Pois é, já chegamos ao mês de junho, que encerra o primeiro semestre de 2022. Quase metade do ano já se foi, e os campeonatos do mundo do esporte a motor mundo afora seguem firmes em suas disputas. E, o início de cada mês é sempre chegada a hora de mais uma edição da seção Flying Laps, relatando alguns dos acontecimentos do mundo da velocidade que tivemos neste último mês de maio, com destaque desta vez o campeonato da Formula-E, além da Indycar, sempre com alguns comentários rápidos a respeito de cada um deles. Então, uma boa leitura a todos, e até a próxima edição da Flying Laps no início do próximo mês...
A Mercedes lidera o campeonato da Formula-E com o belga Stoffel Vandoorne, e já comunicou que deixa a categoria dos carros monopostos elétricos ao fim da atual temporada, mesmo tendo o título do ano passado com Nyck de Vries, e com a chance de ser campeã novamente este ano. A expectativa era sobre o destino da escuderia montada pela marca alemã na categoria, que poderia fazer o grid encolher novamente, a exemplo do que houve quando a Audi resolveu encerrar suas atividades na competição. Mas, felizmente, tudo já foi solucionado, com a McLaren, que já tinha demonstrado interesse em entrar na F-E, anunciando que está comprando o time da Mercedes, que passará a se chamar McLaren a partir da próxima temporada, e com isso, se mantém o time na competição, e seus dois pilotos. Com relação ao trem de força, já que a Mercedes não manterá o fornecimento de seu equipamento, a exemplo do que Audi e BMW fizeram com seus times clientes nessa temporada, o novo time usará os trens de força da Nissan, que assim amplia seu campo de atuação na competição, até hoje restrito ao seu time oficial, com a equipe e.Dams. Quanto aos pilotos, ainda não há uma definição de quais serão os nomes que defenderão a nova escuderia, mas isso deve ser anunciado em breve. Vandoorne estaria em conversas para defender a nova DS/Penske em 2023, e não se sabe se De Vries pode rumar para a F-1, o que embaralha as possibilidades da nova dupla de pilotos, ainda que seja possível que um dos atuais pilotos titulares siga no time, assim como vai acontecer com parte da direção da escuderia, a fim de manter a estabilidade das atividades do time. René Rast já estaria sendo sondado para ocupar uma das vagas, mas não é o único com quem o time negocia. Com a entrada oficial da escuderia de Woking, a McLaren passa a atuar oficialmente na F-1, na Indycar, e na F-E. Além disso, a McLaren também participa das categorias Xtreme-E e eSports.
A Venturi, que utiliza o trem de força da Mercedes, não ficará órfã em 2023, já tendo feito acordo para receber o trem de força da Maserati, que fará sua estréia na competição dos carros elétricos, e terá no time monegasco sua equipe oficial na categoria. Edoardo Mortara segue no time, mas a posição de Lucas Di Grassi ainda é desconhecida, com o piloto brasileiro apenas declarando que já está negociando sua participação na F-E para 2023, o que não significa necessariamente que vai permanecer no seu time atual.
Mortara, aliás, disputa o título da temporada, sendo o vice-líder da competição, com 99 pontos, atrás apenas do belga Vandoorne, com seus 111 pontos. Edorado venceu a primeira corrida do ePrix de Berlim, disputado neste mês de maio, tendo marcado a pole-position e liderado a corrida praticamente de ponta a ponta, mas tendo sempre os rivais próximos e prontos para tomar a dianteira caso o suíço cometesse o menor erro. Nas voltas finais, Jean-Éric Vergne fez forte pressão na luta pela vitória, que acabou ficando mesmo com o piloto da Venturi, enquanto o bicampeão teve de aceitar terminar em 2º lugar. Quem fez uma bela corrida foi Vandoorne, com o piloto da Mercedes escalando as posições durante a corrida, para fechar o pódio com a 3ª colocação. Para os brasileiros, essa primeira corrida foi para esquecer. Enquanto Sérgio Sette Câmara largou numa excelente 7ª posição, na corrida infelizmente seu carro foi perdendo rendimento, o que o fez terminar apenas em 17º lugar. Lucas Di Grassi, enquanto viu o companheiro de equipe largar na frente e vencer, acabou abandonando a corrida, com problemas em seu carro, amargando mais uma prova sem marcar pontos no ano, e perdendo terreno para os pilotos que lutam pelo título da temporada, como seu companheiro de equipe.
A segunda corrida da F-E em Berlim foi de domínio da Mercedes, com vitória de Nyck De Vries, que assumiu a ponta logo na largada, e simplesmente não deu chances a ninguém, especialmente Mortara, que bem que tentou sair da capital alemã com um segundo triunfo, mas não conseguiu superar o piloto da Mercedes e atual campeão da categoria, que vinha em baixa há algumas corridas, e conseguiu dar a volta por cima na segunda corrida disputada no circuito montado na antiga pista do aeroporto de Tempelhof. Mortara acabou em 2º lugar, enquanto Stoffel Vandoorne, em mais uma corrida firme, fechou novamente o pódio com mais um 3º lugar, após superar Lucas Di Grassi nas últimas voltas, quando o carro do brasileiro começou a perder rendimento, depois de lutar para terminar entre os três primeiros colocados, mas tendo que se resignar a receber a bandeirada em 4º lugar, o que serviu para apagar parcialmente a frustração por ter abandonado a primeira corrida. Mesmo assim, o brasileiro continuou sem conseguir se aproximar do pelotão da frente na luta pelo título, ocupando apenas a 9ª colocação na competição, com 49 pontos, enquanto o companheiro de equipe Mortara é o vice-líder, com 99 pontos, uma diferença de 50. O resultado em Berlim na segunda corrida, com as 4 primeiras posições ocupadas por pilotos da Mercedes e da Venturi garantiu à marca alemã as 4 primeiras colocações na corrida, com o trem de força da Audi tendo a 5ª posição, com o carro de Robin Frijns, da Envision. A Mercedes vem firme na competição, e é uma pena sua saída da F-E, com o bom desempenho que vem tendo, mas é assim mesmo: as marcas decidem quando e como participam, e em muitos momentos, isso independe de seus desempenhos no campeonato em que estão participando...
Dizem que água mole em pedra dura tanto bate até que fura, um ditado que diz que a persistência é um dos fatores para se conseguir sucesso na vida. Para Colton Herta, é o que sobrava fazer, depois de bater na trave em alguns momentos nesta temporada, e não conseguir traduzir performances em resultados. Mas, a persistência valeu a pena, e Herta deu show no GP de Indianápolis, prova disputada no circuito misto do famoso autódromo das 500 Milhas, que em uma corrida marcada pela inconstância da chuva, conseguiu sobreviver às interpéries e superar as dificuldades do piso molhado do traçado, que fizeram vários outros pilotos naufragarem na prova. A chuva bagunçou a corrida no seu início, que foi atrasado em mais de meia hora, até que as condições melhorassem. E, com o tempo firmando, e a pista secando, era questão de tempo até acertar qual seria o melhor momento para trocar os compostos de chuva para os pneus de pista seca, já que trocas prematuras poderiam ser fatais no asfalto molhado, e Colton soube escolher o melhor momento para parar nos boxes e retornar à pista, depois de largar apenas em 14º. E, como desgraça pouca é bobagem, eis que a chuva resolveu voltar ao circuito, já na parte final, complicando ainda mais as chances de pilotos que já haviam se complicado na parte inicial da corrida, até porque o retorno da água à pista veio de forma irregular, com os pilotos tendo de adivinhar se era necessário trocar ou não os pneus. E, especialmente neste momentos mais críticos, era preciso uma dose de sorte e talento para não rodar, como o próprio Herta demonstrou ao quase escapar da pista, e controlar o carro numa derrapagem e mantê-lo no traçado. Nos momentos finais da corrida, a vida do piloto da Andretti acabou facilitada por um acidente de Juan Pablo Montoya, que acabou motivando a última bandeira amarela do dia, e encerrando as disputas de pista. Herta venceu pela primeira vez no ano, encerrando um pouco a zica de dar show e ficar devendo resultados. Simon Pagenaud, em grande performance também no pisto instável, saiu da 20ª colocação para terminar em 2º lugar, enquanto Will Power, que havia saído na pole-position, sobreviveu aos problemas enfrentados durante a corrida para fechar o pódio em 3º lugar. Entre os pilotos que se enrolaram na corrida, Álex Palou foi apenas o 20º colocado, depois de rodar e ter ajuda para voltar à pista, enquanto Josef Newgarden acabou tendo um toque com Will Power logo no início da corrida e ficou completamente sem chances de um bom resultado. Já Romain Grosjean, depois de brilhar nas corridas do ano passado disputadas no traçado misto de Indianápolis, foi mais um a naufragar nas interpéries da corrida este ano, terminando em um simplório 18º lugar.
Dizem que Indianápolis escolhe seus vencedores, e essa afirmação não pode ser ignorada por aqueles que competem na famosa corrida das 500 Milhas. É necessário talento, um bom carro, e em muitos momentos, também sorte para nada dar errado durante a corrida. E, por isso mesmo, eis que Scott Dixon ficou mais uma vez sem conseguir converter sua performance em um bom resultado na Brickyard. O neozelandês da equipe Ganassi largou na pole, e foi um dos destaques da corrida, andando sempre entre os primeiros, e tendo tudo ao seu alcance para chegar à sua 2ª vitória nas 500 Milhas. Mas, eis que seu time cometeu um erro nos pit stops da segunda metade da prova, ao apertar errado um dos pneus, e com isso, podendo ocasionar um acidente, o que fez com que Dixon tivesse de voltar aos boxes, perdendo as chances de lutar pelas primeiras posições, já que não havia tempo também para tentar uma recuperação na corrida, terminando em 21º lugar na prova. Ele tinha um bom carro, o talento e a competência, mas faltou sorte, detalhe que acabou oferecendo a Marcus Ericsson, também da Ganassi o triunfo na famosa corrida, que venceu sem dispensar os outros quesitos. O sueco também tinha um bom carro, e foi talentoso e competente para superar os adversários na pista e defender sua posição nas voltas finais da corrida das investidas dos adversários, em especial Patricio O’Ward, da McLaren, e de Tony Kanaan, também da Ganassi, que chegaram a ameaçar a posição de Marcus nos momentos finais, e bem que tentaram algo nas voltas restantes após a corrida ser interrompida pela batida de Jimmie Johnson na volta 194, com a bandeira vermelha sendo acionada pouco depois, para que a corrida pudesse ser encerrada com bandeira verde. Ericsson, que renasceu no automobilismo na Indycar no ano passado, quando venceu duas corridas, agora adquire o status de vencedor das 500 Milhas de Indianápolis, uma vitória que reluz no currículo de qualquer piloto, sendo que o sueco é mais um nome que saiu por baixo da F-1 a conseguir o seu merecido reconhecimento ao vencer essa prova.
Em sua única participação na Indycar na temporada 2022, Tony Kanaan foi um dos destaques da equipe Ganassi, que contou com uma participação forte do piloto baiano, que largou na 6ª posição, e andou sempre no pelotão da frente, batalhando pela possível segunda vitória nas 500 Milhas de Indianápolis. Terminou em 3º lugar, tentando sem sucesso demover o colega Marcus Ericsson da liderança, bem como superar Patricio O’Ward, mas com vontade de retornar no próximo ano para tentar a sorte mais uma vez. E Chip Ganassi, satisfeito com o desempenho do brasileiro, está mais do que disposto a tê-lo novamente no time em 2023 para a Indy500.
Vencedor da Indy500 no ano passado, Hélio Castro Neves tentava a 5ª vitória este ano, o que o tornaria o maior vencedor da história da Brickyard, mas os concorrentes estavam muito fortes, e mesmo fazendo uma corrida progressiva rumo às primeiras colocações, o brasileiro terminou em 7º lugar, contente com o comportamento de seu carro da Meyer Shank, mas sabendo que não tinha a velocidade necessária para lutar novamente pela vitória. Não deixou de ser uma bela corrida de Helinho, que largou em 27º, e conseguiu inclusive chegar à frente de seu colega de time Simon Pagenaud, que largou em 16º, e terminou logo atrás dele. A tentativa da 5ª vitória fica agora para 2023, e ele está motivado para continuar tentando...
Nenhum comentário:
Postar um comentário