sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

ARQUIVO PISTA & BOX – JANEIRO DE 2000– 14.01.2000

            Trazendo novamente um de meus antigos textos, esta foi a primeira coluna publicada no ano 2000, mais precisamente no dia 14 de janeiro, e o assunto principal do texto eram os primeiros testes da F-1 para a temporada daquele ano, e um pouco das expectativas que todos tinham a respeito da competição. Foi um texto singelo, abrindo as colunas regulares daquele ano. Nos tópicos rápidos, um pequeno balanço da edição do rali Dakar naquele ano, e a expectativa de quem seria o segundo piloto do time de Frank Williams para a temporada de F-1 de 2000, depois do fiasco que foi a participação de Alessandro Zanardi na temporada de 1999. Falava-se da Bruno Junqueira, e de Darren Manning, mas no final, quem acabou ficando com a vaga foi Jenson Button, que faria sua estréia na categoria máxima do automobilismo pelo time de Grove. Uma boa leitura a todos...

ANO NOVO, VIDA NOVA

 

             Ano novo, vida nova. No automobilismo esse ditado é levado muito a sério. Cada novo ano que se inicia é marcado por uma renovação de ânimo acompanhada de novas perspectivas e novos ares para muita gente. No caso mais geral, pilotos em novas escuderias, com novos motores, carros e outras novidades. Depois de um intervalo para as festas de Natal e Ano Novo, que ninguém é de ferro, o circo da F-1 volta à ativa, tendo realizado no início desta semana os primeiros testes do ano 2000.

             O palco foi o circuito de Barcelona, na Catalunha, um dos poucos lugares disponíveis nesta época do ano, em virtude do inverno que domina o continente europeu. Estiveram na pista espanhola as equipes BAR, Jaguar, Prost, Sauber e Ferrari. Com exceção da Ferrari, que treinou com Rubens Barrichello usando o chassi F399, todos os demais times já colocaram na pista seus novos carros modelo 2000, com os quais disputarão o mundial deste ano. Como não poderia deixar de ser, Rubinho foi o mais rápido dos pilotos que treinaram, enquanto as demais escuderias limitaram-se a fazer as primeiras checagens de seus novos modelos, cujo desenvolvimento se encontra muito no início.

             De todos os times que já começaram a treinar, a maior expectativa vem do pessoal da equipe BAR. Depois de fazer um grande estardalhaço no ano passado, o time terminou o ano em último lugar no campeonato, uma prova de que para se ter sucesso na F-1 é indispensável ter dinheiro, mas isso por si só não garante sucesso na categoria. E este ano a missão da BAR tem cobrança dobrada, pois além de ter que responder aos patrocinadores, que despejaram na equipe ano passado algo em torno de 80 milhões de dólares ou até mais sem conseguir ver retorno satisfatório, a equipe ainda tem que convencer a Honda de que é a escolha certa para ser o time de fábrica da montadora japonesa, que está oficialmente de volta à F-1. Uma questão que vai ser difícil de explicar se a BAR tiver outro ano ruim, sem falar que a Jordan, que fez uma excelente temporada em 99 e que também pleiteava ser o time de fábrica da Honda, ficou em segundo plano e neste mundial também usará os Honda, mas fornecidos e preparados pela Mugen, uma subsidiária da própria Honda, enquanto esta dará dedicação integral à BAR.

             Heinz-Harald Frentzen já fala que este ano a Jordan irá entrar firme na luta por vitórias e não será surpresa se eles entrarem também na luta pelo título. Blefe ou ameaça real? Muita gente aposta nesta última possibilidade, até mesmo para se garantir uma maior competição na categoria.

             Quem também vive grandes expectativas para este ano é a Williams. O time inglês passou 99 sem vencer novamente, mas deu claras mostras de que recuperou o caminho da competitividade. O novo FW22 foi apresentado esta semana em Munique, na Alemanha, e é o primeiro chassi da Williams a levar oficialmente o motor BMW, que está de volta à categoria depois de quase 15 anos de ausência. Já se sabe, contudo, que este ano deverá ser de vacas magras para a escuderia, que ainda vai depender muito da evolução do motor alemão. Vitórias provavelmente só virão em 2001. Para este ano, a meta é chegar ao pódio nas corridas.

             McLaren e Ferrari devem continuar dominando a categoria. O time de Ron Dennis tem tudo para mais uma vez sair na frente no mundial, uma vez que mantém seu staff técnico e pilotos inalterados. Porém, a Ferrari deve vir um pouco mais forte este ano. Além de contar agora com Barrichello, apontado pela imprensa especializada como um piloto muito melhor do que Eddie Irvinne (Michael Schumacher dispensa comentários), o time de Maranello resolveu abandonar a postura de apostar em apenas um de seus pilotos e deve atacar tanto com Schumacher quanto com Barrichello, o que é bom para o piloto brasileiro.

             As demais escuderias vivem a expectativa de um ano melhor do que o de 99, em especial a Stewart, agora Jaguar, que terá a missão de provar que a evolução do ano passado não foi efêmera.

             Vamos ver que surpresas a F-1 guarda para torcedores, integrantes e todos aqueles que curtem a alta velocidade e emoção do automobilismo.

 

 

Está novamente em curso mais uma edição do Dakar, o mais famoso rali do mundo, disputado no norte do continente africano. As etapas desta semana foram canceladas pelos organizadores devido à ameaça de ataques terroristas no território do Níger. Foram canceladas 4 etapas. Depois de enfrentar problemas com este tipo de gente nos últimos anos, a organização decidiu cancelar as etapas potencialmente perigosas e recomeçá-las a partir da Líbia, nesta segunda-feira, dia 17. Enquanto isso, os competidores já estão às voltas com seus próprios problemas no rali. Para o time de brasileiros, eles têm enfrentado altos e baixos. Amyr Klink, que disputa pela primeira vez o rali, por pouco não abandonou a prova no seu início, em virtude de problemas corriqueiros. Em contrapartida, André Azevedo vem fazendo uma excelente prova na categoria caminhões maratona, estando entre os primeiros colocados no rali. Juca Bala, que compete nas motos, levou um tombo na segunda-feira e teve alguns problemas mais complicados em seu equipamento, perdendo diversas posições. O rali, conhecido como o mais perigoso do mundo, também já começou a fazer suas vítimas deste ano. O piloto belga Roland Hoebecke entrou em coma após cair de sua moto e foi transferido de avião para a Bélgica. Resta saber quantos conseguirão chegar inteiros até o final do rali...

 

 

Continua indefinida a situação do piloto Alessandro Zanardi, mas é praticamente descartada a sua participação na F-1 este ano. O próprio Frank Williams já admite que foi um erro ter contratado o piloto italiano, e na apresentação do novo chassi FW22, Zanardi não estava presente, o que só confirma que ele não deve mais ficar na equipe. Com isso agora, o time deve escolher um novo piloto, e a vaga pode acabar nas mãos de Bruno Junqueira, que é piloto de testes da equipe, e já conseguiu impressionar bastante os engenheiros nas poucas vezes em que testou o carro. Mas há outro piloto na parada também, que é o inglês Darren Manning, que venceu o campeonato de F-3 japonesa, e o GP de Macau de F-3. 

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