sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

A FÓRMULA 1 EM 2020

Lewis Hamilton chegou ao heptacampeonato, e marcou novas marcas em número de pole-positions e vitórias na F-1 em 2020.

            Encerrou-se a temporada deste ano, com a disputa do GP de Abu Dhabi, domingo passado, e só para não fugir à escrita, a corrida disputada no belíssimo circuito de Yas Marina (pelo menos em visual e em estrutura) resultou em mais uma prova sonolenta, e de poucas opções, de modo que quem julgasse a temporada da Fórmula 1 deste ano pelo que viu em seu encerramento, poderia até jurar que nada demais aconteceu durante o ano todo. Ledo engano.

            Aconteceu muita coisa. A começar pela pandemia da Covid-19, que começou na China, e em questão de semanas, atingiu o mundo inteiro, virando de cabeça para baixo o dia-a-dia tanto das pessoas como das empresas. A F-1 chegou a Melbourne para iniciar a competição de um ano que previa 22 corridas, o maior calendário da história da categoria máxima do automobilismo, que completava sete décadas de existência, fato que seria muito comemorado por todos. Mas, às vésperas do primeiro treino livre no Albert Park, tudo acabou cancelado, devido ao primeiro caso de coronavírus no paddock. Dali em diante, com o isolamento, inclusive de países, e paralisação de viagens pelo mundo, com receio das contaminações, ninguém mais sabia o que iria acontecer neste ano. Temia-se que acabasse nem tendo mais competição, em várias modalidades esportivas, e não apenas no automobilismo.

            Aos poucos, contudo, com mais estudos e conhecimento a respeito do coronavírus, começou-se a delinear um plano de segurança que permitisse o retorno das atividades, mesmo com o risco da Covid-19 alastrando-se mundo afora. Negociações foram feitas, várias provas acabaram adiadas, com algumas sendo canceladas, e tentando organizar um calendário com o mínimo possível de viagens, redução de custos, e vários protocolos de segurança sanitária a ser seguido por todos. E, depois de praticamente quatro meses de atraso, a F-1 deu sua largada na pista de Zeltweg, na Áustria, para as duas primeiras corridas do que seria a “nova” temporada de 2020 da F-1. Uma temporada que demorou um pouco a ser montada completamente, com oito corridas acertadas de início, e com novas provas sendo acrescidas conforme as possibilidades se apresentavam.

            E acabamos ficando praticamente restritos à Europa, uma vez que o continente, naquele momento, parecia conseguir debelar o surto de casos da Covid-19 com algum êxito, oferecendo algum nível de segurança mínimo para a retomada da competição. Mesmo assim, todas as corridas acertadas de início seriam completamente sem público, a portões fechados, para evitar aglomerações e prevenir o contágio do coronavírus. Para cortar custos, também, já que os times utilizariam seus caminhões para se deslocar, sem precisarem de traslado aéreo para seus equipamentos. Toda a estrutura de competição de um fim de semana de GP seria feita com pessoal reduzido, distanciamento social entre pessoas de times diferentes, uso de máscaras em tempo praticamente integral, e testagem de todos aqueles com acesso aos autódromos. Até mesmo a presença da imprensa acabou reduzida a poucos veículos de comunicação, para manter o nível de isolamento ao máximo possível.

Com a pandemia descontrolada deste lado do Atlântico, todas as etapas em solo americano acabaram canceladas. As corridas no extremo Oriente, como Japão, Cingapura, China, e até mesmo a nova corrida que teria no Vietnã, foram para o vinagre. Mas mesmo na Europa algumas corridas acabaram canceladas, como foi o caso de Mônaco, e da Holanda, que retornaria ao calendário depois de praticamente três décadas e meia de ausência. E até mesmo Baku ficou de fora.

            Para aumentar o número de provas, e ao mesmo tempo diminuir custos com deslocamentos, resolveu-se fazer algumas rodadas duplas. A pista da Áustria, então, recebeu o GP da Áustria propriamente dito, e o GP da Estíria, nome dado para a segunda prova que foi realizada uma semana depois da primeira, no mesmo circuito. Silverstone, na Inglaterra, por sua vez, receberia o GP da Grã-Bretanha, e o GP dos 70 Anos da F-1. A partir dali, algumas corridas até conseguiram ser realizadas nas datas previamente agendadas no calendário divulgado antes da pandemia. Para não banalizar o recurso do uso das rodadas duplas, algumas pistas, novas ou já conhecidas de anos anteriores, foram contatadas, e aos poucos, conseguiu-se montar um calendário com impressionantes 17 corridas, que dariam para formalizar um campeonato completo.

As pistas "inéditas" da temporada 2020 ganharam muitos elogios de equipes e pilotos, além de proporcionarem ótimas corridas. Portimão (acima) e Mugello (abaixo) deveriam seguir na categoria.


            Mas apesar de tudo começar bem, os perigos da pandemia ainda rondavam o circo da F-1. Sergio Pérez, piloto da Racing Point, acabou diagnosticado com Covid-19, e ficou afastado por duas corridas, mostrando que não se podia baixar a guarda nas medidas de segurança sanitária em tempo integral, e não apenas nos fins de semana de GP. E a organização da Liberty Media, apesar das dificuldades, conseguiu driblar os reveses, promovendo a estréia de duas pistas “inéditas” na competição, os circuitos de Mugello, na Itália; e Portimão, em Portugal. Outra boa sacada foi a utilização do anel externo do autódromo de Sakhir, a fim de diferenciar as corridas da rodada dupla no Bahrein. E para felicidade dos integrantes da categoria e dos fãs, três pistas retornaram para ajudar a fechar o calendário: Ímola, na Itália; Nurburgring, na Alemanha; e Istambul, na Turquia. Mantiveram-se as etapas da Hungria, Espanha, Bélgica, Itália, Rússia, e Abu Dhabi.

            No que tange aos protocolos de segurança sanitários, não houve maiores problemas, apenas casos pontuais, com apenas três pilotos apresentando contágio pela Covid-19: o já citado Sergio Pérez, Lance Stroll (em um caso que foi mal resolvido pela equipe, que não divulgou o resultado de imediato, como deveria ter feito); e até mesmo o campeão da temporada, Lewis Hamilton, que ficou de fora da prova de Sakhir, mas já com o título conquistado. Mas o clima sempre foi tenso, mesmo com todos os cuidados tomados a respeito. Dentro das escuderias, houve vários casos de contaminações, devidamente isolados, e prevenidos, sem causar maiores alardes e problemas aos demais integrantes dos times. Conseguiu evitar-se o pior, e garantir os trabalhos de todos. Não foi fácil. O ritmo de alguns GPs, disputados em fins de semana consecutivos, forçou o ritmo de trabalho de todos, tanto nas pistas quanto nas fábricas, que funcionaram com seus protocolos de segurança. Felizmente, tudo correu relativamente bem, e algumas etapas até puderam contar com algum público, mesmo reduzido, nos momentos em que pandemia parecia retroceder, entre fins de setembro e o mês de outubro. Mugello, Rússia, Nurburgring e Portugal puderam abrir seus portões e receber alguns torcedores, antes que os casos voltassem a subir, de modo que as provas finais voltaram a ser feitas completamente sem torcedores presentes.

            No campo da competição, confirmou-se mais um ano de domínio da Mercedes, que arrasou a concorrência, e com Lewis Hamilton faturando seu 7º título, e tornando-se o piloto com mais vitórias na F-1, superando o recorde de triunfos de Michael Schumacher. Valtteri Bottas, apesar de reiteradas promessas de dificultar as coisas para Hamilton, não conseguiu aguentar o desafio, terminando a temporada em baixa, após perder o duelo interno na Mercedes, não apenas para Lewis, mas também para George Russel, que substituiu o heptacampeão na corrida de Sakhir, onde dominou a corrida, e só não venceu por erro colossal do time numa parada de box. Graças à supremacia da Mercedes, Bottas ainda conseguiu ser vice-campeão, o que não serviu muito para dignificar sua temporada, assim como suas duas vitórias no ano. Pouco, se comparadas aos 11 triunfos de Hamilton neste ano para lá de conturbado.

Max Verstappen bem que tentou, mas pouco pôde fazer contra as Mercedes nesta temporada, vencendo apenas duas corridas.

            A Red Bull, que prometia oferecer também maior desafio à supremacia do time alemão, não conseguiu cumprir a promessa. Max Verstappen, o grande trunfo da equipe, até que tentou, mas conseguiu as costumeiras duas vitórias por ano, em provas onde a Mercedes errou a mão, ou já não precisava mais forçar na corrida. O holandês até chegou a ameaçar o vice-campeonato de Bottas, mas devido a alguns azares, não conseguiu desbancar o finlandês. De quebra, dois reveses: Alex Albon não foi tão eficaz como se prometia, e a Red Bull ainda recebeu a má notícia de que a Honda vai puxar o carro, mais uma vez, da F-1, ao fim da temporada de 2021, deixando os rubrotaurinos sem propulsores, e agora tentando forçar um congelamento das unidades via regulamento, para comprar o projeto da Honda e dar seguimento. Seria mais prático voltar com a Renault, que enfim conseguiu evoluir o seu propulsor, mas o orgulho dos dirigentes em Milton Keynes parece falar mais alto, para não falar da soberba com que desdenharam dos franceses quando conseguiram assinar com a Honda... A Red Bull ficou com o vice-campeonato, ao menos.

McLaren: de volta ao TOP-3 (acima), mas ciente de ainda ter muito trabalho para voltar a vencer. Na Renault, Daniel Ricciardo comandou o crescimento do time em 2020 (abaixo).


            O que se temia nos testes da pré-temporada se confirmou: o carro da Ferrari para este ano foi o pior do time em quase trinta anos. Não foi apenas o motor que andou para trás, depois de dar uns sustos na concorrência em 2019. O carro em si foi mal nascido, a ponto de a Ferrari ficar fora de combate e tendo de batalhar com vários times no grid onde só prestava atenção na hora de dar voltas em cima. Charles LeClerc até que conseguiu alguns brilhos, terminando em 8º, com 98 pontos, mas Sebastian Vettel afundou ainda mais na sua maré de poucos resultados, ainda por cima já recebendo a notícia de sua demissão ao fim do ano antes mesmo da competição começar, encerrando a temporada apenas em 13º, com 33 pontos. Como se não bastasse a má forma do tetracampeão alemão, a Ferrari ainda passou a desdenhar do piloto, centrando esforços óbvios em LeClerc. Ainda assim, Vettel mostrou muito mais caráter ao não espinafrar o time como este merecia por tais atitudes. Sebastian preferiu agradecer a oportunidade que teve em Maranello, e assumiu que falhou em dar à equipe o tão sonhado título que prometeu conseguir.

            E, se teve algo que agitou a temporada, foi a disputa para ver quem seria o melhor “do resto” do grid, uma vez que todos já sabiam onde Mercedes e Red Bull terminariam. A terceira colocação no campeonato ganhou três candidatas que, em momentos distintos, tiveram seu momento de favoritos à posição. Acabou dando McLaren, em uma bela temporada onde o time continua seu caminho de tentar voltar ao topo da F-1. A disputa com Renault e Racing Point foi dura, mas o time de Woking se valeu de ter a dupla mais equilibrada entre as escuderias. Lando Norris mostrou evolução, e Carlos Sainz, mesmo com alguns problemas, voltou a demonstrar o talento que o fez capitanear o time em 2019, e que agora irá defender nas hostes de Maranello no próximo ano. Na Renault, Esteban Ocón demorou para se reencontrar, mas conseguiu terminar o ano melhor do que começou, inclusive com seu primeiro pódio na categoria, depois de ficar a maior parte da competição à sombra de Daniel Ricciardo, que voltou a mostrar todo o seu talento e capacidade, voltando ao pódio, e brigando firme para ser um dos melhores colocados após o trio Hamilton/Bottas/Verstappen. O australiano terminou em 5º, pronto para dar vôos mais altos na McLaren em 2021. Já a Renault terá a volta de Fernando Alonso, que espera ao menos voltar a mostrar o seu valor na F-1, depois da malfadada associação com a McLaren entre 2015 e 2018.

Os mais novos vencedores de GPs da F-1: Pierre Gasly faturou a corrida da Itália, em Monza (acima); Sergio Pérez triunfou de forma espetacular no GP de Sakhir (abaixo).
       


                E Sergio Pérez? O mexicano foi um dos destaques da temporada, fazendo valer o bom carro que teve nas mãos. Cópia da Mercedes de 2019, o carro da Racing Point não brilhou tanto como se esperava, mas levou o time à disputa pela 3ª colocação, perdendo para a McLaren apenas na última corrida. Mas a escuderia também sofreu com o desnível de sua dupla de pilotos. Lance Stroll, apesar de fazer boas corridas, não se mostrou tão confiável e talentoso quanto Pérez, que acabou perdendo sua vaga no time para Sebastian Vettel. O canadense até conseguiu sua primeira pole, e foi duas vezes ao pódio, mas sucumbiu em momentos onde precisava mostrar-se mais eficiente, além de se envolver em alguns acidentes, o que comprometeu sua posição na classificação. Perez, por outro lado, quando viu a oportunidade surgir, foi à luta, com uma pilotagem determinada e combativa. Seu ponto alto foi, sem sombra de dúvidas, a vitória no GP de Sakhir, na última prova que terminou por seu ex-time. Não fosse a quebra de motor na prova do Bahrein, Perez podia ter conquistado três pódios consecutivos. Ficar sem lugar para a próxima temporada é um anticlímax para o desempenho de Sergio, que terminou em 4º lugar, o “melhor do resto” do grid. Até o fechamento desta coluna, seu nome ainda poderia ser cogitado pela Red Bull para ser o companheiro de Verstappen no próximo ano, no lugar de Albon, mas o anúncio oficial da dupla ainda não foi feito, o que deve acontecer hoje, possivelmente. Mas, mesmo assim, depois desta excelente temporada, Pérez pode ficar mesmo a pé em 2021, o que seria mais uma daquelas injustiças que a F-1 cansou de cometer em sua longa história de sete décadas de existência. E que certamente não será a última.

            Como também pode parecer injustiça a Red Bull não considerar repromover Pierre Gasly para o time principal, depois da excelente temporada que o francês fez na equipe B este ano, com direito até a uma vitória no GP da Itália, repetindo o feito de Vettel lá em 2008, no mesmo circuito. Pierre redimiu-se como piloto, mas a Red Bull preferiu mantê-lo na Alpha Tauri, a fim de coordenar o time, já que o outro piloto será o novato Yuki Tsunoda. A Alpha Tauri fez uma excelente temporada também, em boa parte graças a Gasly, mas Daniil Kvyat até teve alguns bons momentos, mas insuficientes para mantê-lo no time em 2021.

            E ainda tivemos a “turma do fundão”, com os piores times da temporada. A Williams passou sua pior temporada de que há memória, sem conseguir marcar um ponto sequer, com aquele que foi o carro mais lento do grid. Se George Russel mostrou ser um piloto de grande talento, tanto que fez muitíssimo bem o seu papel na Mercedes quando substituiu Lewis Hamilton, por outro lado Nicholas Latifi só garantiu seu lugar mesmo pelo patrocínio que trouxe ao time, além da ajuda financeira de seu pai. Com mais uma temporada no fundo do poço, a família Williams decidiu finalmente sair de cena, vendendo o time, que agora pertence a um fundo de investimentos dos Estados Unidos. Saíram enquanto ainda tinham alguma dignidade a preservar. Enquanto isso, a Haas mais uma vez andou para trás, e como costumavam pegar muitas partes do projeto da Ferrari, quando o time italiano fez um carro e um motor ruins, isso acabou se refletindo no time de Gene Haas, que esperava voltar a avançar para a frente, e acabou retrocedendo mais ainda. Mas a paciência do time com seus pilotos enfim acabou, e tanto Romain Grosjean e Kevin Magnussem deram adeus à F-1, sendo substituídos no próximo ano por Mick Schumacher e o agora contestado Nikita Mazepin, que nem estreou ainda pelo time, mas já começou a arrumar confusão com suas estripulias. E completamos com a Alfa Romeo, que não conseguiu também manter o ritmo e caiu para trás. Kimi Raikkonen e Antonio Giovinazzi conseguiram se manter titulares no time para 2021, e esse foi o maior feito de ambos, que apesar de alguns brilharecos de Raikkonen e de Giovinazzi, penaram na maior parte do ano.

            Com uma temporada com várias etapas “remendadas”, pode-se dizer que o resultado saiu melhor que a encomenda. Se tivemos as tradicionais corridas completamente enfadonhas, como Abu Dhabi, Rússia, e Espanha, as pistas que “estrearam” oficialmente na competição, mesmo como tapas-buraco, foram mais do que aprovadas tanto por equipes quanto pilotos, não apenas pelo desenho do traçado, mas tendo conseguido apresentar excelentes corridas, em Mugello e Portimão. Das pistas que tiveram um “retorno” ao calendário, Nurburgring conseguiu proporcionar uma ótima corrida; e a Turquia, com o belo Istambul Park, fez os pilotos terem de duelar muito com a pista e um asfalto mal curado, e ainda por cima, molhado. São Pedro ajudou a F-1 a marcar presença este ano. Infelizmente, apesar de festejada por muitos, a volta da pista de Ímola valeu apenas pelo saudosismo: o circuito ficou “travado” depois das reformas pós-1994, e a corrida deste ano apenas reforçou o adjetivo “procissão” das provas de F-1 realizadas na década passada.

Na luta pelo último posto do grid e da competição, deu Williams, contra Haas e Alfa Romeo. O time foi vendido e tem novos donos agora, encerrando a saga da família de Frank Williams na F-1.

            Precisando dar uma “sacudida”, a F-1 até tentou fazer algumas experiências, aproveitando este momento atípico. Se por um lado a adoção do anel externo da pista de Sakhir proporcionou uma corrida completamente diferente da disputada dias antes no traçado convencional, com muito mais disputas e emoção, por outro lado, a experiência de realizar um GP com apenas dois dias de atividades oficiais, em Ímola, não deu resultados práticos que valessem a pena. E, curiosamente, apesar de disputadas no mesmo traçado, as rodadas duplas realizadas em Zeltweg e Silverstone renderam corridas com panoramas e disputas diferentes, o que ajudou em proporcionar algum diferencial. Financeiramente, apesar de todas as medidas para cortar custos, os ganhos da categoria também minguaram, de forma que a situação continuou difícil. A Liberty Media conseguiu minimizar um pouco o problema, mas o tamanho do buraco continuou grande mesmo assim.

            De toda forma, a F-1 conseguiu ao menos fazer uma boa limonada com os limões que teve nas mãos. Vimos algumas corridas muito boas, e com várias disputas no pelotão intermediário, com muitos duelos e brigas. E também um acidente grave com Romain Grosjean que, graças às lições aprendidas pela categoria nos últimos anos, felizmente o piloto saiu praticamente ileso, quando podia ter ocorrido o pior. Sentimos muito a ausência de público nos autódromos, mas foi um sacrifício necessário para que pudéssemos ter um campeonato, tão possivelmente seguro quanto foi feito. Esteve longe de ser perfeito, mas foi o que deu para se fazer, e deu certo em quase tudo o que se propôs, o que já foi muito.

            Agora, é hora de descansar, depois de um semestre extremamente corrido, e guardar forças, visando se resguardar para a temporada 2021, torcendo para que possamos ter no próximo ano um panorama mundial muito mais animador e positivo do que o deste ano. Até lá, então...

 

 

E a Alpha Tauri confirmou o japonês Yuki Tsunoda para ser o companheiro de Pierre Gasly na equipe no próximo ano. O piloto russo já era dado como carta fora do baralho há tempos, diante do seu desempenho na temporada, onde acabou totalmente ofuscado pelo colega de time francês, que conseguiu se reabilitar perante a F-1 depois de ser “rebaixado” para a Toro Rosso no ano passado após meia temporada defendendo a Red Bull. Mas, como o time principal dos energéticos não quis repromover Gasly, restou a ele continuar no time B da companhia, onde terá a chance de fazer outra boa temporada em 2021, e quem sabe, se lançar no mercado para um time de maior potencial, quem sabe...

 

 

Fernando Alonso conseguiu participar do teste coletivo de “novatos” que a F-1 realizou na pista de Yas Marina esta semana, e o espanhol até conseguiu impressionar um pouco, ao marcar o melhor tempo, mas é preciso evitar o entusiasmo exagerado. Alonso andou forte, e marcou um tempo melhor do que o conseguido pela dupla titular Ocón/Ricciardo para a classificação do grid da prova de Abu Dhabi, mas foi uma diferença pequena, de modo que o espanhol largaria na mesmo posição de Ocón, ou seja, em 10º lugar. Os demais pilotos, entre eles os da Mercedes e Red Bull, carros teoricamente mais fortes, estavam focados em outras metas. Mesmo assim, é animador ver que Alonso parece cada dia com mais ritmo de competição em um monoposto, podendo ter conhecido melhor o carro utilizado nesta temporada, e que será na base o mesmo do ano que vem. Se Fernando conseguir manter o nível que a escuderia alcançou este ano, isso já será extremamente positivo. Aliás, não vamos nos esquecer: em 2021, o time passa a se Alpine, nome da divisão esportiva da Renault, e com um visual que deve ser bem diferente da deste ano, com uso de preto e amarelo, e mais um estilo inspirado na bandeira francesa, com tons em branco, vermelho, e azul.

 

 

Com esta coluna, fecho os textos semanais sobre automobilismo neste ano de 2020. Não foi o ano que ninguém esperava ter, e a torcida é para que possamos ter uma volta à normalidade no próximo ano, que certamente ainda será também muito complicado. Um bom natal para todos, e que possamos estar juntos novamente por aqui em 2021...

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