sexta-feira, 21 de agosto de 2015

DUCHA DE ÁGUA FRIA



Acabou o suspense sobre Kimi Raikkonen: o finlandês fica na Ferrari em 2016. A "expressão" do Homem de Gelo diz tudo...

            A F-1 está de volta, e no belo palco de Spa-Francorchamps, onde hoje começam os treinos oficiais para o Grande Prêmio da Bélgica, que acontece neste domingo. E, como não poderia deixar de ser, o grande mote do retorno das atividades é a notícia da confirmação do finlandês Kimi Raikkonen na Ferrari para a temporada de 2016, que praticamente jogou uma tremenda ducha de água fria nas expectativas de muita gente, especialmente alguns pilotos que eram tidos como opções do time italiano para o próximo ano.
            E ninguém está mais decepcionado do que Valtteri Bottas, conforme o próprio demonstrou ontem no paddock, nas entrevistas, onde tentava esconder a frustração, mas exibindo uma cara de poucos amigos, denunciando seu estado de espírito. Depois da excelente temporada feita em 2014, Bottas se transformou num dos nomes mais veiculados nos bastidores como potencial campeão da F-1, tão logo tenha um carro decente para competir. E não foi surpresa que seu nome era o mais visado para ser companheiro de Sebastian Vettel no time italiano no próximo ano, em vista dos maus resultados apresentados por Raikkonen nesta temporada.
            O próprio Bottas ultimamente veio dando alguns sinais de que tentaria sair da Williams para o próximo ano, dando algumas indiretas de que não seria no time inglês que ele venceria, numa alegação de que a escuderia não tem capacidade para vencer na categoria. De fato, a Williams não vence há um bom tempo, mas diante da supremacia da Mercedes, isso não é exatamente demérito. Por outro lado, se recordarmos algumas temporadas sofríveis vividas pela escuderia recentemente, seu estado atual é de um grande renascimento, que mais dia, menos dia, a colocará de volta no topo. Só precisa continuar melhorando. Mas haviam alguns obstáculos no caminho do finlandês. O primeiro deles é o fato de ainda ter contrato com a Williams para 2016. Nada que não pudesse ser resolvido com um acordo financeiro, afinal, tanto Williams quanto Ferrari já fizeram isso antes. Jean Alesi, sensação da F-1 em 1990, tinha assinado com o time inglês para 1991, mas a Ferrari conseguiu sua liberação com um bom acordo financeiro, e um modelo 640 de bônus que Frank Williams exibe em sua coleção de monopostos na sede de sua escuderia. Por que não poderia acontecer novamente? Até porque, depois dos resultados de Raikkonen nas últimas corridas, Kimi já era quase dado como carta fora do baralho da Ferrari para 2016.
Principal nome cotado para substituir Kimi na Ferrari, Bottas agora reclama do excesso de especulação sobre seu nome pela imprensa. Mas que ele queria a vaga, queria...
            Mas, a F-1 de vez em quando costuma surpreender, e a manutenção de Kimi ao lado de Vettel demonstra uma paciência de um time que sabe que precisa continuar crescendo, e depois de apresentar um ambiente de muita politicagem nos últimos anos, é quase um milagre o time italiano ser hoje um dos mais descontraídos da categoria. Não que tenha sumido a pressão por resultados e suas cobranças, mas o clima interno, que nos últimos anos sempre foi carregado e conturbado, está espantosamente "zen" na escuderia. Tem mais: Vettel e Raikkonen se dão muito bem, ao contrário do clima que imperava na "era" Alonso no time, onde o piloto espanhol sempre exigia ser o centro das atenções. Isso já faz uma diferença tremenda, e ter um ambiente sem conflitos é um trunfo na busca por melhorias. E não há como negar que a Ferrari hoje é o principal nome a desafiar a Mercedes. Vettel já conseguiu vencer duas vezes no ano, e mesmo com a superioridade da Mercedes atualmente, a meta é de médio prazo, com vistas a realmente desafiar a supremacia alemã a partir do próximo ano. O próprio Maurizio Arrivabene declarou que vencer pelo menos 2 vezes em 2015 era a meta mais ambiciosa. Com metade da temporada ainda pela frente, e já tendo atingido este objetivo, o que vier daqui para a frente pode ser considerado lucro. E manter a base da escuderia o mais incólume possível é a receita para manter a equipe focada para 2016.
            Até o presente momento, não dá para especular como será a relação de forças da F-1 em 2016. A Mercedes pode continuar sendo tão ou até mais forte do que é atualmente, mas a Ferrari tem planos de eliminar sua desvantagem e lutar fortemente pelo título. Raikkonen, aliás, não está fazendo um campeonato tão ruim assim. Alguns resultados, como na Áustria e na Hungria, onde ele abandonou sem marcar pontos, não foram culpa dele, enquanto em outras provas o finlandês realmente ficou devendo. Mas não foi a Ferrari que manteve Felipe Massa por vários anos, mesmo o brasileiro rendendo menos do que Alonso? O espanhol defendia o brasileiro como companheiro de equipe, até porque não queria ninguém de peso a seu lado, e em parte, Vettel também defende Kimi como um bom colega de time, e isso certamente contou para a sua manutenção. Que Kimi aproveite a chance e mostre do que ainda é capaz ao volante de um carro de F-1, como fez no seus dois anos na Lotus.
            Outro nome que tinha chances de ser o novo companheiro de Vettel no time italiano era do alemão Nico Hulkenberg, da Force India, cuja cotação cresceu bastante após sua vitória nas 24 Horas de Le Mans deste ano, ao volante dos carros da Porshe. Por ser um nome menos badalado, e correndo por um time que anda curto de orçamento, sua liberação era muito mais simples e fácil do que a Valtteri Bottas, que ainda tinha contra si o fato de Toto Wolf, seu empresário, ter planos velados de colocá-lo na Mercedes, muito possivelmente no lugar de Nico Rosberg, a partir de 2017, ano em que a opção de renovação certamente penderia para a escuderia alemã, no caso de Rosberg perder novamente a disputa contra Lewis Hamilton nesta e na próxima temporada. Por isso, um acordo entre Bottas e a Ferrari teria de passar por Wolf, o que certamente dificultaria a obtenção de um acordo. Pelo seu lado, Hulkenberg, que já vem há algum tempo manifestando inconformismo por não ter chances de ser efetivado em um time realmente competitivo, vem pensando seriamente em se bandear para o Mundial de Endurance, ainda mais depois de seu belo desempenho em Le Sarthe com a Porshe. O time alemão certamente vai querer que seu piloto campeão em Le Mans guie novamente para eles, e se não visualizar melhor perspectiva na F-1, o que acho difícil, Nico certamente deixará a F-1, a exemplo do que Mark Webber fez ao fim de 2013. O momento seria agora, pois em 2016, sabe-se lá e o prestígio de Hulkenberg se manteria nos níveis atuais pilotando novamente um carro limitado na F-1.
Se não tiver perspectiva de um time competitivo para 2016 na F-1, Nico Hulkenberg deve ir para o Mundial de Endurance.
            O australiano Daniel Ricciardo, da Red Bull, era talvez o menos provável candidato a ser companheiro de Vettel na Ferrari, afinal, ele derrotou sistematicamente o tetracampeão no ano passado na equipe Red Bull, conseguindo inclusive vencer 3 provas, contra nenhuma de Sebastian, que inconformado resolveu pular fora e foi para a escuderia italiana. Com Vettel rendendo bastante no time, o estrago de uma possível reedição da dupla com nova vitória do australiano sobre o alemão poderia deixar o ambiente extremamente conturbado. É mais um forte indício de que a Ferrari optou por manter o bom clima no time mantendo Raikkonen do que contratando um piloto potencialmente forte que desestabilizasse Vettel novamente.
            Outro nome que poderia ir para o time italiano era o inglês Jenson Button, atualmente na McLaren. Outro piloto com excelente histórico de não se envolver em confusões com seus companheiros de equipe, o campeão de 2009 poderia ser um opção bem viável para ser companheiro de Vettel, até porque ele não tem contrato para 2016, nem mesmo com a McLaren. Sua contratação seria a mais fácil de ser conseguida entre os possíveis "pretendentes" à vaga.
            Com a manutenção de Kimi na Ferrari, as movimentações do próprio mercado de pilotos para 2016 também tomam uma bela ducha fria, pois significa que a grande maioria dos pilotos ficará onde está. A Mercedes já está fechada, e a Red Bull também não deve mexer em sua dupla. A Williams agora deve permanecer tanto com Felipe Massa quanto com Bottas. O brasileiro está fazendo uma boa temporada, e é muito elogiado pela área técnica da escuderia. Bottas, apesar do contrato ainda válido para 2016, disse querer negociar alguns termos de seu contrato, mas a exemplo do que aconteceu com Fernando Alonso no ano passado, as portas se fecharam, e as opções ficaram reduzidas, de modo que o finlandês deve se contentar em manter seu atual status no time. Todas as outras opções de vagas não muito menos atrativas.
            A Sauber já renovou com sua dupla. A Toro Rosso deve seguir com Max Verstappen e Carlos Sainz Jr. Marussia e a nova equipe Hass até o momento são totais incógnitas. Na Force India Sérgio Perez tem mais um ano de contrato, e se Nico Hulkenberg sair, abre-se uma vaga razoável, mas que precisará de aporte financeiro por parte dos interessados. E na Lotus, tudo dependerá se a Renault irá adquirir novamente o time ou não: com finanças combalidas, Pastor Maldonado deve ficar com seu patrocínio milionário da PDVSA, enquanto Romain Grosjean ainda tem cacife para se manter na escuderia, se a situação não piorar e forçar o time a escolher outro piloto com patrocínios de monta.
            De qualquer forma, a principal peça do xadrez do mercado já teve seu movimento definitivo feito, restando agora às peças coadjuvantes do jogo se virarem do melhor jeito que puderem. Aguardemos ver o que elas farão.


Uma das expectativas para a prova de domingo em Spa é ver como os pilotos irão se portar tendo de fazer sozinhos os ajustes de embreagem para a largada da corrida. Até a Hungria, os pilotos recebiam os dados dos engenheiros do box para ajustarem a embreagem de acordo com os dados obtidos pelos sensores ao longo das voltas de verificação quando saíam do box para ocuparem suas posições no grid de largada. Agora, esta ajuda está proibida pelo regulamento, a exemplo da proibição de repassar informações de ajuda de pilotagem instituídas durante o ano passado, visando tornar o papel dos pilotos mais decisivo e menos comandado pelos engenheiros nos boxes. Os pilotos deverão fazer eles mesmos os ajustes com base na sua sensibilidade do carro a partir de agora, e há o temor de que isso possa provocar algum acidente por ajustes malfeitos por parte de algum piloto, ainda mais porque nesta pista, a posição de largada é em descida, e logo temos a curva fechada La Source, onde vários acidentes já ocorreram em edições passadas. Creio que não deveremos ter maiores problemas nesse sentido, a exemplo do que falaram em ocasiões passadas quando outros recursos, como freios ABS ou controle de tração foram retirados, visando tornar a condução do piloto mais determinante na performance de um carro. Pode haver um ou outro piloto que se confunda, mas acredito que as equipes aproveitem os treinos livres de hoje e amanhã para fazer os pilotos testarem os ajustes no procedimento de largada, ao fim de cada treino, ou na saída dos boxes. Será uma tarefa a mais para os pilotos, mas servirá para mostrar como eles usam sua sensibilidade na percepção das condições de pista, que por mais sensores e computadores que tenham para fazer esse tipo de análise, é o piloto que deve decidir qual é a melhor opção. Aliás, antes de sensores e computadores, a percepção do piloto era crucial para saber como efetuar o melhor movimento na condução de um carro de corrida, e não vai fazer mal aos pilotos atuais melhorar sua percepção e sensibilidade. Os melhores pilotos deverão se adaptar rapidamente a essa nova condição. Resta saber quem terá as maiores dificuldades com a falta desta ajuda dos engenheiros dos boxes. E tomar cuidado redobrado com a freada para a La Source no domingo...


Um caso de invasão de pista parou um dos treinos livres da Camping World Truck Series, uma das subcategorias da Nascar, nesta última quarta-feira, no circuito de Bristol Speedway, no Estado do Tennessee. O invasor em questão era um coelhinho marrom que acabou surgindo na pista em meio ao treino. Bandeira vermelha acionada, lá foram os fiscais tentar pegar o simpático bichinho, que arisco como ele só, deu uma tremenda canseira no pessoal que tentava, ao menos, espantá-lo para sair da pista, o que acabou acontecendo depois de escapar do cerco dos fiscais. Felizmente o coelho deu sorte de sair dessa inteiro, pois em outras ocasiões, animais que invadiram pistas de corrida não apenas foram atropelados como causaram sérios acidentes. Ah, e o coelho corria pela pista que era uma barbaridade dos fiscais, a ponto de ter quem perguntasse qual era o tempo que o bichinho tinha feito, que segundo eles, seria mais ligeiro que vários dos competidores...


A Indy Racing League entra novamente na pista neste fim de semana, para a disputa das 500 Milhas de Pocono, última prova em circuito oval da temporada, que encerra-se no domingo da semana que vem, em Sonoma. Juan Pablo Montoya está fortemente acossado por Graham Rahal, que está apenas 9 pontos atrás na classificação, e desponta como grande sensação da temporada, desafiando o piloto da poderosa Penske, e tendo superado também Scott Dixon, da Ganassi. E, por se tratar de uma pista superspeedway, em uma corrida de 500 milhas, tudo pode acontecer. Montoya, que começou o ano vencendo em São Petesburgo, e favorito ao título na maior parte da temporada, vai conseguir se manter na frente, ou o jovem Rahal vai conseguir inverter as posições? É conferir no domingo, com transmissão ao vivo no canal pago Bandsports a partir das 15:30 Hrs.

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