Mick, filho do lendário heptacampeão Michael Schumacher, está perto de chegar à F-1 em 2021.
Tudo indica que a
Fórmula 1 voltará a ver o nome Schumacher no grid em 2021. Mick, filho do
heptacampeão Michael Schumacher, lidera o campeonato da F-2, e tem tudo para
conquistar o título da temporada. E ele estará na pista no primeiro treino
livre da próxima corrida, que será semana que vem, justo na pista de
Nurburgring, na Alemanha, terra de seu pai. Mick participará do primeiro treino
livre pela equipe Alfa Romeo, onde seu nome é considerado para ser um dos
titulares da equipe na próxima temporada. Possibilidades mais remotas apontam
para a chance de ele alinhar pela Hass, outro time ligado à Ferrari, por usar
as unidades de potência de Maranello, mas muitos descartam essa chance,
apontando que a estréia de Mick como piloto titular deve ser mesmo pelo time
suíço.
A dupla atual, Antonio Giovinazzi e Kimi Raikkonen não tem contrato para o próximo ano, e pelo que têm demonstrado até aqui, qualquer um deles pode dizer adeus à F-1 em 2021, abrindo caminho para o filho do heptacampeão. E Mick, como piloto da Academia Ferrari, está merecendo a sua chance de subir à F-1. Ele tem demonstrado velocidade e talento. Mas o entusiasmo deve parar por aí. Por maiores que sejam os interesses ligados ao piloto, em especial por seu sobrenome famoso, é bom não exagerarem nas expectativas do que ele poderá fazer em seu ano de estréia na categoria máxima do automobilismo. Mick não é o primeiro nome de um grande talento que chega na F-1, e muitos que vieram antes dele tiveram seus prós e contras por conta do sobrenome.
Sobrenomes abrem portas, é verdade, mas se não demonstrarem talento, só isso não garante muita coisa. E Mick terá de lidar com o fato de ser filho do maior nome da história da F-1: Michael Schumacher, recordista de títulos e vitórias na categoria máxima do automobilismo, mesmo que esteja perto de ser igualado em títulos e superado em vitórias por Lewis Hamilton, o que não diminui nem um pouco a grandeza dos feitos do piloto alemão, que competiu na F-1 entre 1991 e 2006, e entre 2010 e 2012, antes de pendurar definitivamente o capacete. Mick já afirmou que entrará na pista para honrar o legado de seu pai, mas sempre é bom lembrar que ele não é seu pai Michael, e sim, Mick.
Até porque, não nos esqueçamos, não houve apenas um Schumacher presente na F-1. Ralf, irmão caçula de Michael, também competiu na categoria máxima do automobilismo, mas nem de longe teve o mesmo talento ou sucesso que o irmão mais velho. Conseguiu alguns poucos pódios e vitórias, mas é verdade que nunca competiu com carros vencedores em tantas oportunidades quanto Michael. Mas, comparado ao irmão, Ralf foi apenas um piloto comum, tendo em comum apenas o sobrenome. Mick fará juz às glórias do pai, ou estará mais propenso a repetir a trajetória do tio?
Por isso mesmo, é preciso ir devagar com o andor, mesmo que a F-1 seja mais conhecida por queimar a carreira de pilotos do que glorificá-los. E precisamos lembrar que a Alfa Romeo não tem um carro competitivo, que este ano está brigando pelas últimas posições do grid. Com a pandemia da Covid-19, a F-1, por questão de economia, usará em 2021 os mesmos carros de 2020, com modificações pontuais, de modo que não se pode esperar grandes mudanças na atual relação de forças do grid para a próxima temporada. Isso pode ajudar, mas também pode prejudicar Mick em sua estréia na categoria.
O jovem Schumacher testou o carro da Ferrari de 2018 esta semana em Fiorano. Mick participará do primeiro treino livre em Nurburgring pela Alfa Romeo semana que vem.
Sem um carro decente
para lutar por bons resultados, a pressão sobre o piloto será muito menor. Mick
poderia se entrosar na F-1 com mais tranquilidade, e se acostumar com o
desempenho e reações de um bólido da categoria. Seria completamente irreal
cobrar o jovem de então 22 anos resultados de porte, lembrando que seu pai
nunca guiou carros ruins na F-1. Por outro lado, Mick não deixará de ser
cobrado a respeito do desempenho que lhe esperam, com relação a seu companheiro
de equipe, seja ele quem for. Na F-1, dizem que a primeira rivalidade de um
piloto é com seu companheiro de equipe, justamente por terem o mesmo carro, e
os mesmos recursos. E por isso mesmo, se quiser mostrar a que veio, Mick deverá
suplantar seu colega de time, de preferência em todas as oportunidades, para
reafirmar seu talento e capacidade. Se não o fizer, pode ficar com certas
dúvidas com relação à sua condição de piloto. Pior que, quem ficar da dupla atual
da Alfa Romeo não dá um indicativo muito bom do que pode ser esse confronto.
Giovinazzi, outro piloto da Academia Ferrari, apesar de algum talento, não
empolgou até hoje. E Kimi Raikkonen, apesar de seu passado vitorioso, e de ser
o último campeão da Ferrari, está em final de carreira na F-1, e tendo
desempenhos irregulares, ora andando sem muita vontade, e em algumas corridas
mostrando toda a capacidade que o fez vencer na categoria. Mick terá mais do
que nunca a obrigação de superar qualquer um deles, seja quem for o seu
parceiro no ano que vem. Terá alguma desvantagem no começo, pela maior
experiência acumulada do parceiro, mas terá pouco tempo para virar o jogo a seu
favor, pois na F-1, é preciso “chegar chegando”, o que significa que mesmo com
um carro pouco competitivo que venha a ter, precisará emparedar seu colega de
time para mostrar suas credenciais. E com pilotos que no momento mostram estar
devendo pelo que poderiam render, a obrigação de andar na frente, mesmo que
seja na penúltima posição (com o companheiro em último) é crucial. Se acabar o
ano atrás do parceiro de time, e não houver nada de anormal que explique tal
posição, a credibilidade de Mick poderá ser comprometida.
Depende apenas dele fazer valer a oportunidade. Com a Ferrari comprometida com Charles LeClerc, e tendo Carlos Sainz Jr. como segundo piloto, o time de Maranello não deverá ter vagas livres até 2023. Se tudo correr bem, Mick poderia ter duas temporadas na Alfa Romeo para mostrar do que é capaz, e então, em 2023, ter a oportunidade, dependendo das circunstâncias, de virar titular do time rosso, e quem sabe honrar enfim a gloriosa trajetória de seu pai, o maior vencedor da história de Maranello, onde conquistou 5 títulos mundiais entre 2000 e 2004, tirando a equipe de um jejum de títulos que tinha desde 1979, e por isso mesmo, é reverenciado até hoje na escuderia italiana. E, por isso mesmo, a atenção que Mick recebe da Ferrari, tendo a esperança de que o filho repita a saga do pai. Para sorte de Mick, no momento atual a Ferrari está voltada para LeClerc, de modo que o jovem alemão poderá se concentrar em pilotar e mostrar sua capacidade sem maiores pressões em sua tão aguardada estréia na F-1. Mas, mesmo com a paciência que Maranello terá com ele, Mick precisa se garantir desde já, a fim de não dar chance para possíveis azares ou maus resultados que podem comprometer as esperanças que todos depositam nele.
O sucesso sempre foi algo difícil de se alcançar... Mas o fracasso está sempre à espreita, e é uma armadilha que costuma vitimar a todos com muita rapidez, ao menor vacilo. Por isso, a ansiedade pelo retorno do nome Schumacher ao grid da F-1 precisa ser bem dosado, para que não resulte em frustração, e para alguns, até mesmo uma mácula no histórico do nome na categoria máxima do automobilismo. Que Mick consiga provar o seu valor, tenha ou não a mesma capacidade que seu pai demonstrou, e saiba honrar seu sobrenome com honestidade. O que vier além disso será a recompensa devida por um trabalho bem feito, e que os fãs não se transformem em uma pedra desnecessária e incômoda em sua jornada na F-1, destilando seu tradicional inconformismo, e por vezes ódio, se Mick não andar como muitos deles esperam que o faça...
No Brasil, já tivemos oportunidade de ver pelo menos dois nomes de peso na história do automobilismo a tentarem repetir o feito na F-1. Émerson Fittipaldi, bicampeão da categoria máxima do automobilismo mundial, viu seu sobrinho Christian estrear na F-1 em 1992. Mas Christian nunca teve um carro competitivo na categoria, e em 1995, mudou-se para a antiga F-Indy, onde tinha melhores perspectivas de competir do que em times médios da F-1. Foi o fim das expectativas de vermos novas conquistas do nome Fittipaldi na F-1. Nos Estados Unidos, Christian acabou não sendo o vencedor que o tio foi também por lá, ao menos na F-Indy, onde ficou até 2002, sem ter tido nenhum título conquistado. Mas o piloto se encontrou nas provas de longa duração dos Estados Unidos, onde competiu por cerca de uma década e meia depois, e acabou sendo bicampeão do IMSA Wheater Tech Sportscar, além de vencer por três vezes as 24 Horas de Daytona. Curiosamente, Christian foi obter sucesso em um tipo de competição onde seu tio Émerson nunca brilhou exatamente, até porque competiu em poucas provas no exterior neste tipo de categoria. Mas para muitos brasileiros, apesar do sucesso alcançado pelo piloto, ficou a frustração de não ter conseguido repetir na F-1 o sucesso alcançado pelo tio Émerson. Atualmente, os netos Enzo e Pietro Fittipaldi batalham para chegar à F-1 em breve, mas sem deixarem os torcedores brasileiros muito empolgados com as possibilidades que eles terão na categoria quando chegarem lá, se não estiverem em um time de ponta exatamente...
Mas decepção maior para os brasileiros foi Nelson Angelo Piquet, que chegou à F-1 com a missão de honrar o nome de nosso primeiro tricampeão mundial na categoria máxima do automobilismo. Nelsinho até teve chance de competir em um time de bom potencial, mesmo que na época a escuderia tivesse olhos apenas para seu outro piloto Fernando Alonso. Mas o jovem Piquet acabou se rendendo às pressões do chefe Flavio Briatore, e perpetrou uma batida proposital no GP de Singapura de 2008, com o propósito de forçar a entrada do Safety Car e favorecer a posição de Alonso na corrida, o que acabou acontecendo, com o espanhol vencendo a corrida. Mas a pressão desproporcional de Briatore em cima do brasileiro por melhores resultados resultou na sua demissão do time em 2009, o que levou à denúncia da manobra ocorrida na prova de Singapura. Embora não tenha sofrido punição oficial por colaborar com a denúncia, Nelsinho praticamente nunca mais teve chances na F-1. O piloto passou a perambular pelas competições de automobilismo do mundo, até ter a chance de se tornar o primeiro campeão da então recém-criada Formula-E em 2014-2015. Mesmo assim, o piloto continuou sendo mais lembrado por sua participação no que foi chamado de Singapuragate, até porque muitos o acusam de ter prejudicado também a corrida de Felipe Massa, que no pit stop, saiu com a mangueira de reabastecimento presa à sua Ferrari, o que arruinou suas chances na prova da cidade-estado asiática. E, no final do ano, Massa perderia o título por apenas 1 ponto de diferença para Lewis Hamilton, aqui em Interlagos, o que explica a ojeriza de muitos pelo envolvimento de Nelsinho no esquema de Briatore naquela corrida de 2008.
E o nome Senna também entra nessa conta de pilotos que não conseguiram repetir o sucesso de seus antecessores familiares. Sobrinho do tricampeão mundial Ayrton Senna, falecido em 1994, seu sobrinho Bruno também se tornou piloto, e em 2010 chegou à F-1, mas competindo por um dos piores times do grid, a Hispania, onde não teve chance de mostrar seu talento. Novas oportunidades surgiram depois, nas equipes Lotus (ex-Renault à época), e principalmente na Williams, em 2012. Infelizmente Bruno teve muito azar em diversos momentos, além de não ter sido capaz de suplantar as dificuldades de ter menos treinos livres para acertar seu carro como deveria. O piloto deu adeus à F-1, para frustração renovada de muitos torcedores que esperavam que Bruno “honrasse” o tio Ayrton, esquecendo-se de que ele nunca foi um gênio como seu tio. Bruno competiu na Formula-E por duas temporadas, mas assim como Christian Fittipaldi, foi achar o seu lugar nas provas de longa duração, tendo vencido as 24 Horas de Le Mans na categoria LMP2, assim como sendo campeão da mesma categoria no Mundial de Endurance, em 2017. O piloto foi segundo colocado em Le Mans este ano, defendendo a Rebellion, time pelo qual havia sido campeão da classe LMP2 três anos antes, mostrando estar feliz em seu novo ambiente, e sem ter saudade de sua passagem pela F-1, onde não pode encontrar as condições para honrar o legado de Ayrton...
Hoje a Indycar inicia a rodada dupla no traçado misto do Indianapolis Motor Speedway, e o destaque das corridas é a presença do brasileiro Hélio Castro Neves, defendendo a equipe McLaren no lugar do vetado Oliver Askew, por problemas médicos decorrentes de uma concussão ocasionada em um acidente no mês passado. Helinho busca um lugar para competir em 2021, e já declarou que gostaria de retornar à Indycar em tempo integral, tendo sido liberado por Roger Penske para procurar um novo time para o próximo ano, já que está encerrando seu programa no IMSA Wheather Tech, e não tem garantias de colocar um quarto carro novamente para o brasileiro na Indycar na próxima temporada. A McLaren tem feito uma boa temporada na Indycar, em especial com o mexicano Patricio O’Ward, que tem andado forte em várias etapas, chegando quase a vencer em alguns momentos. Helinho tem uma boa oportunidade de mostrar do que é capaz, mesmo estando afastado em tempo integral da categoria de monopostos dos Estados Unidos, disputando somente a Indy500 este ano pela Penske. É também uma oportunidade para o brasileiro mostrar o que pode render em um time que não é a Penske, onde compete desde o ano 2000. Se fizer uma boa apresentação, pode virar candidato a defender a própria McLaren no próximo ano, já que o time pretende alinhar até três carros no campeonato, para não mencionar que pode ser visado por algum outro time com vistas a reforçar sua posição. E não podemos esquecer também que a Penske pode até voltar atrás, e resolver bancar a volta do brasileiro à Indycar, dependendo dos acontecimentos. Tudo depende de Hélio mostrar toda a sua classe e talento, e que ainda tem muita lenha para queimar nas competições, mesmo aos 45 anos de idade... Que aproveite a chance que surgiu neste final de semana...
Outro nome que volta ao grid da Indycar é James Hunchcliffe, na equipe Andretti, no lugar de Zach Veach, que acabou dispensado do time. O canadense tinha um acordo para competir apenas em parte das provas deste ano, mas ganhou uma chance extra com a dispensa de Veach nestas corridas finais do campeonato. E ele não pretende deixar a chance passar em branco...
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