Pierre Gasly foi "devolvido" à Toro Rosso por falta de resultados no time principal dos energéticos. Mais um degolado pela falta de paciência da cúpula da Red Bull. |
Não foi preciso muito
tempo para a Fórmula 1 voltar ao noticiário esportivo em plenas férias do verão
europeu. O que muitos já esperavam aconteceu antes mesmo do que se esperava:
Pierre Gasly foi “rifado” da Red Bull, com Alexander Albon ocupando o seu lugar
no time dos energéticos já em Spa-Francorchamps, na próxima corrida da F-1. A
justificativa foi a mais óbvia de todas: falta de resultados, que na opinião da
cúpula da equipe, estava comprometendo a escuderia na luta no campeonato de
construtores contra a Ferrari. Aliás, pelo tanto de críticas que o francês
levou de Christian Horner e Helmut Marko desde o início do ano, não se podia
esperar nada diferente. Ajudaria eles serem menos hipócritas e deixassem de
fazer declarações cretinas de que Gasly permaneceria no time até o fim do ano...
Enquanto o tailandês
ganha a chance de sua vida na carreira, Gasly ficará “de castigo” na Toro
Rosso, onde correu no ano passado. E terá como companheiro alguém que sabe muito
bem o que ele está passando. Daniil Kvyat, por muito menos, foi queimado pela
cúpula rubrotaurina em 2016, e isso quase acabou com sua carreira, que renasceu
não graças à Red Bull, diga-se de passagem. O russo, apeado da escuderia para
dar lugar unicamente a Max Verstappen, entrou em parafuso psicológico com a
rasteira sofrida, e acabou demitido algum tempo depois. Ele encontrou refúgio
na Ferrari, onde ficou todo o ano passado testando no simulador em Maranello,
onde colocou a cabeça em ordem, para voltar a ser considerado no mercado de
pilotos. Fica a expectativa se Pierre terá o mesmo destino, ou se conseguirá
ter equilíbrio e força mental para absorver o golpe, e dar seguimento à
carreira.
Infelizmente, sua
jornada pelo time principal não foi boa nas provas disputadas até aqui. Se é
preciso lembrar que a comparação com Max Verstappen, que é um daqueles
fenômenos do automobilismo, já não ajuda, Gasly teve sua cota de erros nesta
primeira fase do campeonato, que acabaram resultado em uma pontuação muito
inferior ao do parceiro holandês. Mas, dando mais uma vez mostras do pouco
respeito que tem por seus pilotos, a Red Bull demonstrou sua impaciência e
falta de tato trocando de piloto ainda no meio da temporada. E isso só ajuda a
marca de bebidas energéticas a ficar cada vez menos considerada entre os jovens
pilotos que buscam oportunidades na carreira automobilística de competição, que
já teve um grande programa de formação de pilotos, mas que atualmente
praticamente não possui ninguém em vista para chegar rapidamente à F-1. O
motivo é mais do conhecido: de tanto rifar e queimar seus pilotos, as jovens
promessas de hoje querem distância do programa do time dos energéticos, e
principalmente de Helmut Marko, cuja fama de intratável, arrogante, e agora, pouco
confiável, pela maneira como atropela os critérios mais objetivos de escolha e
promoção dos pilotos, só não o fazem ser um pária porque sempre tem aqueles que
aceitam flertar até com o diabo se isso promover suas carreiras.
Em maio de 2016, fiz
um texto criticando o modo como o programa de desenvolvimento de pilotos da Red
Bull vinha sendo gerido por Marko & Cia. Na ânsia de terem um novo
Sebastian Vettel, eles desandaram a defenestrar seus pilotos, em um processo
que só foi piorando, tanto que de lá para cá, ficaram praticamente sem nomes
para compor a dupla titular no seu time “B” na F-1, a Toro Rosso. Carlos Sainz
Jr. preferiu não esperar para ser mais um a ser fritado por Marko, e assim que
teve oportunidade, caiu fora. Hoje, está na McLaren, e não se arrepende nem um
pouco por ter saído de lá. E a adulação por Max Verstappen, entre outros
fatores, fez Daniel Ricciardo resolver apostar em um novo rumo na carreira,
indo para o time oficial da Renault. Isso deixou a Red Bull sem bons nomes para
seu plantel. E não se pode negar que Ricciardo está fazendo muita falta na
escuderia, que poderia estar bem à frente da Ferrari no campeonato, se
continuasse com os serviços do australiano, um piloto muito eficiente. Mas se
alguém espera que o time dos energéticos confesse tal coisa, estará sendo muito
ingênuo.
Verstappen, para a
felicidade da equipe, parou de se meter em confusões na pista, e segue rápido,
e atrevido, e amadurecendo, o que é muito bom para ele, e para a F-1. Seria
interessante ver se ele manteria essa maturidade inesperada se ainda tivesse
que duelar com Ricciardo dentro do time, que embora fosse menos arrojado, era
extremamente eficiente e sabia aproveitar todas as oportunidades que via na
pista, obtendo excelentes resultados, e que conseguia andar no ritmo do
holandês. Agora, será Albon que será cobrado para obter resultados à altura
como novo companheiro de Verstappen. O time até já deixou claro: dependendo da
performance, será escolhido o parceiro de Max para a temporada de 2020. O
problema é Alexander cair na mesma armadilha que vitimou Gasly, e acabar se
queimando no processo também. E aí, se Gasly também não melhorar sua
performance, de volta à Toro Rosso, quem a Red Bull irá colocar como parceiro
de Verstappen no próximo ano?
O programa de desenvolvimento
de pilotos da Red Bull não tem mais nomes que possam ser colocados já na F-1.
Aliás, no ano passado mesmo, esse problema já se tornou visível. Sem ter alguém
que poderia formar dupla com Gasly na Toro Rosso, Marko teve de chamar de volta
Brendon Hartley, que já tinha feito parte do programa de desenvolvimento da Red
Bull, mas tinha sido dispensado, anos antes. Mas Hartley obteve bom desempenho
no Mundial de Endurance, onde foi campeão, chegando a vencer as 24 Horas de Le
Mans. Tinha currículo. E poderia até ter ficado por lá, mas a tentação de
experimentar a F-1, finalmente, foi mais forte, e infelizmente, seu desempenho
foi pífio, ficando muito abaixo do de Gasly durante toda a temporada de 2018, e
obviamente vendo sua tão esperada chance na F-1 se tornar um sonho de uma noite
de verão. E a situação se agravou neste ano. Com a saída de Ricciardo, a opção
óbvia era promover Gasly para o time principal, mas quem ficaria na Toro Rosso?
Praticamente não tinham mais ninguém.
A solução foi engolir um
pouco a soberba, e acabaram chamando Daniil Kvyat de volta para o time sediado
em Faenza. Uma segunda chance na Red Bull, depois do que fizeram com tantos
pilotos, tinha ares de milagre, não fosse terem secado a fonte. Mas ainda
precisavam de mais um nome, e só foram encontrá-lo na F-E: Alexander Albon, que
também já tinha feito parte do programa de pilotos da Red Bull, mas tinha
saído, e já assinado com a equipe e.dams para a disputa da quinta temporada de
carros elétricos. Foi preciso negociar para liberar o piloto, que topou a
empreitada da F-1. Mas, quem diria que a Red Bull precisaria sair no mercado
para preencher seu quadro de pilotos? Se tivessem um pouco de autocrítica, eles
poderiam admitir que foram os maiores culpados em ficar sem nomes no seu
programa de desenvolvimento de pilotos.
Lógico que a F-1 nunca
foi um ambiente dos mais justos, e a lista de pilotos que tiveram suas
carreiras destruídas pelas cobranças e circunstâncias da categoria máxima do
automobilismo é imensa. E a Red Bull sempre deixou claro suas cobranças em cima
dos pilotos no seu programa de desenvolvimento de pilotos. E, para chegar ao
topo, é praticamente matar ou morrer. Ninguém ignora isso, e aceitam os riscos.
O problema passou a ser quando, por melhor que o piloto seja, ele acaba vendo
que o resultado é morrer ou morrer, só diferindo o momento. Cada vez mais
impaciente e crítica, a Red Bull simplesmente não estaria mais dando tempo dos
pilotos se desenvolverem. Ou chegam já arrebentando, ou são arrebentados.
Antes, os pilotos tinham mais tempo para se adaptarem e mostrarem seu
desenvolvimento, ao passo que hoje, já devem “explodir” logo de cara nos
resultados, ou serão “explodidos” no primeiro passo em falso. E a Red Bull
tanto fez que, no atual momento, não tem praticamente ninguém na lista de
opções para a próxima temporada, caso resolvam se desfazer tanto de Gasly
quanto de Kvyat, e Albon, se o tailandês também não render o que eles querem
que renda.
Seria o ideal, para
Albon mostrar do que é capaz, mas também pode ter o efeito de incendiar o
ambiente na Red Bull. E será que nesse contexto, Verstappen não vai ter
chilique? Uma das dificuldades para a Red Bull conseguir superar mais
facilmente a Ferrari é que sua dupla, em termos de desempenho e performance,
tem tido um nível bem parelho, com vantagem para Charles LeClerc em algumas
provas, para Sebastian Vettel em outras. Só que essa paridade de desempenho
acabou causando dissabores dentro dos boxes italianos, com a tomada de várias
decisões, com ordens de equipe e estratégias furadas que só atrapalharam a
Ferrari na temporada, onde poderiam estar muito mais facilmente na
vice-liderança do campeonato, e não na alça de mira da Red Bull. Se Albon
chegar “chegando” na Red Bull, faria o seu cartaz ao conseguir peitar
Verstappen em seu próprio quintal. Resta saber o que o holandês acharia disso,
bem como a cúpula da equipe. E aí ficaria totalmente imprevisível o panorama
para 2020. A torcida da maioria é para Albon ser bem-sucedido na sua chance na
Red Bull, até para melhorar o nível das disputas no primeiro pelotão. Para a
cúpula da Red Bull, é sua única esperança, até porque promover de novo Daniil
Kvyat, depois da picaretagem que fizeram com ele, seria admitir o fracasso
completo de seu programa de pilotos. A menos, claro, que eles percam
completamente a falta de vergonha na cara, e busquem pilotos no mercado, como a
maioria dos times fazem, só para não darem o braço a torcer.
E aí, a briga para ver
quem ganharia essa vaga na Red Bull em 2020, caso Albon seja a mais nova
“vítima” da impaciência e cobrança da cúpula rubrotaurina, seria bem acirrada,
com alguns nomes até interessantes numa provável disputa. Mas provavelmente Max
Verstappen não goste disso, por estar reinando sozinho no time, sem ter no
momento um companheiro que ameace sua posição. E ele já andou demonstrando que
não lhe interessa quem será o seu companheiro de equipe, ou se Alexander Albon
vai andar bem ou não, e defendeu o rebaixamento de Gasly, justificando que o
time tem todo o direito de fazer o que achar melhor para si.
Para ser sincero,
Verstappen não deve mesmo se importar com quem é seu companheiro de equipe. O
problema é que, tratado como queridinho pela Red Bull, vamos ver se ele mantém
seu autocontrole, caso seja batido por Albon na pista. Quanto a Gasly, ele
deveria conhecer bem o histórico da Red Bull quanto a seus pilotos na F-1, e se
preparado melhor para tentar evitar o pior. O problema é quando as
circunstâncias não ajudam, e infelizmente, quando isso ocorre, por vezes até o
melhor piloto pode ser arrastado para o fundo do poço, quando nada parece dar
certo para ele, mesmo tendo o maior talento e a maior capacidade. Hoje, vemos
que a Red Bull no momento está sendo vista mais como uma destruidora do que
formadora de pilotos no automobilismo. Vettels e Verstappens não surgem a todo
momento, e o foco excessivo em descobrir novos fenômenos acaba levando-os a
ignorarem as chances potenciais de vários pilotos, que não tem o tempo
necessário para se desenvolver, e mostrar todo o talento que possuem.
Que Albon possa
escapar da sina que vitimou a grande maioria dos pilotos que passaram pela Red
Bull, e não ser apenas mais um na estatística do moedor de carne que os times
dos energéticos passaram a serem vistos na F-1...
A Indycar disputa neste domingo
sua segunda prova de 500 milhas do calendário, no veloz circuito trioval de
Pocono, na Pensilvânia. Com esta, faltam 4 provas para encerrar o calendário da
competição em 2019, e Josef Newgarden, o líder, viu sua vantagem na
classificação para os rivais cair bastante com o seu incidente na última volta
da corrida anterior, em Mid-Ohio, quando tentava um lugar no pódio, saiu da
pista em um toque forçando ultrapassagem em Ryan Hunter-Reay, e despencou para
14º na classificação final da corrida. A maior ameaça é Alexander Rossi, que
está apenas 16 pontos atrás na pontuação, enquanto Simon Pagenaud e Scott Dixon
tentam correr para tentarem se manter firmes na briga pelo título. Mas uma
corrida de 500 milhas abre um leque de muitas possibilidades, onde muita coisa
pode acontecer na corrida. Entrando na reta final do campeonato, todos os
potenciais candidatos ao título precisam partir para a ofensiva, não havendo
mais tempo para apenas manter a constância de resultados. Vencer passa a ser
tudo, para não ficar na dependência dos resultados do adversário. E veremos se
ao fim da temporada, teremos um novo campeão, ou um novo bicampeão. Ou, até
mesmo um hexacampeão, se Scott Dixon conseguir virar o jogo como só ele é capaz
de conseguir. Ainda mais porque não podemos esquecer que a etapa final, em
Laguna Seca, tem pontuação dobrada, por ser o encerramento da competição. E a
luta nesta fase final se inicia com tudo neste domingo. Ainda temos muitos
pontos em jogo. O canal pago Bandsports mostra a corrida ao vivo neste domingo,
a partir das 15:30 Hrs., pelo horário de Brasília.
Depois do bom resultado obtido em
Indianápolis, um superspeedway, Tony Kanaan tem esperança de que a Foyt tenha
melhores chances em Pocono, outro superoval, em outra prova de 500 milhas. Só
que a configuração das duas pistas são bem diferentes, Indianápolis e Pocono, o
que não garante que o carro possa ter o mesmo desempenho só por ser um
superoval. Com baixos resultados neste ano, a situação da dupla brasileira da
Foyt para a próxima temporada segue indefinida até o momento, entre permanecer
no time, ou trocar de escuderia.
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