quarta-feira, 30 de setembro de 2020

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – SETEMBRO DE 2020


             Estamos chegando ao último trimestre de 2020, e o mês de setembro está ficando para trás. A situação mundial ainda avança aos trancos e barrancos, com todos tentando levar a vida adiante do jeito como se pode, neste momento complicado da pandemia da Covid-19. E neste final de mês, cá estamos com mais uma edição da Cotação Automobilística está de volta, com um balanço dos acontecimentos do mundo da velocidade neste último mês, com comentários sobre cada situação, no esquema já conhecido por todos: Em Alta (menções no quadro verde); Na Mesma (quadro azul); e Em Baixa (quadro laranja). A situação de alguns campeonatos parece mais resolvida do que outros, flutuando ao sabor dos acontecimentos difíceis que estamos passando no mundo inteiro, com muitos países estando em situação melhor do que outros, e sem poder baixar a guarda em relação à pandemia, que continua a complicar o panorama do planeta. Então, aproveitem o texto, e tenham uma boa leitura. E, como já mencionei anteriormente, espero que na próxima Cotação Automobilística, no final do mês que vem, possamos ter melhores notícias para esse momento excepcional que estamos atravessando. Até lá...

 

EM ALTA:

 Equilíbrio no campeonato da MotoGP: Com Marc Márquez fora da competição, recuperando-se do ferimento ocasionado pelo acidente sofrido na primeira corrida da temporada, o campeonato da classe rainha do motociclismo ganhou um equilíbrio impressionante em 2020. Com 9 corridas disputadas até agora, os oito primeiros colocados na classificação estão separados por cerca de 49 pontos, pouco menos do que a pontuação de duas vitórias. Pode parecer muito, mas ninguém está conseguindo deslanchar na competição. Fabio Quartararo, da SRT, que havia vencido as duas primeiras provas, esteve em baixa nas corridas seguintes, e apenas na etapa da Catalunha voltou a vencer, e reassumir a liderança do campeonato. E mesmo assim, sem disparar, já que Joan Mir, da Suzuki, está apenas 8 pontos atrás. E logo a seguir temos Maverick Viñalez, Andrea Dovizioso, Franco Morbidelli, Jack Miller, Takaaki Nakagami e Alex Rins. Alguns que já conseguiram vencer na temporada, enquanto outros estão passando perto, ou andando entre as primeiras colocações. Com seis provas ainda para serem disputadas, a luta pelo título está mais aberta do que nunca, já que os pilotos não têm conseguido manter uma maior constância de resultados que possam transformar em vantagem diante dos azares dos concorrentes. E o pega promete se estender até a última corrida do ano, na pista de Portimão.

 Mick Schumacher: O filho do heptacampeão Michael Schumacher está praticamente com um pé dentro da F-1 em 2021. O piloto assumiu a liderança do campeonato da F-2, com 21 pontos de vantagem para o adversário mais próximo, e já começaram as especulações de que a Ferrari deverá garantir sua vaga na equipe Alfa Romeo no próximo ano. Mas surgiram também alguns boatos de que ele poderia até ir para a equipe Hass, time que usa propulsores da Ferrari, e cuja dupla atual de pilotos não deve ser mantida para o próximo ano. Mick atrai as atenções pelo sobrenome, é óbvio, mas tem demonstrado qualidades que cadenciam sua promoção para a F-1, tanto que ele já terá sua primeira oportunidade no primeiro treino livre da etapa de Nurburgring, pela Alfa Romeo, agora em outubro. Só será preciso dar tempo ao garoto para se aclimatar na categoria máxima do automobilismo, porque infelizmente as duas escuderias onde ele é cogitado no presente momento não andam tendo desempenhos lá muito entusiasmantes, diante da falta de performance de seus carros. E, claro, que Mick não é seu pai, Michael. O garoto pode ser bom, mas mesmo assim, as inevitáveis comparações que surgirão com o heptacampeão poderão ser prejudiciais se as condições não forem as melhores. E a F-1 é pródiga em “queimar” pilotos que chegam com grandes expectativas e não conseguem mostrar do que são capazes, mesmo tendo todas as circunstâncias atenuantes a seu favor. E as expectativas da F-1 ver de novo o nome “Schumacher” no grid já andam bem entusiasmadas para 2021...

Pierre Gasly: O piloto francês, depois de ser rebaixado de volta à Toro Rosso no ano passado, parece ter se reencontrado no time “B” dos energéticos, e desde então, voltou a pilotar com a garra e determinação que haviam justificado sua promoção para o time principal da Red Bull. E na atual temporada, Gasly tem deixando na sobra seu companheiro de equipe Danill Kvyat, e conseguindo até andar na frente de Alexander Albon, que o substituiu no time principal. Mas seu ponto alto foi a vitória no GP da Itália, após sofrer forte pressão de Carlos Sainz Jr. nas voltas finais, obtendo a segunda vitória da escuderia, repetindo o feito de Sebastian Vettel em 2008, e marcando a primeira vitória de um piloto francês desde o triunfo de Oliver Panis no GP de Mônaco de 1996. Os bons resultados já até fazem pipocar os boatos de Pierre ser repromovido para a Red Bull, uma vez que Albon agora é quem vem deixando a desejar no time principal, mas a situação não parece tão simples como se apresenta, já que a cúpula rubrotaurina parece não ter muita propensão a repromover quem foi rebaixado nos seus times. Mas Gasly já faz por merecer lugar melhor na F-1, e se não for nos times da Red Bull, existem os outros. Mas o francês conseguiu se redimir na categoria, e quer manter essa toada de agora em diante.

Elfyn Evans: O piloto da equipe oficial da Toyota lidera o Mundial de Rali após cinco etapas disputadas, sendo o único a ter vencido mais de uma etapa do certame neste ano conturbado onde a pandemia do coronavírus bagunçou a programação de muitos esportes, entre eles a principal categoria off-road do planeta. Com duas etapas ainda para encerrar a competição, Evans mantém uma vantagem de 18 pontos para Sebastien Ogier, o vice-líder, margem que não permite baixar a guarda, levando-se em conta os percalços que podem surgir pelo caminho em uma categoria por vezes tão imprevisível como são as provas de rali. Ogier, em seu último ano na competição, vai querer se despedir com chave de ouro, especialmente com mais um título, e certamente virá para cima de Evans nestas duas etapas que restam do calendário, na Sardenha, e na Bélgica, e o francês vai tentar aproveitar qualquer chance que o rival ofereça na luta pelo título, mesmo tendo ficado zerado na etapa da Turquia, onde Evans aproveitou a oportunidade, e com seu segundo triunfo na temporada, assumiu a dianteira da classificação. A disputa tem tudo para ser emocionante neste final de temporada.

 Scott Dixon: O piloto da equipe Chip Ganassi, mesmo com alguns percalços na rodada dupla de Mid-Ohio, onde rodou sozinho em uma das provas e viu a chance de um melhor resultado ir para o brejo, ainda lidera o campeonato da Indycar com larga folga, até porque o rival mais próximo, Josef Newgarden, também não conseguiu aproveitar a chance para se aproximar do neozelandês como seria necessário para colocar seu favoritismo em xeque. Com isso, Dixon, com 72 pontos de vantagem, e com apenas 3 corridas para finalizar a temporada, tem chances de fechar a conquista do título na nova rodada dupla do traçado misto de Indianápolis, dependendo de como seus adversários se comportarem na pista. A favor do piloto da Ganassi está o seu triunfo no circuito misto na corrida realizada em julho deste ano, mas agora em outubro, o panorama da prova pode ser completamente diferente, de modo que não é o momento de se comemorar antecipadamente. E Dixon, depois de errar em Lexington e oferecer uma chance aos rivais que não foi devidamente capitalizada por eles, não vai querer facilitar as coisas nesta próxima rodada dupla. A conquista do sexto título deverá sacramentar de vez a condição de Dixon como um dos maiores nomes da história das categorias Indy, ficando abaixo somente do lendário Anthony Joseph Foyt, com seus sete títulos conquistados. Mas que podem ser igualados, e até superados, lembrando que o neozelandês não fala em aposentadoria ainda, portanto...

 

 NA MESMA:

 Lewis Hamilton: O piloto inglês caminha firme rumo ao seu sétimo título mundial, e a caminho para se tornar o maior vencedor da história da F-1. Só não está indo mais rápido porque está tendo alguns percalços pelo caminho, cometendo ele, e a equipe, alguns erros até bobos, que só não comprometem sua posição diante da grande dianteira da Mercedes na competição. Hamilton se manteve firme na zona de pontuação, mesmo quando teve punições, como em Monza e Sochi, com sua liderança na classificação ainda bastante significativa. Lewis pode até resmungar, e até vir com algumas histórias meio sem pé nem cabeça, de que estão pegando pesado com ele a fim de dar uma sobrevida ao campeonato, mas a verdade é que ele não tem do que reclamar propriamente. Ele é disparado o maior vencedor da temporada, e como todo competidor, deveria relevar os percalços que vem tendo, especialmente porque não tem sofrido prejuízos relevantes na disputa. Será difícil tirar dele o título de 2020, então, que relaxe um pouco, a faça o seu trabalho com um pouco mais de atenção, de forma a evitar algumas mancadas por desatenção a detalhes do regulamento, um aviso que vale também para a Mercedes, que não tem também como perder os títulos do ano, dada a sua grande vantagem sobre as demais.

Valentino Rossi: Demorou, mas saiu. O “Doutor” acertou o contrato para defender o time satélite da Yamaha, a SRT, na temporada de 2021 da MotoGP. E terá equipamento oficial da fábrica, além de poder levar alguns integrantes de seu time de boxes para a escuderia malaia. Rossi mostra que ainda tem gás para competir, mesmo aos 41 anos, e já se especula que em 2022 ele poderá colocar na pista o seu próprio time de competição, e até com apoio de fábrica, embora não se saiba se será da Yamaha, ou de outra marca, que adoraria ter a lenda da motovelocidade a seus serviços. Infelizmente, na atual temporada, o “Doutor” acabou tendo azar nas últimas provas, com quedas que infelizmente o fizeram perder boas oportunidades de pontuar, como na Catalunha, onde está em disputa pelo pódio, e até pela vitória. Mas o italiano mostra que ainda pode competir em bom nível, desde que o equipamento melhore, e a SRT já teve provas de que o Doutor” ainda tem a gana e a determinação que o levaram a sete títulos mundiais na classe rainha do motociclismo, então, para os torcedores, é bom saber que teremos Valentino Rossi firme nas corridas por mais um ano...

 Performance de Hass, Alfa Romeo e Williams na F-1 2020: O “time do fundão” desta temporada na F-1 não deverá oferecer perspectivas de mudança até o fim do ano. Mesmo quando conseguem alguns brilharecos, e andam lá na frente, graças a algum imprevisto com os rivais ou consequências do momento na corrida, o ritmo de prova destas três escuderias infelizmente logo vem à tona, e seus pilotos vão despencando para as últimas posições, sem melhores chances de tentar evitar passar o ano em branco. Alfa Romeo e Hass até deram um pouco de sorte, e conseguiram pontuar nos momentos em que a sorte lhes sorriu, mas a Williams, agora sob nova administração do grupo Dorilton, ainda está zerada no ano, e provavelmente terminará a temporada zerada, a menos que aconteça algum desastre com metade do grid para que seus pilotos possam enfim pontuar. E, com o regulamento prevendo o uso dos carros atuais para 2021, a próxima temporada não se afigura muito entusiasmante para estes três times, a não ser que as poucas modificações que serão permitidas pelo regulamento produza algum milagre que transforme completamente a performance de seus bólidos, algo extremamente difícil de ocorrer. Melhores ares, só mesmo em 2022, e olhe lá...

Carlos Sainz Jr.: O piloto espanhol vive um ano de altos e baixos na McLaren, depois da boa campanha realizada em 2019, que o credenciou a ser contratado pela Ferrari para 2021. Já antevendo que terá um ano bem mais difícil na próxima temporada do que o deste, diante das dificuldades de performance do atual modelo do time italiano, Carlos tenta aproveitar as corridas que ainda tem pelo time de Woking para chegar a Maranello com moral, tendo feito boas classificações nas corridas recentes, mostrando sua velocidade, mas ora tem tido azar, ora tem cometido erros que poderia ter evitado, como o visto nas últimas etapas, em Mugello e Sochi, onde acabou sofrendo acidentes que poderia ter evitado com um pouco mais de atenção, dada a sua experiência como piloto. Se a confusão em Mugello foi um caso mais particular onde vários pilotos erraram numa relargada, a batida sofrida na prova russa foi extremamente amadora, arruinando uma corrida onde tinha tudo para marcar bons pontos, e tentar alcançar seu companheiro de equipe Lando Norris na classificação do campeonato, a exemplo do que Sergio Perez vem fazendo em relação a Lance Stroll. Mas, a menos que tenha um golpe de sorte e Norris viva outras situações como a vivida em Sochi, onde ficou sem pontuar, Sainz deverá terminar o ano bem atrás do companheiro de equipe, um resultado não muito condizente com seus esforços no ano.

 Racing Point: O time inglês, que no próximo ano se chamará Aston Martin, continua a mostrar um desempenho razoavelmente sólido na atual temporada, mas perdeu chances de obter melhores resultados, entre eles até mesmo uma vitória, quando Lance Stroll perdeu uma freada na parte final da corrida da Itália, e com isso abrindo caminho para o triunfo de Pierre Gasly, e a segunda posição de Carlos Sainz Jr. Em Mugello, disponibilizou um pacote de atualizações somente para Stroll, que teve o azar de sofrer um acidente que comprometeu seu carro, fazendo o time ter de providenciar um novo, e mais uma vez entregando as atualizações somente ao piloto canadense, que acabou novamente sofrendo outro acidente, embora não por culpa própria, e deixando a escuderia somente com os resultados de Sergio Perez, que voltou a andar bem, e já encostou em Lance na pontuação do campeonato, tendo tudo para superá-lo e terminar à sua frente. O time ainda dispensou o mexicano sem maiores cerimônias para a chegada já esperada de Sebastian Vettel, anunciando a desculpa mais do que furada de que o contrato do piloto canadense era muito difícil de ser rescindido do que o de Perez, quando todos sabem que Lance tem seu lugar garantido por seu pai, um dos donos do time. É preciso corrigir os deslizes que o time vem cometendo este ano, se quiser realmente brigar lá na frente a partir de 2021, do contrário, não adianta ter o potencial, e conseguir resultados aquém do que seria possível. Veremos o que farão para as etapas finais da temporada, onde estão em luta direta pelo terceiro lugar do mundial de construtores junto com McLaren e Renault, tendo excelentes chances de vencerem esta briga, se não se enrolarem consigo mesmos...

 

 EM BAIXA:

Situação do Grande Prêmio do Brasil de F-1: Cancelado este ano devido à pandemia da Covid-19, juntamente com as demais corridas do continente americano, o GP do Brasil, em seu último ano de contrato, não está garantido para 2021, onde a especulação do campeonato do próximo ano “volta” aos GPs previstos para esta temporada, mas com a Arábia Saudita tentando cavar uma vaga na competição, justamente na data que seria da prova brasileira. Mesmo com nada oficializado ainda, até porque ainda não há muitas garantias de como a pandemia estará afetando o planeta no ano que vem, é preocupante a situação, uma vez que os sauditas vêm com dinheiro a rodo para gastar, como já fizeram ao garantirem a realização do rali Dakar em seu território pelos próximos anos, além de já terem uma etapa da Formula-E por lá. E com a Liberty Media precisando de recursos, depois deste ano excepcional onde a empresa precisou ajudar os times na sua manutenção financeira, achar um grupo que está disposto a pagar os tubos para ter seu GP, e sem ter que dar satisfações a quem já tem sua corrida com contrato vigente, as possibilidades de vermos o Brasil ficar de fora do campeonato não podem ser subestimadas. Seria mais uma pá de cal em nosso país no que tange a sediar etapas de grandes campeonatos esportivos, e nada pode estar ruim que não possa piorar ainda mais, então...

Alexander Albon: O piloto tailandês volta a ficar no centro de alguns boatos a respeito da manutenção de sua posição de titular na equipe principal da Red Bull, especialmente depois de ficar novamente deixando a desejar, como aconteceu na prova da Rússia, onde penou para marcar um mísero ponto, enquanto Max Verstappen subia ao pódio mais uma vez. Por mais que a direção do time declare saber que o carro atual da escuderia é complicado, e que isso tem tornado as coisas mais difíceis para Alex, quem conhece a tradicional falta de paciência de Helmut Marko sabe que mais hora, menos hora, pode haver mudanças na composição dos times, algumas óbvias, outras inesperadas. E um boato que ajuda a apimentar a situação é a possibilidade de o time dos energéticos contar com Sergio Perez em 2021. O mexicano está fora da futura Aston Martin, atual Racing Point, mas é um piloto rápido e experiente, além de ter um bom pacote de patrocínio as empresas de Carlos Slim. Seu nome tem sido especulado na Hass, que apreciaria muito seus préstimos, e principalmente seu pacote de patrocínio. Mas o suposto interesse da Red Bull mostraria que Albon pode estar com sua posição em risco, e se isso se confirmar, ele provavelmente seria rebaixado para a Alpha Tauri, muito provavelmente no lugar de Danill Kvyat, que seria novamente rifado da escuderia. Tem se falado que o fato de um dos acionistas da Red Bull ser tailandês estaria fazendo o time ter mais paciência com o piloto, mas isso pode acabar mudando. Helmut Marko não gostaria de promover Pierre Gasly novamente ao time principal, depois de rebaixá-lo no ano passado para dar lugar justamente a Albon, mas o time precisa de um segundo piloto que consiga trazer mais resultados ao time, então... O tradicional ditado diz que “onde há fumaça há fogo...”, então, podemos esperar por alguma novidade neste sentido em breve...

Sebastian Vettel: O piloto alemão certamente não vê a hora de 2020 acabar, e poder iniciar os trabalhos em seu novo time, a Aston Martin, atual Racing Point, onde irá pilotar em 2021. Na Ferrari, o clima anda bem ruim, e como o carro não oferece muitas possibilidades, além de ter um comportamento arisco, Sebastian tem sofrido bem mais do que Charles LeClerc, que conseguiu outro resultado até razoável na etapa da Rússia, enquanto o alemão ficou sem conseguir pontuar. Vettel voltou a cometer erros, batendo no treino de classificação, e indiretamente por pouco não prejudicando o próprio companheiro de equipe, que buscava melhorar seu tempo. Ao menos em 2021, Vettel terá oportunidade de ter melhores resultados do que este ano, já que o carro da Racing Point, que será a Aston Martin na próxima temporada, tem tido um desempenho muito melhor do que o carro da Ferrari, e o alemão poderá mostrar que ainda tem lugar no grid da categoria máxima do automobilismo. Mas será mais um piloto que certamente deixa Maranello pela porta dos fundos, não merecendo todo o desprezo que lhe vem sendo direcionado recentemente...

Corrida de F-1 da Rússia: A prova da Rússia, infelizmente, não fugiu ao seu tradicional status, em termos de disputas, e mais uma vez nos brindou com uma corrida monótona e sem sal, apesar de algumas disputas ocasionais entre alguns pilotos. Os destaques da corrida acabaram sendo as punições sofridas por Lewis Hamilton, e os acidentes sofridos por Carlos Sainz Jr. e Lance Stroll, muito pouco para se compensar o que vimos na pista. E a Mercedes manteve sua sina na pista russa, sendo a única equipe a vencer no traçado montado no parque olímpico de Sochi, que até hoje não conseguiu oferecer uma corrida com maiores emoções e disputas. Se tem uma prova que para muitos mereceria sair do calendário, a etapa russa seria a indicada para muitos, ainda mais depois de vermos como uma pista das antigas, como Mugello, ofereceu uma corrida bem mais atrativa e disputada. Para não mencionar, claro, o uso da corrida como trunfo político de Vladimir Putin, o ditador russo, a quem a F-1 deveria evitar se quisesse melhorar suas relações...

Necessidade de simplificar as regras na F-1: A punição dada a Lewis Hamilton na etapa russa voltou a acender a discussão sobre o excesso de rigor de certas regras da categoria máxima do automobilismo. Inicialmente, além dos 10s de punição que o inglês cumpriu em seu pit stop na prova, Hamilton ainda ganhou dois pontos na “carteira” de punições da entidade, que quando chega a 12 pontos, suspende o piloto automaticamente de uma corrida, como castigo. Lewis ficaria com 10 pontos, perto de sofrer a suspensão, caso cometesse uma nova infração, mas os pontos foram desconsiderados, uma vez que o inglês acabou sendo informado equivocadamente por seu time que podia efetuar o procedimento de largada nos locais onde o fez, de modo que o time foi multado por ter dado a instrução errada a seu piloto. Mas outros pilotos acharam a punição exagerada, até porque a corrida nem havia começado, e o inglês não prejudicou ninguém com seu gesto. E, de certa forma, não estão errados. Nos últimos anos, em defesa principalmente da segurança, a F-1 adotou regras em demasia, e em várias temporadas, as punições a pilotos por atos aparentemente sem maiores gravidades, causou uma preocupação com excessos de punições que inibiu parte das disputas na categoria, uma vez que os pilotos ficaram com receio de sofrerem castigos por qualquer coisa que fizessem. A F-1 até que vem tentando se descomplicar um pouco, mas pelo visto ainda tem muito a fazer nesse sentido. Os pilotos até concordam em punições para quando o piloto comete atos perigosos na pista, mas neste caso, foi completamente exagerado, e defendem uma revisão das normas a fim de simplificarem também as regras, já que castigos como o que Lewis sofreu só ajuda os torcedores a ganharem antipatia pela F-1, que parece regrada e chata em demasia, com regras deste tipo. Quando será que a FIA vai entender que às vezes, menos é mais?

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

O QUE ESPERAR DE 2021?

Liberty Media já planeja calendário de 2021 com as 22 provas "normais", mas a Austrália não deve abrir a competição (acima), com o Bahrein provavelmente recebendo a primeira prova na pista de Sakhir (abaixo).
           


Estamos chegando ao final do mês de setembro, e logo estaremos no último trimestre do ano de 2020, um ano que infelizmente está sendo da pá virada, devido à pandemia do coronavírus, que promete nos dar muitas dores de cabeça ainda por algum tempo. E, neste tempo, está incluído o ano de 2021, já que, até o presente momento, apesar de algumas boas perspectivas, ninguém sabe ao certo como se apresentará. E, em meio a toda essa incerteza, a Fórmula 1 começa a desenhar, ou tentar desenhar, como será o calendário do ano que vem, e a se confirmarem os boatos, o Brasil estará fora do calendário da competição maior do mundo do esporte a motor.

            A Liberty Media, se possível, pretende voltar com o calendário à normalidade, com cerca de 22 corridas, de acordo com o certame previsto originalmente para 2020. Só que, mantidas as demais provas, apareceu um novo candidato na disputa por uma vaga no calendário: a Arábia Saudita, com planos de realizar um GP nas ruas de Jeddah. Os árabes já participam do calendário da Formula-E, e depois de assinarem um acordo para realizarem o Rally Dakar pelos próximos anos, estão gastando os tubos para seduzirem a F-1 também. E, com isso, a corrida do Brasil pode dançar feio na parada. Mas não é a única sob ameaça. Algumas outras corridas do calendário, como a Espanha, Áustria e China, também estão sem contrato para 2021, mas a posição brasileira é a mais frágil nesta queda de braço.

            Com o retorno de Fernando Alonso à F-1 em 2021, mesmo em um time que ainda não tem condições de disputar vitórias, e menos ainda o título, os espanhóis podem ser tentados a renovar o seu GP. Dificilmente a Áustria, país sede da Red Bull, ficaria de fora do calendário. E a China, bem... É a China, país onde meio mundo fica puxando o saco pelos mais variados motivos, e que certamente não gostaria de se ver excluída da competição, ainda mais depois da cruzada anti-chinesa movida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pelos estragos causados pela Covid-19, cuja pandemia começou justamente no país asiático. Correndo por fora, algumas das etapas “tampão” obtidas para compor o calendário deste ano estão mais do que interessadas em voltar de forma maus duradoura à competição, com destaque para a Turquia, e em menor escala, Nurburgring, Portimão, Ímola, e quem sabe até mesmo Mugello, pista que os pilotos adoraram competir. Há quem sugira que, diante das incertezas sobre o que teremos em 2021, a FIA deixe circuitos de prontidão para reserva, caso novas complicações da pandemia voltem a impactar as corridas do calendário.

            Mas o Brasil, que interesse pode oferecer à F-1 no momento? A Liberty Media não tem pela prova brasileira o mesmo interesse que Bernie Ecclestone nutria pela etapa tupiniquim. O circuito, embora seja do agrado de equipes e pilotos, empenhou-se em uma grande reforma de suas instalações para atender aos padrões exigidos pela categoria máxima do automobilismo, que ficou muito mal acostumada com os megacircuitos construídos na década passada, “Made in Hermann Tilke”. Mas a nova dona da F-1 está em situação financeira complicada, devido à pandemia, e não anda muito amigável no que tange a valores de contratos, como vimos na negociação frustrada da Globo para renovar os direitos de transmissão. E podem apostar que a renovação de contrato para o GP do Brasil vai pelo mesmo caminho. E ainda temos o fato de a própria F-1 não ter, até o presente momento, um contrato de transmissão para nosso país em 2021, quando a Globo não terá mais as provas em sua grade de programação. Isso certamente vai impactar no interesse dos torcedores pela corrida, certamente dificultando mais a realização da prova em nosso país.

Etapa do Brasil (acima) corre risco de não acontecer em 2021. E tem interessados em ocupar o nosso lugar no calendário... A Turquia (abaixo), nem retornou ainda, mas já quer se manter firme em 2021 e além...
           


            Pior, ainda temos o imbróglio entre Interlagos e Deodoro, sendo que o prometido autódromo carioca até agora não passa de promessa, e mesmo assim o grupo Rio Motorsports falar grosso como se tudo já estivesse garantido, e Interlagos fosse apenas história. E não acabou: o citado grupo estaria metido com grupos pra lá de enrolados com a corrupção no Rio de Janeiro, segundo investigações que ainda podem dar muito o que falar a respeito. E, como desgraça pouca é bobagem, a recente notícia de que o grupo teria adquirido os direitos de transmissão da F-1, com vistas a repassá-lo a interessados, a exemplo do que fizeram antes com a MotoGP, promete esquentar ainda mais esta disputa. Não vamos nos esquecer que a Rio Motorsports deu calote na Dorna no pagamento dos direitos de transmissão da MotoGP, que haviam sido repassados ao FoxSports. O rolo criou uma encrenca que obrigou o Grupo Disney, dona do FoxSports, a entrar na jogada para acertar as pendências com a Dorna, e com isso garantir que a transmissão prossiga no canal pelos próximos anos. Mas um grupo que deu um calote na Dorna conforme ocorrido teria credibilidade junto à Liberty Media para adquirir os direitos de transmissão da F-1 por aqui, depois disso? Ou os norte-americanos estão sendo muito crédulos, ou talvez muito ingênuos nesta situação, que tem tudo para render outro episódio lamentável em relação à imagem de nosso país no exterior, que já não anda nada boa devido às trapalhadas, ou melhor, incompetência, de uma turma em Brasília, como se nosso país já não tivesse tantos rolos para resolver...

            Voltando à composição do campeonato para 2021, é muito provável que a situação da pandemia ainda esteja presente, complicando algumas possibilidades da F-1. Mesmo com a obtenção de uma vacina para a Covid-19, o que pode atrapalhar nesse momento é a disputa geopolítica que estão fazendo a respeito do medicamente, que certamente ainda precisará mostrar que é realmente eficaz, a ponto de podermos retirar o estado de pandemia, e retornarmos ao modo “normal”, algo que pode demorar alguns meses, talvez até mais de um ano, precisando analisar e observar os dados até termos a certeza de que tudo ficou para trás.

            Por isso mesmo, fala-se que a Austrália não abriria a competição, posto que seria ocupado pelo Bahrein, que poderia inclusive sediar os testes da pré-temporada, e com isso, cortar custos de viagem dos times, que permaneceriam no país, no esquema atual de protocolos de segurança sanitários, para a disputa da primeira prova. Vietnã e China viriam a seguir, com o Azerbaijão dando início à fase européia, seguida por Holanda, Espanha, Mônaco, Canadá, Áustria, França, Inglaterra, Hungria, Bélgica, Itália, e Rússia. Seguindo o esquema habitual, viria Singapura, para depois ir ao Japão, e aproveitando a viagem, então ir à Austrália. De lá, partiria para as provas dos Estados Unidos e do México. E finalizando, com a nova corrida na Arábia Saudita, e por fim, Abu Dhabi. Vale lembrar que esse “calendário” ainda é apenas especulação, mas é o que a Liberty Media gostaria de ter para a F-1 2021.

            Só que, como falei, tudo dependerá de como estaremos em 2021. A pandemia, que havia arrefecido nos países europeus, que foram liberando e flexibilizando suas atividades, parece estar recrudescendo, com alguns países ligando o sinal de alerta com o aumento dos novos casos, mesmo que o número de mortos ainda não tenha subido tanto quanto nos meses anteriores. Os temores de uma segunda onda de infecções causa arrepios, e a obsessão com a vacina, como única forma de resolver a situação, podem levar o panorama de incerteza para muito tempo adiante. Não que isso seja um pensamento equivocado, mas não deve ser o único foco para se tentar resolver a situação. Volto a frisar que, mais do que uma vacina, é preciso encontrar medicamentos que tenham eficácia no tratamento da Covid-19, oferecendo condições de controle e recuperação dos doentes. E, claro, deixarmos de lado certas picuinhas políticas que lamentavelmente estão surgindo nesta situação, com vários nomes a tentarem se promover na luta contra o coronavírus e suas sequelas. E os próprios cientistas alertam que, mesmo com uma vacina, ainda teremos um estado de alerta de pandemia por um bom tempo.

Abu Dhabi paga uma grana preta para encerrar a temporada da F-1, no insosso circuito de Yas Marina, e isso não deve mudar em 2021...

           
Isso significa que a normalidade das atividades pode estar mais “normal”, ou não, dependendo dos resultados das vacinações que porventura possam ocorrer até março de 2021. Não haverá como vacinar toda a população do mundo, de modo que estratégias para ao menos proteger os grupos de risco deverão ser adotadas, muito provavelmente em fases. E, dependendo de como isso ocorrer, alguns países poderão se abrir mais, ou menos. E será necessário paciência e calma para isso. E quem não quiser correr nenhum risco, pode voltar a impor até lockdowns novamente, dependendo do grau de incerteza, e por vezes, até mesmo paranoia, em relação à situação da Covid-19. Por isso mesmo, não dá para garantir que o calendário planejado seja garantido como vem sendo especulado. Todos queremos que a situação volte ao normal o quanto antes, mas querer e ter são coisas diferentes, e a F-1 precisa estar preparada para, na pior das hipóteses, ter de correr com um planejamento alternativo para a competição, se o pior vier a se repetir, adotando medidas para isso, caso sejam necessárias.

            Precisamos aceitar que a pandemia ainda está presente, e sem uma solução ainda garantida para o seu fim, por mais que alguns apregoem que vacina “x” ou “y” se mostrou segura e eficaz, praticamente prometendo a solução tão logo ocorram as vacinações. Temos que manter a prudência, a calma, e o controle, e evitarmos tanto quanto possível situações que possam complicar o panorama já delicado que enfrentamos. Não é momento para relaxarmos procedimentos de segurança adotados para nos proteger do vírus. Temos que desenvolver nossas atividades no que for necessário seguindo as normais indicadas para evitar a pior situação, e quem sabe, podermos estar prontos para o retorno à “normalidade” quando isso vier realmente a acontecer. O impacto ocasionado pela Covid-19 foi devastador para muitos, e diversas atividades ainda não puderam ser retomadas, e muitos lugares ainda estão sofrendo os piores efeitos das quarentenas impostas. O mundo do automobilismo conseguiu retomar suas atividades, e tenta já se adiantar para o próximo ano, o que seria natural de se esperar. Torçamos para que isso não seja apenas algo motivado por otimismo exacerbado, e possamos de fato retomar as atividades como fazíamos antes o mais breve possível.

 

 

A Racing Point decidiu que apenas Lance Stroll terá o novo pacote de atualizações em seu carro no GP da Rússia, cujos treinos oficiais começam hoje na pista de Sochi. O canadense já teve estas atualizações no seu carro na etapa de Mugello, mas Stroll sofreu um acidente que comprometeu seriamente seu carro, de modo que o time não conseguiu disponibilizar as atualizações para o outro piloto do time, Sergio Perez. O mexicano, aliás, que já foi descartado pelo time para 2021, reclama de estar ficando isolado na escuderia, e até sem ter acesso a certos dados dos carros. Uma atitude que, infelizmente, mostra que o time, que se chamará Aston Martin em 2021, com a chegada de Sebastian Vettel, já está pegando maus hábitos, quando deveria se manter unido para tentar lutar a fundo pela terceira posição no mundial. A escuderia deu um salto de performance este ano, ao copiar o modelo da Mercedes do ano passado, mas ainda não conseguiu melhorar sua mentalidade de time médio, uma vez que teve oportunidades para obter melhores resultados e acabou deixando as chances escaparem. Perez infelizmente está sofrendo também a ingratidão do time que ajudou a manter em seus momentos difíceis, sendo agora descartado sem maiores considerações. Merecia sorte melhor, mas infelizmente, a F-1 raramente é justa com a maioria de seus participantes, e o mexicano não é o primeiro, e nem será o último a sofrer com este tipo de atitude...

 

 

Desde que estreou no calendário da F-1, a etapa russa viu apenas a Mercedes vencer na pista montada dentro do Parque Olímpico de Sochi, e esse domínio tem tudo para se manter este ano, diante da superioridade do time alemão perante os demais no campeonato. Fica então a expectativa se Lewis Hamilton igualará o recorde de 91 vitórias de Michael Schumacher na pista russa, já que o inglês, ao vencer a prova da Toscana, em Mugello, chegou a 90 vitórias na F-1...


 

Hélio Castro Neves está de volta à Indycar. Ao menos, na nova rodada dupla que será realizada no traçado misto do Indianapolis Motor Speedway, nos dias 2 e 3 de outubro. O piloto brasileiro, que desde a temporada de 2000 defendeu sempre a equipe Penske nas categorias Indy, vai correr as duas provas pela McLaren, no lugar do piloto Oliver Askew, que não se sentiu muito bem após a rodada dupla de Mid-Ohio. O piloto passou por exames médicos, queixando-se de problemas com equilíbrio e coordenação, e sintomas de concussão, tendo sua participação nas próximas provas vetada pelos médicos. Liberado para procurar outras oportunidades de competição por Roger Penske, que está encerrando sua participação no IMSA Wheatertech Sportscar, onde Helinho vinha competindo desde 2018, o brasileiro já havia declarado vontade de retornar à Indycar em tempo integral em 2021, e agora, ao menos, terá a oportunidade de correr as duas provas que serão realizadas no final da próxima semana, e quem sabe, até abrir possibilidade de conseguir um lugar para o ano que vem. Vale lembrar que um dos diretores do time da McLaren na Indycar, que era a equipe Schmidt/Petterson, é justamente Gil de Ferran, que foi colega de time de Hélio na Penske nas temporadas de 2000 a 2003. O time tem andado forte em várias etapas da temporada deste ano, especialmente com o mexicano Patricio O’Ward, enquanto Askew tem tido um desempenho menos vistoso. Dependendo de como o brasileiro se entrosar no time, poderia haver até a possibilidade de Helinho manter o lugar para a etapa de São Petesburgo, que encerra a temporada atual, mas isso ainda não é cogitado, ao menos não abertamente. Askew declarou que é difícil deixar de defender o time, mas que deve focar em sua saúde, e procurar se recuperar completamente, para voltar a defende-lo com toda a sua capacidade. Mas nada impede que o piloto brasileiro possa se mostrar um forte adicional ao time, e quem sabe, até ocupar em definitivo o posto de Oliver. Tudo vai depender de como Helinho irá se sair nas duas corridas, lembrando que sua única experiência com os carros atuais este ano foi nas 500 Milhas de Indianápolis, na configuração de pista oval, e que ele precisará se entrosar com o carro para poder alcançar um bom desempenho. Por mais experiente que seja, Hélio pode ter alguns problemas nisso, portanto, nada de criar muitas expectativas sobre as chances do piloto. O que devemos comemorar é seu retorno a uma prova da Indycar, e torcer pelo seu sucesso, e que isso crie boas perspectivas para o próximo ano.

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

HAVOC SERIES – OS DOCUMENTÁRIOS OFICIAIS DA FÓRMULA 1 NO BRASIL

            Depois de um longo e muito tenebroso inverno, sem contar a pandemia da Covid-19, eis que retorno com uma nova postagem de vídeos aqui no blog. E, aproveitando o momento saudosista que muitos torcedores mais antigos tem da Fórmula 1 de antigamente, aproveito para relacionar na postagem de hoje alguns dos documentários oficiais produzidos pela Fórmula 1 que chegaram a ser lançados no mercado de vídeo nacional, ainda nos tempos do VHS. Isso ocorreu no fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, e para os torcedores mais novos, provavelmente nem sabem que isso chegou a ser lançado aqui um dia. Mas o lançamento se justificava: tínhamos Nélson Piquet e Ayrton Senna vencendo corridas e títulos na F-1, e o automobilismo era a nova paixão nacional, já que no futebol estávamos vivendo um jejum de títulos em Copas do Mundo desde o tricampeonato de 1970, apesar de nossos jogadores ainda demonstrarem em campo aquele talento ímpar que encantava o mundo da bola há tempos.

            Na segunda metade dos anos 1980 e boa parte dos anos 1990, a Editora Abril (sim, a mesma editora que hoje mal se mantém em pé, devido a muitos anos de má administração, agravados pela crise econômica nacional dos anos recentes) tinha uma divisão de vídeo, chamada Abril Vídeo, que era responsável por muitos lançamentos, entre eles, vários títulos da Disney. Era o tempo áureo das videolocadoras, que teria o seu melhor momento na década seguinte, quando o videocassete finalmente se popularizou no Brasil, permitindo a muitas pessoas desfrutarem deste maravilhoso aparelho de entretenimento doméstico que possibilitava a gravação de programas exibidos na TV, que eram armazenados em fitas de um sistema de gravação conhecido como VHS, que fora inventado anos antes pela JVC do Japão, em oposição a outro sistema de gravação de fitas conhecido como Betamax, este mais restrito a uso profissional, e que foi ficando menos popular conforme o VHS ganhava terreno.

            A Abril Vídeo também lançou no mercado nacional diversas fitas de documentários do mundo do esporte a motor, na chamada “Coleção Quatro Rodas Esportes Mundiais”, com destaque para as fitas de acidentes chamadas “Coleção Havoc”, mas também lançando outros documentários diversos, sobre os campeonatos de rali, motovelocidade, Fórmula Indy, e claro, não poderia faltar a F-1. Um destaque a respeito destas fitas lançadas aqui é que a Abril chamou ninguém menos que Reginaldo Leme para fazer a narração das fitas, que eram os documentários oficiais da própria Fórmula 1, com o resumo da temporada de determinado ano. Um dos destaques destas fitas era a exibição de imagens em tomadas e ângulos exclusivos, fornecidas pelas câmeras da FOCA, que não eram exibidas nas transmissões das corridas na época. Estamos falando dos anos 1980 e 1990, e naqueles tempos, as exibições não contavam com os variados recursos que temos hoje à disposição. Na verdade, o material de vídeo era bem menos variado, e estes documentários oficiais tinham o diferencial de oferecer algumas destas imagens.

            Durante os documentários haviam algumas entrevistas, todas com legendas em português, e Reginaldo Leme, com sua tradicional competência e conhecimento, não apenas fazia uma narração sóbria dos fatos mostrados nos documentários como lhes dava um charme particular. Foram lançados os documentários das temporadas de 1986, 1987, 1988, 1989, 1990, e 1991. A fita com o documentário sobre a temporada onde Ayrton Senna conquistou o tricampeonato foi a última lançada por aqui. Nos anos seguintes, com as dificuldades de Senna reprisar o título, além de sua trágica morte, o que fez com que os brasileiros se tornassem coadjuvantes na F-1, a Abril perdeu o interesse de continuar lançando estes documentários, que continuaram sendo produzidos todos os anos.

            Estas fitas, lançadas pela Abril Vídeo, eram encontradas nas videolocadoras, onde os fãs podiam alugar e devolver depois. Na época, o VHS era um produto caro, de modo que poucas pessoas tinham condições de comprar estas fitas, para não mencionar que o próprio aparelho de videocassete também era acessível a poucos. No início dos anos 1990, era um dos hits dos sacoleiros do Paraguai, aqueles viajantes que iam até Ciudad Del Este, no país vizinho, ao lado de Foz do Iguaçu, no Paraná, e traziam mercadorias por preços mais baratos do que o do mercado nacional. Só para terem uma idéia, o preço cobrado por eles por um aparelho era de cerca de US$ 500, e esse preço era bem mais em conta do que o praticado nas lojas brasileiras. Só a partir de 1994 os aparelhos ficaram bem mais acessíveis, e o mercado de VHS disparou no Brasil, com uma explosão de videolocadoras.

            Algum tempo depois, ainda na primeira metade dos anos 1990, a Abril relançou estes documentários no mercado nacional, lançando a série “VídeoPrint”, uma coleção de fascículos cujo destaque era trazer fitas de vídeo junto com as edições que eram vendidas em banca. Com isso, os documentários das temporadas de 1988, 1989, 1990, e 1991, acabaram lançadas a um preço bem mais acessível, sendo adquiridas por muitos fãs das corridas de automobilismo. Injustamente, ficaram faltando as fitas sobre as temporadas de 1986 e 1987. Hoje em dia, estas fitas são verdadeiras raridades no mercado de vídeo nacional. Felizmente, algumas delas acabaram digitalizadas e disponibilizadas no You Tube, e segue abaixo a relação dos links para se poder assistir a elas, e aproveitar para rever e/ou conhecer aquela época que para muitos hoje dá tanta saudade de como eram as corridas da categoria máxima do automobilismo de antigamente. Vamos a elas...

 O primeiro vídeo é sobre a temporada de 1986. Sob a narração de Reginaldo Leme, acompanhamos resumos e curiosidades de todas as provas daquela que foi um dos campeonatos mais disputados da F-1 de todos os tempos. Ayrton Senna, Nélson Piquet, Alain Prost, e Nigel Mansell, fizeram uma temporada eletrizante, que acabou com o bicampeonato do piloto francês, que aproveitou o duelo fraticida entre Piquet e Mansell na então favorita Williams, para levar o título da temporada. Ayrton Senna, com uma Lotus um pouco menos competitiva, também dava o seu show, mostrando ser um dos novos ases da categoria. Confiram no vídeo postado no You Tube pelo usuário Alexandre Analógico:

https://www.youtube.com/watch?v=Nttl6r8_qX8&t=742s

 Ao momento de fechamento deste texto, não consegui localizar se alguém postou o documentário da temporada de 1987 da F-1, justo a do tricampeonato de Nélson Piquet, então, vamos direto para a temporada de 1988, com a consagração do primeiro título de Ayrton Senna, com Reginaldo Leme contando todas as nuances daquele campeonato que mostrou o duelo titânico do brasileiro contra seu companheiro de equipe Alain Prost em um ano onde a McLaren massacrou a concorrência sem dó nem piedade. O vídeo foi postado no You Tube pelo usuário João Fóz Neto:

https://www.youtube.com/watch?v=kKbFc6PJW20&t=50s

O vídeo, ou melhor, vídeos seguintes, trazem a temporada de 1989, onde mais uma vez Ayrton Senna e Alain Prost duelaram ferozmente pelo título, vencido aqui pelo francês, em um ano onde o piloto brasileiro, mesmo diante da manobra polêmica da batida sofrida com Prost no GP do Japão daquele ano, infelizmente se mostrou falha ao abandonar várias corridas, muitas delas decorrentes de falhas mecânicas que cobraram seu preço ao final da temporada. Os vídeos foram postados no You Tube pelo usuário Edison Guerra Sr:

Primeira parte:

https://www.youtube.com/watch?v=I_edlg7bzrk&t=232s

Segunda parte:

https://www.youtube.com/watch?v=udfj9yWf2Ig&t=10s

E agora chegamos à temporada de 1990, onde Ayrton Senna conquistou o seu bicampeonato, e ainda teve sua “vingança” contra Alain Prost pela fechada sofrida no ano anterior no GP do Japão, onde mais uma vez o título foi decidido, só que agora em favor do brasileiro, em uma manobra polêmica. Para os brasileiros, contudo, ao menos boa parte deles, Senna deu o troco merecido no piloto francês, esquecendo-se de que o título não fora perdido por Ayrton apenas pelo ocorrido no Japão em 1989. E o final da temporada não poderia ter sido melhor para nosso país: além do bi de Senna, Nélson Piquet, depois de três anos sem vencer, faturou as duas provas finais do ano, voltando ao degrau mais alto do pódio, e mostrando porque foi tricampeão da categoria máxima do automobilismo. Tudo isso com a narração competente de Reginaldo Leme. O vídeo foi postado no You Tube pelo usuário João Fóz Neto:

https://www.youtube.com/watch?v=MA32-Khjlvc

E finalizo a postagem com o vídeo do documentário da temporada de 1991, onde Senna chegaria ao tricampeonato, sua última conquista na F-1, e de um piloto brasileiro. Foi também o último ano de Nélson Piquet na categoria. E também foi o último documentário trazido pela Abril Video, que deixaria de lançar estes produtos por aqui, sendo que a própria Abril Vídeo seria encerrada alguns anos depois pelo Grupo Abril. O vídeo foi postado no You Tube pelo usuário João Fóz Neto, e conta com a narração de Reginaldo Leme:

https://www.youtube.com/watch?v=d6jI37G14Zc

Todos estes documentários valem a pena ser assistidos, não apenas por quem teve oportunidade de assistir a F-1 naqueles tempos, como também serem vistos pelos torcedores mais novos, para conhecerem como era a categoria naqueles tempos, os pilotos, equipes e pistas que faziam parte da competição na época, que em alguns aspectos, eram bem melhores do que hoje, e não falo de saudosismo barato não. Eram tempos onde a F-1, apesar de sua complexidade e politicagens, ainda era mais simples e digerível do que nos tempos de hoje, sem tantas frescuras e complicações que hoje em dia dão até desgosto de acompanhar. Um bom divertimento a todos, e aproveitem os documentários.

OBSERVAÇÃO: Lamentavelmente, a ferramenta de incorporação de vídeos do You Tube piorou muito nos últimos tempos, tornando extremamente complicado reproduzir aqui no blog as janelas de vídeos com a facilidade e praticidade que havia antigamente. O jeito é deixar os links, e clicarem neles para acessarem os mesmos no site do You Tube. Minhas desculpas pelo inconveniente, e boa diversão com os vídeos.