E aqui estou eu novamente trazendo
mais uma de minhas antigas colunas. Esta foi publicada em 29 de janeiro de
1999, e o tema principal do texto eram os novos carros que os times da F-1
estavam apresentando para a temporada daquele ano. Sim, tínhamos lançamento de
carros novos em janeiro, enquanto outros times só lançavam seus novos modelos
em fevereiro. Mas a temporada da categoria máxima do automobilismo terminava,
quando muito, no início de novembro, e não no fim do mês, como acontece hoje, e
como os testes tinham muito mais liberdade, os times procuravam aprontar os
seus carros o quanto antes, para poder coloca-los na pista e testarem a fundo
se tudo o que criaram nas pranchetas corresponderia na pista. E tínhamos, como
de costume, alguns indícios bem animadores para a disputa, se bem que nem todos
acabavam se confirmando, mas podíamos sempre sonhar um pouco para ver se a
coisa se mantinha, e tivéssemos um ano melhor que o anterior. De resto, alguns
tópicos rápidos de outros acontecimentos naquela semana no mundo da velocidade,
com alguns comentários a respeito. Uma boa leitura a todos, e em breve, tem
mais textos antigos por aqui...
OS NOVOS CARROS NA
PISTA
E
os novos modelos 99 já estão rodando nas pistas da F-1. A estréia mais
aguardada desta semana foi o novo modelo FW21, apresentado pela equipe Williams
em Barcelona, na Espanha, na última segunda-feira. Pelos primeiros tempos
obtidos por Ralf Schumacher, o carro é sem dúvida melhor do que o de 98, o que
faz prever uma temporada mais otimista para o time de Frank Williams. Resta
saber como irão andar os novos modelos 99 da Ferrari e da McLaren, teoricamente
os times mais fortes para este campeonato.
Quase
todas as escuderias já mostraram seus novos bólidos. Em Jerez de La Fronteira, também na
Espanha, tivemos a primeira confrontação de modelos 99 do ano. A BAR mostrou
seu potencial, e Ricardo Zonta já começou a fazer Jacques Villeneuve comer
poeira, depois dos primeiros testes em que ficou atrás do canadense. A briga
entre os dois pode ficar complicada na pista se a BAR concretizar suas
esperanças de uma boa temporada já na estréia na F-1, pois nenhum dos dois vai
querer andar atrás do companheiro de equipe. Na Stewart, o novo carro também
mostrou potencial, mas o time ainda prefere ser cauteloso no que tange aos
resultados obtidos, para evitar criar expectativas no caso de outra temporada
se mostrar desastrosa, como no ano passado.
Quem
impressionou foi Jos Verstappen e o modelo-protótipo da nova equipe Honda, que
conseguiu tempos expressivos. Mesmo utilizando um chassi encomendado à Dallara,
os tempos são significativos, e o motor Mugen Honda V-10 mostrou muita
potência, potência que estará disponível para a equipe Jordan este ano, que
utiliza os propulsores nipônicos.
Outros
times que já apresentaram seus novos modelos são a Sauber, a Benetton, e a
Prost. A Sauber, com seu novo C18 de linhas refinadas, promete que o carro é o
seu melhor projeto até agora na F-1. E a utilização do motor Ferrari utilizado
pela equipe italiana até o encerramento da temporada 98 é garantia de mais
potência do que o disponível até o ano passado para o time. Jean Alesi
reencontrou-se na Sauber, mostrando usa velha garra e ousadia ao volante de um
F-1, poucas vezes demonstrada na Ferrari e na Benetton. Para Pedro Paulo Diniz,
é hora de aspirar aos pontos com maior regularidade do que em suas antigas
equipes. A Benetton mostra o projeto mais inovador até agora em termos
técnicos. Resta saber se o time multicolorido vai acertar a mão finalmente,
pois a temporada de 98 eles mesmos consideraram como sendo de transição. O fato
de manter seus dois pilotos vai ajudar a verificar as potencialidades do novo chassi
B199. Já no caso da Prost, 99 é um ano para dar respostas a todo mundo: aos
críticos, à imprensa, ao público, e principalmente, aos patrocinadores do time.
Alain Prost quer provar que pode ser um vencedor como dono de equipe tanto
quanto foi quando era piloto, e a temporada do ano passado foi um completo
desastre. O novo AP02, ainda projetado por Loic Bigois, já possui contribuição
de John Barnard, que montou um escritório de projetos para dar assistência à
equipe Prost. O novo carro da Prost tem semelhanças com o último carro da
Arrows, que também foi projetado por Barnard antes de sua saída do time. Se não
apresentar os mesmos problemas de fiabilidade que vitimaram os pilotos de Tom
Walkinshaw em 98, o carro promete, pois ao contrário da Arrows, que teve
problemas de competitividade com o fraco motor Hart V-10, a Prost tem à sua
disposição o potente Peugeot V-10, um dos motores mais fortes da F-1 atual.
Por
enquanto, os novos carros são muito bonitos no design e concepção aerodinâmica.
Mas, na F-1, beleza não é garantia de performance na pista...
A Indy Racing League deu a largada de seu campeonato no último domingo,
com as 200 Milhas da Disney, no circuito de Orlando, na Flórida, dentro do
parque de diversões da Disneyworld. A vitória ficou com Eddie Cheever. Dos
pilotos brasileiros na corrida, apenas Raul Boesel chegou ao fim, terminando em
5º lugar. Raul poderia ter tido um melhor resultado se não tivesse ariscado
demais na estratégia de reabastecimento, pois não parou na última bandeira
amarela e acabou tendo de fazer um splash and go nas voltas finais em bandeira
verde, perdendo a liderança da corrida. Outro brasileiro, Guálter Salles,
abandonou a prova após ser abalroado pelo atual campeão da categoria, o sueco
Kenny Brack.
Na IRL, a equipe Treadway já está sentindo saudades do holandês Arie
Luyendick. O “holandês voador”decidiu se aposentar por falta de motivação e os
novos pilotos do time não fizeram bonito em Orlando: ambos bateram os carros
durante a corrida, dando vários prejuízos à equipe...
Tarso Marques está quase certo para disputar toda a temporada da F-CART
na equipe Payton-Coyne. O jovem piloto brasileiro impressionou a equipe com sua
rapidez no oval de Miami e chegou a superar até mesmo pilotos como Gil de
Ferran, mesmo usando o carro do ano passado. A equipe reduziu o pedido de
patrocínio para o piloto, mas a situação não está 100% garantida para que Tarso
possa pilotar por toda a temporada. Mas, levando em consideração que o piloto
Dennis Vitolo trouxe diversos prejuízos à equipe em 1998 de tanto bater, a sua
polpuda verba de patrocínio não parece tão atraente assim. A equipe pode dar
uma chance ao piloto brasileiro e pedir menos verba para acertar o contrato.
Espero que tudo dê certo e Tarso consiga um lugar razoável para mostrar o que
sabe no campeonato da F-CART em 1999.
A Toyota anunciou oficialmente em Tóquio que vai entrar na F-1 como
equipe completa em 2003. Difícil é engolir a justificativa de que a decisão de
entrada da Honda também como time completo em 2000 não influenciou em nada a
decisão da Toyota, a maior indústria automobilística do Japão. E, para não
causa vexame, a Toyota decidiu que suas operações para entrada na categoria
serão coordenadas pela sua divisão européia na Alemanha. Se tudo correr bem, em
2003 poderemos ter mais uma escuderia na F-1, totalizando 26 carros no grid,
como nos bons tempos. O problema é a nova regra imbecil e estúpida da FIA de
limitar os participantes da categoria a 12 equipes e 24 carros. Isto precisa
ser revisto pela cartolagem da categoria, que mostra o quanto são egoístas ao
não permitir simplesmente que entrem outros competidores. A alegação de querem
preservar a imagem da F-1 e afastar “aventureiros” descomprometidos com o
esporte é uma desculpa totalmente furada. Ainda falarei mais sobre este assunto
em outra coluna. Aguardem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário