sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

O BRASIL DÁ A LARGADA NA F-E 2024/2025

Mapa do circuito do ePrix de São Paulo, que abre a nova temporada da Formula-E.

            O ano do automobilismo mundial pode estar acabando para a maioria das competições, mas para a Formula-E, o campeonato mundial de carros monopostos totalmente elétricos, uma nova temporada está começando neste final de semana, e para felicidade dos amantes da velocidade, o palco é justamente São Paulo, com o Brasil, depois de muito tempo, dando a largada para um campeonato mundial da FIA.

            E os brasileiros também terão a honra de ver o novo carro Gen3EVO, versão aperfeiçoada, ou como o diz seu nome, uma “evolução” do modelo de terceira geração adotado pela F-E, que ajudou a promover duas excelentes temporadas desde que passou a ser adotado, e cuja nova versão pretende não apenas manter a qualidade da competição, como aprimorá-la, rumo ao caminho da introdução novo modelo Gen4 daqui a dois anos, que promete ser o mais veloz carro de competição elétrico já concebido. Para aqueles que ainda torcem o nariz para os bólidos elétricos, eles estão muito mais velozes desse que surgiram há 11 anos atrás, e tem tudo para serem ainda mais velozes este ano, graças aos pneus melhorados da Hakook, menos duros e mais aderentes, além do sistema de tração integral, que passará a ser utilizado pelos pilotos durante os treinos classificatórios, além dos momentos de ativação do “Modo Ataque”, e do novo recurso de carga rápida que reintroduzem os pit stops durante as corridas, obrigando times e pilotos a mudarem suas estratégias de prova.

            As duas corridas disputadas aqui em São Paulo, na pista montada junto ao Sambódromo, no Anhembi, na Zona Norte da capital paulista, tiveram o mérito de entregar excelentes provas com muitas disputas e ultrapassagens, e tem tudo para mostrar novamente bons pegas e vários duelos entre os pilotos na pista. E quem vencerá? Não dá para cravar um nome, até porque mesmo entre os favoritos, ninguém pode fazer uma aposta segura. Na primeira corrida, tivemos uma decisão praticamente na linha de chegada, enquanto na corrida disputada em março deste ano o vencedor foi definido a duas curvas do final. E times e pilotos, apesar da pré-temporada, ainda estão por avaliar os limites de seus conjuntos, lembrando que treino é treino, e corrida é corrida.

            Pascal Wherlein entra na pista como o novo campeão mundial, e é o homem a ser batido, assim como seu time, a Porsche, que conta também com Antonio Felix da Costa, que foi o piloto com mais vitórias da temporada passada, uma dupla muito forte que pretende desde já brigar pelo título, e pela performance do trem de força desenvolvido pela marca alemã, eles terão meios para buscar esse objetivo. Mas os rivais não estarão parados, em especial a Jaguar, que derrotada na briga pelo título de pilotos, quer revanche neste novo campeonato, e mantém a força demonstrada no último ano, além de também contar com uma dupla forte de pilotos. Aliás, não por acaso, tanto Porsche quanto Jaguar mantiveram seus pilotos, sem efetuar mudanças.

O circuito montado para a F-E no Sambódromo está pronto para mais uma corrida, e a expectativa é que tenhamos mais uma prova recheada de disputas e com muitas ultrapassagens (acima e abaixo).


            Mas é claro que a concorrência não pretende ficar só assistindo a essa briga entre os times alemão e britânico. A japonesa Nissan evoluiu bastante seu equipamento, e quer se meter no meio dessa briga, e conta com um nome forte no time, Oliver Rowland, que está com muita vontade de mostrar do que é capaz. Da mesma forma, a DS Penske, depois de passar por várias mudanças internas no último ano, quer partir também para a briga pelo título, e tem em Jean-Éric Vergne seu principal nome para brigar com os pilotos da Porsche e Jaguar. E ainda trouxe Maxximilian Gunther para reforçar seu poderio na disputa.

            Os times clientes de Porsche e Jaguar correm um pouco por fora nessa, mas podem surpreender, como conseguiram fazer na temporada retrasada. Na Andretti, Jake Dennis espera poder lutar pelo bicampeonato, mas terá a oposição interna de Nico Muller. Já a Envision quer dar a volta por cima em relação ao último ano, e tem Sebastien Buemi e Robins Frijns para tentar a reação. E, não podemos esquecer da Kiro, antiga ERT, que pode surpreender agora usando o trem de força da Porsche, mesmo sendo uma versão defasada.

            Na classe das incógnitas, temos a McLaren, time cliente da Nissan, que ainda não mostrou totalmente a que veio na F-E, assim como a Maserati, que precisa mostrar resultados mais sólidos. A Mahindra também quer ensaiar uma reação, mas ainda a confirmar se irá conseguir ou não. E fechando a lista de opções, temos a Lola/Yamaha ABT, time de Lucas Di Grassi, que estréia o novo equipamento da Lola desenvolvido junto com a Yamaha, ainda a descobrir do que seu trem de força será capaz de proporcionar.

Lucas Di Grassi será o único brasileiro no grid, estreando o novo trem de força da parceria Lola/Yamaha, em busca de voltar a disputar as primeiras posições.

            O Bandsports, mais uma vez, trará a temporada da F-E em sua programação, e transmitirá os treinos e a corrida ao vivo, com largada programada para as 14:00 Hrs. deste sábado. A classificação começará por volta das 09:30 Hrs., e o primeiro treino será hoje, a partir das 17:00 Hrs. Mas o canal de You Tube do site Grande Prêmio também irá transmitir tudo, oferecendo aos vãs mais opções para acompanhar o campeonato. E os dois veículos tem tudo para mais uma vez mostrarem um bom trabalho na cobertura desta competição, trazendo todas as informações relevantes do certame de carros elétricos para os torcedores.

            Portanto, é hora de vermos os carros elétricos acelerarem fundo na pista brasileira, e vamos ver quem de fato poderá dar as cartas nesta nova temporada da F-E. Já tivemos dois campeões na competição, mas a categoria ainda pena para ganhar fama entre os fãs brasileiros da velocidade, embora esteja ganhando mais e mais audiência a cada ano, graças a corridas imprevisíveis e com várias disputas, que é o que o fã de corridas mais quer ver. Veremos se eles conseguem nos apresentar mais um ano empolgante e com vários duelos na pista. E que vença o melhor...

 

 

A Fórmula 1 chegou a Abu Dhabi para o encerramento da temporada de 2024. Embora o título de pilotos já tenha sido garantido com folga por Max Verstappen, ainda há algumas disputas a serem liquidadas na pista de Yas Marina. As principais são quem vai levar o Campeonato de Construtores, e quem vai ser o vice-campeão. Lando Norris tinha boas chances até de encerrar a contenda domingo passado no Qatar, mas a punição que recebeu por não aliviar na bandeira amarela arruinou suas chances, e pior, viu Charles LeClerc crescer absurdamente no seu retrovisor em termos de pontos, com o monegasco estando apenas 8 pontos atrás do inglês da McLaren. Norris já sofreu um belo abalo em sua imagem ao perder as chances de ser campeão tendo por mais de meia temporada o melhor carro da competição, sendo que neste período ele não conseguiu diminuir como deveria a vantagem acumulada por Verstappen, que ainda por cima lhe deu um verdadeiro xeque-mate em Interlagos. E agora, perder o vice-campeonato para o piloto da Ferrari seria mais um desaire na conta do piloto, que certamente sairia como o grande derrotado não apenas do fim de semana nos Emirados Árabes, como de toda a temporada. E o duelo entre McLaren e Ferrari pelo título de construtores também está em disputa ferrenha, sendo que o time de Woking esteve perto de garantir a conquista em Losail, mas tudo deu para trás, e a Ferrari, com um resultado menos ruim, chegou perto para tentar roubar o título do time inglês, que está apenas 21 pontos à frente da esquadra de Maranello. Com 43 pontos em jogo no fim de semana no caso de uma dobradinha 1-2, sem contar o ponto da volta mais rápida, tudo parece indefinido para ambos, ainda por cima sem sabermos qual carro vai se mostrar melhor na pista de Yas Marina. O duelo deve começar acirrado já na classificação, uma vez que a pista, apesar de possuir alguns bons trechos de reta, é de difícil ultrapassagem, mesmo com o DRS, de modo que quem largar mais para trás pode ter sua corrida comprometida. E o título de construtores é ponto de honra para ambas as escuderias. A Ferrari não é campeã de construtores desde 2008, enquanto o jejum da McLaren é ainda mais longo, tendo sido campeã pela última vez em 1998. Fora do páreo nesta briga, a Red Bull já se conforma com o 3º lugar na tabela, e preocupa-se em se preparar adequadamente para a temporada de 2025.

 

 

Enquanto isso, para alguns, a temporada de 2024 já acabou, antes mesmo da corrida final da temporada. Esteban Ocón foi rifado pela Alpine, que vai colocar Jack Doohan no seu lugar em Yas Marina, a fim de avaliar o piloto que será um dos titulares no próximo ano, ao lado de Pierre Gasly. A manobra já tem o dedo de Flavio Briatore, oficialmente consultor do time, mas que na prática já está mandando e desmandando na escuderia francesa, e mostrando o tradicional pouco pudor no que tange aos tratos éticos. Ocon teria sido ameaçado de não ser liberado para os testes de pós-temporada que a F-1 realizará semana que vem em Abu Dhabi, caso resolvesse disputar a prova de Yas Marina. Já demitido pela escuderia para 2025, Ocon iria fazer os testes por seu novo time para o próximo ano, a Haas, mas teria sido ameaçado de não ser liberado, se quisesse disputar a prova. Se alguém ainda tinha dúvidas se valeria a pena a Alpine ter trazido Briatore de volta à F-1, depois da picaretagem orquestrada em Singapura/2008, eis a prova de que o italiano continua a não valer nada, e por mim, continuaria banido da competição. Mas infelizmente, o desespero da Alpine e seus descomandos falaram mais alto, e agora a categoria tem uma cobra a mais no meio do seu paddock. Resta saber se isso valerá a pena, e a Alpine irá ter uma temporada de 2025 melhor, lembrando que em 2026 ela passará a usar as unidades de potência da Mercedes, encerrando a participação da Renault na F-1 ao fim de 2025.

 

 

Aliás, quem já tem data para pular fora da F-1 é o Grande Prêmio da Holanda. A pista de Zandvoort conseguiu retornar ao campeonato há pouco tempo atrás, depois de mais de 35 anos de ausência, aproveitando a onda de sucesso de Max Verstappen. Mas os custos de promover a corrida, aliado a uma mudança tributária que encareceu os impostos pagos pela organização da corrida fizeram os promotores pensar a respeito da manutenção do GP dos Países Baixos. A corrida está garantida em 2025, e acertou uma prorrogação por apenas um ano, em 2026, e depois deixará novamente o campeonato da categoria máxima do automobilismo. Os torcedores holandeses perderão seu GP, e terão de se contentar em ir torcer para seu representando máximo nas etapas dos países vizinhos europeus. A desistência de Zandvoort, apesar de lamentada por Stefano Domenicalli, Diretor da Liberty Media, na prática ajuda no sentido de se arrumar outra corrida na competição, e quem sabe, diminua o ímpeto do plano sugerido por Domenicalli, de fazer rodízio entre os países europeus no calendário, visando abrir mais vagas em outros países pelo mundo afora, já que o limite de 24 provas por ano dificilmente será ampliado.

 

 

E a situação de Sergio Perez na Red Bull, pelo menos até o fechamento desta coluna, segue indefinida. Mas depois de rodar sozinho na prova de Losail domingo passado, quando tinha boas chances de terminar a prova em uma posição razoável, a situação do mexicano teria ficado insustentável, e Liam Lawson já teria sido até o escolhido para substituir Perez em 2025 no time dos energéticos. Mas o rompimento do contrato por parte da Red Bull parece implicar em uma multa rescisória bem alta, para não mencionar que, sem o mexicano, os patrocinadores de seu país pulariam fora também, gerando um desfalque de mais de US$ 30 milhões só para 2025. Comenta-se que Perez, se anunciar por sua conta sua saída, além de aliviar a barra do time, este o faria se tornar embaixador da Red Bull, e receberia uma despedida de honra da escuderia, sendo até tratado como “herói” e peça-chave fundamental no sucesso do time desde 2021, que resultaram no tetracampeonato de Max Verstappen. Infelizmente, parece que há alguns detalhes nebulosos nos quais o time trata o piloto com certa condescendência, depois de já ter fritado tantos outros pilotos por campanhas até mais bem-sucedidas no time principal. Será que eles tem receio de que Perez conte alguns detalhes nebulosos ocorridos na gestão do time com relação a ele, ou outros assuntos? Sabe-se à boca pequena que os problemas do mexicano em 2024, que resultaram em sua fraca temporada, tem sim culpa da má performance do piloto, mas sabe-se também que há algo curioso a respeito da performance dos carros, com o carro de Max Verstappen tendo desempenho bem diferente do do mexicano, e não apenas pelo talento do piloto. Teoria conspiratória, ou tem algum fundo de verdade nisso? Parece haver algum angu nesse meio, por mais improvável que possa se sugerir. Resta saber se a verdade oculta virá à tona, e como virá…

 

 

Abu Dhabi também marca o fim de uma as parcerias mais vitoriosas da história da F-1. Depois de 12 anos juntos, Lewis Hamilton deixa a Mercedes para encarar o desafio de defender a Ferrari em 2025. O anúncio já tinha sido feito antes mesmo da pré-temporada deste ano, e foi a maior bomba no meio automobilístico. Com fracos desempenhos nas últimas temporadas, a Mercedes perdeu o bonde na nova era dos carros de efeito-solo com um projeto que parecia revolucionário, mas que não deu certo como se esperava. Mesmo o retorno do time a um projeto mais “convencional” este ano ainda não deu os frutos esperados, com o time penando para entender o próprio carro. Tirando um certo descaso também da escuderia para com o piloto, Hamilton aproveitou a oportunidade, já como heptacampeão, e com lugar consagrado na história da F-1, para concluir o sonho de pilotar a Ferrari. Ficará o desafio do inglês para mostrar que ainda pode ser competitivo no time italiano, enquanto a Mercedes lutará para restaurar a sua fama de time vencedor, ainda em dúvida depois dos resultados desta temporada, onde viveu muitos altos e baixos. Mas uma parte da história de ambos se encerra na bandeirada final de Yas Marina, de um período certamente glorioso para ambos, e que está marcado nos anais do esporte a motor da categoria máxima do automobilismo mundial.

 

 

E teremos em Yas Marina também a decisão da temporada da F-2, com Gabriel Bortoleto partindo para o tudo ou nada na briga pelo título, tendo apenas meio ponto de vantagem para Isack Hadjar. Mesmo já garantido na F-1 em 2025, o brasileiro quer sair com o título da categoria de acesso, e vai precisar partir para o ataque para não dar chances ao azar, como ocorreu no Qatar, onde perdeu a vitória na corrida principal por uma presepada do seu próprio time, e terminou em 3º lugar, complicando sua situação na briga pelo título.

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