Ano novo,
vida nova! Bem, coluna nova, só semana que vem, então hoje vai mais um de meus
antigos textos, que por acaso, foi também a primeira coluna minha publicada em
1999, mais exatamente no dia 08 de janeiro daquele ano. O assunto era uma das
maluquices que a FIA propunha de tempos em tempos, agora querendo que a
categoria máxima do automobilismo utilizasse um pneu único, que servisse tanto
para pista seca como para chuva. Nem preciso dizer que a reação de todo mundo
foi péssima à idéia, e felizmente, ela nunca veio a ser implantada, o que não
quer dizer que a F-1 inventou de fazer das suas tentando criar algumas emoções
e/ou procurando fazer algumas mudanças a pretexto de aumentar a segurança, como
foi o caro dos pneus com sulcos, uma idéia que nunca rendeu os frutos
esperados, além de ter tornado os carros um pouco mais lentos. Pois é, idéias
bestas já circulavam na FIA naquela época. De quebra, mais alguns tópicos
rápidos, com comentários a respeito de alguns acontecimentos daquela primeira
semana de 1999 no mundo da velocidade. Então, uma boa leitura a todos, e vamos
que vamos adiante em 2020...
O FUTURO DOS PNEUS
No sentido
de aumentar a segurança da Fórmula 1 e tentar diminuir a velocidade e aumentar
também a competitividade, a FIA declarou no fim do ano passado que, a partir do
ano de 2001, deixam de existir os pneus de chuva na categoria. Resumindo, só
irá existir um composto de pneu, que deverá servir tanto para pista molhada
como para pista seca. A reação dos pilotos não foi nada agradável quando
souberam disso. E, particularmente, eu também não gostei nem um pouco.
Um pneu
destes teria de ser aderente o suficiente para garantir tração segura em piso
molhado, e ao mesmo tempo, bastante resistente no mais abrasivo dos asfaltos,
uma equação difícil de se acertar. Pode-se encontrar e desenvolver um pneu que
atenda a estes requisitos, mas para quê? A adoção deste tipo de pneu iria
tornar a categoria apenas mais monótona.
Uma corrida
sob chuva dá perspectivas bem diferentes das de uma prova em pista seca. A
própria equação de forças entre os participantes se altera, e dependendo do
aguaceiro, tudo pode acontecer, tornando a disputa ainda mais imprevisível.
Melhor ainda se a corrida for parte na chuva e parte no seco, o que pode
aumentar ainda mais as variáveis, dependendo de quando e onde a água cai.
Quantas corridas já não foram ganhas e perdidas na estratégia dos pneus? Uma
escolha errada, e tudo pode ir por água abaixo, literalmente. E a sensibilidade
do piloto para com os pneus mais adequados à corrida também conta. Dependendo
da situação, é o seu “felling” que irá determinar qual composto é o mais
indicado para o momento, o que pode significar a vitória ou o fracasso.
Se acabarem
com as variedades diferentes de pneus, a F-1 perderá um dos elementos
fundamentais de seu show, pela falta de opções neste quesito. Seria a mesma
coisa que se por exemplo a FIA determinasse que as asas aerodinâmicas não
pudessem ter regulagens: os carros então teriam de se comportar como pudessem,
pois não haveria como alterar ou corrigir a situação no caso do ajuste não
funcionar para determinado carro.
Jacques
Villeneuve já desandou a falar mal de tal determinação, ao dizer que a FIA está
acabando com o esporte. É verdade. Os novos compostos de pneus com sulcos,
adotados no ano passado, e que este ano terão um sulco adicional a mais, que
deverão passar a ser usados nesta temporada, já deixaram os carros muito
nervosos e inseguros nos testes de dezembro, com diversos pilotos a saírem da
pista por pura falta de aderência. Em alguns casos, os pilotos nem estavam
perto do limite de seus carros. Se a FIA tenciona reduzir a velocidade e
melhorar a competitividade, deveria reunir-se com todos os projetistas e achar
um ponto em comum onde possam trabalhar. Algumas sugestões, segundo os próprios
projetistas, poderia ser no perfil extrator, a peça que fica na parte traseira,
responsável por boa parte da tração dos bólidos, utilizando o efeito-solo. Mas
como Max Mosley não faz nada neste sentido, receio que tenhamos que mais uma
vez aceitar as imposições meio arbitrárias da FIA, e ver no que vai dar.
A curto
prazo, a tendência é os pneus perderem parte do elevado nível de
desenvolvimento, agora que a Bridgestone ficou sozinha como fornecedora de
pneus na F-1, a exemplo do que houve com os compostos da Goodyear durante as
temporadas de 1992 a 1996, quando os ganhos de performance foram todos devidos
ao desenvolvimento dos carros em si, e muito pouco devido aos pneus. Em alguns
aspectos, a FIA bem que poderia aprender algo neste sentido com a CART, que
discute as restrições dos seus carros com todas as equipes, sempre no sentido
de aumentar a segurança e limitar o aumento de performance dos mesmos,
garantindo boa competitividade ao campeonato.
Ainda
estamos em 1999, e sendo assim, espero que a FIA arrume um pouco de juízo e
volte atrás nesta decisão absurda que está tomando...
Agora é oficial: O
Grande Prêmio da China de Fórmula 1 foi cancelado. Em seu lugar, volta o GP da
Argentina, que foi agendado como prova reserva. Os motivos foram a falta de
estrutura logística para realizar a corrida, pois a região em torno de Zuhai, o
autódromo que sediaria a prova, precisa ser melhor desenvolvida para dar o
devido apoio estrutural à realização do GP. Agora a China só deve mesmo estrear
no campeonato mundial de F-1 em 2000...
Pelo seu lado, a CART
confirmou a realização do GP de Vancouver. A prova, já inscrita no calendário,
corria o risco de não ser realizada devido às queixas dos pilotos em relação à
pista, cujo novo traçado não agradou nem um pouco aos pilotos no ano passado.
Os organizadores se comprometeram a redefinir o traçado, bem como em mudar
diversos muros que ficaram muito rentes à pista e que constituíam ameaças em
potencial para causar acidentes.
No sentido de
diminuir ainda mais as velocidades dos carros nos circuitos ovais, a CART
determinou o uso de lâminas únicas nos aerofólios para os ovais curtos de 1
milha. Ano passado, a medida tinha entrado em vigor nos ovais médios, como Madison
e Homestead. Antes, os carros só usavam este tipo de configuração nos
superspeedways, como Michigan e Fontana. A tendência é aumentar os tempos por
volta em até 2s nestes circuitos, o que já é uma diminuição considerável na
velocidade.
As equipes de F-1 já
começam firme o ano de 99. Nesta semana tivemos as apresentações oficiais dos
modelos 99 das escuderias Stewart e BAR. Para a novata BAR, começa agora o
momento de provar a que veio para ser protagonista na F-1, e não uma figurante.
Já para o time de Jackie Stewart, que entra em sua 3ª temporada, é o momento de
afirmação da escuderia, que teve um péssimo ano em 1998, e busca reencontrar o
caminho do crescimento nesta temporada. A meta do ex-piloto, tricampeão de F-1,
é ter seu time em condições de lutar por vitórias antes do fim deste ano...
A Honda já está
fazendo testes com um chassi visando sua estréia na F-1 no ano que vem. Até
agora, entretanto, os resultados estão sendo mantidos em sigilo absoluto. Saber
criar expectativas é uma arte, e a F-1 vive muito disso. Resta saber se no caso
dos japoneses, não divulgar os resultados possa ser devido ao fato de os mesmos
estarem sendo muito ruins, o que poderia comprometer todo o marketing do
projeto...
A revista RACING está
promovendo a eleição do piloto do século entre seus leitores e assinantes. Para
participar e concorrer a alguns prêmios, é só preencher os cupons que vem
encartados nas edições de janeiro e fevereiro das revistas RACING e CARRO, da
Motorpress Brasil. Maiores detalhes nos próprios cupons.
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