sexta-feira, 28 de agosto de 2015

FERRARI, 900 GPs


A Ferrari disputou o seu 900° Grande Prêmio de F-1 no GP da Bélgica, domingo passado, mas não teve muito o que comemorar, como Kimi Raikkonen, Maurizio Arrivabene (centro), e Sebastian Vettel esperavam.

            Resultados ruins à parte, a Ferrari comemorou em Spa-Francorchamps, no fim de semana passado, uma marca nada desprezível: a corrida belga foi o 900° Grande Prêmio de Fórmula 1 disputado pelo time italiano, o único presente em toda a história da categoria a participar de todas as temporadas desde que a competição foi criada, em 1950. A marca foi comemorada, inclusive com um adereço dos carros de Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen. O fim de semana se mostrava promissor: a escuderia havia vencido a prova anterior, na Hungria, com uma excelente performance, só não fazendo dobradinha porque o carro de Raikkonen apresentou problemas. Com o finlandês confirmado para 2016, o time esperava manter a tranquilidade necessária para manter o foco no crescimento da escuderia para disputar efetivamente o campeonato no próximo ano.
            Infelizmente, o destino tinha outras idéias. Raikkonen ficou fora de combate na classificação com um câmbio enguiçado, e teve de largar lá de trás, enquanto Vettel não conseguiu obter o rendimento esperado de seu carro. O alemão apostou tudo na estratégia de apenas uma parada na corrida, e estava dando certo, até que um dos pneus traseiros não aguentou e estourou faltando uma volta e meia para o fim da corrida, motivando um festival de críticas do piloto e da equipe contra a Pirelli, fornecedora dos pneus, que rebateu dizendo que eles arriscaram na tática e infelizmente deu errado. Concordo mais com a Pirelli pelo fato de que não dava mesmo para andar tanto com apenas uma parada. E ainda mais com Vettel sendo fortemente pressionado por Romain Grosjean nas voltas finais, os pneus foram ainda mais exigidos. A Ferrari e Vettel pagaram para ver, e perderam. Simples assim. Concordo com Vettel quando ele diz que se o estouro fosse no trecho da curva Eau Rouge, poderia ter sofrido um acidente grave, mas ainda assim, ele deveria saber que sua aposta era suicida: se desse certo, teria tido uma performance heróica; como deu errado, a culpa é toda da Pirelli.
            Deixando essa discussão de lado, a escuderia italiana tem de fato comemorar este feito na história da F-1. A categoria acumula 927 GPs disputados desde a primeira corrida, realizada no distante dia 13 de maio de 1950, na pista de Silverstone, Inglaterra. Nestes 900 GPs, o time fundado por Enzo Ferrari, que colocou em 1947 seu primeiro carro de competição na pista, poucos anos antes da F-1 surgir, obteve nada menos do que 223 vitórias, 207 pole-positions, 688 pódios, e um total de 6.029,5 pontos, além de 230 voltas mais rápidas. Foram 15 títulos de pilotos, e 16 títulos de construtores. A escuderia italiana também é recordista em dobradinhas conquistadas (1-2), com nada menos do que 81. E, nos primeiros anos da F-1, quando era comum os times terem mais de dois pilotos disputando as corridas, a Ferrari obteve 8 trifetas (1-2-3) na categoria, e 2 quadrifetas (1-2-3-4).
A Ferrari é a única escuderia presente na F-1 desde sua primeira temporada. Acima, alguns dos modelos produzidos pela equipe para competição na categoria.
            Curiosamente, apesar de estar presente deste o primeiro campeonato, a Ferrari tem menos 27 GPs do que a F-1. Parte dessa diferença é explicada pelo fato de que, de 1950 a 1960, o campeonato da F-1 incorporava as 500 Milhas de Indianápolis. Era uma inclusão "para inglês ver" e dar status de "mundial" ao campeonato, pois a Indy500 tocava a sua vida, e seus pilotos não participavam das demais corridas da F-1, da mesma maneira que os competidores desta nunca alinhavam em Indianápolis, portanto, nunca seria possível um time de F-1 ter tantos GPs disputados quanto os existentes na história.
            Outro detalhe interessante é que a Ferrari não participou da corrida inaugural da categoria, realizada em Silverstone. A estréia do "cavallino rampante" se daria apenas na segunda corrida, justamente em Mônaco, e o time italiano foi ao pódio, com o 2° lugar de Alberto Ascari. A primeira vitória viria em 1951, na Inglaterra, com José Froilan Gonzalez, e o time mostraria a que veio, obtendo seus primeiros títulos em 1952 e 1953, ambos com Alberto Ascari, primeiro e único piloto italiano a ser campeão pela escuderia sediada em Maranello. Mas, além de não participar da primeira corrida da história da F-1, a escuderia deixou de participar de outras corridas, parte delas ainda nos anos 1950, e também nos anos 1960. As ausências foram rareando com o tempo, e a última temporada onde não tivemos um carro da Ferrari no grid foi em 1982, onde a escuderia não alinhou para o GP da Bélgica, em virtude do trágico acidente que vitimou Gilles Villeneuve nos treinos para a prova; e o GP da Suíça, disputado no circuito francês de Dijon-Prenois, já que a Suíça proíbe até hoje corridas de automóvel em seu território, onde o piloto Patrick Tambay, apesar de classificado em 10° no grid, não alinhou devido a ferimentos que sofrera anteriormente, de modo que esta prova foi a última da história da F-1 sem ter um carro da Ferrari largando. De lá para cá, os carros vermelhos de Maranello nunca ais deixaram de largar em nenhuma corrida.
            Na primeira década da F-1, a Ferrari já seria sua maior vencedora, conquistando também os títulos de 1956 e 1958, com Juan Manuel Fangio e Mike Hawthorn. As décadas seguintes seriam de menos títulos de pilotos: apenas 2 nos anos 1960, e 3 nos anos 1970. Em compensação, as décadas de 1980 e 1990 seriam de um longo jejum, que só terminaram com os anos 2000, com a maior sequência de triunfos que os italianos conseguiram, com 6 títulos de pilotos, o último deles em 2007, com Kimi Raikkonen.
            Enzo Ferrari tratou de tornar sua escuderia algo especial, com a afirmação de que quem vencia eram seus carros, não seus pilotos. E, comandando o time com mão de ferro, não é de admirar que vários pilotos de talento nunca tenham sido contratados para dirigir seus carros. Ainda mais pilotos já campeões, de personalidade forte, que certamente bateriam de frente com o "Comendador" quando as coisas não saíssem bem. Não por acaso, em determinada ocasião, quando seus mecânicos reclamaram da presença demasiada "intrusa" da esposa de Enzo nos boxes, até atrapalhando os serviços, não ter sido surpresa ter despedido todos os mecânicos, pelo que considerou uma afronta pessoal.
Niki Lauda foi um dos grandes nomes da F-1 a vencer pelo time italiano de Maranello.
            Essa maneira de conduzir o time fez com que a Ferrari perdesse boas oportunidades. Mas Enzo tratou de garantir que seu legado permanecesse firme ao associar-se à Fiat, importante fábrica italiana, ainda nos anos 1970, de modo que não apenas a escuderia de F-1, mas a própria fábrica de carros esportivos continuasse em frente no futuro, quando ele não mais estivesse por lá. Àquela altura, o nome Ferrari já era sinônimo de esporte automotivo e competição, e seus carros de passeio já eram os mais desejados do mundo, superando Porsche, Lotus, Maserati, entre outro nomes famosos.
            De sócia, a Fiat passaria a ser dona integral da Ferrari, assumindo seu controle total após a morte do "Comendador" em 1988. E segue firme até hoje. A seca de títulos dos anos 1980 mudou a mentalidade do time, que passou a correr atrás de nomes de prestígio para levantar a escuderia, como Alain Prost. Mas foi com Michael Schumacher, a partir de 1996, que montou-se uma estrutura que conduziria o time novamente à ribalta, conquistando os títulos de 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, e 2007. Mas esse momento passou, e a Ferrari, embora nunca tenha deixado de disputar os primeiros lugares, sentiu que era o momento de se reinventar novamente, como fizera em meados dos anos 1990, para voltar a dar as cartas novamente na F-1.
Michael Schumacher tornou-se o maior vencedor de todos os tempos pela Ferrari: foram 11 temporadas, 5 títulos mundiais e 2 vice-títulos.
            Com a contratação de outro nome de peso, o tetracampeão Sebastian Vettel, e a reformulação do quadro diretivo e técnico, a Ferrari iniciou 2015 renovada e repaginada, e os resultados já começaram a aparecer, só não sendo mais vistosos diante do espantoso domínio da Mercedes atualmente. Mas, se a reformulação dos anos 1990 demorou a dar todos os resultados esperados, a Ferrari já deu o passo que esperava conseguir esse ano, sendo o único time que conseguiu desbancar os carros alemães e vencer, ainda que em momentos mais adversos. A expectativa é partir efetivamente para disputar novamente o título em 2016, e com sorte, chegar ao seu milésimo GP daqui a alguns anos com seus espantosos números ainda mais vistosos.
            Podem apostar que não é blefe. A Ferrari é uma paixão, e um símbolo da F-1. E vai estar por aí por muito tempo ainda, voltando a qualquer momento a ser a principal protagonista da competição, fazendo poles e vencendo corridas. Pior para seus adversários, que ainda terão de disputar muitos campeonatos para chegar aos seus números vitoriosos.
            Portanto, parabéns pelos 900 GPs disputados, e que venham outros tantos...


A morte voltou a assombrar o mundo do automobilismo esta semana, com o falecimento do inglês Justin Wilson, que competia pela equipe Andretti Autosport no certame da Indy Racing League, a Indycar. Justin acabou vitimado indiretamente por destroços do carro do piloto Sage Karan, que havia se acidentado na parte final das 500 Milhas de Pocono, prova disputada no último domingo. Com o forte impacto do carro de Karan na barreira de proteção, partes da carenagem de seu carro se desprenderam, e o que restou do bico atingiu Justin Wilson, que vinha na pista, acertando a cabeça do piloto, que perdeu a consciência na hora de seguiu reto para bater no muro interno da pista, sem muita gravidade. Apesar do capacete do piloto não ter sofrido maiores danos, a força da pancada infelizmente causou danos no cérebro de Wilson, que precisou ser levado de helicóptero para o hospital, onde veio a falecer no dia seguinte. Foi uma fatalidade, uma vez que a segurança dos carros utilizados pela categoria atualmente aumentou muito deste a morte do também inglês Dan Wheldon em 2011, na pista de Las Vegas, quando seu carro foi catapultado em direção ao alambrado destroçando-se no impacto. O clima de pesar atingiu toda a categoria, e vários outros pilotos que conviveram com Justin, inclusive na F-1, onde correu no início da década passada, manifestaram seu pesar pelo ocorrido. Após confirmada a morte, seus órgãos foram doados, salvando as vidas de pelo menos 6 pessoas, em um gesto nobre da família do piloto. Hoje, a categoria já volta à pista, no circuito de Infineon, em Sonoma, na Califórnia, para a etapa final do campeonato, e várias homenagens estão planejadas para Justin. Seu ex-time, a Dale Coyne, onde ele conseguiu vencer duas corridas na categoria, irá correr com o nome do piloto estampado nos carros. O acidente com Justin reacendeu o debate sobre a necessidade de cockpits fechadis nos carros monopostos, idéia que não é tão simples quanto muitos pensam, pela necessidade de prever uma série de eventos e possíveis consequências em caso de acidentes fortes. Se por um lado é certo que acidentes como o de Justin poderiam ser evitados por um habitáculo fechado, outros acidentes, como o sofrido por Henry Surtess há alguns anos atrás em Brands Hatch, quando um pneu desgovernado de outro acidente caiu bem em sua cabeça, poderiam até ser piores e mais perigosos para o piloto. Urge estudar a melhor forma de conciliar as necessidades de oferecer maior proteção ao piloto com a praticidade e viabilidade que o assunto exige. A F-1 já declarou que fará estudos neste sentido, e certamente a Indycar também vai ver o caso com cuidado. Para muitos, o exemplo é o dos carros protótipos do Mundial de Endurance, que são completamente fechados, mas são carros de competição diferentes dos monopostos, contando inclusive com portas para se entrar no carro, solução que não poderia ser implantada nos monopostos. Em todo caso, deve se estudar a situação e apontar soluções que sejam plausíveis e sem efeitos colaterais adversos, que possam piorar situações potenciais ao invés de melhorá-las.
Arte conceitual de um F-1 com cockpit fechado. Solução para maior proteção dos pilotos de monopostos?


Abatido pela perda de Justin Wilson, Michael Andretti já arrumou um substituto para o lugar do inglês na prova de Sonoma: o espanhol Oriol Sérvia ocupará o carro na última corrida do campeonato. Na pista, o colombiano Juan Pablo Montoya tentará conquistar o seu primeiro título da IRL. Montoya já foi campeão em 1999, pela F-Indy original. Se conquistar o campeonato, será o segundo título consecutivo da Penske, que também foi campeã em 2014 com o australiano Will Power. Já para os pilotos brasileiros na categoria, a prova de Sonoma é a última chance de evitarem passar em branco na competição este ano, onde não conseguiram até o momento vencer nenhuma corrida. Tony Kanaan, inclusive, já não tem chances de título, e Hélio Castro Neves está com uma desvantagem muito grande em relação a Montoya para conseguir reduzir em apenas uma prova. A prova final do campeonato será transmitida ao vivo apenas no canal pago Bandsports, a partir das 18 horas de domingo.
No meio do deserto californiano, a pista de Sonoma decide o campeonato da IRL 2015.
 

A história da Fórmula 1 perdeu no último dia 23 mais um de seus personagens: faleceu Guy Ligier, aos 85 anos de idade. O francês foi o fundador da equipe Ligier, que estreou na F-1 em 1976, após competir em outras categorias de competição. A Ligier foi um time com excelentes resultados em seus primeiros anos, vencendo corridas e fazendo poles. Não conseguiu nenhum título, infelizmente, e a partir dos anos 1980, começou a decair, deixando de obter resultados expressivos na categoria. O último bom resultado da escuderia foi em 1996, com a última vitória, no GP de Mônaco, com Olivier Panis. Naquele ano, o time foi vendido para Alain Prost, que mudaria de nome e permaneceria mais alguns anos na F-1, até fechar definitivamente as portas no início da década passada, com o nome de Prost. Guy, entretanto, já estava sem comando no time desde a entrada de Flavio Briatore na escuderia, primeiro como sócio, e depois assumindo toda a direção do time. Na mesma época, a F-1 viu algo parecido acontecer na Tyrrel, que acabou vendida para o grupo BAT, que a transformaria na BAR em 1999. Ken Tyrrel, assim como Guy Ligier, também teve um bom início de construtor na F-1, mas com o passar dos anos, a dura e implacável realidade da categoria se encarregou de desmantelar pouco a pouco o time, que chegou ao fim dos anos 1990 com poucos recursos e resultados. Em seu último ano, 1998, Ken Tyrrel já não comandava mais o time, com seus novos compradores a ditarem as ordens na escuderia. Ken Tyrrel e Guy Ligier foram caras de uma época onde a F-1 permitia a garagistas sonharem em disputar firmemente a competição, e deixaram muitas saudades.


Dias antes do GP da Bélgica, o diretor da Honda, Yasuhira Arai, declarou que teríamos uma nova versão da unidade de potência nipônica para Spa-Francorchamps que já estaria no nível da Ferrari, com muito mais potência e performance. Depois do que vimos no fim de semana, com Jenson Button e Fernando Alonso acumulando, além da pouca performance, punições quilométricas pela troca de componentes das unidades de força mais de uma vez com ambos os pilotos, muitos se perguntam qual é a marca de sakê que Arai bebe, pois deveria estar tudo, menos sóbrio, para fazer tal afirmação. A menos, claro, que ele tenha se referido ao motor Ferrari usado pela equipe Manor, que é do ano passado, e que tem muito menos potência do que a unidade atualmente em uso pela Ferrari. Ou talvez os japoneses tenham um senso de humor muito particular e tenha na verdade feito uma piada da situação... se bem que duvido que o pessoal da McLaren tenha entendido, e muito menos gostado.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - AGOSTO DE 2015



            Pois é, mais um mês está indo embora, então é chegada a hora da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, com uma avaliação do panorama do mundo do esporte a motor neste mês de agosto. Portanto, uma boa leitura a todos, com o velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). E no fim do mês que vem tem mais edição da Cotação Automobilística, como de costume...




EM ALTA:

Jorge Lorenzo: O piloto espanhol da Yamaha vem dando tudo por tudo no campeonato da MotoGP 2015, e após a vitória no GP da República Tcheca, finalmente assumiu a liderança do campeonato, com o mesmo número de pontos de seu companheiro de equipe Valentino Rossi, mas contando com 5 vitórias na temporada contra apenas 3 do italiano. Lorenzo deu combate a Marc Márquez em Indianápolis, perdendo a vitória ao sucumbir à pressão do atual bicampeão, e não deu chances de o piloto da Honda dar bote igual em Brno. Se mantiver essa toada, Lorenzo pode muito bem conquistar o título da temporada, mas ele precisa ficar atento: ainda restam várias corridas, e Valentino Rossi e Marc Márquez não podem ser descartados da briga pelo campeonato.

Juan Pablo Montoya: O piloto da Penske vem mantendo sua constância no campeonato 2015 da Indy Racing League, e em Pocono, conseguiu ficar livre de todas as confusões que surgiram durante a corrida, e ainda viu seus principais perseguidores na luta pelo título terminarem em má posição (Scott Dixon) ou abandonarem em acidente (Graham Rahal). Mas o piloto colombiano não pode comemorar de antevéspera a vantagem que possui na classificação, pois a etapa final da competição, no circuito de Sonoma, terá pontuação dobrada, e isso coloca até mesmo Hélio Castro Neves com chances de chegar ao título, dependendo da combinação de resultados.

Lewis Hamilton: O piloto da equipe Mercedes continua sua jornada rumo ao tricampeonato, com mais uma vitória no currículo, ao vencer o GP da Bélgica, seu 6° triunfo na temporada, e livrar 28 pontos de vantagem sobre Nico Rosberg, que ensaiou uma reação nos treinos livres, mas capitulou na classificação perdendo a pole em Spa por quase 0s5 para o atual bicampeão, e depois ainda fez uma péssima largada, permitindo ao parceiro controlar a prova a seu bel-prazer. Mas Hamilton procura não se iludir: no ano passado, Rosberg chegou a ter 29 pontos de vantagem sobre ele, e o inglês conseguiu reverter as expectativas e conquistar o título. Pelo que Nico Rosberg tem mostrado este ano, pode ser difícil que o alemão consiga efetuar essa reviravolta no campeonato, mas pelo sim pelo não, seguro morreu de velho, e Lewis quer continuar vencendo tudo até o fim do ano, independente de quantas corridas precise para encerrar matematicamente a disputa.

Elkhart Lake na IRL 2016: Considerado o mais carismático e belo circuito misto dos Estados Unidos, a pista de Elkhart Lake, em Road America, finalmente fará parte do calendário da Indy Racing League, após a direção da Indycar finalmente conseguir chegar a um acordo com os dirigentes da pista, que não sediava uma prova de competições monoposto TOP desde a última temporada da F-Indy original, em 2007. Com praticamente 6 Km de extensão, Elkhart Lake é considerada a "Spa-Francorchamps" da América, pelo belo visual de florestas à beira da pista, que possui longas retas e uma boa variedade de curvas. Nem é preciso dizer que as equipes e pilotos da categoria já ficaram entusiasmados de poderem voltar a competir neste circuito, o que já garante um atrativo adicional para a temporada do próximo ano. Depois dessa, será que conseguiriam trazer Portland e Laguna Seca para a competição? São outras duas pistas das quais os fãs têm muita saudade...

Jean Azevedo: O piloto brasileiro, experiente participante de importantes provas de ralli pelo mundo inteiro, entre eles o Dakar, conseguiu adicionar mais um troféu à sua carreira: venceu o Rali dos Sertões 2015 na categoria motos, no que foi o seu sexto triunfo na mais importante competição nacional off-road, com 23 edições entre os anos de 1993 e 2015. Seu primeiro triunfo foi na edição de 1995, conquistando o bicampeonato no ano 2000. Os demais títulos foram conquistados nas edições de 2002, 2004, e 2005. Demorou praticamente uma década para um novo triunfo, mas Jean sempre foi perseverante, e nunca desanimou, e quem persevera sempre alcança, como mostra o seu hexacampeonato na prova. E ele estará de volta na competição de 2016...



NA MESMA:

Kimi Raikkonen: O piloto finlandês ganhou às vésperas da prova belga em Spa o seu presente de Natal ao ser confirmado na Ferrari para a temporada de 2016, mas os resultados na pista neste mês de agosto foram de doer. Na Hungria, onde vinha firme para conseguir, junto com Sebastian Vettel uma dobradinha para seu time, o carro enguiçou, tirando o piloto de combate. Já na Bélgica, pista onde Kimi sempre andou bem, um câmbio pifado na classificação o obrigou a largar lá atrás, e sem o modelo SF15 T exibir o mesmo desempenho visto na Hungria, teve uma corrida apática e sem brilho, só pontuando devido aos azares dos rivais que iam à sua frente, inclusive do próprio companheiro de equipe. Desse jeito, é esperar que a Ferrari não se arrependa de ter renovado com o finlandês para a próxima temporada.

Valtteri Bottas: O piloto finlandês era o mais cotado para ser o companheiro de Sebastian Vettel na Ferrari em 2016, na hipótese do time italiano não renovar o contrato de Kimi Raikkonen. Tanto que o piloto já vinha dando algumas declarações com críticas indiretas à Williams, dando a entender que o time já deu tudo em termos de performance, e que sua única chance de evoluir seria ir para uma escuderia mais competitiva, obviamente, a Ferrari. Como quebrou a cara, agora só resta ficar onde está, o que não é exatamente ruim, pois a escuderia inglesa ainda faz um bom campeonato, apesar de alguns momentos ruins. E felizmente Bottas não desandou a falar mal do time como fez Pastor Maldonado em fins de 2013, quando praticamente forçou sua saída da Williams depois do péssimo campeonato daquele ano.

Performance da Williams: O time de Frank Williams precisa resolver os problemas de seu carro em relação a pistas travadas, onde mostraram um desempenho ruim este ano. Só que, por incrível que pareça, o time não conseguiu se encontrar direito na Bélgica, uma pista de alta velocidade onde em 2014 conquistou um pódio merecido com uma performance consistente, algo que não demonstrou durante a corrida deste ano. Para piorar, ainda viu equipes teoricamente menos competitivas se saírem melhor, como Lotus, Red Bull, Force India, e até a Toro Rosso. Não conseguir se entender com os pneus médios em um circuito favorável a seu carro mostra que o time ainda tem muito o que melhorar, para não mencionar as táticas conservadoras de corrida, e erros infantis no pit stop, como no carro de Bottas sair com 3 pneus macios e um médio em sua primeira parada. Neste ritmo, se a concorrência se acertar, pode ameaçar o 3° lugar da escuderia no campeonato.

Mundial de Rali: Sébastien Ogier está com o tricampeonato praticamente garantido. O piloto francês venceu o Rali da Alemanha, e já tem 93 pontos de vantagem para o vice-líder, Jari-Matti Latvala. Com apenas 4 etapas para fechar o campeonato de 2015, caso não aconteça nenhum desastre completo na equipe oficial da Volkswagen, Ogier deve comemorar o título na etapa da Austrália, programada para o segundo fim de semana de setembro. Sobrará aos torcedores acompanharem a briga pelo vice-campeonato, que pelo menos está até bem equilibrada. Assim como acontecia nos tempos em que Sébastian Loeb competia, Ogier está destoando do resto da turma, e deitando e rolando na competição, sem perspectiva de mudanças no curto prazo.

Valentino Rossi: O piloto italiano começou muito bem o campeonato 2015 da MotoGP, e veio liderando a competição até a última corrida, na República Tcheca, onde a vitória de seu companheiro Jorge Lorenzo o colocou como novo líder da disputa. Rossi vem mantendo uma excelente constância na temporada, mas agora na segunda faze, precisará de mais do que apenas regularidade para alcançar o título. Lorenzo é a ameaça mais forte no momento, mas se o "Doutor" relaxar, pode até ser alcançado pelo atual campeão Marc Márquez. Com 3 vitórias no ano, é hora de partir para novas vitórias, para voltar a ditar as regras da competição. Valentino sabe disso, e vai precisar caprichar para não deixar os adversários tomarem a dianteira na disputa. O duelo promete ser bom até a etapa final, em Valência, na Espanha, em novembro.



EM BAIXA:

McLaren Honda: De nada adiantaram as declarações de Yasuhira Arai de que os motores da Honda teriam uma nova versão com muito mais potência na Bélgica, pois os resultados no fim de semana foram pífios, com os carros de Woking só não andando mais lentos do que os da Marussia. E tendo de trocar novamente de unidade de potência, tanto Jenson Button quanto Fernando Alonso tiveram penalizações quilométricas, que nas piadas de alguns, os obrigariam a largar lá da Dinamarca. E durante a corrida, Button sofreu com o enguiço do sistema do ERS, enquanto Alonso, fazendo o que podia, mostrava que outro dia no ano como o da Hungria, onde foi 5° colocado, não deve se repetir em 2015, a menos que aconteça um milagre. Desnecessário dizer que a parceria anglo-nipônica está sendo duramente testada, e a paciência de alguém vai chegar logo ao fim. Resta saber quem será o primeiro a perder as estribeiras...

California Speedway fora da do calendário da IRL: Não teve jeito. Após a prova com um público pífio registrado este ano, o circuito de Fontana está fora do calendário da Indy Racing League na próxima temporada. O oval californiano já tinha tido um público ruim no ano passado, quando foi a feita a decisão do campeonato, mas a prova de 2015 foi realizada quase que sem público nas arquibancadas do autódromo, de modo que poucas pessoas viram a excelente corrida disputada na pista. A promoção de algumas etapas continua sendo um ponto negativo da categoria, que precisa melhorar sua divulgação a fim de não ter este vexame. E o público gosta sim de corrida em pista oval, como provam as etapas da Nascar, realizadas quase totalmente em pistas ovais, sempre com a casa cheia.

Nova morte na IRL: Depois do trágico acidente que vitimou o inglês Dan Wheldon há 4 anos, a Indy Racing League trocou seus monopostos por um modelo bem mais seguro, e apesar das capotagens vistas em Indianápolis este ano nos treinos, o carro vinha mostrando ser realmente bem seguro, tanto que protegeu de forma eficiente o escocês Dario Franchiti em um violento acidente em uma corrida no final do campeonato de 2013, ainda que Dario tenha se aposentado depois por causa da pancada. Mas o automobilismo é um esporte perigoso, e as 500 Milhas de Pocono deste ano infelizmente tiveram um momento trágico, com o piloto inglês Justin Wilson a ser atingido de forma fortuita por um pedaço do bico do carro do piloto Sage Karam, que rodou na parte final da prova, acertou o muro, e tivemos o lamentável incidente com Wilson, que desmaiou com o impacto e ainda acertou o muro logo em seguida. Mas este impacto não foi o que causou a morte do piloto, e sim a violenta pancada em sua cabeça pelos restos do bico do bólido de Karan, que causou ferimentos em sua cabeça, mesmo com o capacete não sofrendo danos pela impacto. Justin foi levado de helicóptero para o hospital, mas faleceu no dia seguinte, para tristeza de seus colegas, times, e da direção da Indycar.

Nissan fora do Mundial de Endurance: Depois do vexame exibido nas 24 Horas de Le Mans, quando seu novo modelo protótipo GT-R Nismo LM na categoria LMP1 exibiu vários problemas e pouca competitividade, a fábrica japonesa decidiu se retirar da competição e trabalhar em testes particulares para melhorar a performance do modelo, prometendo voltar se o trabalho mostrar evolução do bólido, de forma que possam não apenas competir, mas também serem competitivos. Não é para menos: em Le Sarthe, o único exemplar do Nissan chegou com mais de 100 voltas de desvantagem para o carro vencedor, e se levarmos em conta que a pista de Le Mans tem quase 14 Km de extensão, dá para ver a falta de performance exibida pelo protótipo japonês, que nem recebeu classificação devido ao resultado tão pífio. O modelo despertou muita atenção pela sua motorização dianteira, e prometia causar uma revolução na divisão LMP1, mas os resultados frustraram a todos. Resta saber se conseguirão voltar em breve tempo, ou se o trabalho para desenvolver o bólido vai ser mais complicado do que se espera.

Acordos enrolados na F-1: Depois da lambança perpetrada pela equipe Sauber no início do ano, quando teve a intervenção da justiça da Austrália durante o GP no país por um processo movido pelo piloto Giedo Van Der Garde por causa de um contrato assinado no ano passado que o garantia como titular este ano, o que o levou a acionar a escuderia na justiça para o cumprimento do acordo, agora na Bélgica foi a vez da Lotus passar por enrosco semelhante: o piloto Charles Pic assinou contrato de piloto reserva do time que prometeu que ele andaria em determinados treinos livres aos fins de semana de GPs. Como o time não cumpriu o acordo, Pic acionou a justiça belga, que literalmente "prendeu" os caminhões do time no paddock de Spa-Francorchamps ao fim do GP. O time conseguiu a liberação do seu equipamento, que voltou para sua base em Enstone, na Inglaterra, de onde seguirão no próximo final de semana para Monza, palco do GP da Itália, mas a briga na justiça ainda não está acabada, e podem surgir novas complicações para a escuderia, que já anda mal das pernas financeiramente. Os times que façam contratos mais corretos com seus pilotos, para prevenirem estes rolos. Infelizmente, Pic, a exemplo de Van Der Garde, deve se tornar persona non grata na F-1 depois disso, pois os chefões das equipes não gostam quando os pilotos começam a cantar de galo muito alto...

 

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

DUCHA DE ÁGUA FRIA



Acabou o suspense sobre Kimi Raikkonen: o finlandês fica na Ferrari em 2016. A "expressão" do Homem de Gelo diz tudo...

            A F-1 está de volta, e no belo palco de Spa-Francorchamps, onde hoje começam os treinos oficiais para o Grande Prêmio da Bélgica, que acontece neste domingo. E, como não poderia deixar de ser, o grande mote do retorno das atividades é a notícia da confirmação do finlandês Kimi Raikkonen na Ferrari para a temporada de 2016, que praticamente jogou uma tremenda ducha de água fria nas expectativas de muita gente, especialmente alguns pilotos que eram tidos como opções do time italiano para o próximo ano.
            E ninguém está mais decepcionado do que Valtteri Bottas, conforme o próprio demonstrou ontem no paddock, nas entrevistas, onde tentava esconder a frustração, mas exibindo uma cara de poucos amigos, denunciando seu estado de espírito. Depois da excelente temporada feita em 2014, Bottas se transformou num dos nomes mais veiculados nos bastidores como potencial campeão da F-1, tão logo tenha um carro decente para competir. E não foi surpresa que seu nome era o mais visado para ser companheiro de Sebastian Vettel no time italiano no próximo ano, em vista dos maus resultados apresentados por Raikkonen nesta temporada.
            O próprio Bottas ultimamente veio dando alguns sinais de que tentaria sair da Williams para o próximo ano, dando algumas indiretas de que não seria no time inglês que ele venceria, numa alegação de que a escuderia não tem capacidade para vencer na categoria. De fato, a Williams não vence há um bom tempo, mas diante da supremacia da Mercedes, isso não é exatamente demérito. Por outro lado, se recordarmos algumas temporadas sofríveis vividas pela escuderia recentemente, seu estado atual é de um grande renascimento, que mais dia, menos dia, a colocará de volta no topo. Só precisa continuar melhorando. Mas haviam alguns obstáculos no caminho do finlandês. O primeiro deles é o fato de ainda ter contrato com a Williams para 2016. Nada que não pudesse ser resolvido com um acordo financeiro, afinal, tanto Williams quanto Ferrari já fizeram isso antes. Jean Alesi, sensação da F-1 em 1990, tinha assinado com o time inglês para 1991, mas a Ferrari conseguiu sua liberação com um bom acordo financeiro, e um modelo 640 de bônus que Frank Williams exibe em sua coleção de monopostos na sede de sua escuderia. Por que não poderia acontecer novamente? Até porque, depois dos resultados de Raikkonen nas últimas corridas, Kimi já era quase dado como carta fora do baralho da Ferrari para 2016.
Principal nome cotado para substituir Kimi na Ferrari, Bottas agora reclama do excesso de especulação sobre seu nome pela imprensa. Mas que ele queria a vaga, queria...
            Mas, a F-1 de vez em quando costuma surpreender, e a manutenção de Kimi ao lado de Vettel demonstra uma paciência de um time que sabe que precisa continuar crescendo, e depois de apresentar um ambiente de muita politicagem nos últimos anos, é quase um milagre o time italiano ser hoje um dos mais descontraídos da categoria. Não que tenha sumido a pressão por resultados e suas cobranças, mas o clima interno, que nos últimos anos sempre foi carregado e conturbado, está espantosamente "zen" na escuderia. Tem mais: Vettel e Raikkonen se dão muito bem, ao contrário do clima que imperava na "era" Alonso no time, onde o piloto espanhol sempre exigia ser o centro das atenções. Isso já faz uma diferença tremenda, e ter um ambiente sem conflitos é um trunfo na busca por melhorias. E não há como negar que a Ferrari hoje é o principal nome a desafiar a Mercedes. Vettel já conseguiu vencer duas vezes no ano, e mesmo com a superioridade da Mercedes atualmente, a meta é de médio prazo, com vistas a realmente desafiar a supremacia alemã a partir do próximo ano. O próprio Maurizio Arrivabene declarou que vencer pelo menos 2 vezes em 2015 era a meta mais ambiciosa. Com metade da temporada ainda pela frente, e já tendo atingido este objetivo, o que vier daqui para a frente pode ser considerado lucro. E manter a base da escuderia o mais incólume possível é a receita para manter a equipe focada para 2016.
            Até o presente momento, não dá para especular como será a relação de forças da F-1 em 2016. A Mercedes pode continuar sendo tão ou até mais forte do que é atualmente, mas a Ferrari tem planos de eliminar sua desvantagem e lutar fortemente pelo título. Raikkonen, aliás, não está fazendo um campeonato tão ruim assim. Alguns resultados, como na Áustria e na Hungria, onde ele abandonou sem marcar pontos, não foram culpa dele, enquanto em outras provas o finlandês realmente ficou devendo. Mas não foi a Ferrari que manteve Felipe Massa por vários anos, mesmo o brasileiro rendendo menos do que Alonso? O espanhol defendia o brasileiro como companheiro de equipe, até porque não queria ninguém de peso a seu lado, e em parte, Vettel também defende Kimi como um bom colega de time, e isso certamente contou para a sua manutenção. Que Kimi aproveite a chance e mostre do que ainda é capaz ao volante de um carro de F-1, como fez no seus dois anos na Lotus.
            Outro nome que tinha chances de ser o novo companheiro de Vettel no time italiano era do alemão Nico Hulkenberg, da Force India, cuja cotação cresceu bastante após sua vitória nas 24 Horas de Le Mans deste ano, ao volante dos carros da Porshe. Por ser um nome menos badalado, e correndo por um time que anda curto de orçamento, sua liberação era muito mais simples e fácil do que a Valtteri Bottas, que ainda tinha contra si o fato de Toto Wolf, seu empresário, ter planos velados de colocá-lo na Mercedes, muito possivelmente no lugar de Nico Rosberg, a partir de 2017, ano em que a opção de renovação certamente penderia para a escuderia alemã, no caso de Rosberg perder novamente a disputa contra Lewis Hamilton nesta e na próxima temporada. Por isso, um acordo entre Bottas e a Ferrari teria de passar por Wolf, o que certamente dificultaria a obtenção de um acordo. Pelo seu lado, Hulkenberg, que já vem há algum tempo manifestando inconformismo por não ter chances de ser efetivado em um time realmente competitivo, vem pensando seriamente em se bandear para o Mundial de Endurance, ainda mais depois de seu belo desempenho em Le Sarthe com a Porshe. O time alemão certamente vai querer que seu piloto campeão em Le Mans guie novamente para eles, e se não visualizar melhor perspectiva na F-1, o que acho difícil, Nico certamente deixará a F-1, a exemplo do que Mark Webber fez ao fim de 2013. O momento seria agora, pois em 2016, sabe-se lá e o prestígio de Hulkenberg se manteria nos níveis atuais pilotando novamente um carro limitado na F-1.
Se não tiver perspectiva de um time competitivo para 2016 na F-1, Nico Hulkenberg deve ir para o Mundial de Endurance.
            O australiano Daniel Ricciardo, da Red Bull, era talvez o menos provável candidato a ser companheiro de Vettel na Ferrari, afinal, ele derrotou sistematicamente o tetracampeão no ano passado na equipe Red Bull, conseguindo inclusive vencer 3 provas, contra nenhuma de Sebastian, que inconformado resolveu pular fora e foi para a escuderia italiana. Com Vettel rendendo bastante no time, o estrago de uma possível reedição da dupla com nova vitória do australiano sobre o alemão poderia deixar o ambiente extremamente conturbado. É mais um forte indício de que a Ferrari optou por manter o bom clima no time mantendo Raikkonen do que contratando um piloto potencialmente forte que desestabilizasse Vettel novamente.
            Outro nome que poderia ir para o time italiano era o inglês Jenson Button, atualmente na McLaren. Outro piloto com excelente histórico de não se envolver em confusões com seus companheiros de equipe, o campeão de 2009 poderia ser um opção bem viável para ser companheiro de Vettel, até porque ele não tem contrato para 2016, nem mesmo com a McLaren. Sua contratação seria a mais fácil de ser conseguida entre os possíveis "pretendentes" à vaga.
            Com a manutenção de Kimi na Ferrari, as movimentações do próprio mercado de pilotos para 2016 também tomam uma bela ducha fria, pois significa que a grande maioria dos pilotos ficará onde está. A Mercedes já está fechada, e a Red Bull também não deve mexer em sua dupla. A Williams agora deve permanecer tanto com Felipe Massa quanto com Bottas. O brasileiro está fazendo uma boa temporada, e é muito elogiado pela área técnica da escuderia. Bottas, apesar do contrato ainda válido para 2016, disse querer negociar alguns termos de seu contrato, mas a exemplo do que aconteceu com Fernando Alonso no ano passado, as portas se fecharam, e as opções ficaram reduzidas, de modo que o finlandês deve se contentar em manter seu atual status no time. Todas as outras opções de vagas não muito menos atrativas.
            A Sauber já renovou com sua dupla. A Toro Rosso deve seguir com Max Verstappen e Carlos Sainz Jr. Marussia e a nova equipe Hass até o momento são totais incógnitas. Na Force India Sérgio Perez tem mais um ano de contrato, e se Nico Hulkenberg sair, abre-se uma vaga razoável, mas que precisará de aporte financeiro por parte dos interessados. E na Lotus, tudo dependerá se a Renault irá adquirir novamente o time ou não: com finanças combalidas, Pastor Maldonado deve ficar com seu patrocínio milionário da PDVSA, enquanto Romain Grosjean ainda tem cacife para se manter na escuderia, se a situação não piorar e forçar o time a escolher outro piloto com patrocínios de monta.
            De qualquer forma, a principal peça do xadrez do mercado já teve seu movimento definitivo feito, restando agora às peças coadjuvantes do jogo se virarem do melhor jeito que puderem. Aguardemos ver o que elas farão.


Uma das expectativas para a prova de domingo em Spa é ver como os pilotos irão se portar tendo de fazer sozinhos os ajustes de embreagem para a largada da corrida. Até a Hungria, os pilotos recebiam os dados dos engenheiros do box para ajustarem a embreagem de acordo com os dados obtidos pelos sensores ao longo das voltas de verificação quando saíam do box para ocuparem suas posições no grid de largada. Agora, esta ajuda está proibida pelo regulamento, a exemplo da proibição de repassar informações de ajuda de pilotagem instituídas durante o ano passado, visando tornar o papel dos pilotos mais decisivo e menos comandado pelos engenheiros nos boxes. Os pilotos deverão fazer eles mesmos os ajustes com base na sua sensibilidade do carro a partir de agora, e há o temor de que isso possa provocar algum acidente por ajustes malfeitos por parte de algum piloto, ainda mais porque nesta pista, a posição de largada é em descida, e logo temos a curva fechada La Source, onde vários acidentes já ocorreram em edições passadas. Creio que não deveremos ter maiores problemas nesse sentido, a exemplo do que falaram em ocasiões passadas quando outros recursos, como freios ABS ou controle de tração foram retirados, visando tornar a condução do piloto mais determinante na performance de um carro. Pode haver um ou outro piloto que se confunda, mas acredito que as equipes aproveitem os treinos livres de hoje e amanhã para fazer os pilotos testarem os ajustes no procedimento de largada, ao fim de cada treino, ou na saída dos boxes. Será uma tarefa a mais para os pilotos, mas servirá para mostrar como eles usam sua sensibilidade na percepção das condições de pista, que por mais sensores e computadores que tenham para fazer esse tipo de análise, é o piloto que deve decidir qual é a melhor opção. Aliás, antes de sensores e computadores, a percepção do piloto era crucial para saber como efetuar o melhor movimento na condução de um carro de corrida, e não vai fazer mal aos pilotos atuais melhorar sua percepção e sensibilidade. Os melhores pilotos deverão se adaptar rapidamente a essa nova condição. Resta saber quem terá as maiores dificuldades com a falta desta ajuda dos engenheiros dos boxes. E tomar cuidado redobrado com a freada para a La Source no domingo...


Um caso de invasão de pista parou um dos treinos livres da Camping World Truck Series, uma das subcategorias da Nascar, nesta última quarta-feira, no circuito de Bristol Speedway, no Estado do Tennessee. O invasor em questão era um coelhinho marrom que acabou surgindo na pista em meio ao treino. Bandeira vermelha acionada, lá foram os fiscais tentar pegar o simpático bichinho, que arisco como ele só, deu uma tremenda canseira no pessoal que tentava, ao menos, espantá-lo para sair da pista, o que acabou acontecendo depois de escapar do cerco dos fiscais. Felizmente o coelho deu sorte de sair dessa inteiro, pois em outras ocasiões, animais que invadiram pistas de corrida não apenas foram atropelados como causaram sérios acidentes. Ah, e o coelho corria pela pista que era uma barbaridade dos fiscais, a ponto de ter quem perguntasse qual era o tempo que o bichinho tinha feito, que segundo eles, seria mais ligeiro que vários dos competidores...


A Indy Racing League entra novamente na pista neste fim de semana, para a disputa das 500 Milhas de Pocono, última prova em circuito oval da temporada, que encerra-se no domingo da semana que vem, em Sonoma. Juan Pablo Montoya está fortemente acossado por Graham Rahal, que está apenas 9 pontos atrás na classificação, e desponta como grande sensação da temporada, desafiando o piloto da poderosa Penske, e tendo superado também Scott Dixon, da Ganassi. E, por se tratar de uma pista superspeedway, em uma corrida de 500 milhas, tudo pode acontecer. Montoya, que começou o ano vencendo em São Petesburgo, e favorito ao título na maior parte da temporada, vai conseguir se manter na frente, ou o jovem Rahal vai conseguir inverter as posições? É conferir no domingo, com transmissão ao vivo no canal pago Bandsports a partir das 15:30 Hrs.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

HAVOC SERIES - AS AVENTURAS E DESVENTURAS DO MUNDO DOS RALLYS



            De volta com a sessão de vídeos, o tema hoje são as competições de rally. Espalhadas pelo mundo afora, as competições off-road despertam a admiração e a adrenalina por vermos máquinas altamente potentes correrem por lugares muitas vezes inimagináveis para competições automobilísticas. De competições locais a provas de grande porte, como o famoso Rally Dakar, os participantes deste tipo de competição costumam mostrar sua destreza ao volante com grande desenvoltura, para delírio dos espectadores que ocupam os arredores para verem os carros acelerarem fundo no percurso, seja ele no asfalto, terra, lama, ou até mesmo na neve.
            Claro, por ser uma competição em terreno aberto, as vizinhanças nem sempre contam com artefatos de segurança ou zonas de escape. Uma derrapada pode ter consequências variadas, desde um simples despiste, ou um acidente de grandes proporções. Esta postagem de hoje traz uma pequena seleção de vídeos mostrando como os competidores das provas de rally tem seus altos e baixos, onde as chances de sair da pista e entrar numa fria são invariavelmente maiores do que as provas realizadas em autódromos concebidos propriamente para provas de competição.
            No primeiro vídeo da seleção, alguns dos momentos mais impactantes de provas do ano de 2012. Há de tudo um pouco aqui: carros possantes, carros de passeio convencionais, pilotagens arrojadas, e também algumas barbeiragens homéricas, que certamente devem ter feito a alegria de muitos funileiros e oficias de conserto de carros, para não falar dos vendedores de peças sobressalentes. Alguns trechos de pistas parecem propícios a atrair competidores para o mau caminho (ou mais especificamente para ir para fora do caminho), enquanto vocês podem conferir porque as valetas se tornaram as inimigas mortais dos pilotos deste tipo de competição...coitadas, elas não tem culpa de estarem por ali, ainda mais porque os pilotos insistem em passar por qualquer lugar... O vídeo foi postado no You Tube pelo usuário fukku666:



            Neste vídeo seguinte, mais algumas peripécias de provas de 2012, com os competidores voando baixo nos percursos, no sentido mais literal da palavra, e também mostrando que não importa se o chão é de asfalto, terra, ou neve, tudo é pista, e a ordem é acelerar, tanto quanto o carro aguentar ou o percurso permitir. Geralmente, tanto um quanto o outro acabam não entrando em um acordo, e o resultado são alguns acidentes que certamente fizeram a alegria do sucateiro mais próximo, para não dizer do público espectador que adora catar lembranças de carros de competição batidos nestas provas... Ah, sim, neste vídeo, algumas câmeras infelizmente se juntaram aos infortúnios ocorridos, quando não foram sumariamente atropeladas pelos competidores. Confiram o vídeo do usuário Rallye-MAD postado no You Tube:



            O vídeo seguinte mostra algumas das melhores "pancadas" do ano de 2013 no mundo do off-road, mostrando que tudo o que está à beira do percurso de um rally pode ser vítima de atropelamento, das inocentes faixas delimitando o percurso a qualquer construção ou vegetação existente à beira da estrada. Se é verdade que uma árvore pode parar um carro, veja uma cerca mostrando que pode ser tão durona quanto, e decididamente, quanto alguns caras resolvem capotar, deviam evitar fazê-lo em trechos de areia, onde levantam tanta poeira que não é possível ver as reviravoltas dos carros, pois quando a poeira assenta, lá está o carro todo ou meio batido, e os caras já saindo (felizmente) do que sobrou de seu veículo de competição. Muitos aqui neste vídeo parecem seguir o ditado "nóis capota mais num breca...", e eles mostram muita determinação neste sentido. O vídeo é do You Tube, postado pelo usuário petrorally:



            O vídeo seguinte traz outras confusões do ano de 2013 no mundo dos rallys, com algumas tomadas interessantes de como alguns trechos são realmente mais acidentados ou propensos a acidentes do que outros. E é sempre bom ver o público ir dar uma mão aos acidentados, muitas vezes ajudando até a desvirar os carros capotados, mesmo que eles não tenham mais condição de seguir em frente. Um trecho interessante deste vídeo mostra alguns acidentes com carros mais antigos, incluindo até um fusca, só para lembrar que o mundo destas competições off-road não é povoado apenas de máquinas "envenenadas", mas também de carros comuns iguais ao que você vê na rua, que nas mãos de um aventureiro do volante, mostra a sua velocidade nestas competições. Se o veículo vai sair inteiro dela, bem, isso é outra história. Confiram o vídeo do You Tube postado pelo usuário JPeltsi, e vejam como alguns pilotos acidentam-se com seus carros e continuam acelerando forte, e até conseguindo voltar à competição:



            Fechando esta sessão de vídeos, uma compilação de alguns acidentes ocorridos em 2014 e 2015, mostrando como estes ases do volante são capazes de algumas proezas impressionantes, como capotar sem amassar a lataria do carro, ou simplesmente passar pelo pior de um acidente potencial escapando dele, apenas para se acidentar logo a seguir, quando tudo parecia mais fácil. E isso sem falar que alguns carros andam perdendo seus pneus durante a competição (será que as rodas pressentiam que vinha alguma fria alguns metros adiante?). O vídeo é do usuário JokTV, postado no You Tube:



            E assim, ficamos por hoje, com esta bela compilação de alguns acidentes e infortúnios ocorridos nas provas do off-road, assunto que ainda tem muito a ser explorado, quem sabe em uma postagem futura, com mais algumas cacetadas que estes caras dão em suas competições sobre qualquer tido de terreno. Até a próxima...

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

E SURGE UMA NOVA CATEGORIA...



A F-Inter e o seu monoposto de competição, que será alugado para os pilotos que quiserem competir no certame.

            Ontem, em São Paulo, foi feito o lançamento oficial da mais nova categoria do automobilismo nacional, a F-INTER, que surge como uma nova proposta de formação e desenvolvimento para os pilotos no Brasil, com custos bem acessíveis para todos os interessados. A nova categoria é fruto da paixão do empresário Marcos Galassi, que comandou a apresentação do certame, que iniciará seu campeonato no próximo ano, e fará parte do Campeonato Paulista de Automobilismo, sob administração da Federação de Automobilismo de São Paulo.
            Começando hoje, dia 14, e indo até domingo, dia 16, a F-Inter estará fazendo sua apresentação aos pilotos, ao mercado, e a todos os fãs que amam o automobilismo. O objetivo é promover hoje 2 eventos programados voltados especialmente para os pilotos interessados em competir na nova categoria, e amanhã e no domingo, fazer uma apresentação geral ao público, para divulgar a todos o projeto e permitir que os fãs possam ver de perto os planos da categoria. Pelo cronograma, hoje, dàs 11 e as 16 horas, os eventos serão destinados aos pilotos e pretendentes a pilotos que estejam interessados em participar da competição. O objetivo é permitir que possam conhecer o carro que será utilizado no certame, além de ficarem a par de todas as condições comerciais, a plataforma de comunicação e o calendário da primeira temporada. Em ambos os eventos os participantes já poderão convidar potenciais patrocinadores e apoiadores para seus planos de participação, podendo assim receber todo o suporte da equipe F-Inter sobre todos os temas a serem expostos. Para o sábado e o domingo, a intenção é abrir as portas à visitação do público interessado em geral, no horário entre as 10 e as 18 horas, para que todos os fãs de corridas tenham a chance em conhecer de perto o carro, saber detalhes sobre a categoria, tirar fotos, etc. Tudo será realizado na sede da nova categoria, localizada em São Paulo, capital, na Rua Aurea, 36, no bairro da Vila Mariana, zona sul.
            O esquema de competição será no estilo "sente e pague". Por um valor determinado, o piloto ou candidato a piloto poderá disputar o campeonato que será realizado no ano que vem. Obviamente que não será qualquer um que poderá pilotar os carros. Os candidatos terão de possuir licença de competição da Federação Paulista de Automobilismo. Para quem não tiver a licença, a própria F-Inter irá indicar o candidato a uma escola de pilotagem credenciada, onde a pessoa precisará passar pelos trâmites normais de obtenção de uma licença desse porte.
            O valor de locação do carro de competição inclui pneus + combústivel + operação para todas as 11 etapas (compreendido o Torneio Interfest 2015 mais a Temporada 2016 da F-Inter). Cada etapa inclui um mínimo de 2 sessões de treinos livres, mais o treino de classificação e a corrida propriamente dita por final de semana. Mas o pacote é bem mais abrangente do que se imagina, e inclui outros benefícios, entre eles: equipe e infraestrutura de box completas; Hospitality Center com Buffet em cada uma das etapas para até 4 pessoas adicionais (poderão ser convidados mais pessoas, mas nesse caso os convites adicionais devem ser comprados separadamente); gravação de todas as etapas para eventual veiculação em série de TV e outros meios; participação no Clube F-Inter, que será um clube de pilotos que desfrutará das parcerias firmadas pela F-Inter, bem como descontos em produtos da Corsa Racing e descontos na Escola de Pilotagem Alpie; assessoria de imprensa especializada para a categoria; produção de conteúdo com o piloto, relacionando-o à F-Inter; concepção e produção de produtos de marketing pessoal para cada piloto, como camisetas, bonés, camisas, etc...; merchandising nas áreas designadas do carro e Hospitality Center; participação na série de TV F-Inter (ainda em negociação) e nas ações de mídias sociais proporcionando um maior apelo de mídia para o piloto e seu patrocinador; programa de treinamento em pilotagem, marketing, media training, coleta e análise de dados e mecânica ministrados pelo time da F-Inter composto por profissionais em cada uma das áreas, que ocorrerão após o início da temporada; além de outros benefícios que ainda estão sendo desenvolvidos pela direção da nova categoria.
F-Inter MG-15 será o monoposto de competição que será oferecido aos pilotos interessados, e foi desenvolvido no Brasil para a nova competição.
            O carro será igual para todos os pilotos, não haverá equipes, uma vez que todos os monopostos pertencerão à própria F-Inter. O modelo foi desenvolvido e concebido no Brasil, utilizando os mais modernos conhecimentos de construção de carros de competição monoposto. Com a intenção de produzir um carro com os custos mais acessíveis possível, praticamente mais de 90% do bólido foi desenvolvido e produzido na Minelli Racing. O monoposto é designado F-Inter MG-15, com estrutura de chassi tubular, suspensões independentes, e conta com um motor 2.0, de quatro cilindros, 16 válvulas, com injeção direta, e potência de cerca de 191 HPs. A caixa de câmbio é nacional, com 4 marchas em "H". O bólido deve ser capaz de chegar próximo dos 250 Km/h nas retas do circuito de Interlagos, e utilizará rodas de fabricação própria em magnésio de aro 13 polegadas, com tamanho de 8 polegadas na dianteira e 10 polegadas na traseira. Os pneus serão fornecidos pela Pirelli, uma das apoiadoras do projeto do novo certame. A carenagem será de fibra de vidro e carbono, além de outros materiais compostos. O carro contará com asas dianteira e traseiras, ajustáveis.
            Marcus Galassi, que comanda a iniciativa desta nova categoria de competição, viveu nos Estados Unidos nos últimos tempos, e lá adquiriu conhecimento e experiência com as categorias de acesso à Indycar, como a Pro Mazda. Num momento particularmente difícil na economia nacional, e no próprio automobilismo nacional, tudo o que ele vivenciou por lá lhe permitiu conhecer as necessidades e desafios que terão de ser vencidos no estabelecimento desta nova categoria de competição nacional. A empreitada, na verdade, já vem sendo desenvolvida há vários meses, numa preparação meticulosa para não dar passos em falso. Mesmo com o lançamento oficial que está sendo feito neste fim de semana em São Paulo, capital, Galassi e toda a sua equipe continuam desenvolvendo o projeto, em busca do maior número de parcerias possível, para garantir a máxima estabilidade do projeto. Tudo isso com um planejamento de divulgação profissional e que permita a exposição da categoria e de seus parceiros e patrocinadores. E divulgação é um dos fatores primordiais para que uma categoria de competição tenha sucesso. Visando garantir uma boa divulgação, a nova F-Inter terá um canal exclusivo no site Grande Prêmio (www.grandepremio.uol.com.br), especializado em cobertura e notícias do mundo das competições automobilísticas, onde será feita a cobertura de todas as etapas do campeonato, bem como programas especiais sobre a categoria.
            Trata-se de uma excelente iniciativa para melhorar e desenvolver o automobilismo nacional, que hoje é praticamente uma sombra do que já foi, quando nosso país possuía diversas categorias, que nos permitiram brilhar no automobilismo internacional, com a obtenção de títulos nas mais respeitadas competições do mundo do esporte a motor, como os títulos conquistados na F-1, na F-Indy, IRL, F-3 inglesa, etc. Tínhamos tantos nomes bons com potencial de ser campeões que ser brasileiro já era uma recomendação quase básica. Infelizmente, nosso mercado nacional de competição foi definhando, e hoje, praticamente não oferece mais as mesmas oportunidades de formação aos pilotos que querem seguir carreira.
            As competições de kart seguem firmes, revelando nomes todos os anos, mas após o kart, não há mais categorias-escola, onde os pilotos possam dar o passo seguinte em suas carreiras, e começar a formar melhor sua base de conhecimento de competições mais aprimoradas. Antigamente, ao sair do kart, havia várias categorias monoposto onde o piloto poderia continuar seu aprendizado, como a F-Vê, F-Ford, F-Chevrolet, F-2, F-3, etc. Hoje, temos apenas a F-3 Brasil, um novo campeonato monoposto formado após o fim da antiga F-3 brasileira, e F-3 sul-americana. As fábricas deixaram de apoiar os campeonatos que levavam seus nomes, como a F-Ford, e a F-Chevrolet. E, fora a F-3 Brasil, temos a Stock Car e a F-Truck, que já são competições voltadas mais para pilotos formados e experientes. Não há outras opções de competição mais viáveis, e quem quer dar um seguimento à carreira, tem de ir para o exterior, em um momento onde os custos de competição andam altos em vários lugares, e mesmo onde os custos são mais acessíveis, os patrocínios andam escassos.
            A nova F-Inter tem o objetivo de preencher parte desta lacuna que surgiu no automobilismo nacional nos últimos anos. A idéia é dar aos pilotos a chance de competirem por um custo relativamente baixo, dados os benefícios inclusos no pacote. Além dos patrocínios oficiais da competição, a idéia é também ajudar os pilotos a terem condições de batalhar por patrocínios no mercado, ajudando o piloto a desenvolver suas habilidades de negociação e gerenciamento. E, oferecendo suporte técnico profissional, permitir aos pilotos aumentarem seus conhecimentos sobre o comportamento dos carros, como fazer seus ajustes, entender sua mecânica, etc. Outro ponto interessante é a premissa de formar pilotos através da Academia F-Inter, para fomento de novos talentos no mundo do automobilismo, onde os candidatos terão aulas e cursos sobre várias disciplinas. A academia, aliás, já tem sua primeira turma de pilotos formados, cuja supervisão esteve a cargo de Roberto Moreno, piloto brasileiro com larga experiência no mundo do automobilismo, tendo passado pela F-1 e pela F-Indy.
            A parceria com o site Grande Prêmio também é uma ótima oportunidade de se garantir uma excelente divulgação. Não é segredo de ninguém que nos últimos tempos, a mídia "tradicional", leia-se jornais e revistas, praticamente sumiu com seus espaços dedicados às competições do esporte a motor. Havia época onde os principais jornais divulgavam as provas e acontecimentos das categorias de base de nosso automobilismo, o que também acontecia em revistas como a Quatro Rodas e a AutoEsporte, títulos que hoje praticamente varreram do mapa suas seções que falavam de corridas. Hoje, a divulgação está na internet, e é preciso um bom projeto para que isso não apenas garanta visibilidade, mas também viabilidade financeira.
            O custo de competição da nova categoria deve ficar abaixo de R$ 15 mil por corrida, e quem quiser disputar a F-Inter terá de adquirir o pacote de locação para toda a temporada, com suas 11 etapas, com um preço total de pouco mais de R$ 150 mil, não sendo aceitas inscrições apenas para uma corrida. Acho justo, pois está sendo dada uma excelente oportunidade de competição com custos acessíveis, e um piloto que queira mesmo seguir firme na carreira, tem de se planejar e aproveitar de forma séria a chance que o novo certame está oferecendo, não sendo certo correr apenas uma ou outra corrida, desistir logo em seguida e pular para outro canto, para seguir outro caminho, dependendo das conveniências.
            E a pergunta é: este novo campeonato irá prosperar? Só saberemos a resposta no próximo ano. Espero que ele tenha melhor sorte do que a Fórmula Futuro, campeonato que foi criado com ajuda do piloto Felipe Massa, mas que definhou após poucos anos de existência, ficando sem apoio da CBA e das montadoras de automóveis. Tudo indica que a F-Inter terá condições melhores de êxito. Os custos serão mais baixos, e a competição se dará entre pilotos, e não equipes. Os carros serão iguais, e seu desenvolvimento será controlado pela própria direção da categoria, uma vez que todos os carros lhe pertencem. As provas deverão ser disputadas unicamente em Interlagos, uma vez que a categoria fará parte do Campeonato Paulista de Automobilismo. Aliás, o próprio nome F-Inter é em referência ao autódromo da capital paulista. Quem sabe, futuramente, o certame possa disputar provas em outras pistas e Estados do país. E o mais importante de tudo é que é uma categoria criada por uma iniciativa privada, ou seja, sem ter de depender da cartolagem da CBA para se desenvolver. Só isso já ajudará bastante, e ajudará ainda mais se a entidade não resolver se meter a besta querendo impor sua autoridade e condições para que a nova competição possa desempenhar seu papel. O maior medo é da entidade resolver meter a mão no meio e ajudar a entornar o caldo, azedando-o. Não é querer ser pessimista, mas de saber que boas e positivas iniciativas que são tomadas neste país sempre despertam inveja e ciumeira de quem está por cima, e se acha no direito de impor sua visão aos demais.
            A F-Inter tem um projeto e desafio entusiasmantes. Que possam ser bem sucedidos em todos os seus objetivos, e ajudem a resgatar o brilho, a força, e o respeito que o automobilismo nacional já teve um dia. Boa sorte a Marcos Galassi e todos os envolvidos neste projeto. E que possa ser apenas o primeiro de outros na área. Temos potencial e mercado para isso. Cabe apenas ser explorado e conduzido como se deve.


Depois da etapa de Curitiba, a Stock Car chegou a Goiânia para a disputa da mais esperada corrida do campeonato, a Corrida do Milhão, onde o vencedor leva a quantia de R$ 1 milhão. Foi nesta corrida ano passado que Rubens Barrichello obteve sua primeira vitória na Stock, e iniciou sua arrancada para a luta pelo título. Depois de ter cumprido a suspensão imposta pela CBA pelo ocorrido na etapa de Ribeirão Preto, Cacá Bueno está de volta à pista, mas o estrago a se recuperar será grande: Cacá é o 3° no campeonato, com 113 pontos. À sua frente estão Júlio Campos, com 115 pontos; e o líder da competição, Marcos Gomes, com 145 pontos. Atual campeão, Rubens Barrichello é o 5° colocado, com 107 pontos.