Max Verstappen entrou para a história da F-1 ao vencer o Grande Prêmio da Espanha no domingo passado. É o mais jovem piloto a vencer um GP. |
A Fórmula 1 fez
história no último domingo ao vermos a vitória do seu mais jovem piloto de
todos os tempos. Com 18 anos, 8 meses e 15 dias, o holandês Max Verstappen
conquistou seu primeiro triunfo competindo em sua primeira corrida ao volante
de um carro de ponta na categoria máxima do automobilismo mundial. E olhe que,
há poucas semanas, ele estava pilotando a Toro Rosso, o time “B” da empresa de
bebidas energéticas Red Bull. Promovido à equipe “matriz” numa manobra pouco
respeitosa de Helmut Marko, que aproveitou para “livrar-se” de Daniil Kvyat, o
jovem holandês e garoto sensação foi palco dos holofotes no paddock da Catalunha,
primeiro pelos motivos mais constrangedores possíveis, e depois, pelo mais fino
êxtase do resultado da competição na pista.
Se é verdade que Max
só venceu porque a dupla da Mercedes ficou fora de combate, isso não diminui em
nada a competência que o jovem holandês exibiu na pista desde o primeiro treino
livre na sexta-feira, quando começou não apenas a encostar nos tempos obtidos
por Daniel Ricciardo, como até a colocar tempo em cima do australiano, que
chegou na Red Bull há dois anos fazendo a mesma coisa com Sebastian Vettel,
nada menos do que um tetracampeão do mundo consagrado. E não importa também
dizer que se não fosse a estratégia errada que derrubou Ricciardo e Vettel na
pista, com uma parada a mais, ele não teria vencido. Ele estava no lugar certo,
no momento certo, e enquanto esteve na pista, se portou como um veterano,
segurando nas voltas finais a pressão de Kimi Raikkonem, da Ferrari, que todos
davam como certo que ultrapassaria o jovem holandês, e que isso seria apenas
questão de tempo. Mas, Kimi não conseguiu dar o bote. A pista de Barcelona é
ruim para ultrapassagens, e nem mesmo a nova regra de opção de pneus para a
corrida ajudou muito neste quesito. Mas Verstappen não cometeu um erro sequer,
e não permitiu a brecha que poderia ter lhe feito perder a posição.
Venceu com méritos em
sua estréia na Red Bull, que vem recuperando sua competitividade nesta
temporada, a ponto de discutir com a Ferrari quem é a segunda força do grid no
momento, e com um motor que ainda deve maior potência às unidades italianas de
Maranello, vejam só. Max Verstappen já vinha impressionando desde a sua entrada
na F-1 no ano passado, com apenas 17 anos. Muitos consideravam temerário a
entrada de alguém tão jovem na principal categoria automobilística do mundo, e
até certo ponto, tinham alguma razão, como se viu no acidente causado pelo
rapaz em Mônaco. Mas Max soube acertar o ponto, e parou de bater tanto, coisa
até certo ponto natural para um estreante na categoria. E ele começou a atrair
as atenções de outros times.
Foi o que bastou para
Helmut Marko, numa jogada por muitos considerada suja e desleal, de rebaixar
Kvyat para a Toro Rosso, e trazer o holandês para o time principal, o que
muitos já consideravam certo para 2017. Não mudo minha opinião sobre a
patifaria que Marko fez com Kvyat, que merecia um pouco mais de respeito, até
porque não era exatamente um barbeiro na pista: havia sido 3° colocado em
Shanghai, na corrida anterior. Isso foi sumariamente desconsiderado pelo dirigente,
e o russo só não foi despedido porque, culpa máxima de Marko, que adora “queimar”
os pilotos quando acha que estes não rendem o que ele acha que devem, a Red
Bull não tinha a rigor ninguém para ocupar o lugar que ficaria em aberto. Pior
para Kvyat é saber que, diante das circunstâncias ocorridas, ele poderia ter
vencido a prova espanhola. Não é algo impossível: bastaria ele pilotar da mesma
maneira como fez na China, o que não seria nada fora do normal. Mas, quis o destino
que as coisas corressem de modo diferente, e se teve um ganhador e um perdedor
nesta história toda, quem perdeu realmente foi o jovem russo, que muito
provavelmente terá de procurar emprego no próximo ano. Ele teve a dificuldade
maior no fim de semana, de se familiarizar com um carro que não conhecia
direito, e ter de fazer o melhor possível. Ficou bem atrás de Carlos Sainz Jr.,
e de nada adiantará para Helmut Marko ele ter feito a melhor volta da corrida
catalã. O dirigente neste momento está mais do que inebriado com sua atitude,
ao ver o triunfo de seu novo protegido, e para tanto, dane-se o que o mundo
possa pensar dele. O triunfo de Verstappen apenas avaliza seu gesto, goste-se
ou não dele. Não que Verstappen tenha tido um fim de semana fácil em Barcelona,
mas quando você pilota um carro de equipe de performance média, e passa a guiar
um carro de um time de ponta, com performance superior, a adaptação é sempre
mais fácil do que o caminho inverso.
Mesmo assim, muitos se
questionavam o que o jovem holandês poderia fazer efetivamente ao volante de um
carro como o da Red Bull. Se o jovem holandês ainda cometia alguns erros, como
na Austrália, quando por pouco não tirou ele e seu companheiro Carlos Sainz Jr.
da corrida em uma disputa de posição, guiando para o time matriz a tolerância a
erros seria infinitamente menor. Ele teria de ser o mais perfeito possível.
Para os demais pilotos, que já conhecem o estilo arrojado de Max, seria ter de
tomar cuidado redobrado com ele largando muito mais à frente, e com sua já
conhecida fome de competição, acabar exagerando na dose e provocando um
acidente. Felizmente, nada de anormal aconteceu, e Verstappen teve um domingo
que nunca mais esquecerá. E a F-1 muito menos...
Seu recorde de
precocidade dificilmente será batido, ainda mais porque a FIA baixou nova regra
impondo a idade mínima de 18 anos para os futuros pilotos que estrearem na F-1.
Seria preciso que um piloto estreasse com essa idade, e obrigatoriamente em um
time de ponta, para conseguir ter as condições de superar esta marca.
Curiosamente, Sebastian Vettel, que era até então o piloto mais jovem a vencer
na F-1, em 2008, ao volante de uma Toro Rosso, o Grande Prêmio da Itália, tenha
até motivos para se arrepender de ter reclamado com Christian Horner da barbeiragem
de Kvyat na prova russa: além de ver seu recorde de precocidade na categoria ir
pelos ares, ele agora terá mais um adversário duro de doer na pista, em um
momento em que seu ex-time começa a dar mostras de que pode andar à frente da esquadra
de Maranello. E, se isso se confirmar, até porque a Renault prepara-se para
colocar na pista uma nova unidade de potência ainda mais desenvolvida, que
segundo dizem, deve diminuir consideravelmente sua desvantagem para as unidades
de Mercedes e Ferrari, Verstappen será mais uma pedra no sapato para tirar o
sono dos ferraristas, que não engoliram muito bem a derrota sofrida domingo
passado em Barcelona.
O que podemos esperar
de Max Verstappen a partir de agora? A se confirmar a evolução firme da Red
Bull, podemos dizer que o jovem holandês terá pela frente a tarefa de bater
Daniel Ricciardo com frequência. O piloto australiano já mostrou do que é
capaz, e não fosse ser surpreendido pela estratégia de duas paradas de Max,
certamente chegaria à sua frente. Na classificação, Daniel colocou o jovem
holandês em seu devido lugar ao conseguir um tempo 0s4 mais rápido no grid, o
que não desmerece Max. Mas no dia em que nada der errado com Ricciardo,
Verstappen precisará mostrar do que poderá fazer frente a seu parceiro de
equipe, inclusive podendo ter de dividir curvas com ele. E que tenha em mente
que resultados como o da Mercedes, que viu seus dois pilotos baterem em
Barcelona, poderão não ser exatamente apreciáveis pela direção da equipe, que
quer ver sua nova estrela brilhar intensamente, mas no sentido positivo da
palavra, e não no negativo. Ricciardo já mostrou como dividir curvas sem causar
um acidente e ainda mostrar-se leal na pilotagem, ainda que Sebastian Vettel
tenha outra opinião sobre isso em relação ao último domingo. Verstappen precisará
mostrar esse traquejo também.
Não dá para dizer que
a Red Bull vai vencer com frequência tão já. A Mercedes ainda é o time e carro a
ser batido, mas todos já afirmam que o modelo RB12 tem o melhor chassi do grid,
para conseguir o que vem fazendo com um motor que ainda deve em potência aos
alemães e italianos. Mas se conseguir chegar mais perto, podem apostar que irá
tirar o sono de seus dirigentes. E que Max, mantendo a cabeça firme no lugar, e
sabendo aproveitar as oportunidades que certamente aparecerão, irá vencer em
muitas outras ocasiões. Será questão de tempo marcar sua primeira pole, assim
como novos triunfos certamente. E com a idade que tem, poderá alcançar marcas
ainda mais expressivas na F-1. Espera-se apenas que ele não seja um destes
brilhos fulgurantes que surgem na categoria de tempos em tempos, que tão logo
surgem, às vezes ainda mais rápido se apagam. Não que ele não tenha talento,
longe disso, mas que a F-1, na maioria das vezes, consegue se superar em acabar
com as carreiras de alguns grandes pilotos. Max até agora vem conseguindo ter a
sorte de mostrar seus resultados e ganhou um belo prêmio nestas duas últimas
semanas. Que siga tendo boa estrela na competição, e brinde a todos com outras
grandes exibições como a de Barcelona.
E é em momentos como
estes que a F-1 volta a empolgar um pouco como nos velhos tempos, mostrando um
momento que já entrou para o anais do automobilismo. Sensação que anda meio em
baixa devido aos desmandos e ao excesso de frescura que imperam na categoria
hoje em dia, mas que de vez em quando, ainda se permite a mostrar porque a F-1
surpreende ao mostrar do que é capaz.
Vida longa ao jovem
Max Verstappen...
Lewis Hamilton perdeu mais uma
chance de tentar reagir no campeonato da F-1, e vê seu parceiro Nico Rosberg
cada vez mais forte na competição. Mas o tricampeão sabe que não pode perder a
cabeça, e na Espanha, houve erros de ambos que acabaram resultado na eliminação
da dupla da Mercedes da corrida. Culpa por culpa, Hamilton ficou com a maior
parte: largando na pole-position da prova, o inglês tentou fechar a porta para
Rosberg, que largou em 2° lugar, e com isso foi para o lado sujo da pista, o
que a meu ver era desnecessário, pois foi perdendo um pouco da tração. Nico
aproveitou para vir para o lado limpo e, com mais grip, conseguiu chegar à 1ª
curva à frente de Hamilton. Mas aí, Nico se viu vítima do seu erro de ajuste do
motor, feito no grid, e nos poucos momentos que levou para reajustar sua
unidade de potência, Lewis praticamente embutiu no parceiro, que numa defesa de
posição legítima, foi para a direita, em um momento onde o inglês já vinha por
aquele lado, e não conseguiu diminuir a velocidade, saindo para a grama e
perdendo o controle do carro, acabando por atingir o de Rosberg em sua saída de
pista descontrolada. Faltou “momentum” para Hamilton na operação: vendo que
Rosberg estava fechando pela direita, ele deveria ter mudado imediatamente para
o lado esquerdo, que aliás naquele ponto era o traçado ideal de corrida, e
muito provavelmente, teria boas chances de efetivar a ultrapassagem e assumir a
ponta. Acabou não fazendo, e ambos acabaram de fora da corrida. O prejuízo só
não é grande porque a Mercedes está deitando e rolando na competição, e não vai
ser o abandono duplo de uma corrida que irá pôr o favoritismo do time alemão em
xeque. Mas rolou uma conversa privada no motorhome com os dois pilotos e a
direção da equipe onde certamente o time deve ter dado um puxão de orelhas e posto
panos quentes na discussão. A diferença de 43 pontos de Rosberg sobre Hamilton
se manteve, mas o inglês agora tem uma prova a menos para tentar tirar a diferença,
e acabou superado por Kimi Raikkonem na classificação. E pelo menos a FIA agiu
certo com relação à batida, encarando como “acidente de corrida”, não punindo
nenhum dos dois pilotos. Por outro lado, na internet, surgiram muitas
discussões sobre a culpa do acidente, com cada lado defendendo ou Rosberg ou Hamilton,
e isso me lembra que muita gente hoje em dia chia pelo fato de os pilotos não
tentarem duelar a fundo na pista. Apesar da lambança, Hamilton partiu para
cima, como muitos dizem que gostariam de ver os pilotos fazerem o tempo todo.
Se tivesse dado certo, provavelmente louvariam o inglês; como não deu, agora
chovem as críticas... Esse pessoal não se decide mesmo... E quando evocam
Senna, se esquecem que o tricampeão também teve momentos em que suas tentativas
deram errado e o fizeram sair da corrida, bem como o piloto com quem ele
duelava...
A F-E chegou a Berlin, capital da
Alemanha, para a disputa da antepenúltima etapa do campeonato. Com o aeroporto
de Tempelhof, local onde a prova foi realizada no ano passado, sendo usado para
abrigar os refugiados do Oriente Médio que chegam à Europa procurando um lugar
de paz para viver, a categoria precisou procurar outro lugar, e ele foi
encontrado, no distrito de Friedrichshain, parte da antiga Berlim Oriental. O
novo circuito passa pela Strausberger Platz e Alexanderplatz, e tem toda a área
com o pit-lane colocado na grande reta da Avenida Karl-Marx. O traçado tem 2,03
Km de extensão, com 11 curvas, e alguns trechos razoáveis de retas. A prova,
que terá um total de 48 voltas, será transmitida pelo canal pago Fox Sports a
partir das 10:30 Hrs. da manhã deste sábado, pelo horário de Brasília. Todos os
ingressos para a corrida esgotaram, o que comprova o bom momento vivido pela categoria,
que vem despertando o interesse de outras cidades e fabricantes ligados à
indústria automobilística pelo mundo.
Na disputa pelo título da F-E,
Lucas Di Grassi tem a missão de manter sua dianteira sobre Sébastien Buemi. O
piloto da Audi ABT vem guiando como nunca na atual temporada, e não fosse uma
desclassificação de sua vitória na Cidade do México, poderia estar com o título
quase garantido, e com uma liderança de mais de 35 pontos na tabela. Com 11
pontos, e apenas 3 provas para fechar a competição, o objetivo é sair de Berlim
com a maior vantagem possível, a fim de poder planejar a estratégia da rodada
dupla de Londres. Buemi, apesar dos pesares, é um adversário perigoso, e a
e.dams ainda tem um carro competitivo que não pode ser subestimado. Um mal
resultado do brasileiro poderia provocar uma reviravolta na situação de ambos, e
transformar a caça novamente em caçador. O duelo entre os dois pilotos é o
grande mote da prova alemã, e dependendo de seu desfecho, pode ditar a sorte de
seus protagonistas na corrida de Londres, em julho. E tem tudo para ser
novamente uma decisão eletrizante, sem piadas com a expressão da palavra, no
campeonato de carros elétricos de competição.
A pista nova da prova de Berlim para a Formula-E. |
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