quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

ARQUIVO PISTA & BOX – ABRIL DE 1999 – 09.04.1999

             Finalizando este ano, a última postagem no blog é de mais um de meus antigos textos, no caso, a coluna publicada no dia 9 de abril de 1999, às vésperas do Grande Prêmio do Brasil de F-1 daquele ano. A prova brasileira, em um circuito de verdade, era considerada uma chance de vermos com maior exatidão o que esperar da temporada, já que a corrida inicial na Austrália, por conta das características do Albert Park, nunca foi um parâmetro muito confiável do que esperar da competição no restante do campeonato, embora desse algumas boas dicas. A temporada até que havia começado com uma surpresa: a vitória de Eddie Irvinne, da Ferrari, time que ainda não havia mostrado muito a que vinha naquele ano, pois esperava-se um duelo mais renhido com a McLaren, que apesar de continuar muito forte, também acabou não levando o triunfo na prova australiana.

            E, de fato, o time de Woking colocou um pouco as coisas no lugar, com Mika Hakkinen faturando a corrida brasileira, mas tendo Michael Schumacher terminando em 2º, e mostrando que poderíamos sim ter um duelo mais próximo pelo título. E a Stewart, com Rubens Barrichello, mostrava um grande salto de performance, mas ainda padecia com a fiabilidade tanto do carro quanto do motor. Seria um ano de grandes emoções, e em alguns aspectos, acabou sendo, com algumas surpresas e azares, além de decepções, como a nova equipe BAR, anunciada com muita pompa, mas que passaria o ano sem conseguir marcar um ponto sequer, mesmo tendo muitos recursos e contando com Jacques Villeneuve ao volante. Curtam o texto, e nos vemos por aqui no próximo ano. Até mais...

COMEÇO DE CAMPEONATO PRA VALER

            Chegou a hora do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, segunda etapa do campeonato de 1999, e para a grande maioria da imprensa especializada, o verdadeiro início do campeonato deste ano. Também concordo, pois o que vimos na Austrália foi um dia atípico, onde os favoritos ficaram pelo caminho ou fora de combate, e os coadjuvantes fizeram a festa.

            De certo, apenas o favoritismo da McLaren. A Ferrari deve ser a segunda força do campeonato, mas apenas se Michael Schumacher fazer valer o que ganha de salário, pois o desempenho do time de Maranello nas ruas do Albert Park não chegou a empolgar muito. Tudo bem que Schumacher foi 3º no grid, mas como a coisa se passou na corrida o bicampeão teve mais que fugir da Stewart de Rubens Barrichello do que perseguir as McLarens. Confirmada a Ferrari como segunda força, digamos, a disputa deve pegar fogo mesmo é na disputa pelo 3º posto no campeonato, e aí a coisa promete ficar embolada, com praticamente quase todos os demais times disputando a primazia de serem os melhores do “resto”. Como Minardi, Arrows e talvez Prost, não devem entrar nesta briga, Stewart, Jordan, Benetton, Williams e BAR têm condições de ocupar esta posição e ser o 3º melhor time da temporada. Mas, como as perspectivas baseiam-se nos desempenhos vistos em Melbourne, tudo pode mudar a partir do GP do Brasil. A torcida de todos é que não mude, pois isso vai ser garantia de muita emoção no campeonato.

            A McLaren, com certeza, já deve ter solucionado o seu problema de confiabilidade. Na Ferrari, é de se esperar que a equipe já esteja mais aclimatada aos pneus da Bridgestone. E, pela Stewart, já foram tomadas providências para que os problemas surgidos na Austrália não voltem a se repetir, e o time do velho Jackie ainda vai estrear uma nova suspensão que deve aumentar o desempenho do carro. A Sauber promete que os problemas de câmbio surgidos na etapa australiana não importunarão novamente em Interlagos. A BAR, por seu lado, já acena com um carro mais durável. E a Williams, claro, tratou de redesenhar o seu FW21 para melhorá-lo substancialmente. Praticamente todos os times chegaram aqui em Interlagos com boas novas para melhorar o seu desempenho. A se confirmarem todas as previsões, deveremos ter a melhor corrida dos últimos tempos.

            Hoje começam os treinos oficiais, onde já deveremos ter uma idéia mais aproximada do que esperar da corrida. E se espera casa cheia em Interlagos, pois com o cancelamento do Grande Prêmio da Argentina, muitos torcedores portenhos já garantiram presença nas arquibancadas de nosso GP para acompanhar a única prova de F-1 na América Latina deste ano.

            E, para apimentar um pouco o ambiente, a FIA prometeu um novo teste para determinar a firmeza dos aerofólios dos carros. O novo teste, com o uso de um peso de 100 Kg sobre a peça, ainda não é o ideal, mas pelo menos já é um passo na direção certa, e espero que esta medida já ajude a evitar possíveis acidentes, apesar de saber, há tempos, que certas medidas na F-1 são meramente cosméticas. Só espero que, neste caso, não seja necessário alguém se machucar seriamente para que medidas de peso sejam finalmente tomadas. Só para recordar, alguém se lembra do trauma que a categoria viveu 5 anos atrás...?

            Bem, terminadas as ponderações sobre o GP, é hora de aguardarmos o resultado dos treinos e curtir as emoções da F-1 no circuito de Interlagos. E também torcer por uma bela apresentação de nossos pilotos na categoria, que pela primeira vez em anos, podem oferecer alguma alegria para a platéia tupiniquim por resultados mais consistentes e qualitativos. Que venha o sinal verde!

 

 

Tem piloto novo em Interlagos no grid: o holandês Jos Verstappen assume na corrida brasileira o segundo carro da equipe Minardi. O italiano Luca Badoer fraturou a mão e não vai poder correr domingo. Verstappen deve retornar à F-1 como titular no ano que vem, como piloto da nova equipe Honda, da qual vem fazendo todos os testes de pista.

 

 

Hoje à noite, pelo horário de Brasília, será disputado o GP do Japão de F-CART, no megacomplexo de Motegi. A novidade na categoria é a inclusão temporária de mais um piloto brasileiro, Tarso Marques, que vai pilotar o carro da equipe Penske no lugar de Al Unser Jr., que se acidentou em Homestead numa batida com Naoki Hattori. Com isso, teremos 8 pilotos brasileiros na pista.

 

 

Outra novidade é a estréia de Paul Tracy no campeonato. O piloto canadense esteve suspenso em Miami, onde foi substituído na equipe Green pelo brasileiro Raul Boesel, devido às suas estripulias na pista no campeonato do ano passado. É de se esperar que ele tome mais jeito este ano. Barry Green até que tem tido paciência com os destemperos do canadense, mas tudo tem limite... Roger Penske que o diga, especialmente levando-se a conta de carros que Tracy destruiu quando pilotou para ele...

 

 

Só para lembrar os mais desavisados: o GP do Japão de F-CART terá transmissão ao vivo pela TVS/SBT. E isso pelo fato de que a emissora não teria nada melhor para passar no horário, caso contrário, tome VT. E coitados dos telespectadores fãs de corridas...

 

 

Cuidados de transmissão, aliás, também podem ser relaxados com propósitos escusos. Há quem afirme que, para forçar os telespectadores a comprar a F-1 na TV digital, Bernie Ecclestone estaria reduzindo os níveis de qualidade das transmissões das TVs abertas. Dessa forma, quem quiser ver as disputadas da categoria máxima do automobilismo com qualidade, só pela TV paga. Como a F-1 na TV digital ainda não decolou como Ecclestone esperava, não há como ignorar a possibilidade desse boato ter algum fundo de verdade...

 

 

Um piloto brasileiro já ganhou seus pontos no Brasil antes mesmo de disputar a corrida brasileira de F-1 no domingo: Pedro Paulo Diniz estava descansando no último fim de semana no sítio da família no interior do Estado de São Paulo quando sofreu um tremendo tombo de bicicleta. O resultado foram 20 pontos no joelho direito. E, para mostrar que isso não compromete as expectativas do piloto, ele espera ainda mais pontos no domingo. Outro tipo de ponto, é claro...

 

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