quarta-feira, 21 de agosto de 2019

ARQUIVO PISTA & BOX – NOVEMBRO DE 1998 – 06.11.1998


            E cá estou eu, trazendo novamente um de meus antigos textos. Hoje, trago a coluna publicada no dia 6 de novembro de 1998. Havíamos tido o Grande Prêmio do Japão no domingo anterior, e Mika Hakkinem, com uma vitória contundente, conquistou o seu primeiro título mundial, em um campeonato onde a McLaren voltou ao topo, de onde havia estado pela última vez em 1991, com o tricampeonato de Ayrton Senna. Para sorte dos amantes da F-1, não foi um campeonato monótono, como dava a entender na primeira corrida, quando os pilotos da McLaren colocavam 2s por volta na concorrência. A Ferrari, com muito esforço, conseguiu endurecer a disputa, e quase chegou lá, mas passaria mais um ano na sua já longa fila esperando por um novo título. Suzuka viu mais uma decisão de campeonato, e a F-1 encerrava o ano, desfrutando de algumas semanas de descanso até o início dos testes em dezembro, visando a temporada do ano seguinte. A coluna também traz alguns tópicos rápidos, com alguns acontecimentos do mundo da velocidade naquela semana. Então, uma boa leitura, e até a próxima postagem...


DECISÃO NA LARGADA

            E deu Mika Hakkinem em Suzuka, com vitória de ponta a ponta no Grande Prêmio do Japão de Fórmula 1, fechando com chave de ouro a conquista do título de pilotos de 1998 pelo finlandês, o segundo corredor de seu país a conseguir tal feito. O primeiro havia sido Keke Rosberg, em 1982, pela equipe Williams.
            O fim de semana em Suzuka foi um dos mais tensos que já vi nos últimos tempos. Tudo podia acontecer nesta decisão. Nos treinos classificatórios, Michael Schumacher mostrou sua força e a corrida poderia pender facilmente para a Ferrari. A crescente evolução do time italiano nesta segunda metade de temporada foi notória, enquanto a McLaren permaneceu estagnada, sem apresentar melhoras de performance perceptíveis. Com um intervalo de praticamente um mês desde a última corrida, ficava a expectativa de quão a Ferrari poderia melhorar em relação à McLaren testando neste período.
            Depois de tanta tensão e expectativa, tudo ficou encerrado praticamente na largada. O motor de Schumacher morreu com um enguiço da embreagem, e o bicampeão alemão teve de largar do fundo do grid. O título estava praticamente assegurado para Hakkinem. Talvez fosse prematuro afirmar isso, mas foi o que se viu depois. O piloto alemão, pilotando como nunca, e abusando do equipamento, foi galgando posições até chegar a ser o 3º colocado, onde provavelmente teria ficado em definitivo. Mas forçar tanto o carro teve suas conseqüências, e Schumacher teve um pneu estourado, dando adeus à corrida. Se em outras ocasiões Michael teve uma sorte tremenda para ganhar algumas corridas, desta vez o azar não poupou o piloto da Ferrari: o estouro do pneu se deu bem na reta dos boxes, logo após cruzar a linha de saída dos pits; se tivesse ocorrido cerca de um quilômetro antes, poderia até tentar entrar nos boxes, trocar os pneus e retornar à prova. Mas não teve a sorte a seu lado neste momento.
            Mas o título ficou com quem mais mereceu: Mika Hakkinem mostrou grande amadurecimento e provou ser um piloto campeão, especialmente em provas como a de Luxemburgo e Áustria, onde Mika superou a forte pressão da Ferrari e de Schumacher para conseguir vitórias cruciais que permitiram-lhe a conquista do título sem cometer um único erro.
            Um mérito para a equipe McLaren, que volta a ser campeã de pilotos e construtores 7 anos depois da última conquista, obtida em 1991 com Ayrton Senna como piloto. Para a Mercedes, foram coroados todos os esforços da fábrica alemã desde o seu retorno à F-1 em 1993, fornecendo motores para a equipe Sauber. Desde 1995 associada à McLaren, só no ano passado a Mercedes começou a colher seus frutos com as primeiras vitórias da McLaren desde a era Senna.
            Mas a Ferrari também sai de cabeça erguida: inferiorizada no início da temporada, quando as McLarens enfiavam 2s por volta na concorrência, o time de Maranello empreendeu um esforço gigantesco para reduzir o desnível, cujos efeitos começaram a surgir a partir do Canadá, onde Schumacher conduziu a Ferrari a uma série de 3 vitórias consecutivas, e colocando o favoritismo da McLaren em xeque. Graças aos esforços do time italiano, e ao talento de Michael Schumacher, a decisão foi postergada para a última etapa, garantindo a emoção a um campeonato que todos imaginavam já estar entregue à McLaren no início do ano.
            Como só pode haver um campeão, a McLaren merece o título, e coloca-se novamente como a melhor escuderia da F-1, dando por encerrado o seu jejum de títulos. Para os tiffosi da Ferrari, só resta esperar para ver em 1999 a escuderia poderá finalmente acabar com o seu jejum de títulos, quando então já terá se passado 20 anos desde a última conquista dos carros vermelhos.


Surgiu um boato nos bastidores de Suzuka de que o enguiço da embreagem no carro de Michael Schumacher na hora da largada seria uma desculpa furada, e que, na verdade, o piloto alemão teria deixado o motor morrer no momento mais crítico de um GP, a largada, o que seria uma tremenda vergonha para aquele que é considerado o maior piloto da atualidade na categoria, por ser algo tão banal. Se essa for a verdade, pelo segundo ano consecutivo o título teria sido decidido por um erro grosseiro de Michael Schumacher. Ano passado foi a tentativa de jogar Jacques Villeneuve fora da pista, e que deu totalmente errado...


Os brasileiros terminaram o ano de forma melancólica em Suzuka: Pedro Paulo Diniz, além de uma forte gripe, não conseguiu andar muito na corrida, já que seu carro quebrou de novo; Rubens Barrichello teve outro fim de semana para esquecer, com um carro sem performance e sem fiabilidade; já Ricardo Rosset teve problemas musculares e nem conseguiu se classificar para a corrida. Resta a esperança de um ano melhor em 1999, ou torcer para, no mínimo, não ficar pior do que o de 1998...


Damon Hill foi um dos destaques dos coadjuvantes no Grande Prêmio do Japão de F-1. Damon passou a corrida inteira brigando com os pilotos de seu ex-time, a Williams, e venceu a briga: Hill superou Heinz-Harald Frentzen e Jacques Villeneuve no finalzinho da corrida, garantindo o 4º lugar e dando à Jordan sua melhor classificação de construtores, com 34 pontos, superando a Benetton. Na classificação de pilotos, Hill ficou a 1 ponto de se igualar a Villeneuve, e superou seu futuro colega de time, Frentzen. E Frank Williams tinha achado que o inglês era meio incapaz de defender o seu time... Resta a Frank esperar por Alessandro Zanardi e Ralf Schumacher em 1999. Este, aliás, deu seu último prejuízo a Eddie Jordan em Suzuka: um motor Mugen/Honda estourado bem na frente dos boxes, na reta, de frente para o público japonês...


A maioria dos times da F-1 despediu-se de Suzuka apenas ontem. A Bridgestone ofereceu a todas as escuderias 2 dias de testes livres na pista japonesa na terça e na quarta-feira. Agora, as escuderias dão uma pequena pausa: a FIA decretou suspensão de todos os testes até 1º de dezembro, como maneira de limitar um pouco os custos na categoria...


Em Fontana, na Califórnia, Jimmy Vasser venceu a última corrida do campeonato da F-CART e levou US$ 1 milhão de prêmio. E nossos pilotos brasileiros passaram o ano definitivamente em branco. Esperemos que tenham melhor sorte em 1999...

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