quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – DEZEMBRO DE 2020


E o mês de dezembro está se despedindo, e com ele, o ano de 2020, o mais conturbado dos últimos tempos, devido à pandemia da Covid-19, que até deu ares de retração, mas voltou a acelerar de forma assustadora, mostrando que ainda vai dar muita dor de cabeça para todo mundo, nos quatro cantos do planeta, em 2021, apesar de já termos alguns locais que iniciaram a vacinação emergencial para tentar debelar a doença. E em mais um final de mês, como de praxe, lá vamos nós para mais uma edição da Cotação Automobilística, a última de 2020, com o tradicional balanço dos acontecimentos do mundo da velocidade neste mês, com comentários sobre cada situação, no esquema já conhecido por todos: Em Alta (menções no quadro verde); Na Mesma (quadro azul); e Em Baixa (quadro laranja). Por hora, então, aproveitem o texto, e tenham uma boa leitura. E, até a próxima edição da Cotação Automobilística, em 2021, muito provavelmente no final do mês de fevereiro...

 

 

EM ALTA:

 

Sébastien Ogier: O piloto da Toyota conseguiu reagir no Mundial de Rali, e com a vitória na etapa de Monza, a última do campeonato, conseguiu chegar ao título, faturando o heptacampeonato na categoria, numa virada que muitos achavam ser improvável, dado que Ogier parecia não ser capaz de superar o parceiro de equipe Elfyn Evans. Mas Evans acabou tendo azar justo na etapa decisiva, e com uma atuação impecável, Ogier retomou o controle da situação, conquistando o título. E, para quem já vinha lamentando a provável despedida do grande campeão ao fim desta temporada, Ogier mudou de idéia, e segue firme no time da Toyota pela temporada de 2021, prometendo lutar por mais um título. Se Sébastien Loeb chegou a nove títulos, o que fará Ogier se conquistar o oitavo caneco em 2021? Ele para, ou vai tentar igualar Loeb? Pelo que vimos este ano, Ogier ainda tem lenha para queimar, e a decisão de rever sua aposentadoria dá esperanças aos fãs de vê-lo conquistando mais triunfos e títulos. E quem sabe ele corresponde a estes anseios? Os rivais que fiquem de prontidão no próximo ano...

 

Sergio Pérez na Red Bull: O piloto mexicano fez a melhor temporada de sua carreira na F-1, e saiu devidamente recompensado, com o contrato para ser piloto titular na Red Bull na temporada 2021, depois de se ver desempregado nos últimos meses para o próximo ano. Sergio fez uma prova sensacional na Turquia, chegando em 2º lugar, e deu azar com o estouro de motor a poucas voltas do final do GP do Bahrein, onde tinha tudo para conquistar um segundo pódio consecutivo. Mas viveu uma corrida de sonho na etapa seguinte, no anel externo da pista de Sakhir, especialmente depois de cair para o último lugar, e vir recuperando posições, a ponto de já estar com o pódio novamente à vista, quando a Mercedes acabou azarando sua dupla de pilotos numa das paradas. Uma vez na liderança, o mexicano acelerou forte para coroar a performance com sua primeira vitória na categoria máxima do automobilismo, e assumindo o 4º lugar no campeonato, atrás somente de Lewis Hamilton, Valtteri Bottas, e de Max Verstappen. E isso não passou despercebido em Milton Keynes, que vendo Alexander Albon ficar devendo mais uma vez, resolveu se mexer para fortalecer o time no próximo ano. É verdade que Pérez terá um grande desafio de tentar andar no ritmo de Max Verstappen no novo time, mas a esta altura da carreira, com sólidas credenciais de piloto, e sem nada a perder, ele está mais do que pronto para o desafio. Se vai ser bem-sucedido, só saberemos em 2021. Mas Sergio tem tudo para fazer bonito. Aguardemos.

 

Equipe McLaren: O time de Woking terminou a temporada em um belo terceiro lugar na tabela de construtores, dando um sinal de que, pouco a pouco, está retornando à sua melhor forma. Contando com uma dupla de pilotos equilibrada e cooperativa, a escuderia se manteve sempre em disputa pela terceira colocação, uma vez que Mercedes e Red Bull ainda estão muito à frente, mas ciente em tentar melhorar passo a passo. E os passos para evoluir em 2021 são a volta do uso dos propulsores da Mercedes, e a contratação de Daniel Ricciardo para o lugar de Carlos Sainz Jr., que foi para a Ferrari. O australiano é um dos melhores pilotos do grid, e certamente irá contribuir para a evolução do time inglês, assim como ajudou a Renault a melhorar neste ano. Ainda há muito trabalho a ser feito, até que a McLaren se torne novamente protagonista de vitórias, e quem sabe, da luta pelo título, mas para um time que em tempos recentes amargou andar nas últimas colocações do grid, é extremamente satisfatório ver a escuderia reencontrando o rumo e voltando a empolgar os torcedores, conseguindo um pódio aqui e ali, mesmo que ocasionais. E que, se tudo correr bem, podem voltar a ser bem mais comuns em um futuro bem breve.

 

George Russel: O piloto inglês, titular da equipe Williams, já tinha dado mostras de seu talento como piloto, ao conseguir levar o bólido do time inglês ao Q2 em várias provas da temporada, mas sem conseguir pontuar, devido ao ritmo de corrida totalmente fraco da escuderia. Assim, quando acabou chamado para substituir Lewis Hamilton na prova de Sakhir, devido ao heptacampeão ter testado positivo para Covid-19, era a grande chance de mostrar do que era capaz. E o rapaz não se intimidou, liderando os treinos e por pouco não largando na pole-position. Ainda por cima, largou melhor que Valtteri Bottas, e estava controlando a corrida com grande naturalidade e tranquilidade, até ocorrer o problema na segunda parada de box que acabou por arruinar suas chances de vencer a corrida. Mesmo assim, Russel não se intimidou, e voltou ao ataque, andando forte, e deixando Bottas numa saia justa onde o finlandês deveria ter se mostrado forte desde o início, por conhecer muito melhor o carro da Mercedes. Mesmo que George tenha voltado ao fraco time da Williams na prova de Abu Dhabi, e estar mais do que confirmado como titular do time de Grove para a próxima temporada, o recado foi mais do que dado, e o inglês certamente deve se tornar titular da Mercedes para a temporada de 2022, caso Bottas não mostre serviço no próximo ano, como ocorreu em várias provas desta temporada, tendo assegurado o vice-campeonato apenas na última corrida, e com uma vantagem pequena perante Max Verstappen, algo muito abaixo das possibilidades, para quem teve o melhor carro do grid nas mãos, oportunidade que Russel não deixou passar quando surgiu, saindo como vencedor moral da corrida.

 

Decisão e campeonato da Stock Car Brasil: A corrida final da temporada 2020 da Stock Car Brasil pode não ter sido a melhor prova de encerramento de campeonato, mas ter tido a chance de ver 11 pilotos entrando na pista ainda com chances matemáticas, mesmo que parte delas fosse somente teórica mesmo, já foi um feito notável, ainda mais em um campeonato que, assim como muitos outros mundo afora, foi “remendado” do jeito que dava. E Ricardo Maurício conquistou o tricampeonato com grandes méritos. E a categoria ainda voltou em grande estilo à TV aberta, ao acertar com a Bandeirantes a transmissão das provas para 2021, mas já antecipando o serviço na prova final, em Interlagos, e trazendo de volta Reginaldo Leme às transmissões esportivas da velocidade, fazendo uma boa cobertura. Vários pegas foram memoráveis em algumas corridas, e mesmo com algumas derrapadas aqui e ali, tivemos um bom campeonato, que fez valer a torcida pela TV, já que praticamente tivemos que ficar com as arquibancadas vazias, em razão da pandemia. E tivemos também de volta o duelo de marcas, com a Toyota a bagunçar as oportunidades de triunfo da Chevrolet, que depois de um início suplantada pela marca japonesa, conseguiu reagir e fazer o campeão, mesmo que com uma margem pequena. Agora é se preparar para o próximo ano, e aprimorar o que pode ser melhorado, e corrigir eventuais erros. E oferecer novamente as melhores disputas do automobilismo nacional aos fãs da velocidade.

 

 

 

NA MESMA:

 

GP de Abu Dhabi: A pista de Yas Marina, entra ano, sai ano, e continua a mesma. Visual esplendoroso, com o belo pôr do sol no deserto, com a corrida avançando noite adentro, mas com provas enfadonhas e completamente sem maiores atrativos. Vez por outra, até tem alguns bons duelos, mas raramente nas primeiras colocações, e este ano não foi diferente, com Max Verstappen largando na pole, e comandando a corrida até a bandeirada sem praticamente haver nenhum duelo com a dupla da Mercedes, que se contentou em manter posição e ir assim até o final, já que os resultados garantiam seus objetivos – título de construtores e de pilotos já havia sido decidido, e o segundo lugar dava a Valtteri Bottas o vice-campeonato, mesmo com o triunfo de Verstappen. Infelizmente, a pista de Abu Dhabi representa tudo o que os entusiastas do automobilismo mais detestam nos autódromos projetado por Hermann Tilke: um circuito lindo do lado de fora, e uma pista completamente inócua e sem possibilidades de oferecer uma boa corrida. E enquanto os árabes estiverem pagando rios de dinheiro para sediarem a corrida, continuaremos a ver provas nos Emirados Árabes Unidos, servindo apenas para fechar a temporada, e desejando que a corrida acabe o mais cedo possível.

 

Racing Point: O time inglês fez uma excelente temporada, mas desde o início, se pesava dúvidas sobre a capacidade dos pilotos, o final da temporada confirmou que desde sempre a escuderia corria com um “piloto e meio”, o que acabou sendo crucial para perder a disputa pelo terceiro lugar de construtores com a McLaren. Enquanto o time de Woking possuía uma dupla equilibrada e consistente, a Racing Point teve seus melhores resultados com Sergio Perez, enquanto Lance Stroll, em que pese o canadense ter tido evolução ao longo do ano, perdeu duas chances crassas de obter melhores resultados, e até de vencer, por não conseguir conservar o equipamento, ou estar atento às oportunidades na pista. Se é verdade que em alguns momentos ele teve azares alheios a seu controle, em outros ele ficou devendo quando mais o time precisava, como na corrida final, em Abu Dhabi, quando terminou apenas em 10º lugar, sem conseguir ajudar a impedir que a Racing Point fosse superada pela McLaren, cuja dupla de pilotos teve muito melhor performance, conseguindo reverter uma desvantagem que todos acreditavam ser muito difícil. Se Sebastian Vettel recuperar a velha forma no time ano que vem, e a escuderia continuar a dispor de um bom equipamento, precisará que seus dois pilotos entreguem resultados juntos, a fim de lutarem para se manter entre os primeiros colocados. E Stroll, apesar de ter brilhado em alguns momentos, ainda precisa provar que não está no time apenas por ser filho do dono. E a própria Racing Point também precisa melhorar, uma vez que ficou aquém de obter alguns resultados melhores, por não desenvolver o bom carro que tinha nas mãos neste ano.

 

Pietro Fittipaldi: O neto de Émerson Fittipaldi teve enfim a sua oportunidade de estrear oficialmente na F-1 como piloto, disputando as duas etapas finais da temporada de 2020, substituindo Romain Grosjean, após o acidente do francês na corrida do Bahrein. Sem guiar um carro da categoria há muitos meses, o mais novo piloto brasileiro na F-1 se resumiu a colaborar para o time como um todo, e tentar apenas completar a corrida. Com um carro que não era competitivo, e precisando pegar mais ritmo, Pietro até que cumpriu com o básico do que se esperava dele, mesmo tendo terminado ambas as corridas praticamente em último. Agregou muitos elogios por parte dos engenheiros pelo feedback oferecido, e por ter tido um desempenho aceitável com o carro. Mesmo assim, com a dupla oficial já anunciada pela Haas para 2021, Pietro começa a ver outras oportunidades de competição, possivelmente na Indycar. O que pode estender o seu laço com o time é que Nikita Mazepin, um dos pilotos anunciados para o próximo ano, arrumou encrenca ao divulgar um vídeo assediando uma mulher, o que pegou muito mal, e pode levar, na pior das hipóteses, à rescisão do contrato com a escuderia, que caso ocorresse, poderia até efetivar Fittipaldi no lugar do russo para a próxima temporada. Mas as chances de isso acontecer são muito baixas, e mesmo que ocorra, o carro da Haas é muito pouco competitivo, de modo que procurar melhores opções de competição continua sendo prioridade para o piloto, se ele quiser desencavar melhores oportunidades no meio.

 

Transmissão da F-1 no Brasil em 2021: Continua indefinida a situação dos direitos de transmissão das provas da categoria máxima do automobilismo no nosso país no próximo ano. A Liberty Media voltou a negociar com a Globo para a renovação do contrato encerrado este ano, mas até o presente momento, nada foi oficializado. Chegou-se a especular que o SBT, com apoio da Disney, teria demonstrado interesse em pegar os direitos, o que acabou sendo negado algum tempo depois, até porque a Disney está enrolada com a situação dos seus canais esportivos em nosso país, tendo desmantelado parte de sua equipe de profissionais que lidavam não apenas com o esporte a motor, mas também com outros esportes. Para os que apostavam na TV Bandeirantes, a emissora fez sua opção pela Stock Car Brasil, o que poderia até encorajar a aposta na F-1, mas é mais prático e viável continuarem transmitindo a Indycar, o que devem manter em sua grade. Portanto, sobra mesmo apenas a opção de renovação com a Globo, mas até que saia um comunicado oficial a respeito, não dá para antecipar nada sobre o assunto. As chances de renovação cresceram, mas tudo ainda pode não ser concluído, de forma que o risco de ficarmos sem transmissão das corridas, embora tenha diminuído, ainda existe, e provavelmente só teremos uma resposta no próximo ano.

 

Red Bull vice-campeã na F-1: O time dos energéticos mais uma vez ficou na promessa de endurecer o jogo na disputa contra a Mercedes na luta pelo título da F-1. Quando se imaginava que o time rubrotaurino até poderia mesmo surgir como uma força mais próxima de lutar contra a hegemonia dos carros alemães, todo mundo levou um banho de água fria quando se viu que a escuderia sediada em Brackley iria mais uma vez esmagar a concorrência, até mais do que em anos anteriores, já que a Ferrari confirmou ter um carro ruim. Max Verstappen correu praticamente sozinho o ano todo, não conseguindo alcançar os pilotos da Mercedes, salvo em raras ocasiões, mas também não sendo ameaçado pelos demais pilotos, inclusive até pelo próprio companheiro de time, Alexander Albon, que não esteve à altura do que a escuderia esperava dele. Algumas oportunidades também foram perdidas por azares alheios, mas a rigor, o time só venceu mesmo uma prova no ano, no GP dos 70 anos da F-1, a segunda corrida em Silverstone, onde Verstappen venceu de forma magistral, ao contrário da prova de Abu Dhabi, onde apesar de novo triunfo do holandês, viu-se uma Mercedes correndo apenas para chegar ao fim e terminar o ano, com os títulos já decididos, e a posição de seus pilotos garantida, de modo que não havia porque correr com força total. Mais uma vez vice-campeã, a escuderia ainda tem de lidar com o dilema de arrumar novas unidades de potência para 2022, já que a Honda anunciou nova retirada da F-1, o que deixa não só a Red Bull como a Alpha Tauri sem propulsor a partir daquele ano. Mais uma vez, a promessa de desafiar com maior tenacidade a supremacia da Mercedes fica para 2021, mas tendo o carro deste ano praticamente como base, a relação de forças muito provavelmente não deve se alterar muito, o que já é desalentador para as expectativas de um maior sucesso. Resta ver se será outra promessa sem conseguir ser cumprida mais uma vez...

 

 

 

EM BAIXA:

 

Recuperação de Marc Márquez: O hexacampeão da MotoGP precisou passar por uma nova cirurgia no braço, diante da recuperação mais demorada do que o normal para recuperar a fratura sofrida no primeiro GP da temporada de 2020, e o prognóstico não foi animador. Foi preciso trocar a placa de titânio implantado no úmero, e debelar uma infecção que havia se originado no local desde a segunda cirurgia. Foi preciso também fazer um implante ósseo para reforçar o osso lesionado. Apesar da nova operação ter sido bem-sucedida, a recuperação deve demandar pelo menos seis meses, o que deve deixar o piloto de fora das primeiras corridas da temporada de 2021, e talvez, até de boa parte da temporada do próximo ano, o que seria um golpe e tanto nas pretensões do piloto de tentar retornar o mais breve possível. Mas também é verdade que a tentativa de retornar à pista uma semana após sofrer o acidente também pode ter forçado demais sua recuperação, o que acabou levando à segunda cirurgia, devido à quebra da placa de titânio implantada, o que complicou toda a recuperação planejada. Maior nome da classe rainha do motociclismo, Marc Márquez fez do arrojo sua principal marca, e sua impaciência para tentar retornar pode ter tido consequências mais graves do que se imaginava, e que ainda irá demandar um bom tempo até sua completa recuperação, comprometendo suas expectativas para a temporada de 2021.

 

Alexander Albon na reserva: O piloto tailandês acabou rebaixado à posição de piloto de testes da Red Bull para a temporada de 2021. Albon infelizmente não conseguiu convencer a cúpula rubrotaurina a mantê-lo como piloto titular para o próximo ano, o que os levou à contratação de Sergio Pérez. Mesmo que não tenha sido dispensado, o piloto acusou que a decisão não foi indolor, e precisará contar com a sorte para ser reaproveitado a partir de 2022. Afinal, se Pérez corresponder às expectativas, não haverá chance de ele retomar seu lugar tão cedo. A melhor oportunidade seria se Yuki Tsunoda não for bem em sua temporada de estréia, e acabar abrindo a possibilidade de um retorno ao time B, na Alpha Tauri, ou até mesmo se Pierre Gasly achar uma oferta melhor em outra escuderia. Mesmo reconhecendo as dificuldades que o tailandês teve com o carro deste ano, a necessidade urgente da Red Bull de querer enfrentar a Mercedes com tudo acabou por minar as chances de Alexander, sendo o jovem a mais nova promessa “queimada” no moedor de carne em que se transformou o time dos energéticos nos últimos anos.

 

Williams: O time de Grove, já sem a família de Frank Williams ligada ao time, teve sua pior temporada de que há memória. A escuderia terminou novamente em último lugar no campeonato, como fizera em 2019, mas desta vez sem conseguir marcar um único ponto, e olhe que desde 2010 os dez primeiros colocados pontuam, ao invés de apenas os seis primeiros, como ocorria antigamente, quando Frank Williams aventurou-se em suas primeiras corridas na categoria máxima do automobilismo. Os novos proprietários da escuderia inglesa tem muito trabalho à frente para começar a colocar a casa em ordem, visando tornar o time mais competitivo. De positivo é o fato de ainda contarem com a melhor unidade de potência do grid, o Mercedes, e de um piloto de talento comprovado, que é George Russel. Mas precisam colocar o setor de engenharia em dia, a fim de que possam produzir um carro minimamente competitivo, que possa permitir ao time voltar paulatinamente à primeira metade do grid. Tarefa que em tese só poderá ser desenvolvida a contento a partir de 2022, com a entrada de um novo regulamento técnico. Que aproveitem o ano de 2021 para se reestruturarem a aproveitarem a oportunidade.

 

Debandada na F-E?: Crescendo sempre de temporada a temporada, desde a primeira corrida, disputada em 2014, a Formula-E tornou-se a queridinha das grandes montadoras nos últimos tempos, em contraste com outras categorias automobilísticas que viram alguns apoios minguarem, quando não acabarem por parte de marcas e parcerias. Mas, de repente, eis que duas importantes marcas, Audi e BMW, anunciam que estão de saída da categoria, ao fim da temporada de 2021, alegando discordância com o aumento de custos de competição, e melhores oportunidades em outros lugares, além de mudanças de prioridades. Se a BMW entrou há pouco tempo, por outro lado, a Audi está presente desde o início da competição, mesmo que de forma não-oficial, o que deve ligar o sinal de alerta na direção da F-E, a fim de se prevenir se outras marcas resolverem seguir o mesmo destino. Fica o temor se os times atuais permanecerão de forma independente, ou se fecharão as portas, pela falta de apoio oficial das fábricas, o que seria muito desabonador para um campeonato que, apesar de todo o sucesso e crescimento obtidos desde o seu início, ainda se vê obrigada a provar a que veio, não apenas como opção de desenvolvimento de projetos de carros elétricos, como modalidade de competição.

 

Jorge Lorenzo: O tricampeão espanhol viveu mais um ano de desapontamento em 2020, agora na função de piloto de testes de seu antigo time, a equipe oficial da Yamaha. Jorge resolveu pendurar o capacete após sua temporada frustrante na equipe oficial da Honda, onde não conseguiu ter a redenção que esperava, após sair da Ducati brigado com o time, depois de dois anos onde as coisas não saíram como ele esperava. Depois de vivenciar pesadelo ainda pior na Honda, sofrer alguns acidentes e decidir se aposentar, ele aceitou ser piloto de testes da Yamaha, onde foi tricampeão, mas infelizmente, veio a pandemia da Covid-19, e com isso, suas atividades acabaram praticamente suspensas. E sem fazer testes, chegou ao cúmulo de não ser considerado pelo time para substituir Valentino Rossi nas duas provas em que o “Doutor” ficou ausente por estar com Covid-19, uma vez que estava sem ritmo de pilotagem, tendo andado 4s mais lento quando retornou em um teste em outubro. Um possível retorno à Ducati também não se realizou, e para completar, a Yamaha resolveu contratar Cal Crutchlow para desempenhar a função de piloto de testes em 2021. Se o objetivo de Lorenzo era pelo menos redimir sua reputação atuando nos testes, como Dani Pedrosa tem feito na KTM, infelizmente o plano foi para o brejo, ajudando o tricampeão a ficar com sua imagem ainda mais em baixa do que já são quatro anos que os planos de Jorge não tem rendido o que ele esperava. Triste situação para um piloto que foi um dos melhores do grid da classe rainha do motociclismo...

 

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