sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

DAKAR 2024

Os "loucos do deserto" estiveram novamente em ação, em mais uma edição do Dakar, desafiando as areias das dunas da Arábia Saudita em 2024.

            E tivemos mais uma edição do Dakar, o maior e mais difícil rali do mundo, que mais uma vez, acabou realizado unicamente na Arábia Saudita, que literalmente “comprou” a competição para que ela fosse realizada apenas em seu território, em seu esforço para se mostrar uma nação mais “progressista” e “aberta”, o que está longe de ser, tentando passar o pano para o longo histórico de violações de direitos humanos e da ditadura de sua versão do islamismo, onde trava uma guerra com a outra vertente islâmica do Irã. Mas, falemos da competição, porque de política já ando mais do que cheio, e tudo parece piorar cada vez mais, aqui no Brasil, e mundo afora.

            A edição de 2024 foi a 46ª do rali, que teve sua primeira edição realizada em 1979, e desde então é realizada todos os anos, com exceção de 2008, quando a prova acabou cancelada ás vésperas de sua realização, diante do perigo de um bando de malucos no norte da África colocarem os competidores em risco. A prova tinha início em Paris, na França, e terminava em Dakar, capital do Senegal, cidade que se tornaria o nome da competição, mesmo quando anos depois, o rali deixou de passar por lá. O continente africano era o coração da competição, tendo tido várias rotas de disputa entre 1979 e 2007. Com a ameaça que forçou o cancelamento da prova em 2008, o rali nunca mais seria o mesmo, e também não retornaria mais à África. Entre 2009 e 2019, durante 11 anos, a mais célebre competição off-road do mundo veio experimentar os desafios da América do Sul, com os chamados “loucos do deserto” acelerando seus carros nas areias de Argentina, Chile, Bolívia, e até Peru. Infelizmente, por mais que se tentasse, nunca o Brasil conseguiu ser incluído no roteiro. E em 2020, a competição foi para as areias sauditas, com o governo árabe oferecendo vultosas somas de dinheiro para levar a competição para lá, e onde está desde então, não tendo sido interrompida nem mesmo durante os anos da pandemia da Covid-19. Acabou-se o caráter multinacional da prova, que desde então tem todo o seu percurso realizado unicamente dentro da Arábia Saudita. O que não mudou foram as grandes dificuldades que a prova sempre ofereceu a seus participantes. E o seu grande marco, os desertos, são o que mais há no imenso país árabe, de modo que o panorama geral da competição voando baixo pelas areias desafiando a natureza permaneceu. E antes tendo o nome da capital do Senegal, “Dakar” virou o nome (ou marca, se preferirem) do rali. Outra coisa que não mudou desde seus primórdios é que a prova continua a atrair competidores de todo o mundo, nas suas variadas categorias, e vários fabricantes do mundo do esporte a motor, que tentam deixar sua marca nas provas. Com seus participantes acelerando alucinadamente pelas areias dos trajetos, eles ganharam o apelido de “loucos do deserto”, pelo modo como muitas vezes pareciam impetuosos além do recomendável, desafiando as dunas de areias e os perigos que o deserto oculta. Mas, por mais desventurados que fossem, ano após ano, muitos dos competidores lá estão mais uma vez, para tentar repetir o sucesso alcançado, ou ainda alcança-lo. Isso continua a ser a grande tônica da competição, e a grande atração da prova. Então, vamos dar uma pequena geral do que a 46ª edição do Dakar nos reservou este ano, nas areias sauditas...

Carlos Sainz alcançou seu 4º título no Dakar pela 4ª marca diferente.

            Em primeiro lugar, os devidos parabéns para Carlos Sainz. Aos 61 anos, o veterano piloto conquistou seu 4º título no Dakar, e com o feito de ter obtido cada conquista por uma marca diferente. Em 2010, seu primeiro triunfo foi com a Volkswagen. Em 2018, Sainz e seu navegador Lucas Cruz repetiram a dose com a Peugeot. Já em 2020, a taça foi levantada com a Mini. E agora, Carlos triunfou defendendo a Audi, que sai por cima do rali, já que anunciou que estará concentrando seus esforços na entrada na F-1, que se dará em 2026, mas já começará a organizar as coisas em 2025, preparando o terreno de sua estréia oficial. Pode parecer muito, mas quando comparamos o feito do espanhol, ele empalidece diante dos 14 títulos conquistados por Stéphane Peterhansel, que venceu tanto nas motos quanto nos carros em suas participações no rali. O que não deixa de ser um grande feito para Sainz, pela idade em que conquistou o título deste ano, 61 anos, enquanto Peterhansel faturou seu último título no Dakar com 55 anos, em 2021. E de salientar que Stéphane foi campeão nas motos apenas com a Yamaha, enquanto nos carros ele foi campeão por três marcas diferentes. Ainda ativo no Dakar, Peterhansel passou longe de repetir seus feitos na edição 2024, tendo terminado em 30º lugar na categoria dos carros, não tendo conseguido escapar das armadilhas do deserto neste ano. E olhe que ele também competiu pela Audi, que foi a vencedora com Sainz. Melhor sorte para o “Monsieur Dakar” em 2025...

            Com 12 etapas, mais o prólogo, o Dakar teve sua largada no dia 5 de janeiro, em Al-Ula, encerrando-se no dia 19, em Yambu, contabilizando 7.891 quilômetros percorridos, sendo 4.727 destes em trechos cronometrados. O pessoal teve o dia 13 para descansar em Riad, capital do país, momento oportuno para tentar recarregar as baterias antes de partir para a segunda metade da competição, que prometia ser a mais dura e difícil do Dakar já disputada em terras árabe-sauditas.

            Tivemos um total de 396 pilotos inscritos nas principais categorias do Dakar este ano, um número bem expressivo, divididos da seguinte forma: 146 competidores nas Motos, 10 nos Quadriciclos, 119 nos Carros, 45 nos Caminhões, 41 nos UTVs LWP (classe T3 – agora chamada de Challenger), e 35 competidores nos UTVs SSV (classe T4). E para muitos, a grande vitória é simplesmente conseguir chegar ao fim da competição, sobrevivendo aos desafios do percurso por duas semanas de disputas, onde nem sempre o mais veloz chega na frente, mas o mais constante, e por vezes, o mais sortudo, ou o menos azarado, já que os desafios da natureza por vezes são contundentes com todos os competidores, que precisam ter não apenas a competência, talento, ou o equipamento certo, mas também estar a postos para qualquer imprevisto.

            Como já demos palmas para Carlos Sainz, o grande vencedor da principal categoria do Dakar, os carros, passemos para os outros vencedores. Nas motos, o estadunidense Ricky Brabec, com uma Honda, foi o vitorioso da edição 2024, com uma vantagem de cerca de 10 minutos apenas para Ross Branch, de Botswana. Nos quadriciclos, triunfo para o argentino Manuel Andujar. Outra marca histórica para o Dakar 2024 foi o título conquistado por Cristina Gutiérrez Herrero, que junto com seu navegador e compatriota espanhol, Pablo Moreno, foi a campeã na classe dos UTVs LWP T3. Cristina repete o feito de Jutta Kleinschmidt, que em 2001, se tornou a primeira mulher campeã do Dakar, na época, tendo vencido na competição entre os carros, e se torna a segunda mulher a ser campeã no maior rali do mundo, um feito que não se pode menosprezar, ainda mais obtido em um país onde as mulheres ainda lutam pelo direito efetivo de poderem dirigir, apesar das reformas legislativas que o país vem promovendo recentemente.

Cristina Gutierrez se tornou a segunda mulher a vencer uma classe de competição no Dakar.

            Se nos carros Sébastien Loeb ficou a ver navios no final da competição com relação às suas chances de vitória (ele ainda terminou em 3º lugar na classificação geral), ele triunfou na classe UTVs SSV T4, onde sua equipe SLB Bardhal Team foi vitoriosa com a dupla de compatriotas franceses Xavier De Soultrait e Martin Bonnet. E fechando a listagem dos vencedores, na classe dos caminhões, os pesos pesados do Dakar, o trio da República Tcheca formado por Martin Macik, Frantisek Tomasek, e David Svanda, da equipe MM Technology Team levou os louros da vitória.

            Já o Brasil teve um grande número de competidores este ano: dezessete pilotos defenderam a tradição de nosso país competir no Dakar. E eles conseguiram brilhar na competição, ainda que parte de seus esforços não tenha frutificado diante da natureza implacável do Dakar, cujos imprevistos do percurso causaram todo tipo de dificuldades a muitos competidores, em todas as categorias, o que aliás é uma das constantes do rali, onde tanto campeões como novatos podem sofrer imprevistos independentemente de suas experiências na competição. Na categoria carros, a dupla formada pelo brasileiro Lucas Moraes e o espanhol Armand Monleon, que competiram pela equipe da Toyota, com o modelo GR DKR Hilux, terminando na 9º colocação geral. Já a dupla Cristian Baumgart e Alberto Andreotti finalizaram em 13º, com a equipe Prodrive Hunter. E Marcos Baumgart e Kleber Cincea, também da Prodrive Hunter, foram os mais azarados, tendo abandonado por quebra mecânica.

            Nos Quadriciclos, Marcelo Medeiros, pilotando um Yamaha Raptor 700, também não completou o rali, sendo mais um competidor a ficar pelo caminho, um resultado frustrante especialmente porque ele venceu a 1ª, 2ª e 5ª especiais da competição, tendo boas chances de terminar entre os primeiros. Na classe dos UTVs T3, Gustavo Gugelmim, ao lado do estadunidense Austin Jones, ao volante de um Can-Am Maverick XRS Turbo, terminaram na 5ª colocação em sua classe. Marcelo Gastaldi e Carlos Sachs, com um modelo Taurus T3 Max, ficaram em 7º lugar, e conseguiram vencer as 10ª e 12ª especiais do rali. O paraguaio Oscar Peralta e o brasileiro Lourival Roldan, com um Can-Am Maverick X3, terminaram em 11º lugar. E Gunter Hinkelmann e Fabricio Bianchini, pilotando um Taurus T3 Max, terminaram na 22ª colocação.

Marcelo Medeiros precisou abandonar o rali depois de problemas.

            Tivemos pilotos também na classe UTVs T4, onde Cristiano Batista e o espanhol Fausto Mora, com um modelo Can-Am Maverick XRS Turbo, terminaram em 7º lugar. Eles venceram a 9ª especial do rali. Já Jorge Wagernfuhr e Humberto Ribeiro, com um modelo Polaris RZR Pro R, chegaram na 14ª colocação na classe. E fechando a lista de nossos representantes, Rodrigo Varela e Enio Bozzano Junior, com um Can-Am Maverick XRS Turbo, ficaram pelo meio do caminho, abandonando por quebra, depois de um bom início quando venceram a 1ª especial da competição na classe.

            Mas o Dakar também teve seu momento trágico, com a morte do espanhol Carles Falcón, que competia nas motos. Falcón sofreu uma queda na parte final do trajeto da segunda etapa especial da competição, entre Al Henakiyah e Al Duwadimi. Ele foi encontrado por outro piloto que vinha logo atrás, que informou a direção de prova, que por sua vez, prestou socorro, e o encaminhou ao hospital, onde se encontrava em estado crítico. Infelizmente, apesar dos esforços, ele não resistiu e morreu uma semana após o acidente, engrossando as estatísticas fatais do Dakar, sendo o 33º competidor a perder sua vida na história do rali.

            E o que podemos esperar para 2025? O Dakar estará de volta, com seus competidores novamente prontos para desafiar as areias dos desertos, e tentar sobrepujar as dificuldades que a natureza impõe a todos os pilotos participantes. Tem sido assim há quase 50 anos, desde a primeira edição do Dakar, no final dos anos 1970, e tem tudo para continuar por um bom tempo...

 

 

E a Formula-E chegou à Arábia Saudita para a segunda etapa da temporada 2023, na rodada dupla que será realizada em Diriyah. E hoje já temos a primeira corrida, com horário de largada marcado para as 14:00 Hrs., pelo horário de Brasília, mesmo horário da prova de amanhã, sábado, com transmissões aos vivo de todas as atividades pelo canal pago Bandsports, e também pelo canal do site Grande Prêmio no You Tube, veículos oficiais de transmissão da categoria de carros elétricos no Brasil. Pascal Wherlein venceu a corrida de estréia, na Cidade do México, e em tese, chega como favorito, mas sem tanto destaque, uma vez que a Porsche, depois do panorama exibido no ano passado, quando exibiu uma performance surpreendente no início da competição e depois acabou sendo engolida pela concorrência dos times da Jaguar. A equipe oficial da marca britânica, bem como sua cliente Envision, tiveram forte desempenho na capital mexicana, dando sequência à boa performance exibida no final da temporada passada, e podem brigar pela vitória nas ruas da cidade dos arredores de Riad. Fica a dúvida se a Porsche resolveu seu principal problema de 2023, que era a performance em volta lançada, algo que Wehrlein declarou que foi o grande foco dos trabalhos da escuderia na pré-temporada, a fim de não ficarem no dilema de terem de fazer corridas de recuperação. No ano passado, Wehrlein venceu as duas corridas de Diriyah, e àquela altura, colocava-se como favorito destacado na luta pelo título. Será que o piloto e a Porsche repetirão o desempenho este ano? Ou a vitória na Cidade do México poderá ter sido outro fogo de palha? Todos querem saber a resposta, inclusive piloto e equipe alemãs... No primeiro treino livre, Oliver Rownland surpreendeu com o melhor tempo, seguido pela dupla da DS Penske, além de um aparentemente recuperado Jake Dennis da Andretti. Teremos surpresas na pista, ou se foi apenas o primeiro treino na pista ainda suja mostrando um cenário momentâneo. A conferir...

A F-E acelera na rodada dupla noturna na Arábia Saudita.

 

 

Para os pilotos brasileiros, a rodada dupla na Arábia Saudita é a tentativa de finalmente darem largada no campeonato. Sergio Sette Câmara nem largou no México, vítima de problemas mecânicos em seu carro da equipe ERT, que chegou inclusive a ter explosão de componente na parte traseira. Já Lucas Di Grassi teve vida curta na prova de estréia, tendo de abandonar com problemas de freios no seu carro da ABT. Resta esperar por melhor sorte neste final de semana, tanto na fiabilidade do equipamento quanto em relação à performance, já que tanto ERT quanto ABT não parecem ter boas perspectivas para a corrida e toda a temporada de 2024, diante da falta de competitividade apresentada até o presente momento. Mas o primeiro treino livre em Diriyah mostrou Câmara conseguindo um excelente 5º tempo. Já Di Grassi, por outro lado, foi apenas o 18º. Mas será preciso esperar pela classificação para ver quais as possibilidades que ambos terão efetivamente nas corridas deste fim de semana.

 

 

O ex-piloto Wilsinho Fittipaldi ainda segue internado no Hospital Prevent Sênior, unidade Itaim Bibi, em São Paulo. O mais velho dos irmãos Fittipaldi engasgou-se com um pedaço de carne no último dia 25 de dezembro, ocasião de seu aniversário, quando completou 80 anos de idade. O ex-piloto ficou sem conseguir respirar, e devido à falta de oxigenação, teve uma parada cardíaca, precisando ser internado com urgência, e passado por reanimação. Desde então, segue em estado delicado no hospital, precisando ser mantido em sedação para evitar maiores complicações. Wilsinho teve uma melhora durante alguns dias, mas seu estado piorou com a ocorrência de convulsões, que obrigaram os médicos a ter de voltar a sedação para manter o piloto estabilizado. Embalado pelo sucesso do irmão Émerson Fittipaldi na categoria máxima do automobilismo, Wilsinho também chegou a disputar a F-1, entre as temporadas de 1972 e 1975, quando criou junto com o irmão a equipe Copersucar, passando a exercer apenas a atividade administrativa da nova escuderia, que fechou ao fim da temporada de 1982, devido à falta de resultados.

 

 

E teremos a largada da temporada 2024 do IMSA Wheather Tech neste final de semana, o campeonato de Endurance dos Estados Unidos, com a icônica disputa das 24 Horas de Daytona, na Flórida. E o Brasil larga na frente, com Pipo Derani conquistando a pole-position para a equipe Whelen Action Express com o carro Nº 31, com o novo recorde para o traçado de Daytona das 24 Horas, 1min32s656, com o protótipo da Cadillac, na categoria GTP (Grand Touring Prototype). Derani terá a companhia dos pilotos Jack Aitken e Tom Blomqvist na corrida. E teremos brasileiro largando também na 3ª posição do grid, com Felipe Nasr, ao volante do Porsche-Penske Nº 7, que terá as companhias de Dane Cameron, Matt Campbell e Josef Newgarden ao volante, defendendo o time de Roger Penske, também na classe GTP. O Brasil ainda terá Felipe Fraga e Felipe Massa competindo na classe LMP2 (Le Mans Prototype 2). Ambos estarão defendendo o carro Oreca/Gibson Nº 74 da equipe Riley Motorsports, ao lado dos pilotos Gar Robinson e Josh Burdon. E teremos também Daniel Serra na classe GTD Pro (GT Daytona Pro), com o carro Nº 62 da equipe Risi Competizione, onde pilotará uma Ferrari 296 GT3, ao lado dos pilotos Davide Rigon, Alessandro Pier Guidi, e James Calado. Boa sorte a todos eles na competição. E os brasileiros poderão acompanhar a corrida pelo canal do site Grande Prêmio no You Tube, que mais uma vez irá transmitir a corrida ao vivo pela internet, a partir das 15:20 Hrs. deste sábado, até o encerramento no domingo. Sérgio Lago, Geferson Kern e Rodrigo Vicente se revezarão na narração da prova, que terá comentários de Rodrigo Mattar, Lipe Paíga e Ricardo Arcuri. Sem mencionar que Kern estará na Flórida, onde faz a cobertura “in loco” das 24h de Daytona, da mesma maneira como participou na transmissão da etapa inaugural da temporada 2024 da Formula-E na Cidade do México há duas semanas atrás. Preparem-se para torcer na principal prova de Endurance dos Estados Unidos.

Pipo Derani larga na pole-position nas 24 Horas de Daytona e é um dos candidatos à vitória mais uma vez, onde já venceu em 2016.

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