quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

FLYING LAPS – NOVEMBRO DE 2020

            E chegamos ao mês de dezembro. O ano de 2020 aproxima-se de seu final, no que foi um ano cheio de percalços e problemas inesperados, devido à pandemia da Covid-19, e que tudo indica ainda irá fazer muitos estragos também em 2021, na pior das hipóteses. E enquanto avançamos pelo último mês do ano, vamos ver alguns dos acontecimentos do mundo da velocidade deste mês de novembro que não deu para comentar nas colunas semanais regulares das últimas semanas, mais uma vez com foco maior na Formula-E e na MotoGP. Então, uma boa leitura a todos, com muito boa saúde, e com o aumento dos casos de Covid-19 recentemente, cuidem-se. Não é o momento de baixarmos a guarda, uma vez que a Covid-19 ainda está por aí, e ainda não temos medicamentos que proporcionem um tratamento eficaz para a doença, que ainda está causando muitos estragos pelo mundo inteiro. Esperemos por melhores notícias em breve, e que a esperança de tudo voltar à normalidade no próximo ano se concretize. Portanto, vamos nos proteger, e torcer por melhores dias em 2021, então, até a próxima coluna Flying Laps, já no mês de janeiro...

 

Com o fim da temporada 2020 da MotoGP, Cal Cruthlow despediu-se da LCR, e em 2021, será piloto de testes da equipe de fábrica da Yamaha, no lugar de Jorge Lorenzo, que aparentemente não gostou da idéia de ser substituído na função, que passou a ocupar este ano, após “pendurar” o capacete no ano passado, quando sua temporada na equipe oficial da Honda foi um verdadeiro desastre em termos de resultados, não conseguindo andar perto de Marc Márquez em momento algum. A pandemia da Covid-19 certamente estragou os planos de Lorenzo, que não pôde testar tanto quanto deveria ser possível. E sua falta de ritmo certamente foi levada em consideração pelo time dos três diapasões, quando Valentino Rossi, diagnosticado com o coronavírus, teve de ficar ausente da rodada dupla em Aragón, a ponto da escuderia nem ter escalado o tricampeão espanhol para substituir o “Doutor” nestas etapas. Certamente pesou a falta de performance que Lorenzo demonstrou em Portimão, quando andou longe dos ponteiros. Houve até um bate-boca entre Lorenzo e Cruthlow, travado pelas redes sociais, iniciado por Jorge, quando este afirmou que a Yamaha estava trocando “ouro por bronze”, referindo-se a seu currículo muito mais proeminente do que o do inglês, a quem definiu como um piloto com “mais quedas do que vitórias”, fora questionamentos sobre a capacidade de cada um para ser piloto de testes. Seja como for, Cruthlow irá desempenhar o papel de piloto de testes do time dos três diapasões, enquanto o destino de Lorenzo para o próximo ano é completamente incerto, perpetuando o calvário do piloto desde que deixou a equipe oficial da Yamaha e foi para a Ducati em 2017, uma vez que desde então não teve nenhum ano sem provocar alguma polêmica ou apresentar falta de resultados.

 

 

Começam a surgir dúvidas a respeito da recuperação de Marc Márquez, após as cirurgias feitas pelo piloto após o acidente sofrido na primeira corrida da MotoGp deste ano, em Jerez de La Fronteira. O úmero, osso que Marc fraturou no braço direito, teria sido lesionado mais do que o necessário, segundo se comenta, com o esforço do piloto em tentar voltar a competir já no fim de semana seguinte, após passar pela primeira cirurgia, e chegando a entrar na pista na segunda prova da rodada dupla do circuito da Andaluzia, na Espanha. Márquez, contudo, sentiu que não daria para competir como gostaria, e desistiu de retornar, o que fez corretamente. Mas, para outros, o esforço de tentar voltar, sem uma consolidação correta do osso, já teria provocado sequelas, de modo que isso poderia explicar a segunda cirurgia que o piloto precisou passar, algum tempo depois, por motivos de “stress” na peça de metal que foi implantada no braço, com o objetivo de auxiliar na recuperação da fratura. E desde então, o retorno do hexacampeão se tornou uma incógnita, primeiro se especulando que ele poderia voltar nas etapas finais do campeonato, neste mês de novembro. Mas as semanas se passavam, e nenhum indício mais concreto de tal retorno voltou a ser discutido, muito pelo contrário. Com a desculpa de que Marc já não teria condições de tentar lutar pelo título da temporada, em virtude do equilíbrio que vimos entre vários pilotos, começou a cogitar-se o retorno da “Formiga Atômica” somente para 2021, enfatizando que isso também lhe proporcionaria uma recuperação mais completa e tranquila. Nada difícil de se acreditar, afinal, com o ano já perdido, porque se arriscar a voltar? Márquez ainda é novo, e com seis títulos no currículo, esperar para se recuperar por completo, e voltar em 2021 com a velha forma e lutar novamente pelo título não parecia nada muito complicado. Michael Schumacher, quando se acidentou em 1999 e quebrou a perna no GP da Inglaterra daquele ano, tencionava voltar só em 2000, completamente recuperado, já que não teria mais chances de lutar pelo título naquele ano, e só voltou para as etapas finais porque a Ferrari, sabendo que o piloto já estava recuperado, precisava dele para reforçar sua disputa, se não pelo título de pilotos, pelo título de construtores, o que ele acabou fazendo, ajudando o time rosso a ser campeão de construtores de 1999, mesmo tendo perdido o mundial de pilotos. Com a temporada perdida por completo este ano, porque a Honda iria forçar Marc a um retorno desnecessário, se sua volta pouco adiantaria para o time na competição deste ano?

 

 

Só que, nas últimas semanas, surgiram notícias de que Márquez pode precisar passar por uma nova cirurgia, que envolveria um longo período de recuperação, o que coloca em dúvida até mesmo o retorno de Marc à competição no início de 2021. Embora não tenha sido dada nenhuma informação oficial, especula-se que ao forçar sua participação na segunda corrida, Márquez não teria apenas comprometido o resultado da operação sofrida para tratar da fratura decorrente do acidente da primeira corrida, como também a integridade do osso fraturado, o que teria feito necessário a segunda operação, que poderia não ter solucionado o problema devidamente, de modo a se considerar, agora, uma nova intervenção cirúrgica para tratar a questão. E, se o osso quebrado ainda não ficou bom, isso dá margem a várias interpretações, e várias delas não muito promissoras, como a idéia de que o osso do úmero estaria com sua integridade comprometida, a ponto de não ser possível, ou ser muito difícil, sua completa recuperação, o que forçaria a uma operação bem mais complicada para resolver a situação. Fala-se até em ter de fazer um implante ósseo, para recuperar a resistência do úmero, entre outros detalhes, que obviamente não foram confirmados, mas traçam um perfil preocupante sobre a recuperação completa do piloto. Uma preocupação que fica ainda maior, se levarmos em conta que nenhum detalhe é dado, ou sequer confirmado, tanto pelo piloto, como pela própria Honda, o que significa que algo sério deve ter ocorrido, do contrário, não haveria justificativa para tanto sigilo sobre a condição do hexacampeão. Márquez iria anunciar sua decisão de fazer ou não uma nova cirurgia, e quem sabe, dar maiores detalhes a respeito de sua condição, e a recuperação que um novo procedimento poderá demandar, e se isso irá atrasar ou não o seu retorno às pistas previsto para 2021. Aguardemos este aviso, então.

 

 

Mas diz o popular ditado que “onde há fumaça, há fogo”, e começam a surgir também especulações de que, ao não firmar contrato com nenhum time para 2021, o italiano Andrea Dovizioso poderia estar fazendo uma jogada calculada para assumir o lugar de Marc Márquez na Honda, caso o hexacampeão efetivamente não consiga se recuperar a tempo de iniciar a temporada do próximo ano, se tiver que passar por esta nova cirurgia, e ela realmente exigir vários meses de repouso para uma completa recuperação do piloto, o que poderia fazer com que Marc perdesse várias etapas, ou até mais do que isso, no início do próximo campeonato. Ao não se comprometer com nenhum outro time, seja como piloto titular, ou até mesmo como piloto de testes, Dovizioso se tornaria um perfeito substituto para socorrer a Honda, caso o time da marca nipônica precise encarar a falta de sua grande estrela também em 2021. Andrea foi o principal rival de Márquez entre 2017 e 2019, e o piloto estaria facilmente disponível para assumir a empreitada, estando em plena forma, já que só a partir de agora, com o fim da temporada deste ano, ele está “desempregado” e ocioso. Isso poderia indicar que o italiano está a par de detalhes que não vieram a público, e ao não prolongar contatos com outros times, e até categorias, alegando estar tirando um “ano sabático”, estaria apostando firme em acreditar que Márquez não volta tão já às corridas, ou até mesmo, na pior das hipóteses, se voltará às competições. Resta saber se, caso isso realmente aconteça, se a aposta não se tornaria um pesadelo, diante de uma possível falta de adaptação ao comportamento da moto da Honda, como o que ocorreu com Jorge Lorenzo, que não conseguiu se entender com o equipamento, e apanhou de lavada de Márquez no ano em que foram companheiros do time oficial da fábrica japonesa. Mas, se Dovizioso conseguir domar a RC213V, caso tenha a oportunidade, poderia ser uma chance tremenda de dar a volta por cima depois de ter ficado sem lugar na Ducati, e na própria MotoGP. Vejamos o que poderá acontecer, quando toda esta situação a respeito de Marc Márquez ficar melhor esclarecida...

 

 

O Brasil terá mais um representante na Formula-E na temporada 2021. Com a saída de Felipe Massa, que não renovou com a equipe Venturi, o único garantido na próxima temporada da categoria de carros monopostos 100% elétricos era Lucas Di Grassi, que segue firme na equipe da Audi, mas que agora terá um compatriota no grid: será Sérgio Sette Câmara, que irá defender a equipe Dragon por toda a próxima temporada. Sérgio defendeu o time na rodada de seis provas realizadas em Berlim, substituindo Brendon Hartley, e passou uma imagem positiva para a escuderia, melhorando seu entrosamento com a equipe e com o carro a cada corrida disputada. A decisão de rumar para a F-E indica que Sergio preferiu um compromisso mais efetivo do que ser piloto reserva da Red Bull e da Alpha Tauri na F-1, que a rigor não garantiam a possibilidade de assumir um cockpit a curto prazo, uma vez que o brasileiro também não era considerado uma prioridade para a direção de ambas as equipes. A Dragon, que pertence a Jay Penske, filho de Roger Penske, passará a se chamar oficialmente Dragon Penske na próxima temporada, e espera-se que melhore o seu desempenho, algo que tem faltado à escuderia nos últimos tempos, tendo muito poucos resultados na comparação com os demais times na competição. Até o presente momento, a Dragon ainda não definiu quem será o companheiro do piloto brasileiro na temporada 2021, mas a decisão não deve demorar muito, já que a temporada começa, pela previsão original do calendário divulgado, em janeiro de 2021, com uma rodada dupla em Santiago, no Chile, nos dias 16 e 17. Resta saber se, com a pandemia da Covid-19 apresentando um recrudescimento em vários países, inclusive na América do Sul, a programação não sofrerá novas mudanças, diante do quadro da situação no país, que só recentemente reabriu suas fronteiras, depois de meses de fechamento.

 

 

O segundo carro da equipe Dragon Penske é o único posto vago entre as equipes que irão disputar a temporada 2021 da F-E, que já definiram todos os seus pilotos. A Mercedes manteve Stoffel Vandoorne e Nick de Vries, assim como a Audi reafirmou Lucas Di Grassi e René Rast. A e.dams manteve Sébastien Buemi e Oliver Rowland, assim como a Techeetah continua com Antonio Félix da Costa e Jean-Éric Vergne. A Jaguar continua com Mith Evans, e terá agora Sam Bird. A Virgin manteve Robin Frijns e terá Nick Cassidy. A Nio manteve Oliver Turvey e trouxe Tom Blomqvist. A Andretti continua com Maximilian Günther e terá Jake Dennis. Na Venturi, Edoardo Mortara segue firme, tendo agora a companhia de Norman Nato. Por sua vez, a Porsche terá André Lotterer e Pascal Wehrlein. E fechando a relação, a Mahindra terá Alexander Sims e Alex Lynn. Entre as escuderias, apenas Venturi e Virgin usarão trens de força desenvolvidos por terceiros. A Virgin segue usando o powertrain da Audi, enquanto a Venturi continuará usando o da Mercedes. Todos os demais times utilizam equipamentos próprios.

 

 

E o campeonato 2021 da F-E já projeta novidades. A organização da categoria anunciou que a rodada dupla que será disputada em Diriyah, na Grande Riad, será noturna, nos dias 26 e 27 de fevereiro, com a pista sendo iluminada por lâmpadas LED de baixo consumo e alta eficiência, com emissão zero de carbono, uma vez que a energia será fornecida por geradores movidos a óleo vegetal hidrogenado certificado de baixo carbono e alto desempenho feito de materiais sustentáveis. Será a primeira prova noturna da categoria de carros elétricos, que segue os passos de categorias como a Indycar, F-1, MotoGP, e WEC. E tem tudo para serem corridas bem interessantes, se tudo correr bem até lá, no que tange à pandemia da Covid-19, e o campeonato puder seguir sem sobressaltos...

 

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