Sergio Perez: vitória em Mônaco e a chance de disputar o título em 2022. Será que o mexicano pode sonhar alto assim?
Hoje começam os
treinos oficiais da Fórmula 1 para o GP do Azerbaijão, em Baku, e um dos
assuntos em voga nos últimos dias nos bastidores da categoria, é se Sergio
Perez pode de fato ser considerado candidato ao título da temporada de 2022,
após sua vitória no GP de Mônaco, última corrida do campeonato, lembrando que a
prova deste fim de semana foi vencida pelo piloto mexicano no ano passado. A
resposta correta é que Perez, tem sim, chances de lutar pelo título. O problema
é combinar com os adversários, e aí que a coisa complica.
Por mais que a Red Bull, através de Christian Horner, tenha declarado que a escuderia “não tem um favorito” para a disputa do título, todo mundo sabe que isso é algo para “inglês ver”, uma vez que Max Verstappen é de forma escancarada o primeiro piloto do time. Mas, dependendo da situação, esse favoritismo do holandês pode ser um pouco relativizado, dependendo das circunstâncias, e do momento da equipe austríaca.
Primeiro, os fatos: Verstappen é um fenômeno, e um piloto claramente superior ao mexicano. Estabelecer o holandês como favorito do time não é nada anormal, é mais do que compreensível. Mas, se é tão bom assim, por outro lado, ele não deve precisar de “favorecimentos” ou “proteção” do time, caso as situações na pista fiquem mais complicadas, dependendo da situação. E aí, devemos também definir que, não é por ser um piloto menos capacitado que Verstappen que Perez tenha de ser preterido no time, ou boicotado, só porque não é o “favorito” do time.
O resultado em Mônaco tem de ser relativizado, lembrando que a corrida no principado tem suas particularidades, e o fato de ser uma pista onde na prática não há ultrapassagens colaborou a favor do mexicano se manter na liderança, e vencer a corrida. Mas, por outro lado, ele sempre andou melhor que Max durante todo o fim de semana, e se conseguiu chegar à liderança, é porque estava no lugar certo, na hora certa, para colher esse lucro, ainda que tenha sido por conta da burrada estratégica da Ferrari. Mas Perez tinha andado forte também na Espanha, e a despeito das “estratégias diferentes” alegadas naquele GP por Horner, fica a dúvida se Verstappen conseguiria realmente vencer a corrida, diante do forte ritmo do mexicano, e dos problemas que o holandês tinha com seu DRS. Então, não podemos afirmar simplesmente que Perez, por ser menos talentoso que Verstappen, deva ser exatamente preterido. Ele deve ter sua chance de lutar, claro, dentro de certos limites, e aproveitar a chance quando ela surgir.
A Red Bull tem um carro forte, a despeito de seus problemas de confiabilidade, e por ter um comportamento mais neutro, leia-se normal, Perez tem conseguido andar muito mais próximo de Verstappen do que no ano passado, quando o time tinha um carro mais nervoso e arisco, cujo comportamento só o holandês conseguia domar. O fato de ter um carro que permita ao mexicano andar muito mais forte do holandês tem que ser visto como um trunfo para o time, que aumenta suas chances de bons resultados conjuntos, já que ambos os pilotos conseguem andar na frente, ao invés do que se viu no ano passado, onde na maior parte da temporada apenas Max conseguia discutir os primeiros lugares. Isso capacita o time a ir para o ataque com seus dois pilotos contra os adversários, e no caso da Ferrari, também vem com sua dupla em termos similares.
Aqui é o ponto onde
tudo pode se complicar: se é claro que Max Verstappen tem em Charles LeClerc
seu grande antagonista no time italiano, Carlos Sainz Jr. tem em Sergio Perez
seu rival direto no campeonato. Mas, os resultados muitas vezes não
correspondem às expectativas, e no momento, vemos Sainz ter perdido terreno
para LeClerc, diante dos azares, e dos erros cometidos. Perez, apesar de ter
perdido alguns duelos com Carlos, tem errado menos, e por isso, assumiu a 3ª
colocação no campeonato, estando apenas 15 pontos atrás de Verstappen, enquanto
LeClerc, tendo também sua cota de azares, perdeu a liderança e no momento está
mais na alça de mira do mexicano do que em manter o holandês sob mira. Se
quiser se manter com chances de discutir o título, ele precisa estar o mais
próximo possível de Verstappen, a fim que possa reclamar o direito de lutar na
pista, mas ao mesmo tempo, tem de contribuir para manter LeClerc e Sainz atrás
na classificação. E é nesse ponto que nada é garantido. Se a Ferrari reagir, e
endurecer a disputa, como a Red Bull vai reagir? A “promessa” do time dos
energéticos, de que Perez pode disputar o título, será mantida, se o duelo com
LeClerc, ou até com Sainz, caso o espanhol também venha para cima?
Para que as coisas continuem a favor do mexicano, será fundamental ele responder na pista, especialmente nos duelos que vir a travar com os pilotos da Ferrari, até aqui os únicos rivais com quem a Red Bull tem que se preocupar. E, mais do que tudo, andar tanto quanto possível no ritmo de Verstappen, se não à frente do holandês, sendo esta a mais desejável referência exigida. Quanto mais a Red Bull conseguir restringir as chances à sua dupla de pilotos, maiores as chances de a luta continuar “liberada” entre eles. E que vença o melhor, ou o que der maior sorte na pista, ou for mais competente no gerenciamento das circunstâncias.
Mas, LeClerc e Sainz têm suas próprias idéias, e eles também possuem os mesmos objetivos, que é disputar o título, e por isso mesmo, não vão aliviar em nada na pista. Se o time italiano parar de errar, e seus pilotos também, as chances do pau comer solto nas corridas aumenta consideravelmente, já que em termos de performance, tanto a Ferrari quanto a Red Bull possuem rendimentos similares, com melhor desempenho variando entre um e outro carro, dependendo da pista, e claro, da performance do piloto. Na conjunção ideal, que daria mais emoção ao campeonato, seria desejável que ambas as duplas de pilotos partissem para o pau a pau na luta pelo campeonato, e que vencesse o melhor. Mas, até quando podemos sonhar com isso?
Charles LeClerc (acima) viu suas chances de vencer em Mônaco este ano naufragarem por erro da equipe, enquanto Carlos Sainz Jr. (abaixo) acabou se dando melhor, mas também não conseguiu vencer.
Até o presente momento a Ferrari, cujo histórico no quesito ordens de equipe não é nada elogiável, é quem teve o comportamento mais limpo até aqui, visto que em nenhum momento Charles LeClerc ou Carlos Sainz Jr. tiveram suas chances tolhidas na pista em algum momento. Já a Red Bull já mostrou um pouco suas asinhas de fora, com o que vimos na Espanha, desculpas plausíveis ou não, e Perez se deu em Mônaco, diante das particularidades da pista e da corrida. Quem vai se manter mais “ético” e “esportivamente” falando, conforme o campeonato avança?
Se a Red Bull fazer o dito pelo não dito, e favorecer Verstappen de forma explícita, mesmo que signifique sacrificar Perez, a Ferrari muito provavelmente apelará para o mesmo esquema, centrando forças em LeClerc, e colocando Sainz para escanteio, e com isso, restringindo o duelo entre seus principais pilotos, cabendo aos outros dois apenas atrapalhar os rivais na pista, do modo como for possível.
Por isso mesmo, se Perez quiser continuar a sonhar com a luta pelo título, ele deve pilotar como nunca, pois a chance de ter outro carro tão bom em mãos, e em momento tão favorável, em que ele tem conseguido andar forte e próximo de Max Verstappen, pode não se repetir mais. Mas, é possível ao mexicano realmente desafiar Verstappen na pista, em luta pelo campeonato? A resposta é sim! É difícil, mas não impossível. Verstappen, pelo seu estilo mais arrojado de guiar, em tese costuma exigir mais do carro, e é preciso lembrar que a confiabilidade da Red Bull, apesar de ter melhorado, ainda é fonte de preocupação para a equipe, e falhas como a do DRS vistas na Catalunha podem tolher parte do desempenho do carro, em que pese este tipo de falha não ter muito a ver com o estilo de condução do piloto. O ponto forte de Verstappen é sua capacidade de guiar no limite o tempo todo, e com constância, resultando em uma diferença de performance que por vezes pode ser considerável, inviabilizando um duelo por parte de Perez.
Por outro lado, o mexicano tem um excelente ritmo de corrida, e sabe cuidar especialmente dos pneus, graças a um estilo mais polido de condução do carro, algo que pode ser um importante trunfo, quando o estilo mais arrojado de Verstappen pode prejudicar a durabilidade de seus pneus, fazendo-o perder ritmo conforme a degradação dos compostos se avoluma. Saber cuidar do equipamento mais do que Verstappen pode ser um ponto favorável para o mexicano, e se não equilibra o duelo, o torna um pouco mais próximo, a ponto de realmente permitir que Sergio possa acalentar entrar na briga pelo campeonato de fato.
A diferença de talento entre os pilotos é importante, mas nem sempre é determinante que o piloto mais talentoso vai ser sempre mais rápido. Lembremos da parceria entre Gerhard Berger e Ayrton Senna na McLaren: o austríaco era menos talentoso que Senna, obviamente, mas nem por isso ele deixava de conseguir andar no nível de Ayrton em algumas oportunidades, e até mesmo à frente, em outras. É verdade que ele não conseguia manter o mesmo nível que o brasileiro, mas isso não o tirava da briga em boa parte da competição. E não era o único caso na história da F-1. Pode ocorrer agora. Mas como afirmo, PODE OCORRER, é uma possibilidade, talvez pequena, mas que existe. Ignorá-la, só porque Verstappen parece ser o talento supremo da categoria máxima do automobilismo no momento, seria admitir uma invencibilidade teórica que não corresponde à realidade. O desempenho dos pilotos é sempre uma atuação conjunta homem-equipamento, e nem sempre essa conjunção de fatores atua em sintonia. Por menores que sejam as chances de Perez na luta, elas existem. Dependerá dele, principalmente, aproveitar todas as oportunidades que surgirem para reforçar sua posição, pois nem tudo depende dele, começando pela performance dos adversários, algo que será crucial nesta equação, assim como o desempenho de seu companheiro de equipe Verstappen.
Outro detalhe a ser observado será o comportamento do holandês frente a uma possível dificuldade de superar o piloto mexicano na pista, possibilidade que não é impossível de ocorrer, mesmo que seja pelos mais variados motivos. Por mais que Max afirme não se abalar com isso, já vimos o holandês perder as estribeiras em algumas ocasiões, quando se via confrontado e superado. Fernando Alonso, por exemplo, perdeu o rebolado em alguns GPs em 2007, quando se viu confrontado e superado pelo novato Lewis Hamilton na McLaren. Michael Schumacher também ficava bem contrariado em algumas corridas quando Rubens Barrichello o superava na Ferrari, tendo chegado a sofrer até um forte acidente na Austrália, quando levou um temporal do brasileiro nos treinos livres. A Red Bull diz que o holandês amadureceu, e não comete mais este tipo de erro na pista, mas é verdade que, desde que Daniel Ricciardo deixou a Red Bull, Max passou a reinar sozinho no time, e só agora volta a ter um companheiro de equipe que parece conseguir andar mais próximo a ele, mesmo que não a tempo integral. Vai ser interessante ver como ele vai se comportar de fato com essa situação, caso os acontecimentos acabem não lhe sendo muito favoráveis, e Perez passe à sua frente na classificação do campeonato.
E, quanto mais pilotos na disputa, melhor para a competição, ainda que isso possa não ser bem atrativo para os times. Se Sergio Perez conseguir de fato disputar o título até o final, será um grande mérito para o mexicano, que pode não ser um talento excepcional como seu companheiro de equipe, mas trata-se de um bom piloto, e que pode mostrar do que é capaz se conseguir ter o carro certo, no momento certo, e nas circunstâncias favoráveis. Se ele conseguir aproveitar as chances, tem tudo para ir até o fim na disputa. Mas, volto a frisar, ele tem chances. Se vai conseguir, são outros quinhentos, pois precisará que tudo corra a seu favor, e guie como nunca guiou antes. E a missão começa já hoje nos treinos livres em Baku. Aliás, mesmo ainda tendo que se entender com o carro complicado da Red Bull no ano passado, foi nessa pista que Perez andou no ritmo de Verstappen pela primeira vez na equipe austríaca, sempre secundando o holandês, e estando lá para vencer a corrida quando Max acabou traído pelo pneu traseiro de seu carro, e Hamilton errou na freada da primeira curva. Com um carro mais a seu estilo, e vindo de duas corridas com performance forte e decidida, o mexicano está com a moral em alta para tentar fazer valer a sua oportunidade de também brilhar na temporada.
Vai conseguir? Como já mencionei, vai deixar o campeonato mais interessante se o fizer. Claro que isso não vai agradar a alguns outros, mas quanto mais disputa, melhor...
A Indycar chega ao seu melhor circuito misto de toda a temporada, a pista de Elkhart Lake, com seus 6 Km de extensão, e visual verdejante que lhe confere o apelido de “Spa-Francorchamps” dos Estados Unidos. A corrida terá transmissão ao vivo neste domingo a partir das 13:30 Hrs., pelo horário de Brasília, pela TV Cultura, ESPN4, e pelo serviço de streaming Star+.
E chegou a hora da edição 2022 das 24 Horas de Le Mans, uma das provas mais famosas do mundo do automobilismo mundial, que chega à sua 90ª edição, e com muita coisa a comemorar. A primeira prova foi disputada em 1923, e com exceção dos anos de 1936, e de 1940 a 1948, sempre esteve presente no calendário do desporto automobilístico mundial. Para a edição deste ano, a Toyota larga na pole-position, com o carro Nº 8, com a trinca Brendon Hartley/Ryo Hirakawa/Sébastien Buemi, secundado pelo carro Nº 7, com Kamui Kobayashi/Mike Conway/José Maria Lopez. Com largada prevista para as 11 Hrs., a prova terá três “blocos” de transmissão para o Brasil, começando pela largada, no horário citado, pelo canal por assinatura ESPN4, e pelo sistema de streaming Star+, até às 14:00 Hrs. O segundo “bloco” terá início às 21:30 Hrs. de sábado, indo até a meia-noite; e o terceiro e último “bloco” começando às 8:00 Hrs. da manhã de domingo, e indo até a bandeirada final de chegada, totalizando cerca de 8 horas e meia de transmissão ao vivo da prova, pouco mais de um terço de seu total.
O Brasil contará com seis pilotos
em Le Mans este ano. Começando pela categoria dos Hipercarros, teremos André
Negrão no carro 36 da equipe Alpine, em parceria com Nicolas Lapierre e
Matthieu Vaxiviere. Pipo Derani também competirá nos Hipercarros, com o carro
708 da equipe Glickenhaus Racing, formando trio com os pilotos Romain Dumas e
Olivier Pla. Na categoria LMP2, teremos Felipe Nasr, defendendo a equipe Penske
no carro Nº 9, em conjunto com Dane Cameron e Emmanuel Collard. Pietro
Fittipaldi estará no carro 43 da equipe Inter Europol Competition, tendo como
parceiros os pilotos David Heinemeier-Hansson e Fabio Scherer. E, na categoria
GTE Pro, temos mais uma vez Daniel Serra com a equipe AF Corse, fazendo
companhia no carro 51 aos pilotos Alessandro Pier Guidi e James Calado.
Fechando a esquadra brasileira, também na classe GTE Pro, temos Felipe Fraga
com o carro 74 da Riley Motorsports, em conjunto com os pilotos Sam Bird e
Shane van Gisbergen. Boa sorte a todos em suas respectivas categorias.
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