sexta-feira, 25 de junho de 2021

VOLTE-FACE

No retorno aos autódromos "tradicionais" a Mercedes e Lewis Hamilton esperavam apagar os dias ruins vividos em Mônaco e Baku, mas Max Verstappen e a Red Bull tinham outras idéias: o piloto holandês não só duelou firme com Hamilton (acima) como venceu mais uma na temporada, ampliando sua vantagem na liderança do campeonato (abaixo).


             Hoje começam os treinos para o Grande Prêmio da Estíria, a ser disputado no Red Bull Ring, na Áustria, país que terá a primeira rodada dupla da atual temporada da F-1, agendada após o cancelamento do GP da Turquia, devido às complicações promovidas pela pandemia da Covid-19. Assim, na semana que vem, a F-1 terá o Grande Prêmio da Áustria, com o pessoal da categoria permanecendo no autódromo durante a semana.

            Um dos destaques é o fato de termos enfim público no autódromo de fato, graças à situação mais controlada do coronavírus no país, um bom sinal de que a normalidade começa a voltar, graças aos esforços da vacinação, um panorama que ainda estamos longe de vivenciar por aqui, graças a inúmeros problemas, das mais variadas origens e naturezas, infelizmente. Graças aos avanços da imunização, o governo austríaco liberou o público nos eventos esportivos a partir do mês de julho. Nesta primeira corrida, ainda em junho, o público ficará limitado a cerca de 15 mil pessoas no autódromo, enquanto na prova da semana que vem, já no mês de julho, a expectativa é termos mais de 100 mil torcedores, no que seria a primeira corrida desde o fim da temporada de 2019 a contar com público pleno, devido à pandemia da Covid-19.

            Outro destaque, o que mais chama a atenção, é como se dará o novo embate entre Lewis Hamilton e Max Verstappen, os protagonistas da luta pelo título na temporada, especialmente depois de assistirmos, no domingo passado, no Grande Prêmio da França, ao triunfo do piloto holandês, colocando em xeque a esperada retomada da Mercedes e de Lewis Hamilton no controle da temporada. Com o resultado, o piloto da Red Bull, que já liderava o certame com 4 pontos de vantagem para o heptacampeão da Mercedes, aumentou a vantagem para 12 pontos, tendo feito também o ponto extra da melhor volta.

            Podemos dizer que, em circunstâncias “normais”, foi a primeira derrota de Hamilton e da Mercedes no ano. Não houve situações extra-pista ou atmosféricas a conturbar o andamento da prova, que viu um embate praticamente homem-a-homem entre Hamilton e Verstappen, e no final, entre Valtteri Bottas e Sergio Pérez. E, se Verstappen cometeu um pequeno erro logo no início da corrida, escapando na curva, e perdendo a liderança para Lewis na primeira parte da prova, o inglês também escapou de leve nas voltas finais, não tanto quanto o holandês, mas também cometendo um erro na pilotagem, ainda que alguns possam justificar pelos pneus gastos de Hamilton àquela altura do GP. E o resultado foi uma derrota dupla para o time alemão: enquanto Hamilton foi superado por Verstappen, Bottas também o foi por Pérez. O resultado, além de ver o holandês desgarrar ainda mais na liderança, foi a Mercedes ver a Red Bull disparar no Mundial de Construtores, indo a 215 pontos, contra 178 da escuderia alemã, nada menos do que 37 pontos de diferença. Nem é preciso falar da situação de Bottas, que apesar de ter reagido, depois dos pífios fins de semana em Monte Carlo e Baku, ainda acabou devendo: o finlandês viu Pérez se distanciar ainda mais na 3ª posição do campeonato, com 84 pontos, frente a 59 do piloto da Mercedes, ou 25 pontos de diferença.

            Para alguns, a Mercedes, e Hamilton, estariam nas cordas, depois desse resultado sofrido em Paul Ricard. E, recordando as palavras de Christian Horner, de que se a Red Bull pudesse vencer a Mercedes na França, seria capaz de fazê-lo em todas as próximas pistas. Bom, vamos devagar com o entusiasmo. Da mesma maneira como, após os triunfos de Hamilton e da Mercedes em Portugal e na Espanha, dando ares de que estariam prontos para disparar no campeonato, não se devia considerar a Red Bull fora do jogo, o mesmo vale no reverso que vemos agora. Podemos ver a situação se inverter, talvez até mesmo nessa rodada dupla na Áustria, terra natal da Red Bull. Difícil, talvez, mas não impossível.

            Afinal, se Hamilton e a Mercedes deram um drible em Verstappen e na Red Bull na pista da Catalunha, em Paul Ricard foi a vez de vermos a mesma situação, com o sentido inverso: foi a Mercedes e Hamilton que acabaram pegos pela Red Bull e por Max. O duelo continua plenamente aberto, e tudo indica que assim o será até o final da temporada, o que promete fazer a festa dos fãs do automobilismo, que estão vendo o campeonato mais renhido dos últimos anos, e com vários rounds que prometem ser emocionantes até o final da temporada. Vimos um grande duelo em Le Castellet, e de certa forma, Mercedes e Red Bull estavam mais ou menos parelhas, apesar de Hamilton afirmar que o time austríaco estava com vantagem de performance. Ganhou a Red Bull por ter acertado a estratégia com Max, mas podia também ter ocorrido o mesmo com a Mercedes e Lewis, o que também vale para o duelo entre Valtteri e Sergio. E fica a expectativa do que poderá ocorrer na pista da Áustria.

            A Red Bull vem embalada pelos triunfos consecutivos em Mônaco, Azerbaijão e França, e apesar de aparentar estar com um carro mais eficiente, não pode baixar a guarda, por mais que se afirme que, como estamos em corridas consecutivas (o GP da França foi domingo passado, e todos na categoria foram direto de Paul Ricard para Zeltweg, na Áustria), os times não puderam retornar às suas fábricas para continuar os aprimoramentos em seus equipamentos, de forma que a performance de Paul Ricard poderia se manter como vimos nas corridas a serem disputadas na pista do Red Bull Ring. Pode até ser, mas também pode não ser.

            Afinal, são pistas diferentes, e mesmo que o circuito da Áustria possa em teoria também favorecer o carro da Mercedes, como se esperava na França, isso já não tem mais nenhuma garantia. Mas, diferente da Red Bull, que conta com um carro mais estável e equilibrado, a Mercedes, em que pese os grandes avanços que conseguiu desenvolver no seu carro, ainda tem de lidar com um chassi nervoso na traseira, que dificulta sua condução, para não falar que ele também dificulta o aquecimento dos pneus, outro ponto onde o carro dos rubrotaurinos é mais eficiente.

A Red Bull fecha o cerco: Sergio Pérez fez outra excelente corrida e subiu ao pódio pela segunda vez consecutiva, "emparedando" Lewis Hamilton no pódio, junto com Max Verstappen.

            E o duelo agora mais do que nunca é duplo: Lewis Hamilton e Valtteri Bottas não tem que se preocupar apenas com Max Verstappen, mas também com Sergio Pérez. Se nos últimos tempos a Red Bull acabou contando apenas com os esforços do piloto holandês contra os adversários, agora o panorama é outro. O piloto mexicano pode ter demorado um pouco a se adaptar ao comportamento do RB16B, mas já está bem mais próximo de Verstappen. Sergio ainda peca nas classificações, mas em corrida, tem um ritmo de corrida quase tão forte quando o de Max, o que obriga a Mercedes a ter de prestar atenção nos dois pilotos da equipe rival, e não apenas em Verstappen. Na comparação atual, podemos dizer que a Red Bull conta com uma dupla que no momento é superior à da Mercedes, uma vez que Bottas ainda não mostrou a que veio em 2021, salvo suas costumeiras performances em treinos. Mas é na corrida que o finlandês está devendo, e isso é visível na posição que Valtteri ocupa no campeonato, enquanto Pérez já se posicionou em 3º lugar, atrás apenas de Hamilton e Verstappen, os duelistas do título. Pérez andou o tempo todo junto de Verstappen em Baku, e em Paul Ricard, terminou a corrida com uma desvantagem de apenas 5s9 atrás de Hamilton. Isso permite à equipe dos energéticos maiores possibilidades em termos de estratégia de corrida, de modo que a Mercedes pode ficar ainda mais vulnerável se Bottas não estiver a postos para encarar a dupla rubrotaurina, algo que apenas Hamilton tem conseguido até agora. Isso por si só já faz a Mercedes ficar em desvantagem no duelo, em especial para a disputa do Mundial de Construtores, onde a Red Bull vem colhendo melhores frutos nas últimas corridas, invertendo o que havíamos presenciado até o GP da Espanha. Mais do que natural que a Mercedes comece a pressionar Bottas para apresentar maior empenho, diante da ameaça real que a Red Bull representa nesta momento.

            E não é só isso: temos também posturas diferentes de planejamento nos dois times. A Red Bull quer porque quer o título em 2021, de modo que está centrando forças no desenvolvimento do RB16B, mesmo que isso signifique sacrificar parte da criação e desenvolvimento do carro de 2022, não tanto pela falta de capacidade técnica para tocar ambos os projetos, mas pelo limite orçamentário que todos os times devem obedecer a partir deste ano. Sem poder gastar a rodo, como era até ano passado, os times precisaram planejar com cuidado seus orçamentos para este ano, de modo a equilibrar o desenvolvimento dos carros da atual temporada, sem descuidar do projeto de 2022, quando a F-1 terá bólidos construídos sob novas normas, o que geralmente exige o dispêndio de mais recursos financeiros no projeto. No caso da Mercedes, o time germânico sempre se caracterizou, desde 2014, por apresentar um carro tão eficiente e superior, que eles podiam abandonar o seu desenvolvimento após concluírem dois terços da temporada, e no último terço, focarem exclusivamente no carro do ano seguinte. Como o time estava dominando a categoria, quando se encerrava o desenvolvimento do carro do ano, a disputa do campeonato já estava bem encaminhada, de modo que a escuderia dificilmente perderia aqueles títulos, o que explica que, em alguns anos, os times rivais pareciam encostar mais na escuderia alemã, que parecia “sofrer” um pouco para fechar as faturas, tanto de pilotos quanto de construtores, quando na verdade, já tinham uma vantagem tal que, mesmo com o carro perdendo parte de sua vantagem, já era quase impossível, ou difícil, os rivais conseguirem alcança-los.

Diferente das edições anteriores, o GP da França de 2021 apresentou uma corrida bem agitada, com vários duelos e ultrapassagens entre os pilotos.

            Bem, a Mercedes esperava ter uma vantagem maior a esta altura, para poder repetir essa estratégia, mas diante da disputa acirrada que está travando com a Red Bull pelo campeonato, tanto de pilotos quanto de construtores, terá de optar entre desenvolver o carro deste ano, ou focar mais no de 2022. Se o carro deste ano fosse tão bom como seus anteriores, nem haveria discussão, mas infelizmente, as limitações aerodinâmicas impostas este ano pegaram a Mercedes meio no contrapé, onde eles não conseguiram manter a eficiência do modelo de 2020 como imaginavam, enquanto a Red Bull ficou ainda mais forte. E agora? Os alemães terão de gastar também para desenvolver o W11, e responder à ameaça da Red Bull, se quiserem ser novamente campeões, o que pode exigir que parte dos recursos destinados ao carro de 2022 seja utilizado para vencer a temporada atual, comprometendo o desenvolvimento do carro da próxima temporada. O time austríaco já deixou clara sua linha de ação, resta ver como os alemães irão se posicionar.

            O desafio vai ser complicado. No atual momento, o modelo RB16B já parece ser mais competitivo que o W11, tendo sido desenvolvido de forma bem mais eficiente, retomando o panorama que havíamos presenciado nos testes da pré-temporada. Os alemães tiveram que correr atrás do prejuízo, o que parecem ter conseguido fazer com notável competência, mas não a ponto de terem retomado o favoritismo de anos anteriores. Conseguiram obter melhor performance, e até uma pequena vantagem, mas que não conseguiram manter. E, se na etapa inicial do campeonato, no Bahrein, conseguiram reverter a situação na estratégia de corrida, e no braço de Hamilton, não dá para confiar que isso irá resolver sempre. A Red Bull aprendeu algumas lições importantes nessas áreas, e não vai cair tão fácil nos erros já cometidos, o que vai obrigar a Mercedes a rebolar para conseguir surpreender os rivais.

            O duelo promete, e é tudo o que os fãs querem ver, mais e mais disputas... A temporada 2021 está conseguindo entregar o que os torcedores mais desejavam. E não dá para cravar com exatidão quem vai se sair melhor nessa...

 

 

Enquanto continuam as fofocas sobre o destino de Valtteri Bottas em 2022, e quem ocuparia seu lugar na Mercedes, Lewis Hamilton, que deve renovar com a escuderia alemã, faz lobby pelo óbvio: diz que entende as dificuldades pelas quais o parceiro de time está passando, e que não vê necessidade dele ser substituído no time. Segundo o heptacampeão, Bottas é um excelente companheiro de equipe, e que contribui muito para manter o moral na escuderia. Nada mais previsível, da mesma maneira como Sebastian Vettel sempre defendia a manutenção de Kimi Raikkonen como seu companheiro de equipe, até que acabou sendo voto vencido, e a Ferrari trouxe Charles LeClerc, e vimos o que aconteceu depois... Será que o mesmo ocorreria na Mercedes, com a provável vinda de George Russel para o lugar do finlandês?

 

 

As discussões a respeito do futuro de Valtteri Bottas na Mercedes tiveram um ponto a ser descartado: Esteban Ocón, que vinha sendo considerado uma das possibilidades de ocupar o lugar do finlandês na escuderia alemã renovou com a Alpine até o fim da temporada de 2024, e portanto, mesmo correndo por fora pela chance de ir para a Mercedes, se torna um nome a menos na disputa pela possível vaga. Com Fernando Alonso já garantido no time francês para 2022 em seu contrato atual, a Alpine/Renault mantém sua dupla titular para o próximo ano. O time sentiu o assédio sobre seu piloto, que conseguiu bons resultados com o carro pouco competitivo nas primeiras provas, e tratou de garantir seus serviços. A renovação de Ocon complica também os planos de Pierre Gasly, que insatisfeito em se ver “restrito” à Alpha Tauri pela vontade da Red Bull, uma vez que Helmut Marko descarta repromovê-lo ao time principal, estaria procurando alternativas para dar seguimento à sua carreira na F-1, e a Alpine era uma de suas melhores opções para mudar de time. Mas segundo alguns mexericos do paddock, Gasly poderia até mesmo ser uma opção da Mercedes para o lugar de Bottas, o que seria uma mudança das mais inesperadas na F-1, e poderia ser também um golpe forte da Mercedes na Red Bull, diante das boas performances que o francês vem fazendo no time “B” dos energéticos, e continuando a ser desprezado por Marko. Já imaginaram o que poderia acontecer...?

 

 

Ausente do campeonato do ano passado devido à pandemia da Covid-19, que obrigou ao seu cancelamento, o GP da Holanda está de volta ao calendário da MotoGP, na tradicional pista de Assen, conhecida como “catedral” pelos pilotos da competição em duas rodas, contando com um traçado de 4,5 Km de extensão, e 18 curvas. Fabio Quartararo, da Yamaha, defende a liderança do campeonato, com 22 pontos de vantagem sobre Johaan Zarco, da Pramac, que mesmo com uma Ducati satélite, continua melhor classificado que a dupla do time oficial da marca italiana, que vem logo atrás, com Jack Miller em 3º, e Francesco Bagnaia em 4º. A corrida terá transmissão ao vivo a partir das 9:00 Hrs., no canal pago FoxSports, para as 26 voltas da prova, que teve Maverick Viñalez, da Yamaha, como último vencedor, na temporada de 2019. Com três vitórias na prova, Valentino Rossi é o maior vencedor do GP holandês do grid atual, seguido por Marc Márquez, com dois triunfos.

Assen na Holanda: O circuito mais icônico da MotoGP está de volta em 2021.

 

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