quarta-feira, 29 de junho de 2022

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – JUNHO DE 2022


           
Estamos chegando ao fim do mês de junho, e praticamente metade do ano de 2022 já foi embora, e parece que o ano mal começou outro dia, com o tempo parecendo correr na mesma ou até maior velocidade do que os bólidos das competições. As principais categorias e campeonatos de automobilismo do mundo seguem firmes em seus campeonatos, com muitas disputas e duelos nos mais variados locais do planeta. Portanto, como é de costume em todo fim de mês, é hora de irmos mais uma vez com a edição da Cotação Automobilística, com uma pequena avaliação de alguns dos vários acontecimentos e personagens do mundo da alta velocidade neste último mês, com meus comentários, no velho esquema de sempre: Em Alta (menções no quadro verde); Na Mesma (quadro azul); e Em Baixa (quadro laranja). Portanto, tenham todos uma boa leitura, e cuidem-se todos, e até a próxima edição da Cotação Automobilística no mês de julho...

 

 

EM ALTA:

 

Max Verstappen: O atual campeão mundial desgarrou na liderança do Mundial de F-1, e assumiu de vez o franco favoritismo dele e de seu time, a Red Bull, na luta pelo título da temporada, depois de vitórias incontestáveis no Azerbaijão e no Canadá, mesmo que na prova em Montreal o holandês tenha sofrido forte pressão de Carlos Sainz Jr., da Ferrari, na luta pela vitória. Só que Max conseguiu resistir bravamente à pressão do espanhol da Ferrari, mostrando porque é o piloto a ser batido no momento na categoria máxima do automobilismo. Já vimos esse panorama no ano passado, quando a meio da temporada Verstappen e a Red Bull pareciam que nadariam de braçada rumo ao título da temporada, o que não se confirmou com uma série de azares e incidentes, além de uma forte reação por parte da Mercedes. Agora, com o time alemão fora de combate na luta pelo título, o oponente da vez é a Ferrari, que apesar de ter um carro muito rápido, tem tropeçado em problemas e erros, facilitando a tarefa da Red Bull e de Verstappen, mas ainda assim mostrando que o holandês não pode baixar a guarda, apesar do time ferrarista não estar sendo tão ameaçador como possa parecer, já que sua dupla de pilotos precisa retomar o ímpeto para brigar firme na frente, mas agora tendo de torcer por azares do holandês, que abriu uma grande dianteira, que não será facilmente revertida sem que ocorra algum problema alheio a seu controle. Curiosamente, o momento de virada no ano passado foi em Silverstone, onde é justamente a próxima corrida da atual temporada. Será que a Ferrari e seus pilotos conseguirão retomar a luta pelo título, ou vão ter de se resignar a ver Max ampliar ainda mais sua vantagem na liderança do campeonato? Escaldado pelo ocorrido em 2021, Max não vai querer dar chance para uma recuperação do adversário, e mesmo na dianteira, certamente vai partir para o ataque, e seus rivais que aguentem o tranco da difícil tarefa de batê-lo...

 

Marcus Ericsson: O piloto sueco, que na sua passagem pela F-1 sempre foi classificado como “mero piloto pagante”, sem o qual não teria lugar na categoria máxima do automobilismo, renasceu na Indycar. Já tendo vencido suas primeiras corridas na categoria de monopostos norte-americana no ano passado, defendendo a Ganassi, onde era considerado “reserva” por ficar à sombra de Álex Palou e Scott Dixon, aumentou bastante o seu cacife este ano, muito por conta da vitória nas 500 Milhas de Indianápolis, que eleva o currículo de qualquer piloto, mas também por sua excelente constância na atual temporada, a ponto de liderar o campeonato, e se colocar como candidato ao título da competição. Ericsson saiu da sombra de seus companheiros de equipe na Ganassi, Palou e Dixon, o que não é pouca coisa, e está conseguindo se manter firme entre os primeiros colocados na classificação, em um certame conhecido por seu equilíbrio, onde o menor erro pode colocar tudo a perder. Deixando de ser visto como “piloto pagante”, Ericsson aproveita a chance que a Indycar dá a pilotos que buscam mostrar o seu talento, e por enquanto, está conseguindo ir mais longe do que muitos imaginavam, quando o sueco era constantemente superado pelo companheiro Felipe Nasr na equipe Sauber, onde o brasileiro era considerado um piloto de muito maior capacidade que Marcus. Mas o piloto não pode marcar bobeira, pois os rivais estão no seu encalço na classificação, e qualquer passo em falso poderá ser fatal para suas esperanças de chegar ao título da competição. E nestes passos em falso, ele também tem que tomar cuidado com seus próprios companheiros de equipe, em especial depois de ter forçado ultrapassagem sobre Álex Palou em Road America, fazendo o espanhol ir para fora da pista e tendo que abandonar por danos no carro, criando uma picuinha que pode ter suas consequências mais à frente dentro da equipe Ganassi.

 

Fabio Quartararo: O piloto da Yamaha, que até pouco tempo atrás se dizia insatisfeito com o time, mudou de ares, tendo renovado seu contrato com o time dos três diapasões, e engatando duas vitórias consecutivas na temporada, assumindo uma dianteira cada vez maior na liderança do campeonato, e rumando para a conquista do bi. Com três vitórias no ano, o francês tem carregado seu time nas costas, uma vez que Franco Morbidelli até aqui não tem rendido quase praticamente nada na equipe nipônica, passando longe de acompanhar o ritmo do atual campeão da MotoGP. Com os rivais não conseguindo mostrar uma constância de resultados, Quartararo aproveitou para acumular vantagem na classificação, a fim de mitigar perdas que poderiam ocorrer em alguma corrida onde surgissem problemas. E foi bom que tivesse feito isso, porque sua atuação na prova da Holanda não foi das melhores, tendo forçado uma ultrapassagem sobre Aleix Spargaró que o levou ao chão, e obrigando-o a abandonar a corrida posteriormente, no primeiro momento negativo da temporada. E, graças à sua grande vantagem de pontos, Fabio não viu os rivais se aproximarem muito, tendo ainda uma confortável margem de segurança, mas que virá a calhar devido ao fato de ter de pagar uma punição na próxima corrida, na Inglaterra, por quase ter tirado Spargaró da prova holandesa, e que pode prejudicar seu resultado. Resta saber se a concorrência conseguirá aproveitar o momento para tentar chegar mais perto, porque Quartararo quase não tem dado brechas para os rivais na temporada deste ano, e apesar dos percalços da última corrida, ainda é o franco favorito ao título da classe rainha do motociclismo neste ano.

 

Kalle Rovanperä: O piloto finlandês é a sensação da atual temporada do Mundial de Rali. Defendendo a equipe Toyota, o piloto já tem 4 vitórias em seis etapas no campeonato deste ano, e segue disparado como favorito ao título da competição, enquanto os rivais ficam sem conseguir competir à altura, vendo o piloto abrir cada vez mais vantagem na classificação. Thierry Neuville, o vice-líder, está 65 pontos atrás de Rovanperä na classificação, o equivalente a mais de duas provas com pontuação máxima, sendo que o belga conseguiu apenas dois pódios até agora na temporada, mas nenhuma vitória, resultado que foi alcançado por Ott Tanak, companheiro de time de Thierry na equipe Hyundai, no único triunfo obtido por um competidor regular no ano além do piloto finlandês. E isso porque a outra vitória foi de Sébastien Loeb, numa participação eventual do eneacampeão da categoria, e que não disputa todas as provas. Depois das “dinastias” de Loeb e Sébastien Ogier, muitos imaginavam ter uma disputa mais parelha, mas ao que parece, já está surgindo um novo piloto dominante a ser batido, mesmo que ainda tenhamos pouco mais da metade da temporada ainda por ser realizada. Mas Kalle Rovanperä está com a faca e o queijo na mão, e certamente não vai desperdiçar a chance de chegar ao título da competição, portanto, os rivais que se virem para tentar brecar sua escalada rumo à conquista do campeonato de 2022...

 

Disputa pelo título na Formula-E 2022: O campeonato de carros monopostos 100% elétricos segue bem embolado, sem termos um favorito destacado na luta pelo título da temporada de 2022, que marcará o encerramento da era do modelo Gen2. Com sete corridas ainda para encerrar a temporada, os quatro primeiros colocados na competição estão separados por apenas 12 pontos, e com todos eles apresentando seus momentos de altos e baixos, tentando se valer mais da constância de resultados do que das vitórias propriamente ditas, já que o desempenho de todos tem variado de corrida para corrida. Destes quatro pilotos, Mith Evans, da Jaguar, foi quem mais venceu, com três triunfos até aqui, mas estando atrás dos demais justamente por ter ficado sem pontuar em algumas corridas, enquanto os demais conseguiram driblar um pouco este problema, sendo que o vice-líder, Jean-Éric Vergne, nem vitória conseguiu ainda no ano, mas segue tentando alcançar o lugar mais alto do pódio, enquanto Edoardo Mortara venceu duas provas, e o líder da competição, Stofell Vandoorne, venceu apenas uma vez. Os demais pilotos, embora ainda possam entrar na briga, estão um pouco mais distantes, e precisariam caprichar nos resultados para conseguirem efetivamente disputar o título, entre eles o atual campeão, Nyck De Vries, que apesar de vencer duas corridas, acumulou alguns resultados ruins que o deixaram longe do companheiro de equipe e líder da competição. Mas muita coisa pode acontecer, e surpresas não o forte da F-E, em termos de resultados, então, nada está garantido até o encerramento da temporada, com muitas disputas podendo ocorrer na pista.

 

 

 

NA MESMA:

 

Pierre Gasly: O piloto francês, desde que foi “rebaixado” pela Red Bull, renasceu no time B da marca de energéticos, e desde então, tenta se lançar no mercado em busca de melhores opções de carreira, a fim de não ficar preso às escolhas de Helmut Marko, que já deu claras amostras de não querer ele novamente no time principal, relegando-o ao papel de “líder” da Alpha Tauri, onde suas ambições já parecem ter encontrado seu limite. O problema é que faltou opções de times mais promissores no mercado, e se no ano passado sua imagem vinha em alta, configurando-se em uma opção a ser considerada por outros times, infelizmente neste ano, decaiu, não apenas pelos problemas de competitividade do time, que se enrolou no projeto do carro da temporada atual, como as opções de times melhores também deu uma decaída forte, além de ter visto a renovação de Sergio Perez com a Red Bull como uma trave de bloqueio pelos próximos dois anos. Acabou sobrando mesmo foi ficar na Alpha Tauri, confirmando sua permanência no time para 2023, e esperar, mais uma vez, a sorte de aparecerem vagas em outros times onde possa tentar a sorte. E torcer para a maré virar dentro da própria Alpha Tauri, que está devendo em termos de performance em relação ao ano passado, o que pode fazer com que o piloto francês não consiga mostrar os resultados de que é capaz, e com isso, deixar de ser considerado uma opção interessante para outras escuderias porventura interessadas em sua contratação.

 

Dupla mantida na Red Bull até 2024: Em time que está ganhando não se mexe, diz o ditado, e a Red Bull resolveu apostar na estabilidade. Depois de fritar pilotos meio a torto e a direito nos últimos anos, eis que Sergio Perez conseguiu romper essa escrita, e ganhou a renovação com o time dos energéticos até o fim da temporada de 2024, continuando a fazer dupla com Max Verstappen, que está garantido na escuderia até 2028. Apesar de um carro difícil de se entrosar, o mexicano conseguiu fazer uma boa temporada em 2021, justificando sua permanência nesta temporada, onde com um carro mais neutro e previsível, melhorou ainda mais seu desempenho, chegando a vencer a corrida de Mônaco, e sendo eficiente o suficiente para ocupar no momento a vice-liderança do campeonato, atrás apenas de seu companheiro de equipe campeão do mundo. Com o ranço criado em torno de Pierre Gasly, e sem ver alternativas promissoras nos pilotos que apóia nas categorias de base, não restou muitas alternativas a Helmut Marko e Christian Horner do que manter Perez no time. Sergio mostrou-se muito consistente com o carro atual, chegando a andar até muito próximo de Verstappen. Mas o holandês é muito mais piloto, e até o presente momento, apesar do bom momento vivido pelo piloto mexicano, ele não é capaz de oferecer concorrência efetiva com Max, e por isso mesmo, não é visto como uma ameaça ao status quo vigente na escuderia, onde a prioridade continua sendo o piloto holandês, apesar do discurso de que “ambos tem liberdade para competir”. A Red Bull queria um piloto consistente, e que conseguisse andar perto de Verstappen o suficiente para poder batalhar contra os rivais em potencial, e com isso, deixar o holandês livre para disparar na frente, e é o que está acontecendo este ano, onde Perez tem dado trabalho à dupla da Ferrari, enquanto Verstappen disparou na frente. Para Perez, sua situação atual é de lucro, pois está garantido por mais dois anos na F-1, e quem sai perdendo é Pierre Gasly, que se já tinha contra si a bronca da cúpula rubro-taurina (leia-se Helmut Marko), agora vê suas chances de retornar ao time principal praticamente se esgotarem, a menos que tenha muita paciência para esperar outra chance em dois anos. A única possibilidade da dupla desandar seria Perez andar à frente de Verstappen, mas até o presente momento ele não conseguiu fazer isso com a constância necessária, para sorte também da Red Bull, que assim, por enquanto, tem relativa tranquilidade no time quanto à sua dupla de pilotos, e espera mantê-la pelos próximos dois anos...

 

Lucas Di Grassi: Pelo segundo ano consecutivo, o piloto brasileiro, que já foi campeão da F-E, parece estar completamente fora da disputa pelo título da categoria de carros monopostos 100% elétricos. A situação é ruim para Lucas considerando que seu companheiro de equipe já venceu duas corridas no ano, e é um dos postulantes na luta pelo título da competição, enquanto Di Grassi até agora conseguiu apenas um pódio e amargou algumas corridas sem pontuar, o que o deixa apenas em 9º lugar no campeonato, com apenas 55 pontos, contra os 114 já obtidos pelo companheiro Edoardo Mortara. Como desgraça pouca é bobagem, o ambiente no time já não seria muito bom para o lado do brasileiro, que já estaria em tratativas para defender um novo time na próxima temporada, mas cujo nome até agora permanece em total sigilo. E, se as negociações não derem certo, Lucas provavelmente penduraria o capacete na competição, se não resolver migrar para outro certame, como está fazendo André Lotterer, que continua com a Porsche, mas passará a se concentrar unicamente no Mundial de Endurance, deixando de defender a marca alemã na F-E. Ainda há tempo para Lucas reagir no campeonato, e tentar chegar nos líderes, mas a tarefa não vai ser fácil, e as circunstâncias precisam ajudar, algo que não tem ocorrido até aqui...

 

Equipe Andretti na Indycar 2022: O time de Michael Andretti mais uma vez prometia engrenar e lutar pelo título na Indycar este ano, mas até agora, a escuderia tem ficado à sombra dos duelos travados entre Penske, Ganassi, e McLaren, que ocupam os primeiros lugares na classificação do campeonato. Motivos para otimismo não faltavam: a presença de Colton Herta, nova sensação da categoria, e o reforço de Romain Grosjean no lugar do já acomodado Ryan Hunter-Heay, davam a sensação de que o time voltaria a discutir vitórias e o título com os demais times, mas até o presente momento, o melhor resultado da escuderia foi uma vitória, com Herta, no GP de Indianápolis. O time flertou com a vitória com Grosjean em Long Beach, e com Alexander Rossi nas duas últimas corridas, sendo que Rossi, já dispensado pelo time para a próxima temporada, quando irá defender a McLaren, é o piloto mais bem colocado na competição, em 7º lugar, enquanto Herta é o 11º, e Grosjean, o 12º. Não vamos esquecer que o time também conta com o novato Devlin DeFrancesco, que até o presente momento se notabilizou mais pelas confusões dentro da pista do que pelos resultados propriamente ditos, tendo colecionado desafetos pelos acidentes em que se envolveu nas corridas. Como desgraça pouca é bobagem, Michael Andretti ainda viu suas pretensões de adentrar à F-1 esbarrar no bairrismo das demais equipes da categoria máxima do automobilismo, que não querem ter mais um time para dividir o bolo de lucros, notícia que tem gerado mal-estar no meio. Pelo visto, não é neste ano que a Andretti voltará a disputar o título da Indycar, mas quem sabe o time se apruma, e consegue vencer mais algumas corridas, para não passar o ano em branco?

 

Nova vitória da Toyota nas 24 Horas de Le Mans: E eis que deu novamente triunfo da Toyota nas 24 Horas de Le Mans. Resultado mais do que previsível, já que a marca nipônica praticamente não tem tido concorrentes em sua classe nos últimos anos de competição na categoria, sendo que os outros concorrentes, fossem na LMP1, ou nos atuais Hypercars, estão longe de terem as mesmas condições técnicas da Toyota, algo que só deve mudar mesmo no próximo ano, quando outras marcas de fábricas, além da paridade técnica de equipamentos com as classes DPI da IMSA devem equalizar parte das condições de disputa. E, neste ano, o triunfo ficou com o carro Nº 8, com o trio Brendon Hartley, Sébastien Buemi e Ryo Hirakawa. A Toyota, claro, fez dobradinha, com seu carro Nº 7, com o trio Mike Conway, Kamui Kobayashi, e José-Maria López, que teve alguns problemas, e recebeu a bandeirada cerca de 2 minutos depois do carro Nº 8. E mesmo assim, dominou a corrida com ampla vantagem, tanto que o 3º colocado, o carro Nº 709 da equipe Glickenhaus, recebeu a bandeirada com 5 voltas de desvantagem, mostrando que não teve como acompanhar o ritmo dos Toyotas, mesmo estando na mesma classe. Claro que a Toyota não tem culpa disso, e apenas cumpriu com sua obrigação, entregando o melhor carro na mão de seus pilotos, mas tira um pouco do brilho que é vencer uma das provas mais prestigiadas do mundo do esporte a motor, e o time japonês não precisa disso para mostrar que pode vencer. Felizmente, com novos concorrentes e mais paridade entre eles, a Toyota poderá ter a chance de que sabe vencer mesmo com concorrentes à altura.

 

 

 

EM BAIXA:

 

Solução do problema do porpoising na F-1: Depois de várias reclamações, eis que a FIA resolveu agir para tentar achar uma solução para o problema do excesso de quiques dos atuais carros da F-1 na temporada 2022. Só que a entidade, mais uma vez entrando de supetão, ameaça mudar as regras, mais uma vez, a meio da temporada, em um problema que está afetando os times em graus variados, daí que vem a discussão, acalorada como sempre, de que tal atitude visa beneficiar a Mercedes, justo o time que mais tem sofrido até aqui com o problema do porpoising, em um projeto de carro que certamente está longe de ser tão competitivo como os dos anos anteriores, mas que também não é um desastre total, justificando daí as críticas por parte de quem está sofrendo menos com o problema, no caso, justamente a Red Bull, que está dominando o campeonato, além de merecer também críticas por parte da Ferrari, que apesar de também sofrer com o problema, não é na mesma intensidade, e ainda possui um carro muito rápido e competitivo, e teme perder parte de sua performance com as possíveis mudanças que a FIA pode implantar, em nome da segurança física e da saúde dos pilotos, que podem ser comprometidas a longo prazo pelo excesso de quicadas que os carros vem apresentando. Se a intervenção da FIA a esta altura se mostra mais uma vez controversa, o fato de a entidade ter apresentado uma alternativa para controlar, ou até eliminar o problema, ainda no ano passado aos times, quando viu que isso poderia ser um problema de monta a todos, e estes terem rejeitado a proposta, joga a batata quente também no colo das escuderias, que visando seus próprios interesses, não quiseram aproveitar a oportunidade para tentar mitigar o problema, que poderia estar bem melhor resolvido, e não precisando agora de uma intervenção por parte da FIA. E, claro, a discussão sobre projetos que não lidam bem com o problema ainda vai ter muitos lances a serem apresentados, por ser algo lógico e claro. E, mais uma vez, vemos a categoria máxima do automobilismo tropeçar em suas próprias pernas, pela politicagem entre seus times e a FIA, onde uma solução, novamente, não vai agradar a gregos e troianos, e que a competição poderia passar sem essa, mas...

 

Equipe Honda na MotoGP: Se as perspectivas da Honda na classe rainha do motociclismo já não eram muito altas para esta temporada, ter ficado novamente sem Marc Márquez mostrou que o time nipônico não conseguiu se livrar da extrema dependência do hexacampeão, que retirou-se do campeonato para realizar nova cirurgia, determinado a resolver de vez o seu problema das sequelas da fratura no braço direito, em decorrência do acidente sofrido em Jerez em 2022. Nas últimas corridas, o time da Honda tem sofrido até mesmo para entrar no TOP-10 da competição, e chegou a ficar zerado na pontuação nas últimas corridas, sendo superado até pelo time satélite da LCR, que apesar de tudo, também não tem conseguido obter bons resultados com as motos japonesas. O time, que disputava vitórias e títulos com Márquez, virou uma sombra na competição, e de time potencial para atrair pilotos competitivos, já vê estes procurarem até outras alternativas, como por exemplo, ver Álex Márquez, irmão caçula de Marc, acertar sua ida para a Gresini na próxima temporada, em busca de melhores opções de disputa, e vê Pol Spargaró também tomar destino semelhante, podendo buscar novos ares em 2023. Certamente, ninguém esperava ver a Honda em situação tão complicada, após o time colocar na pista uma moto com comportamento mais neutro, decidida a não ficar na dependência de apenas um de seus pilotos, vendo a necessidade de obter bons resultados com todos eles. Mas, depois de projetar suas motos com um comportamento específico durante tanto tempo, é difícil encontrar um novo ritmo com um equipamento com comportamento diferente, que certamente precisará ser melhor desenvolvido até se tornar competitivo. Mas talvez ninguém esperasse que a escuderia nipônica fosse andar tanto para trás como se está vendo este ano, com o time aparentemente se mostrando perdido na busca por melhorar seu desempenho. Até quando isso vai, ninguém sabe, e ainda tem o perigo de decair ainda mais...

 

Punição inconsistente na MotoGP: Não é só na F-1 que volta e meia as punições dos comissários desagrada a gregos e troianos. Na classe rainha do motociclismo, Fabio Quartararo acabou punido pelo esbarrão que quase fez Aleix Spargaró cair na prova de Assen, na Holanda, e terá que fazer a “volta longa” na prova da Inglaterra, próxima etapa do campeonato. O piloto da Yamaha caiu neste encontro, saindo da pista, de onde até conseguiu retornar à corrida, antes de abandonar definitivamente em uma nova queda. Segundo os comissários, o atual campeão mundial foi muito “ambicioso” na manobra, o que gerou várias críticas por parte do piloto e de seu time, até porque a manobra, embora questionável, foi até pouca coisa, se comparada com a causada por Takaaki Nakagami na largada do GP da Catalunha, em Barcelona, onde o japonês da LCR acabou atingindo Álex Rins e Francesco Bagnaia, ocasionando o abandono tanto do piloto da Suzuki quanto da Ducati, além de si mesmo, e nenhuma punição foi dada ao piloto. Rins, que já havia sido tocado por Nakagami na corrida anterior, e Bagnaia, ficaram bem contrariados por nenhuma punição ter sido aplicada ao piloto da LCR, o que foi considerado pelos comissários como “incidente de corrida”, mas foi um incidente bem mais condenável e acintoso do que o encosto de Quartararo em Spargaró em Assen. Aleix ainda se manteve na corrida, e fez uma recuperação notável para terminar em 4º lugar, enquanto Quartararo acabou abandonando, mas fez questão de ir ao box da Aprilia ao fim da corrida para desculpar-se com Aleix pelo incidente, e mesmo assim acabar sendo punido. Para muitos, chamar uma tentativa de ultrapassagem de “excessivamente ambiciosa” é praticamente condenar qualquer tentativa de ultrapassagem, a essência da disputa de uma competição esportiva, e a punição da manobra pode potencialmente desencorajar novas disputas entre os pilotos na pista, para prejuízo da competição.

 

Mick Schumacher: O filho heptacampeão Michael Schumacher continua vivendo sua via-cruccis na Haas na atual temporada, e continua sendo um dos poucos pilotos zerados até aqui no campeonato, ao lado de Nicholas Latifi. Para piorar, Mick tem dado muito prejuízo ao time, como na batida sofrida em Mônaco, onde o carro se partiu em dois. E nem quando teve uma grande chance de ao menos pontuar, como no Canadá, ele deu sorte, com o carro sofrendo uma quebra mecânica, e deixando-o a ver navios. Para piorar, o carro da equipe já vem perdendo um pouco da competitividade mostrada nas primeiras corridas, o que significa que pontuar deverá ser uma tarefa mais difícil a partir de agora. Gunther Steiner já afirmou que Mick estourou o limite orçamentário que o time havia definido para consertos por batidas para o ano, e por mais que entenda que o piloto quer mostrar serviço, há limites que devem ser respeitados, e que se as coisas continuarem dessa maneira, a continuidade do piloto com o time pode ser abreviada, dando a entender que o alemão terá de procurar outros ares para defender em 2023, e isso se conseguir arrumar um lugar na F-1, o que pode ser bem complicado de conseguir, até porque no outro time apoiado pela Ferrari, a Alfa Romeo, tudo indica que atual dupla de pilotos deve ser mantida. Ou Mick coloca a cabeça no lugar, e tenta reagir sem se complicar mais, ou sua passagem pela F-1 em nada lembrará a trajetória vitoriosa de seu pai na categoria máxima do automobilismo...

 

Permanência de Nicholas Latifi na Williams: O piloto canadense pode estar na corda bamba na F-1. Já começaram a pipocar boatos de que Nicholas pode não ter terminar a temporada atual, e que seria substituído provavelmente por Oscar Piastri, que poderia ser “emprestado” pela Renault a fim de ganhar experiência, visando uma efetivação como piloto titular para 2023. Com Alexander Albon mostrando muito mais desempenho com um carro que, infelizmente já se mostrou novamente o mais fraco da temporada, nem mesmo as benesses financeiras de Latifi parecem suficientes para mantê-lo no cockpit do carro de Grove no futuro próximo. E enquanto Albon aproveitou as poucas chances que surgiram e marcou seus pontinhos, Latifi permanece zerado na classificação, e assim deve permanecer, pois apenas em poucos momentos esteve à frente do novo companheiro de equipe, e conseguindo terminar as corridas melhor do que ele. Apesar dos boatos, o canadense afirmou que segue firme na Williams até o fim do ano, e se queixa de que o carro não parece responder devidamente a seus acertos, o que estaria prejudicando seu ritmo de corrida, deixando-se sem confiança no rendimento do carro. Seja como for, parece que a saída de Nicholas da F-1 será questão de tempo, e que provavelmente não estará no grid em 2023, e pouca falta terão dele, apesar de seus dotes financeiros...