brecha aberta pela concorrência, a Red Bull possivelmente não teria chegado a mais um título de pilotos, onde o holandês conseguiu equilibrar a briga em termos de pontuação no momento mais crítico de déficit de performance enfrentado. Mas Verstappen também deu sorte em alguns momentos onde exagerou na dose, como na Hungria, onde se enroscou com Lewis Hamilton e poderia ter ficado de fora da corrida, mas conseguiu terminar a prova, perdendo apenas duas posições na pista. Ou em quando se enroscou com Lando Norris na Áustria, ou fez divididas extremamente agressivas com o inglês, que poderia ter resultado em acidentes com abandonos.
A coincidência da
queda do desempenho do RB20 ao momento em que Adrian Newey comunicou sua saída
da escuderia após 20 anos de permanência lá suscita dúvidas sobre como a Red
Bull se portará no próximo ano, tendo que desenvolver seu primeiro bólido
pós-Newey. O histórico dos times após a partida do engenheiro inglês não é bom
neste sentido, mostrando que seus corpos técnicos sentiram fortemente o baque
de sua partida. Mesmo sendo outros tempos, não se pode negar a possibilidade da
Red Bull sofrer bastante com o projeto do novo RB21, de modo que a escuderia
terá de passar por uma prova de fogo para mostrar que seguirá competitiva mesmo
sem a presença de Adrian por lá. Resta ver se eles conseguiram manter a
qualidade de seu time de engenharia para se preparar para esse momento, que em
algum momento chegaria, até pela idade do engenheiro inglês, que mais cedo ou
mais tarde, se aposentaria.
A McLaren, mais uma vez, mostrou sua capacidade técnica de desenvolver o seu carro durante a temporada, tendo começado mais uma vez atrás, mas saltando adiante para ter o melhor carro de todo o grid na segunda metade do ano. Em 2023, foi preciso meia temporada para isso ocorrer, quando então o time vinha se arrastando nas últimas colocações, até que um pacote de atualizações proporcionou uma completa reviravolta, e a McLaren só não foi mais longe porque tinha muito terreno perdido na primeira metade do ano para recuperar, de modo que nem de longe ameaçou a supremacia do duo Red Bull/Verstappen. Estew ano, o desempenho da equipe não começou mal, mas foi só a partir da etapa de Miami que o MCL38 ganhou seu incremento de atualizações que foram extremamente eficientes e catapultaram o bólido para o topo do grid.
Mas, se a área técnica da escuderia inglesa se mostrou eficiente e extremamente capaz, seus pilotos não foram tão eficientes neste quesito, com erros cometidos aqui e ali nas corridas, que resultaram na perda de resultados potenciais que poderiam ter dificultado e muito a luta pelo título por parte de Verstappen, que fez valer a gordura acumulada no início do ano para poder administrar a situação com alguma folga e tranquilidade. Oscar Piastri e Lando Norris raramente conseguiram aproveitar efetivamente a supremacia técnica de seus carros, de modo a aproveitar para buscar o holandês na pontuação. Mas coube também à escuderia proporcionar erros nas estratégias de corrida que não ajudaram seus pilotos, muito pelo contrário, complicando suas situações, e obrigando-os a correr atrás do prejuízo. A McLaren, de tantos títulos e vitórias, precisa ainda reaprender a ser um time campeão, que briga pelo título. A conquista do campeonato de construtores é bem-vinda, mas no próximo ano, a manter a excelente forma com que encerrou 2024, precisará mostrar que sabe brigar também pelo título de pilotos, e sem prejudicar as estratégias de corrida de ambos diante das circunstâncias do momento.
A Ferrari batalhou pelo campeonato de construtores até o final, perdendo o duelo para a McLaren na última corrida.
A Ferrari teve um ano
positivo, apesar de tudo. A equipe técnica soube corrigir as deficiências do
carro de 2023, apresentando um bólido bem mais eficiente, que poderia ter até
sido campeão da temporada nos construtores. Mas uma atualização equivocada a
meio da temporada acabou complicando a situação, deixando o carro nervoso e sem
condições de aproveitar melhor suas qualidades. Foram algumas corridas em que
seus pílotos não puderam fazer muita coisa, e até que o rumo do desenvolvimento
do carro fosse corrigido, e as causas do problema, solucionadas, permitiu que a
McLaren passasse à frente e assumisse a liderança do mundial de construtores.
Mesmo assim, o time de Maranello manteve a equipe de Woking à vista na pontuação,
e quase chegou lá, inclusive com Charles LeClerc brigando pelo vice-campeonato
com Lando Norris, perdendo a disputa por pouco, se levarmos em conta os
percalços do monegasco em algumas provas. Da mesma forma, Carlos Sainz quase
superou Piastri na classificação, com o espanhol fazendo uma despedida digna do
time italiano, que lança uma base bem competitiva para a temporada de 2025, com
vistas a repetir o duelo com a McLaren visto este ano. Fora da pista, contudo,
a Ferrari causou o maior furor de todo o ano, quando anunciou a contratação de
Lewis Hamilton, que defenderá o time rosso a partir de 2025, e eclipsou
qualquer outro assunto que pudesse ser interessante no primeiro trimestre do
ano, causando a maior expectativa a respeito de uma temporada que só começaria
mais de um ano depois, fazendo até perder parte do interesse do público pelo
que poderia conquistar em 2024.
A Mercedes teve um ano para redefinir seu caminho. O novo modelo W15 retomou a base de um carro com linhas mais convencionais, mas o tempo perdido no desenvolvimento do conceito zeropod nos dois anos anteriores se mostrou patente, com o time de Brackley precisando reencontrar os caminhos do desenvolvimento de seus projetos. O time começou o ano claudicante, como 4ª, ou até 5ª força, mas a meio do ano o desempenho cresceu bastante, a ponto de as vitórias surgirem, como na apoteótica vitória de Hamilton em Silverstone, marcando seu retorno ao degrau mais alto do pódio após quase três anos sem vencer. Mas a ascenção do time alemão não se manteve na segunda metade da temporada, com o desempenho do carro oscilando muito, e sem que a escuderia conseguisse entender bem os motivos para essa alternância de performance. Dessa forma, a Mercedes terminou o ano em 4º lugar no campeonato de construtores, e George Russell e Lewis Hamilton finalizando o ano em 6º e 7º lugares, muito abaixo dos anos anteriores. Tanto Russell quanto Hamilton tiveram desempenhos oscilantes ao longo do ano, mais no caso do heptacampeão, que em certos momentos mostrou-se mais desanimado que o compatriota, diante do desempenho irregular do carro.Não foi um ano exatamente negativo, mas também não foi positivo, de modo que podemos dizer que a Mercedes ficou no meio-termo, não fazendo muito, mas também não fazendo tudo a que se propunha. James Allison, o principal nome da área técnica do time alemão, resumiu bem ao afirmar que 2024 não será um ano a ser lembrado pelo que se conquistou, mas pelas oportunidades perdidas, de como o time poderia ter voltado a ser o grande protagonista como estava acostumado, e ainda ficou longe disso. Fora que a escuderia também teve que lidar com a perda inesperada de Lewis Hamilton para 2025, algo que foi “resolvido” em casa, mas que durante algum tempo ocupou boa parte do noticiário a respeito do time alemão.
No seu último ano na Mercedes, Lewis Hamilton voltou a vencer, e logo em Silverstone, diante de sua torcida.
Na Aston Martin, não
há como negar que o time sediado em Silverstone ainda tem muito a aprender se
quiser ser de fato uma escuderia de ponta. E Adrian Newey pode ser o
responsável para consolidar essa transformação, já que em termos de estrutura o
time possui uma das maiores e mais avançadas sedes da categoria, precisando
fazer isso agora funcionar da maneira certa. No ano passado o time esmeralda já
tinha se deparado com um ponto falho crucial, que foi não conseguir desenvolver
o carro adequadamente durante a temporada, de modo que ele foi perdendo
competitividade frente aos rivais conforme o ano avançava na sua segunda
metade. Neste ano, as lições aparentemente não foram aprendidas, pois não
apenas o carro não nasceu tão bom quanto o do ano passado, como eles também não
conseguiram desenvolvê-lo como deveria, a ponto de o time mal conseguir chegar
à zona de pontos em alguns GPs, e só não ficar em posição pior no campeonato de
construtores porque os times que ficaram atrás estiveram muito piores, ou não
conseguiram manter a constância necessária para avançarem mais na
classificação. Fernando Alonso mais uma vez tirou leite de pedra em vários
momentos, carregando o time nas costas tanto quanto possível, mas sem conseguir
render o que poderia, já que em várias provas o espanhol também ficou devendo
diante do comportamento fraco do carro e até do time, enquanto Lance Stroll,
para dizer o mínimo, só se mantém no time porque é filho do dono da escuderia
mesmo.
A Alpine até que terminou o ano com alguma dignidade, em especial Pierre Gasly, mas no cômputo geral, 2024 foi um ano terrível não apenas para o time, mas também para a Renault, que mais uma vez sem conseguir dar um rumo crível à sua operação na F-1, cometeu duas heresias, para dizer o mínimo: primeiro, trouxe de volta, como “consultor”, a figura nefasta de Flavio Briatore, que estava afastado da categoria desde o escândalo do Singapuragate, para tentar dar uma organizada à sua administração; segundo, resolveu encerrar seu programa de motores para a categoria máxima do automobilismo ao fim de 2025, abortando seus trabalhos para entrar na novas regras técnicas em 2026, pondo fim, por enquanto, a um envolvimento que vinha desde 1977 na F-1. O time passará a usar unidades de potência da Mercedes a partir de 2026, segundo eles, muito mais em conta do custo benefício, do que continuar desenvolvendo o próprio propulsor, que nos últimos anos, abasteceu somente seu próprio time. Na pista, a Alpine se mostrou completamente sem competitividade na primeira metade do campeonato, brigando pela lanterna no grid e nas corridas, ao lado da Sauber. Esteban Ocón, por sua vez, causou um acidente com Gasly em Mônaco que resultou em sua demissão ao fim da atual temporada, obrigando o francês a procurar um novo time para 2025. A escuderia ainda deu sorte no temporal de Interlagos, que soube aproveitar a chance, e com pilotagem digna de elogios de seus pilotos, conquistou um pódio duplo na etapa brasileira, impulsionando o time, mais do que dobrando sua pontuação obtida até ali, e proporcionando a chance de terminar o ano em 6º lugar, muito mais do que seria possível no início do ano.
Superado por Nico Hulkenberg, Kevin Magnussen deixa a F-1 pela segunda vez, indo para o Mundial de Endurance em 2025.
Na Haas, a nova gestão
de Ayao Komatsu mostrou-se bem-sucedida, conseguindo promover uma melhor eficiência
da escuderia no desenvolvimento do carro, que nas mãos de Nico Hulkenberg,
impressionou em algumas classificações e até em algumas corridas, tirando a
escuderia da lanterna onde ameaçava encontrar-se novamente. Ficando mais uma
vez amplamente superado na pista, Kevin Magnussen ainda conquistou alguns
resultados satisfatórios, ajudando o time a brigar pela 6ª posição no
campeonato, disputa que acabou perdida na reta final para a Alpine. O time de
Gene Haas teve uma temporada acima do esperado, e poderia ter mantido a 6ª
posição na temporada se não tivesse tido alguns azares. O apoio da Toyota
pareceu dar um novo gás ao time na parte final do campeonato, e quem sabe,
ajude a escuderia a promover vôos mais altos em 2025, quando será capitaneada
por Esteban Ocón e terá o novato Oliver Bearman.
A Visa RB iniciou a pré-temporada prometendo muito, mas novamente conquistando pouco. Yuki Tsunoda mais uma vez conquistou a maioria dos resultados do time, mostrando ter melhorado, embora ainda pareça não contar com a confiança da cúpula da Red Bull, diante de atitudes imaturas demonstradas na pista e fora dela, que certamente pesaram n a avaliação do piloto. Já Daniel Ricciardo mostrou não ter recuperado a forma de antigamente, sendo superado na maior parte do tempo por Tsunoda, o que motivou o time a dispensar o australiano e promover Liam Lawson a fim de avaliá-lo com mais propriedade para aproveitá-lo em 2025. Lawson até que se mostrou mais rápido, mas assim como Ricciardo, não se mostrou tão efetivo em resultados como se imaginava, se comparado a Yuki, de modo que sua avaliação, a princípio positiva, mostrou também dúvidas com o passar das corridas, e não as certezas que esperavam obter a seu respeito, onde certamente esperavam que superasse o japonês com certa facilidade. Nas provas em que dividiram a escuderia, Lawson marcou 4 pontos, enquanto Tsunoda fez 8, o dobro. Noviciado de Liam à parte, pareceu um cenário similar ao de Ricciardo em parte do ano, e não uma melhora exatamente em termos de resultados dentro do time.
A Williams começou 2024 mais uma vez prometendo sair do fundão, tentando pelo menos avançar rumo ao meio do pelotão intermediário, mas mais uma vez, ficou pelo caminho, com um carro que não era tudo o que se esperava, embora tenha tido alguns desempenhos razoáveis em certos momentos, quando os pilotos puderam aproveitar as chances de pontuar. Mas o time marcou passo com Logan Sargeant, que continuou causando prejuízos ao time, além de uma performance abaixo do esperado. O time esperava que o estadunidense melhorasse após sua temporada de estréia em 2023, tendo ganho experiência de pista, mas isso não ocorreu, de modo que sua dispensa se tornou inevitável. A chegada de Franco Colapinto para seu lugar provou que o time poderia ter rendido mais, mas como o argentino também acabou mostrando uma certa propensão a bater, isso comprometeu as chances da escuderia, que precisou dispender muitos recursos para conserto e recuperação dos carros, uma vez que até Alexander Albon andou batendo mais do que se esperava, o que sobrecarregou a equipe técnica em Grove, que precisou, no fim da temporada, recorrer até ao uso de peças velhas nos carros diante da incapacidade de repor os danos sofridos nos carros. No ínicio da temporada, inclusive, a escuderia inglesa chegou a não dispor nem de um chassi reserva nas primeiras corridas, algo inexplicável para um time de competição que se preze de estar na F-1. A chegada de Carlos Sainz ao time no próximo ano deve ajudar a escuderia a evitar maiores prejuízos, e quem sabe, promover uma certa melhora no time, com a experiência do piloto espanhol em sempre aproveitar as oportunidades nas corridas. Mesmo assim, 2024 mais uma vez não foi o ano do “renascimento” há muito prometido pela nova direção da escuderia, que seguiu promovendo mudanças para chegar a esse objetivo, embora James Vowles tenha declarado que a escuderia progrediu mais do que os resultados indicam. Pode até ser, mas não é a primeira vez que o time promete melhorar, e não cumpre a promessa, mas quem sabe os resultados apareçam em 2025...
A Sauber fez uma temporada horrorosa. Em processo de transição para se tornar o time da Audi em 2026, esperava-se pelo menos um desempenho menos sofrível. O time só escapou de passar totalmente em branco em 2024 graças a uma melhora de performance nesta reta final, e onde conseguiu seus únicos pontos no ano em Losail, graças a Guanyou Zhou, que despediu-se da F-1 com a honra de ter salvo o time do ostracismo, algo que Valtteri Bottas não conseguiu, em despedida melancólica do grid. Fica a pergunta se a temporada de 2025 poderá inspirar expectativas melhores, ou menos ruins, com sua nova dupla de pilotos, o alemão Nico Hulkenberg, e o brasileiro Gabriel Bortoletto. Mas Bottas afirmou que o maior problema do time, o chassi, não teve um desenvolvimento condizente com as possibilidades diante do processo de transição complicado que o time viveu, e ainda vive, com muitas trocas de funcionários dentro da escuderia, com gente saindo e outras chegando, o que provocou uma falta de sinergia dentro do time, comprometendo as chances de um melhor rendimento do time na pista e fora dele.
A temporada também foi um ano de afirmação de novos talentos na categoria. Oliver Bearman, chamado às pressas pela Ferrari para substituir Carlos Sainz Jr. no GP da Arábia Saudita devido a uma apendicite do piloto espanhol saiu-se muito bem para um novato em sua primeira participação numa corrida de F-1, e reafirmou essa impressão nas duas provas em que precisou defender a equipe Haas, garantindo dessa maneira um lugar na escuderia estadunidense para 2025.
Franco Colapinto estreou com grande velocidade e virou sensação no grid, mas começou a bater forte e o entusiasmo pelo argentino diminuiu.
Franco Colapinto enfim
ocupou o lugar de Logan Sargeant na Williams, e logo de cara mostrou a que
veio, andando muito próximo, e até mesmo à frente de Alexander Albon na
escuderia, o que certamente causou um belo desconforto no anglo-tailandês,
acostumado a deitar e rolar sobre o estadunidense. Conseguindo aproveitar as
oportunidades e até marcando pontos quase logo de cara, os times ficaram
obviamente alvoroçados com o desempenho impressionante do argentino, que logo
estava na mira de Alpine, Red Bull, Sauber, e até mesmo a Haas, até porque a
Williams, já fechada com Albon e Sainz Jr. para 2025, não teria um lugar para
colocá-lo, pelo menos no próximo ano. O ânimo em torno de Colapinto, contudo,
esfriou neste fim de temporada. Primeiro, pela alta soma exigida pela Williams
para liberá-lo, algo em torno de cerca de US$ 20 milhões, querendo capitalizar
o interesse pelo seu piloto. Algo que até poderia ser contornado pelos
patrocinadores argentinos ávidos em aproveitar a chance de terem novamente um
piloto na F-1. Mas o fator preponderante foi que Franco passou a bater, e não
foi apenas uma vez. Os acidentes sofridos em Interlagos, e depois, em Las
Vegas, mostrou os ares do noviciado do argentino, a despeito de sua grande
velocidade. E todos lembraram da impressão que tiveram de Nyck De Vries em
2022, quando o piloto também fez bonito em Monza substituindo Albon na
Williams, e depois de ser cortejado por vários times, aportou na Alpha Tauri, e
não mostrou mais a mesma forma. Colapinto mostrou do que era capaz, mas também
lembrou que ainda não era tudo isso, e agora, os times ficaram mais receosos em
relação ao que o argentino pode realmente proporcionar. E olhe que, no
interesse despertado pelo piloto, correu o boato de que a Alpine daria apenas
cinco provas para Jack Doohan mostrar serviço ano que vem, de modo que ele
poderia muito bem ser substituído pelo argentino se as coisas não dessem certo
para o filho do campeão da motovelocidade, uma conversa que, agora, é tida como
completamente inverídica e improvável de acontecer, pelo menos, por enquanto.
Mas, sabe-se lá o que pode rolar no ano que vem?
Sauber: a lanterna do ano, deixando seus dois pilotos de fora da F-1 em 2025.
E, claro, não podemos
deixar de falar de Andrea Kimi Antonelli, que embora tenha feito apenas dois
treinos livres, ficou em evidência por ter sido escolhido para ocupar a vaga de
Lewis Hamilton na Mercedes em 2025. Pairam certas dúvidas se o rapaz, aposta de
Toto Wolf, saberá encarar a pressão de chegar à F-1 em um time grande. Em Abu
Dhabi, inclusive, circulou uma fofoca de que a Mercedes poderia colocar o rapaz
na Williams nos próximos dois anos, em troca de contar com Carlos Sainz Jr.,
titular do time de Grove para os próximos dois anos. A medida seria até óbvia:
Sainz, com sua experiência e velocidade comprovadas, seria muito útil à
Mercedes no momento de transição dos regulamentos de 2025 para 2026, além de já
estar habituado a defender um time de ponta, após 4 anos correndo pela Ferrari.
E isso também tiraria a pressão de resultados que Antonelli irá sofrer, pois
ninguém poderá cobrar isso dele na Williams, onde poderia ganhar quilometragem
e experiência com mais calma, a exemplo do que George Russell fez quando esteve
por lá, e se cacifou para ser promovido ao time alemão. Perguntado a respeito,
Toto Wolf não confirmou o boato, mas na F-1, nada é certo até ser oficialmente
anunciado ou desmentido.
Por último, tivemos Jack Doohan, promovido a titular da Alpine na última corrida, em Abu Dhabi, em mais uma daquelas manobras eticamente duvidosas por parte de Flavio Briatore, chantageando Esteban Ocon com a ameaça de proibir sua estréia pela Haas no teste de pós-temporada. Não dá para afirmar muito sobre Doohan pela prova que fez, ainda mais na prova de encerramento da temporada, deixando para se fazer essa avaliação em 2025.
Entre as decepções do ano, algumas foram óbvias. Talvez a maior delas tenha sido Logan Sargeant. Não que o estadunidense fosse grande coisa, mas que ele não merecia ter uma segunda temporada, isso era consenso geral. Mas a Williams quis dar uma chance, esperançosa de que o piloto embalasse depois de um ano de experiência, o que é um argumento válido, porém Logan não evoluiu como se esperava. Muito pelo contrário, as batidas que acabou sofrendo significaram prejuízos para o time de Grove, que já tinha sofrido com sua logística de fornecimento de peças de reposição, ajudando a complicar a rotina de um time que, por si só, já não andava em seus melhores dias.
Uma decepção também foi Daniel Ricciardo. Resgatado pela Red Bull, que o alocou de volta na Alpha Tauri ano passado, após ter feito uma boa sessão de testes com o carro do time principal, esperava-se ver de volta o australiano que já chegou a ser considerado um campeão em potencial. Infelizmente, um acidente sofrido por Daniel em Zandvoort complicou essa análise no ano passado, de modo que apenas este ano poderíamos ter um panorama mais confiável para ver se ele voltaria a ser o piloto que já foi em seus tempos de Red Bull, quando chegou a bater Sebastian Vettel, e andava no nível de Max Verstappen, ou muito próximo, ou se continuaria sendo aquele piloto que motivou a McLaren a rescindir o contrato antes da hora. A comparação com Yuki Tsunoda, infelizmente, não lhe foi favorável, apesar da melhora de performance do japonês, mas que mesmo assim nunca encheu os olhos de Helmut Marko. Com o desempenho de Daniel não correspondendo ao que se esperava, em que pese o australiano não ter tido um desempenho pífio também, mas com a Red Bull precisando desesperadamente se preparar para a próxima temporada, eis que Daniel saiu mais uma vez da F-1 pela porta dos fundos, talvez de forma definitiva. Em seu lugar, entrou Liam Lawson, que já havia substituído o australiano no ano passado, a fim de ser avaliado, até mesmo para ocupar o lugar de Sergio Perez no time principal em 2025. Lawson deixou impressões divididas, entre um piloto com potencial para brilhar, mas também ser um pouco mais do mesmo, tendo mostrado um desempenho apenas razoável no confronto com Tsunoda.
Sérgio Perez teve um ano horrível em 2024, com fracas performances e muitos azares em vários GPs, culminando em sua dispensa da Red Bull para 2025.
E o que dizer de
Sergio Perez? O mexicano nunca foi considerado um gênio como Max Verstappen, é
verdade, mas estava longe de ser um braço duro. Mesmo assim, é curioso como o
desempenho dele oscilou nestes últimos dois anos na Red Bull, sendo que mesmo
em 2023 ele correu risco de perder seu lugar na escuderia rubrotaurina. E este
ano, com as dificuldades que a equipe enfrentou com seu RB20, a coisa desandou
de vez para Sergio. É difícil apontar todas as causas para uma queda tão
drástica do mexicano, que terminou 2024 apenas em 8º lugar no campeonato, muito
longe do companheiro de equipe. Se por um lado isso evidenciou a diferença de
talento entre Sergio e Max, por outro lado, o método de trabalho da escuderia
também ajudou a amplificar essa diferença, quando alguns pedidos de Perez para
deixar o carro mais a seu gosto foram ignorados em 2023. Com evoluções que não
funcionaram, e um carro difícil de ser conduzido, algo relatado, e reafirmado
até por Max Verstappen, em defesa do mexicano, pode-se afirmar de fato que nem
tudo foi culpa do mexicano, que em alguns momentos também teve um azar danado
que em nada ajudaram a amenizar sua posição.
E nesta quarta-feira, dia 18, o próprio Sergio Perez fez o anúncio da sua saída da Red Bull, oficializando o término do vínculo com o time dos energéticos. E, na manhã desta quinta-feira, veio também a comunicação oficial da promoção de Liam Lawson para o posto de companheiro de Max Verstappen em 2025. Com isso, Tsunoda mais uma vez perde a briga da tão esperada promoção, apesar dos esforços despendidos na Visa RB, que terá o vice-campeão Isack Hadjar no lugar de Lawson no segundo time dos energéticos, que passará a se chamar apenas Racing Bulls no próximo campeonato.
E esta, em síntese, foi um pouco do que foi a temporada da Fórmula 1 em 2024. Vejamos agora o que nos espera em 2025...
Mais um ano se encerra, e agora, hora de um descanso, especialmente em um ano que foi muito desgastante para mim, em termos profissionais, mas especialmente pessoais, tendo passado por uma grande perda a qual ainda não consegui me recuperar, e que ainda me pesa muito. Espero que o ano de 2025 seja melhor, porque simplesmente não quero repetir o que vivenciei em 2024. Encerro as colunas regulares de 2024 mantendo os compromissos profissionais em relação ao automobilismo, algo que já faço há praticamente mais de trinta anos. Ainda estou incerto em relação ao que farei em 2025, diante dos percalços pessoais pelo que passei, e preciso colocar as coisas nos lugares, fisica e espiritualmente, ainda me encontrando muito abalado. Espero que possamos nos ver no próximo ano então, até lá...
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