E já chegamos a 2024. O ano de 2023 já ficou para trás, e cá estamos com a primeira postagem do novo ano, em mais um mês de janeiro. Realmente, o tempo parece voar, e o ano que se passou parece ter sido apenas um lampejo de vários momentos que vivenciados. Hora de começar um novo ano, e renovar mais uma vez nossa jornada no universo sempre apressado do mundo do esporte a motor. Mas, nem tudo de 2023 terminou, e alguns acontecimentos e corridas tiveram lugar neste mês de dezembro, portanto, antes de nos ocuparmos com os acontecimentos do novo ano, é hora de relacionar aqui alguns acontecimentos do mundo da velocidade deste último mês de dezembro que encerrou mais um ano, em mais uma edição da tradicional sessão Flying Laps, como é de praxe, sempre com alguns comentários rápidos sobre os eventos citados. Então, uma boa leitura para todos, e até a próxima edição da Flying Laps no início de fevereiro, já relacionando os fatos deste novo ano que se inicia...
Gabriel Casagrande, da equipe A.Mattheis Vogel Chevrolet conquistou o bicampeonato da Stock Car na rodada final do campeonato, em Interlagos, no mês de dezembro. O piloto terminou a primeira corrida do fim de semana com uma ótima classificação, fechando o pódio com um 3º lugar, enquanto seu rival mais direito, Daniel Serra, da equipe Eurofarma-RC Chevrolet, ficou em 5º lugar, sendo que dali em diante, apenas os dois poderiam disputar o título na corrida final. Não foi uma das decisões mais empolgantes da história da competição, uma vez que ambos os pilotos enfrentaram problemas. Casagrande terminou apenas em 21º lugar, mas a 12ª colocação de Serra foi determinante para garantir o título a Casagrande, que coroou seu segundo título na principal categoria automobilística nacional com uma campanha que primou acima de tudo pela regularidade. Com apenas 3 vitórias no ano, ele empatou em triunfos com Daniel Serra e Ricardo Zonta, mas marcou presença 7 vezes no pódio, contra 5 dos outros dois pilotos, totalizando 308 pontos. Serra, com 296 pontos, teve que se contentar com o vice-campeonato na competição, enquanto Ricardo Zonta, RCM-Motorsport Toyota, acabou em 3º lugar no campeonato, empatado com 280 pontos com Thiago Camilo, da Ipiranga Racing Toyota, mas ficando à frente na classificação por ter 1 vitória a mais. Gabriel já tinha conquistado o título na temporada de 2021, e no ano passado, o duelo entre ele e Serra acabou favorecendo Rubens Barrichello, que acabou levando o bicampeonato da Stock Car. Gabriel revelou que a conquista tirou um grande peso das costas, e que parte com ânimos renovados para a temporada de 2024, pronto para tentar chegar ao tricampeonato.
Ricardo Zonta pode ter terminado o ano em 3º lugar na classificação da Stock Car, mas o piloto sai de 2023 bem satisfeito. Foram 3 vitórias na temporada, a última delas na primeira prova de Interlagos na última etapa da competição, e sua segunda melhor temporada desde que passou a disputar o certame, em 2007. A melhor temporada do piloto, que já chegou a competir na F-1, foi em 2020, quando terminou o ano como vice-campeão, perdendo apenas para Ricardo Maurício.
Felipe Massa fez sua melhor temporada na Stock Car, finalizando o ano em 10º lugar, tendo conquistado suas primeiras vitórias na competição, a última delas na prova final em Interlagos, numa manobra questionável da direção de prova, que demorou até colocar o carro de segurança na pista após o piloto Sergio Ramalho, da Hotcar Chevrolet, enfiar seu carro na barreira de pneus na saída da curva do Laranjinha. Àquela altura, Felipe Massa era o líder, com Marcos Gomes em segundo lugar, e ambos ainda precisavam fazer a parada obrigatória. Rubens Barrichello, que já tinha visitado os boxes, era o terceiro colocado, e assumiria a liderança com a parada de ambos. Mas, sabe-se lá por qual motivo, resolveram colocar o Safety Car logo após os pilotos entrarem nos boxes para fazerem seus pit stops. O procedimento do carro de segurança fez com que os demais pilotos reduzissem sua velocidade, de modo que tanto Massa quanto Gomes voltaram à pista, até à frente do Safety Car, que travava os demais pilotos no circuito, Barrichello entre eles, impossibilitando que ele pudesse tentar discutir a liderança. Felizmente, Ramalho não se feriu com a forte pancada. Com isso, a corrida terminou praticamente em bandeira amarela, com vitória de Massa, da equipe Lubrax Podium TMG Chevrolet, e Marcos Gomes, da Cavaleiro Sports Chevrolet em 2º. Barrichello completou o pódio, e não faltaram críticas ao procedimento dos fiscais que atrasaram demais a entrada do carro de segurança, quando já havia veículo de socorro e fiscais prestando atendimento no carro de Ramalho, com a corrida ainda andando em ritmo forte. Alguns fizeram até piada perguntando se Michael Masi, ex-diretor de provas da FIA que armou a cumbuca da polêmica decisão da F-1 em Abu Dhabi em 2021, estava trabalhando em Interlagos na decisão da Stock Car. Já outros disseram que, se Massa acabou se achando prejudicado deliberadamente pelo Safety Car na polêmica prova de Singapura de F-1 em 2008, agora ele foi favorecido por outro Safety Car, que também poderia ser considerado polêmico, apesar de outros aspectos. De qualquer forma, Felipe fez uma boa temporada, e já planeja brigar pelo título em 2024. Vamos ver se ele consegue cumprir a promessa, lembrando que a Stock Car é uma categoria bem disputada, e ele vai precisar dar duro para brigar pelo título. Rubens Barrichello que o diga, afinal, desde que passou a competir em tempo integral na competição, foram apenas dois títulos conquistados. Massa não terá vida fácil em sua meta, e vários outros pilotos estarão na jogada.
Rubens Barrichello não teve a melhor das temporadas da Stock Car em 2023, e terminou o ano apenas na 7ª posição no campeonato. Mesmo assim, o veterano piloto, ex-F-1, ganhou pelo quarto ano consecutivo uma eleição feita pelos profissionais do site Grande Prêmio (www.grandepremio.com.br) como melhor piloto em atividade no Brasil, no balanço dos Melhores do Ano promovida pelo site. Os resultados dos votos foram os seguintes: 1) Rubens Barrichello – 46,2%; 2) Gabriel Casagrande – 25,7%; 3) Daniel Serra – 10,8%; 4) Felipe Fraga – 10,1%; 5) Thiago Camilo – 7,1%. Rubens ganhou essa votação nos anos de 2020, 2021, e 2022. Daniel Serra, terceiro colocado na votação deste ano, havia sido eleito o melhor piloto nos anos de 2017, 2018, e 2019. Barrichello havia sido eleito o melhor também em 2016.
A Stock Car anunciou durante o fim de semana da etapa final da temporada 2023 em Interlagos que irá mudar de carro para a temporada de 2025. Sairão as “bolhas” dos carros tipo sedans, que competem na categoria há anos, e entrarão novas “bolhas”, que devem ser dos carros SUVs. Este tipo de carro já é utilizado em outras provas de turismo, como o TC2000 na Argentina. Outra novidade importante é que a competição passará a contar com mais duas marcas de carros no grid, atualmente composto apenas de Chevrolet e Toyota. Os nomes das novas marcas não foram divulgados, o que deve ser anunciado somente agora em 2024, muito provavelmente antes de junho, quando a categoria deverá anunciar os novos modelos dos carros com mais detalhes. É uma importante mudança em termos de visual na competição, e um incremento de importância para a Stock contar com mais dois fabricantes no grid. Vale lembrar que os carros usam apenas as carrocerias dos carros de rua, daí o termo “bolha” que é usado para definir a forma dos carros, que são monocoques de competição devidamente preparados, aos quais são moldadas as carrocerias dos carros da Chevrolet e da Toyota, e que seguirão com o esquema com as novas marcas. Não foram dados maiores detalhes de quais poderão ser as novas participantes na competição, mas muita gente já anda especulando nomes. Segundo a direção da Stock, o público hoje tem migrado em sua preferência de carro para os SUVs, com os Sedans perdendo apelo, fora que os novos carros tem maior potencial esportivo. Foi mencionada também a possibilidade de motorização híbrida, mas algo a se tratar mais para o futuro, uma vez que no atual momento, isso não é possível diante dos custos necessários para se implantar tal recurso na competição. Mas com a evolução da tecnologia, que deve ir se tornando mais comum, os gastos deverão ser mais acessíveis, e quem sabe, facilitar sua introdução em um futuro próximo.
Problemas potenciais para a Indycar a curto prazo. A Honda, que divide o fornecimento de motores para os times da competição, ao lado da Chevrolet, anuncia que pode rever seu posicionamento de participação na competição, e ao fim do atual contrato de fornecimento de propulsores, que vai até 2026, pular fora da categoria. A divisão americana da marca nipônica alega que os custos não estão compensando nos níveis atuais, e que pode redirecionar seu investimento para outras paragens, até mesmo se concentrando apenas na Fórmula 1, onde fará nova parceria com a Aston Martin a partir justamente de 2026. Segundo a Honda, a atual configuração de apenas dois fornecedores de motores mostra que a Indycar não está sendo uma categoria atrativa para os fabricantes, e se tivesse mais fornecedores, não teria de gastar tanto quando precisa fazer o fornecimento de praticamente metade dos competidores do grid, sem mencionar os participantes extras, especialmente em Indianápolis, por ocasião das 500 Milhas, quando o grid é de 33 participantes regulares, ao contrário das demais corridas, geralmente tendo por volta de 27/28 participantes. A situação se mostra potencialmente mais complicada com a estréia das novas unidades híbridas na temporada deste ano, que deveria ocorrer já no início da temporada, mas acabou postergada para após a Indy500, a fim de dar aos times maior tempo para se adaptarem aos novos propulsores, mas também diminuir um pouco os gastos. Caso a Honda resolva pular fora, a Indycar volta a ser uma categoria monomarca, algo que não é inédito na história do certame, que anos atrás, também correu apenas com os motores nipônicos, antes da Chevrolet fazer seu retorno à competição. Entre as temporadas de 2006 e 2011, todos correram com os motores da Honda, após as rivais Chevrolet e Toyota desertarem da então chamada IRL (Indy Racing League). Apenas em 2012 a competição voltou a ter alguma diversidade, quando a Chevrolet voltou ao grid. Desde então as duas marcas são as únicas fornecedoras de motores para as equipes da competição, com exceção de 2012, quando a Lotus tentou ingressar na competição, utilizando propulsores concebidos pela Judd, mas os resultados de sua participação na temporada daquele ano foram tão fracos que ninguém quis utilizar os motores, o que fez a marca desistir de competir.
Chuck Schifsky, diretor da divisão norte-americana da Honda, contudo, procurou não polemizar, avisando que a empresa não tem pressa de sair, mas que o assunto deve ser discutido com a direção da Indycar para se viabilizar redução de custos que possa ser atrativa para a marca permanecer na categoria, afirmando que outros certames como o IMSA e até a própria Nascar poderiam ser praias mais condizentes para a Honda. Curiosamente, ele chegou a sugerir que a Ilmor fabricasse os motores de combustão interna para todos, como forma de reduzir os custos. Ocorre que a Ilmor, que atualmente pertence a Roger Penske, já faz isso, sendo dela a fabricação dos propulsores da Chevrolet na competição. Vale lembrar que a Honda, quando implementou o seu plano de adentrar nas categorias Indy, ainda nos anos 1990, após deixar a F-1, criou seu próprio departamento de motores nos Estados Unidos, fornecendo motores inicialmente para a antiga F-Indy, com o time de Bobby Rahal, mas o primeiro título veio apenas em 1996, com a Chip Ganassi e Jimmy Vasser. Depois, foram títulos consecutivos na F-Indy de 1997 até 2001, quando a Honda deixou a competição e migrou para a rival Indy Racing League, atual Indycar.
Não deixa de ser algo preocupante para a Indycar essa possibilidade da Honda abandonar o barco. O certame de monopostos dos Estados Unidos veio se consolidando nos últimos anos, tentando recuperar o terreno perdido na cisão motivada por Tony George nos anos 1990, e que resultou no fim da F-Indy original no início de 2008, restando apenas a IRL, atual Indycar, que mudou de dono e agora é propriedade de Roger Penske, que tem se esforçado para reforçar a categoria e torna-la mais saudável economicamente. Mas, na contenção de custos, os chassis continuam os mesmos há anos, e o lance dos motores não tem de fato atraído novas marcas para a competição, e se formos lembrar, a F-Indy original foi um show de variedade dos anos 1990, com participações de Porsche, Judd, Chevrolet, Honda, Toyota, Buick, e Ford, fora os chassis, que tinham como fornecedores a Lola, Reynard, Swift, e a Penske fabricando seu próprio carro. Uma diversidade que nunca mais se repetiu, e nem mencionei que tinha mais de um fornecedor de pneus, Goodyear e Firestone. Hoje diversidade virou tabu em nome da economia de gastos, mas parece que isso agora pode ter um efeito bumerangue na atratividade da competição...
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