Trazendo novamente um de meus antigos textos, a coluna de hoje foi publicada no dia 10 de setembro de 1999, e o assunto em questão era a disputa do Grande Prêmio da Itália, que assumia ares de “guerra” naquela temporada, como já havia acontecido em outras oportunidades, com a torcida local sempre tomando partido de seu time, a Ferrari, contra os “inimigos” dos times adversários. A Ferrari, sem Michael Schumacher, ainda tinha uma postura meio indecisa em relação a Eddie Irvinne, que passara a ser sua única esperança de chegar ao título. A McLaren tinha ares de franca favorita, mas vinha tropeçando nas últimas corridas, ajudando a dar esperanças aos torcedores italianos. E a corrida italiana foi cheia de surpresas, ajudando a embolar um pouco mais a competição naquele ano. De quebra, mais alguns tópicos rápidos com alguns comentários sobre alguns acontecimentos do mundo da velocidade naquela semana. Uma boa leitura a todos, e em breve trago mais textos antigos aqui...
A BATALHA DE MONZA
Hoje começa mais um embate na Fórmula 1, que poderia muito bem ser chamado de a batalha de Monza. O circuito italiano é o palco da corrida deste fim de semana, o GP da Itália. E a guerra a ser travada é das forças “nacionais” da esquadra de Maranello, leia-se Ferrari, contra as forças “inimigas” representadas pelas flechas de prata da McLaren e a sua dupla de “vilões”, Mika Hakkinen e David Coulthard.
Semana passada, nos testes feitos neste circuito, a torcida dos tiffosi se inflamou: Eddie Irvinne, vice-líder do mundial, apenas 1 ponto atrás de Hakkinen, fez o melhor tempo de todos os dias dos testes. Resumindo: está credenciado para a vitória, e logicamente, voltar a ocupar a liderança do campeonato, e lutar por um título que os italianos anseiam ver novamente desde 1979. Já são 20 longos anos de jejum para o time mais tradicional da F-1, difícil de se agüentar sem um título mundial. Sentimento parecido com o da torcida brasileira por nossa seleção de futebol, que levou 24 anos para ser campeã mundial novamente.
Apenas um piloto “estrangeiro” tem a simpatia da fanática torcida ferrarista: o brasileiro Rubens Barrichello. Claro, Rubinho será piloto Ferrari no próximo ano, então desde já ele começa a ganhar a empatia dos fãs de Maranello. Uma empatia que tem tudo para ser muito maior do que a dedicada a Michael Schumacher. Os fãs italianos não vão muito com a postura germânica de Schumacher, e só o aturam porque ele era, até pouco tempo atrás, a única esperança de a Ferrari ser novamente campeã do mundo. Mas até Eddie Irvinne começar a ganhar mais atenção dos tiffosi, especialmente pelo seu jeito mais descontraído, Rubinho tem tudo para seguir o mesmo caminho e, esperemos, brilhar bastante na Ferrari, sem ser eclipsado por Schumacher.
E, em nome dos pilotos “da casa”, a torcida não dá folga: os pilotos da McLaren foram vaiados ao chegarem ao autódromo, e as vaias continuarão hoje e durante os treinos de amanhã, só se encerrando após o final da corrida, domingo. E, se torcida ganhasse corridas na F-1, a Ferrari nunca perderia uma prova em Monza. Mas, infelizmente, as coisas não são bem assim...
Poucos “inimigos” foram idolatrados pela torcida de Maranello nos GPs italianos. Uma idolatria rara, que mostra que os fanáticos fãs só se rendem aos talentos incontestáveis de um piloto quando há unanimidade. Nélson Piquet foi um desses pilotos: além de seu talento indiscutível, o jeito irreverente, desbocado, e a língua ferina faziam a alegria dos italianos. E, claro, ter 4 vitórias no currículo na pista de Monza contam muito, fazendo dele o mais vitorioso piloto neste circuito em provas da F-1.
Outro “inimigo” de respeito era Ayrton Senna. Os italianos viam no piloto brasileiro praticamente um super-homem das pistas. Lembro-me da corrida de 1990, com Senna na McLaren, e Alain Prost na Ferrari. A torcida estava toda com Prost, e quando o francês parecia ter assegurado a pole-position, Monza foi ao delírio: Senna partiu para a pista e deixou toda a torcida de Monza muda ao demolir o tempo do francês. Na corrida, Ayrton não deu chances a Prost e a Ferrari, e venceu a corrida de ponta a ponta.
Hoje, os pilotos são outros, e as condições, também, mas permanece o duelo Ferrari X McLaren. A McLaren é a favorita, enquanto a Ferrari, apesar dos bons prognósticos, entra na parada em desvantagem. A maior esperança da torcida, Michael Schumacher, está fora. Até Irvinne esperava poder contar com o alemão para poder fazer maior frente de resistência à McLaren, mas Michael, em uma decisão duvidosa, disse que ainda não está recuperado. Então, a torcida vai de Mika Salo e Eddie Irvinne mesmo, com toda a sua efusividade reservada para o piloto irlandês, no qual estão depositadas todas as esperanças de chegar ao título tão desejado.
Mas é bom esperar por surpresas. Enquanto Ferrari e McLaren se entreolham, a concorrência anda à espreita. A Williams andou muito bem aqui na semana passada, e pode surpreender os favoritos na corrida. Outro time a se levar em consideração é a Jordan, que vem evoluindo gradativamente e pode ser considerada como potencial vencedora, especialmente se os favoritos cometerem alguma falha.
Homens a postos, está para começar a guerra em Monza. E que vença a Ferrari, não o melhor, claro, na opinião dos torcedores ferraristas!
Juan Pablo Montoya caminha firme e decidido rumo ao título da F-CART. O colombiano venceu o GP de Vancouver domingo passado e deu um passo importante na direção do título. Para os pilotos brasileiros, a prova teve muitas decepções. Roberto Moreno passou pela maior delas, quando o seu Swift/Ford apresentou problemas quando o brasileiro ocupava a segunda colocação na corrida. E neste fim de semana a categoria volta à luta, desta vez no circuito de Laguna Seca, em Monterrey, na Califórnia. Apesar de ser um circuito misto, os treinos que começam hoje vão ser tão disputados quanto os de Vancouver, pois a pista do Laguna Seca Raceway é muito estreita e travada, o que dificulta muito as ultrapassagens. Largar na frente, novamente, será fundamental para se poder garantir um bom resultado na prova.
Roger Penske já decidiu: seu time usará chassis Reynard em 2000. O motor deve continuar sendo o Mercedes, mas não está descartada a possibilidade de se usar motores Honda. E a Newmann-Hass pode voltar a usar o chassi Lola. O time anda meio insatisfeito com a evolução do chassi Swift. Enquanto isso, começam a rolar rumores de que a Chip Ganassi, em vias de conseguir o seu 4º título consecutivo, pode mudar de motor para a próxima temporada. Sairiam os Honda, entrariam os Ford. A dúvida que fica é se assim mesmo o time manteria a sua incrível competitividade, uma vez que desde que passou a correr com o conjunto Reynard/Honda/Firestone o time de zebra ocasional passou a ser o franco favorito na competição. A última coisa que Chip Ganassi quer é voltar a ver seu time disputar posições intermediárias...
A Benetton está dando uma reformulada em sua área técnica e contratou alguns projetistas que estavam trabalhando no projeto da equipe Honda de F-1, cancelado pela fábrica japonesa depois da morte de Harvey Postlethwaite. O objetivo do time é voltar gradativamente ao topo. Será que vai conseguir desta vez? Patt Simonds e Nick Wirth continuam na chefia do departamento técnico...
Depois da “desculpa” de Michael Schumacher, que alegou ainda não estar recuperado para voltar a pilotar em Monza, fica a dúvida: se a situação do campeonato ainda estiver indefinida após o GP de Luxemburgo, ele irá voltar mesmo e ajudar Eddie Irvinne contra a McLaren? Tem muita gente que já está esperando que o alemão volte apenas no próximo ano. Só fica a dúvida de que história vão arrumar para justificar sua ausência nas provas da Malásia e do Japão...
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