E o que se previa no início da temporada 2021 da Fórmula 1 finalmente veio a ocorrer: tivemos o primeiro Grande Prêmio cancelado, devido à pandemia da Covid-19. O que não deveria ser surpresa, já que a temporada deste ano apresentou o maior calendário da história da categoria máxima do automobilismo, com nada menos do que 23 corridas, que se forem todas realizadas, será um feito e tanto, ainda mais pela condição complicada que o mundo inteiro atravessa por causa do coronavírus, uma ameaça que ainda está muito presente no planeta, mais de um ano depois do surto que teve início em Wuhan, na China, e se espalhou por toda a Terra.
E a “vítima”, como muitos já vinham dando por certeza, é o Grande Prêmio do Canadá, marcado inicialmente para o dia 13 de junho. O país da América do Norte continua com suas fronteiras fechadas, até mesmo para os vizinhos, os Estados Unidos, e com uma vacinação que anda a passos lentos também por lá. E as restrições de viagem, mesmo em casos excepcionais, inviabilizam tentar entrar lá neste momento. Por ser realizado em um circuito semipermanente, os trabalhos de montagem para o GP precisam começar com semanas de antecedência, o que já complicava a operação da F-1 para o GP em Montreal. E, apesar da F-1 apresentar ao governo canadense todos os seus protocolos de segurança sanitária, bem como opções para aumentar ainda mais a segurança de todos os envolvidos diante da ameaça da Covid-19, não houve como convencer o país a aceitar sediar a corrida este ano. Entre as dificuldades impostas pelo governo do Canadá, estava a obrigação de uma quarentena obrigatória de 14 dias para todos os viajantes vindos do exterior, o que não seria possível de atender por haver outra corrida programada para a semana imediatamente anterior à data da prova canadense. Outro entrave que certamente não ajudou na negociação foi uma exigência de um pagamento de cerca de US$ 6 milhões para custear a realização da prova a portões fechados, sem público nas arquibancadas. E assim, pelo segundo ano consecutivo, o Canadá fica sem sua corrida de F-1. No ano passado, diante da impossibilidade de se viajar para outros países fora da Europa, todas as corridas nas Américas e no Oriente e Oceania foram canceladas.
Com o anúncio oficial do cancelamento da prova em Montreal, a direção da F-1 também já apresentou a corrida que assumirá o seu lugar no calendário: o Grande Prêmio da Turquia, que mais uma vez será disputado no circuito de Istambul, uma das provas que foram viabilizadas para preencher o calendário da categoria no ano passado. Com um traçado desafiador para equipes e pilotos, o circuito turco sempre propiciou boas corridas, até sair do calendário devido às taxas exorbitantes cobradas por Bernie Ecclestone no início da década passada. O retorno da corrida em 2020, apesar das condições excepcionais, resultou em uma grande prova, graças à chuva que caiu no domingo, e também a um recapeamento da pista feito muito em cima da hora que apresentou um asfalto de baixa aderência que complicou a atuação dos pilotos. Já prevendo dificuldades que poderiam surgir com a realização do calendário deste ano, a FIA manteve Istambul e Portimão como etapas reserva que poderiam ser realizadas no caso de algum cancelamento. Como não foi possível realizar novamente a corrida da China, e a prova do Vietnã foi para o brejo por problemas locais, a pista portuguesa ganhou uma segunda chance este ano, onde hoje todos estão reunidos para mais uma edição do Grande Prêmio de Portugal, que a exemplo da corrida turca, também ofereceu uma grande corrida, e merecia continuar no calendário, o mesmo valendo para a etapa turca. Dois circuitos excelentes, em forte contraste com pistas sem personalidade que empestearam o calendário da F-1 nos últimos tempos.
A bem da verdade, a corrida turca, com o cancelamento da prova canadense, vem muito a calhar para a F-1, que numa dessas mancadas sem tamanho, exigiria uma operação logística praticamente irracional, se estivéssemos em tempos normais. Ocorre que, no dia 06 de junho, a categoria tem marcado o Grande Prêmio do Azerbaijão, no extremo leste europeu, uma prova em circuito de rua. E a realização da corrida no Canadá, no dia 13 de junho, praticamente uma semana depois, faria ser necessário uma correria sem igual para deslocar todo o pessoal e equipamento necessário dos times para a realização da corrida, em poucos dias. Não é uma tática incomum, mas geralmente realizada quando os GPs são disputados na Europa, ou em países próximos mundo afora. Mas fazer todo mundo sair de Baku, no domingo, e ainda por cima empacotar e despachar seus equipamentos praticamente para o outro lado do mundo, na América, é algo extremamente desgastante, algo que deveria ser feito com um intervalo de duas semanas entre as provas. E, após a realização da corrida canadense, embalar tudo de novo para retornar ao Velho Continente, sendo que neste caso, a correria seria um pouco menor, pois a etapa seguinte, o Grande Prêmio da França, está marcado para o dia 27 de junho, em Paul Ricard. Mas, mesmo assim, neste deslocamento, após duas corridas consecutivas, geralmente os equipamentos voltam às sedes das escuderias para revisão e manutenção, de modo que o tempo a mais não é tão livre assim.
Agora com a corrida
canadense fora do calendário, e sua substituição pela corrida na Turquia, a
operação logística de transporte da F-1 fica muito mais organizada e racional,
com todo o pessoal indo primeiro para o Azerbaijão, o destino mais distante, e
depois para a Turquia. Certo, entre Baku, e Istambul, temos pouco mais de 2 mil
quilômetros de distância, que podem ser transpostos em um vôo de
aproximadamente 3 horas de duração, enquanto Montreal, no Canadá, está a cerca
de 9 mil quilômetros, sendo necessário um vôo de aproximadamente 22 horas de
duração, na melhor das opções. Desnecessário dizer que viajar do Azerbaijão
para a Turquia é muito mais cômodo e prático para todos do que ter de ir para o
outro lado do globo. Equipes, pilotos e demais profissionais envolvidos com a
F-1 certamente agradecem muito a mudança. E, saindo da Turquia, também ainda é
bem mais prático para todos retornarem às suas bases do que saindo da cidade
canadense, na América, em outro vôo bem mais longo do que saindo de Istambul.
Convenhamos, há males que vem para o bem, como diz o ditado. Como compensação,
a F-1 anunciou uma extensão do contrato para realização do GP do Canadá por
mais dois anos, a fim de repor estas duas temporadas sem as provas em Montreal.
Mas a direção da Liberty Media e a FIA fariam um grande favor se pudessem
reorganizar a logística de transporte para a corrida canadense de modo a
torna-la mais racional e exequível, talvez realocando-a para junto das etapas
do México e dos Estados Unidos, como era feito antigamente.
Como a F-1 acabou de confirmar recentemente que finalmente poderá realizar uma nova corrida nos Estados Unidos, na cidade de Miami, na Flórida, eis aí a oportunidade de conjugar os esforços para fazer com que a prova canadense tenha uma logística de viagem mais coerente. A nova corrida nos Estados Unidos ainda não teve sua data anunciada. E, se tudo estiver em ordem em 2022, nada mais justo que o Canadá volte ao calendário, pois é uma das corridas mais bem organizadas da competição, para não mencionar que Montreal abraça sua corrida como poucos lugares no mundo, tornando o fim de semana do Grande Prêmio uma grande festa por toda a cidade, o que faz a ocasião ser muito apreciada por todos os profissionais da categoria. Torçamos para isso. E, neste ano, esperemos que a corrida em Istambul seja tão boa quanto a que vimos no ano passado. Não deveremos ter os mesmos problemas do asfalto novo e escorregadio do recapeamento, mas o belo traçado deve oferecer as condições para um GP muito interessante...
O belo circuito de Portimão, no Algarve, palco do GP de Portugal neste final de semana, deve ser visto com outras perspectivas em relação à corrida do ano passado. O asfalto, que se mostrou extremamente liso na etapa de 2020, não deverá apresentar os mesmos problemas de aderência, estando plenamente curado. O belo traçado, contudo, continuará a manter o desafio para equipes e pilotos, que estão mais do que satisfeitos em poderem retornar ao circuito português. Outra diferença é que, ao contrário do ano passado, a etapa deste ano será sem público, a portões fechados, por causa das medidas restritivas de combate à pandemia da Covid-19, que atingiu Portugal com força desde o fim do ano passado, e só agora começa a arrefecer um pouco os números. Na corrida de 2020, cerca de 25 mil pessoas estiveram presentes nas arquibancadas do circuito, e muitas delas sem tomar as devidas precauções de distanciamento entre si, atitude que foi considerada irresponsável pelas autoridades lusitanas, que certamente contribuíram para os meses nefastos recentes, com alto número de casos e mortes no pequeno país da península ibérica. A corrida será exibida ao vivo pela TV Bandeirantes no domingo, com transmissão iniciando às 10:30 Hrs., com o pré-GP, a exemplo do que foi feito na corrida de Ímola.
Valtteri Bottas terá de usar um novo chassi na corrida de Portugal, devido aos danos que seu bólido sofreu na prova de Ímola, onde teve um forte acidente com George Russell na freada para a variante da Peraltada. A Mercedes anunciou que a unidade de potência poderá ser utilizada pelo finlandês, não sendo necessária uma troca do equipamento, já que ficou sem danos. Algum alento para o piloto, já que cada carro só pode utilizar três unidades de potência em toda a temporada. Caso precise utilizar uma quarta unidade, perderá 10 posições no grid de largada da respectiva prova. O time espera também que Bottas recupere sua performance depois do desempenho pífio que vinha tendo na etapa da Emilia-Romagna, onde em nenhum momento conseguiu acompanhar o ritmo do companheiro Lewis Hamilton, situação que não agradou ao time...
Depois de duas etapas, a Indycar tem a estréia dos circuitos ovais em sua temporada 2021. E vem em rodada dupla neste final de semana, no Texas Motor Speedway. E uma das novidades é a presença dos pilotos brasileiros Tony Kanaan e Pietro Fittipaldi na corrida. Kanaan assume o carro que foi pilotado por Jimmie Johnson pela Ganassi nas etapas do Alabama e de São Petesburgo, enquanto Pietro defenderá o carro que foi conduzido por Romain Grosjean na Dale Coyne nas corridas anteriores. As provas, apesar da mesma pista, terão duração diferente, com a corrida deste sábado à noite sendo disputada em 212 voltas, enquanto a corrida do domingo terá 248 voltas. A corrida de sábado terá largada às 10:30 Hrs., enquanto a de domingo será iniciada às 18:00 Hrs., pelo horário de Brasília. Esse horário, aliás, fará com que a TV Cultura, nova emissora da categoria norte-americana no Brasil, não exiba a corrida de sábado, por confrontar com o horário de seu telejornal e o programa Prelúdio. Em compensação, a emissora exibirá a corrida ao vivo no seu site oficial, e ainda apresentará um VT completo na manhã de domingo, a partir das 11 horas. A segunda corrida, no domingo, será exibida ao vivo. Depois de fazer um belo trabalho nas duas corridas anteriores, eis que a TV Cultura dá o seu primeiro deslize na transmissão das corridas da Indycar, pois bastaria um pouco de jogo de cintura e flexibilização para antecipar o horário dos programas agendados e passar a corrida de sábado ao vivo. A opção de transmitir pelo site é uma compensação, mas lembra o esquema de como a Bandeirantes tratou a categoria nos últimos anos, ora passando no canal aberto, ora no canal fechado. Mas, dá para relevar, desde que se possa efetivamente assistir à corrida pelo site da TV Cultura sem problemas. Mas a emissora comete outra gafe, que é programar o VT da prova para o mesmo horário no domingo onde a TV Bandeirantes transmitirá o Grande Prêmio de Portugal de F-1, batendo de frente com a categoria máxima do automobilismo, o que obrigará os fãs que não tiverem como assistir a corrida pela internet a ver no VT, mas e quem quiser também acompanhar a corrida da F-1? E muitos fãs que acompanham a Indycar também assistem à F-1, e alguns terão de optar por qual corrida irão assistir. E, considerando a força da F-1, é mais do que óbvio que a audiência deste VT da primeira corrida no Texas não tenha números muito bons, já que terá uma concorrência pesada para encarar. Parece que a programação da emissora não foi lá das melhores para resolver essa situação no final de semana, visando otimizar a exposição de seu novo produto. Que aproveitem para aprender com isso, procurando evitar cometer o mesmo erro no futuro...
A pista de Jerez de La Fronteira sedia o Grande Prêmio da Espanha da MotoGP neste final de semana.
E a MotoGP volta a acelerar também neste final de semana. O palco é o circuito Jerez de La Fronteira, na região da Andaluzia, na Espanha, que no ano passado abriu a temporada da classe rainha no mês de julho, devido à pandemia da Covid-19. Com as dificuldades de se montar um calendário completo, o circuito sediou uma rodada dupla, com as duas provas sendo vencidas por Fabio Quartararo, que dava uma arrancada inicial fulminante na luta pelo título, que acabou se desvanecendo na segunda metade da temporada, com o francês caindo na tabela, e vendo seu então companheiro de equipe na SRT, Franco Morbidelli, terminar o ano como vice-campeão. Foi também o palco da única participação de Marc Márquez na temporada 2020, onde o espanhol sofreu um acidente e lesionou o braço, que necessitou de muito tempo de recuperação quando o hexacampeão tentou forçar o seu retorno já na corrida da semana seguinte. Os dois pilotos estão de volta a Jerez em situações similares, mas diferentes. Quartararo agora está no time oficial da Yamaha, e não mais na escuderia satélite, e chega à pista da Andaluzia na liderança do campeonato, após duas vitórias nas últimas duas corridas, em um arranque similar ao do ano passado. Já Márquez entra na pista tentando conferir a força atual da Honda, e se poderá lutar pelo título, mas ainda recuperando sua forma como piloto, e sentindo as sequelas do tempo de inatividade recente. A “Formiga Atômica” ainda não está no seu velho nível, e procura se recuperar de forma mais prudente tanto quanto possível, a ponto de seu time até proibi-lo de pilotar motos depois da última corrida, onde retornou à competição, para que ele não corresse maiores riscos tentando acelerar sua retomada de ritmo de competição. A corrida terá transmissão ao vivo do canal Fox Sports, com a largada programada para o horário das 9 da manhã de domingo, pelo fuso horário de Brasília. Vamos conferir como se dará a disputa entre os pilotos, e se Quartararo manterá a boa fase das últimas provas...