quarta-feira, 27 de maio de 2015

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - MAIO DE 2015



            Olá novamente a todos os leitores. Mais um mês está indo embora, e chegou a hora de termos mais uma edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, com um balanço dos acontecimentos vivenciados pelo mundo do esporte a motor neste mês de maio. Então, uma boa leitura a todos, com o velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). E a até a próxima edição da Cotação Automobilística, que estará disponível aqui no final do próximo mês...



EM ALTA:

Juan Pablo Montoya: Além de liderar o campeonato da Indy Racing League, o piloto colombiano da equipe Penske venceu pela segunda vez as 500 Milhas de Indianápolis, prova que já havia vencido em 2000, quando de sua única participação naquela temporada de uma prova da IRL. O feito se torna ainda mais evidente se levarmos em conta que ele foi o piloto do time de Roger Penske com a pior posição de largada no grid da prova, 15°, e fez uma corrida agressiva, escalando todo o pelotão, para não apenas chegar entre os primeiros, mas superá-los, em uma disputa eletrizante nas voltas finais. Montoya também é o primeiro piloto a repetir vitória na temporada, pois já tinha vencido a corrida inaugural, em São Petesburgo. Campeão da Fórmula Indy em 1999 pela Ganassi, que o contratou para substituir o então bicampeão Alessandro Zanardi, o colombiano vai agora em busca de seu primeiro título na IRL. E ele mostra que vai ser um páreo duro de ser vencido...

Jorge Lorenzo: O bicampeão espanhol teve um início de campeonato meio claudicante este ano na MotoGP, sendo amplamente superado por seu companheiro de equipe Valentino Rossi, mas deu a volta por cima nas duas últimas etapas, em Jerez de La Fronteira e Le Mans, conquistando duas vitórias firmes que o relançaram na luta pelo campeonato, já chegando à vice-liderança da competição, que ainda tem Rossi em primeiro lugar. E o espanhol tem tudo para ir à caça do "Doutor" e protagonizar um duelo eletrizante pelo título, ainda mais que o atual bicampeão, Marc Márquez, parece não estar se encontrando direito na pista neste ano. Mas, com um equipamento mais competitivo, Lorenzo não pretende deixar Rossi ser a estrela única na equipe Yamaha, e vai querer o tricampeonato, podem apostar.

Lucas Di Grassi: O piloto brasileiro da equipe Audi ABT fez duas excelentes corridas nas últimas etapas da F-E, subindo ao pódio em ambas, inclusive vencendo a etapa de Berlim, e mostrando que vai dar duro para conquistar o título do primeiro campeonato da categoria. Uma pena que uma asa considerada irregular por causa de um conserto arruinou seus esforços na etapa da capital alemã, levando à sua desclassificação e deixando o piloto possesso, prometendo revanche na pista. Piloto extremamente técnico e inteligente, Lucas obteve performances sólidas nas últimas corridas, e vai precisar mostrar toda a sua capacidade para impedir que o revés da última corrida não o tire da disputa, e com o equilíbrio que a categoria tem exibido, ele vai precisar de atuações impecáveis como a vista na pista de Berlim mais do que nunca, e com o carro em ordem, se quiser ser campeão. Difícil mas não impossível. Capacidade ele tem, resta esperar que não apareçam mais surpresas...e esta cotação leva em consideração o que o piloto mostrou dentro da pista nas etapas de Mônaco e Berlim, não comecem a entender errado...

Sebastian Vettel: O tetracampeão mundial segue firme liderando a equipe Ferrari, e fazendo junto com os pilotos da Mercedes o trio "fixo" de pilotos no pódio em 2015, com exceção da prova do Bahrein, onde foi superado por Kimi Raikkonem. E mostra estar sempre à espreita para aproveitar quaisquer problemas que os pilotos do time alemão possam enfrentar, a exemplo do que aconteceu em Mônaco, quando por uma bobeada, Lewis Hamilton perdeu a liderança da corrida com um pit stop extra, e Vettel estava na posição certa para ser o 2° colocado, e conseguir seu melhor resultado do ano depois da vitória da Malásia. O carro da Ferrari pode não ter muitas chances de título, mas Sebastian tem tudo para ser o vencedor moral do ano, sabendo que só vai perder mesmo para a dupla da imbatível Mercedes. Se conseguir algo além disso, será a glória do piloto, que voltou a sorrir como nos seus bons tempos de Red Bull...

Felipe Nasr: O piloto brasileiro da Sauber continua fazendo um excelente campeonato, levando-se em consideração as limitações de seu time, que desde a corrida da Espanha, vem perdendo performance na pista por não dispor de maiores recursos para evoluir o chassi C34. Em Monte Carlo, pista onde competiu pela primeira vez na F-1, Nasr sabia que era a oportunidade de voltar a marcar pontos, desde que conseguisse se manter longe das encrencas e estar no lugar certo para capitalizar com os erros e azares alheios. E ele chegou lá, marcando um excelente 9° lugar, e conseguindo mais 2 pontos para seu time, chegando a 16, apenas 1 a menos do que o russo Danill Kvyat, da Toro Rosso, e empatado com Romain Grossjean, da Lotus, que dispõem de carros mais competitivos do que o brasileiro, um feito que foi muito elogiado pela direção da escuderia. Mas outro ponto que conta é a condução de Nasr tem tido nas corridas, andando sempre forte e não cometendo erros, postura que é muito observada pelos chefes de equipe, mesmo que o piloto esteja ao volante de um carro pouco competitivo. E em Mônaco, onde é muito fácil errar e jogar a corrida no lixo, Nasr manteve-se impecável na sua pilotagem, sempre estando com o adversário à frente na alça de mira, esperando por quaisquer chances. Mas Felipe sabe que daqui em diante as chances de pontuar serão muito mais escassas, com os demais competidores evoluindo a passos mais largos do que a Sauber, que tende a ficar cada vez mais para trás. Ao menos, o brasileiro está conseguindo suplantar seu companheiro de equipe Marcus Ericsson com certa facilidade, o que é um bom sinal de sua boa forma dentro das possibilidades da escuderia.



NA MESMA:

Competitividade nas 500 Milhas de Indianápolis: A corrida mais famosa dos Estados Unidos, a Indy500, teve novamente disputas empolgantes e uma chegada acirrada entre seus ponteiros na reta final. E, claro, também teve seus acidentes, felizmente nenhum tão perigoso ou grave quanto os vistos durante os treinos, que deixaram pilotos, times e dirigentes assustados com a possibilidade de isso acontecer durante a corrida. Mas a corrida este ano teve apenas dois times a disputarem efetivamente a vitória, Penske e Ganassi, justamente os maiores e mais tradicionais da categoria, que praticamente não deram chance aos rivais, nem mesmo à Andretti Autosports, que não conseguiu esse ano andar tão bem quanto em 2014, quando venceu a prova com Ryan Hunter-Reay. E a prova terá comemoração mais do que especial em 2016, quando será disputada a 100ª edição da corrida, confirmando sua posição como mais famosa corrida do continente americano, e uma das mais importantes do mundo do esporte a motor, ao lado das 24 Horas de Le Mans,  do Grande Prêmio de Mônaco de F-1. Mas, corrida por corrida, Indianápolis foi muito mais empolgante do que Mônaco, e não é de hoje que isso acontece...

Brasileiros na Indy500: Ainda não foi esse ano que vimos uma nova vitória verde-amarela na Brickyard Line da famosa pista oval de Indiana. Tony Kanaan, que era nossa melhor chance de vitória, andou sempre entre os primeiros e liderou várias vezes, e tinha condições de partir para o ataque no momento decisivo. Mas acabou rodando e acertando o muro, dando adeus às chances de repetir o feito de 2013. Pelo menos, saiu ileso do acidente, prometendo novo empenho em 2016. Já Hélio Castro Neves, maior vencedor da corrida entre o grid atual, apesar de andar entre os primeiros, nunca mostrou força para vencer a prova este ano, e na reta final, ainda acabou caindo mais para trás, tentando uma recuperação tardia que só lhe permitiu alcançar o 7° lugar. No resultado final, ambos os brasileiros viram colegas de time chegarem em boas posições: Charlie Kimball foi o 3° colocado, seguido por Scott Dixon em 4°, no time da Ganassi. Helinho viu seus parceiros Juan Pablo Montoya e Will Power serem vencedor e 2° colocado, respectivamente. Melhor sorte na prova do ano que vem...

Mundial de Rali: A vitória do finlandês Jari-Matti Latvala em Portugal deu um pequeno alento à disputa, mas a verdade é que Sebastien Ogier ainda continua disparado na liderança da competição, com 105 pontos. O mais próximo competidor na tabela, o norueguês Andreas Mikkelsen, tem "apenas" 63 pontos, e o próprio Latvala está ainda mais atrás, com 46 pontos, já que só pontuou em duas provas. Ogier só teve percalços mesmo no Rali da Argentina, e se Latvala venceu em Portugal, o atual campeão ficou logo atrás, em 2° lugar. E como a concorrência não consegue manter a regularidade necessária para ameaçar de fato Sebastien, o francês por enquanto vai pintando como candidato único ao título da categoria off-road...

Perigo nos boxes da Dale Coyne: Um dos menores times da IRL, a equipe Dale Coyne já teve o prazer de vencer algumas corridas nos últimos campeonatos, o que ajudou o time a se manter na categoria, mas este ano, os boxes da escuderia têm sido os mais inseguros do campeonato. Na prova de Nola, o seu piloto na ocasião, Francesco Dracone, derrapou na hora de parar no box para seu pit stop e reabastecimento, atropelando os mecânicos, que felizmente não se machucaram seriamente. Em Indianápolis, para felicidade de todos, Dracone não estava na prova, mas nem por isso a escuderia escapou de ver um acidente bizarro entre seus próprios carros em uma das paradas de box: Pippa Man, que pilotou para o time apenas na Indy500, foi liberada de seu pit e acabou encontrando pela frente James Davison, colega de time, acabando por tocar no companheiro, o que fez seu carro dar uma guinada em direção do pit, vejam só, de Tristan Vautier, que estava fazendo também sua parada. O carro de Vautier e dois mecânicos que o atendiam acabaram atingidos. Um dos mecânicos, Daniel Jang, precisou passar por cirurgia nos dois pés por causa dos ferimentos da batida. Melhor os mecânicos tomarem cuidados redobrados nas próximas corridas do campeonato, pois sabe-se lá se o azar vai voltar a atacar novamente...

Clima quente na Mercedes no GP de Mônaco de F-1: Pelo segundo ano consecutivo, o clima esquentou na escuderia alemã durante o fim de semana da etapa mais charmosa do calendário. No ano passado, foi no treino de classificação, este ano foi pela furada estratégica que custou a vitória de Lewis Hamilton na corrida que dominava com folga. E quem saiu ganhando foi o mesmo piloto: Nico Rosberg. Decididamente, Hamilton precisa se benzer em Monte Carlo, e a Mercedes, que já tinha sofrido um desgaste desnecessário com o chilique o inglês em 2014, desta vez teve críticas muito mais justificadas por parte do atual bicampeão do mundo para ouvir...



EM BAIXA:

Max Verstappen: O mais jovem piloto da história da F-1 a disputar corridas na categoria vem mostrando que é um piloto de talento e rápido, mas também vem tendo alguns problemas em sua temporada de estréia, sendo considerado por muitos ainda imaturo para competir na categoria máxima do automobilismo. Verdade ou não, o jovem holandês acabou entrando bem em Mônaco, quando disputava posição com Romain Grossjean, e acabou protagonizando um acidente quase idêntico ao sofrido pelo pai, Jos Verstappen, no mesmo local, há 19 anos atrás. Foi o suficiente para pilotos como Felipe Massa alertarem para a propensão do jovem a se meter em confusões, o que é um pouco exagerado. Que novato não comete erros em sua primeira temporada? Só que os abandonos de Max vão permitindo ao seu companheiro de equipe Carlos Sainz Jr., se sobressair nos resultados, e dos 15 pontos da escuderia Toro Rosso, 9 são do espanhol, e 6 do holandês. Nesse ritmo, Verstappen tem de tomar cuidado para não virar apenas um piloto showman, que agita a galera com suas estripulias na pista, mas conquista poucos resultados justamente por causa do excesso de arrojo. Ele tem tudo para evoluir e crescer na F-1. Resta saber se a categoria terá paciência com ele. No momento, seu apreço pelos colegas do grid anda um pouco em baixa. Cabe a ele reverter essa tendência.

Novas regras da F-1 para 2017: O Grupo Estratégico da F-1 se reuniu e elaborou as mudanças que deverão entrar em vigor no campeonato de 2017, para tentar fazer a categoria máxima do automobilismo cair novamente no gosto do público, mas não acertou nenhum ponto que realmente faça diferença e procure solucionar os dilemas atuais que a categoria atravessa. Motores mais potentes? No ritmo de desenvolvimento atual, eles chegarão lá sem precisar da nova regra. Reabastecimento? Ridículo, com a limitação de gasto de 100 Kg/corrida. Pneus maiores? Até aí, pode ser. Mas, como ficam as estúpidas regras de limitação de motores, pneus, câmbios, e o excesso de punições pelos incidentes entre os pilotos dentro da pista? E a péssima distribuição de lucros feita pela FOM? Os gastos altíssimos para se competir na F-1? E a mania de Bernie Ecclestone de cobrar suas taxas exorbitantes, ameaçando a toda hora tirar as corridas da Europa (Monza seria a próxima "vítima"?) por quem queira pagar seus preços? Eles querer mudar muita coisa para não mudar nada, na verdade. Todas as mudanças ainda precisam ser sancionadas pela FIA, mas as discordâncias a respeito das novas regras já indica que muita coisa não deverá ser implantada. E a F-1 seguirá em sua crise...

Fernando Alonso: o bicampeão espanhol continua seu calvário com a equipe da McLaren, e abandonou as últimas corridas por problemas diferentes, sendo o pior deles em Mônaco, onde tinha as melhores chances de pontuar no ano até agora, o que acabou se confirmando com a bela corrida de Jenson Button. Mas, além de ver o parceiro pontuar e ele não, pelos problemas que o carro apresentou, pior ainda é sua atitude de desmerecer o trabalho alheio, quando afirma que a Ferrari não melhorou, os outros (Red Bull e Williams) é que pioraram. Pode ser verdade, mas se seu ex-time melhorou, isso é mérito deles também, e a equipe de Maranello vem fazendo uma boa temporada, enquanto ele, Alonso, sabe-se lá quando terá chance de sequer subir ao pódio novamente, quanto mais vencer. Tivesse sido menos egocêntrico e paciente, poderia ter continuado em Maranello por esta temporada, e mesmo que não tivesse chance de título, pelo menos estaria sendo o que Sebastian Vettel é hoje: uma sombra permante nos pilotos da Mercedes, e não um piloto que está sempre lutando na pista com os concorrentes, e até com o próprio carro...

Brasil na GP2 2015: A principal categoria de acesso à F-1 não tem uma presença forte do Brasil nesta temporada. André Negrão é nosso único representante na competição no atual campeonato, e até agora, ocupa apenas o 19° lugar, com apenas 3 pontos marcados nas etapas disputadas no Bahrein, Barcelona, e Mônaco, competindo pela equipe Arden. E o brasileiro não tem muitas perspectivas de fazer um bom campeonato, devido à má fase de seu time. O belga Stoffel Vandoorne, da equipe ART, lidera o campeonato, com 114 pontos, nada menos do que 44 pontos de vantagem sobre o vice-líder, Alexander Rossi, da equipe Racing.

Kimi Raikkonem: O piloto finlandês da Ferrari anda perdendo a batalha contra o alemão Sebastian Vettel dentro da escuderia, e sua renovação para 2016, a critério do time, pende na balança, ao mesmo tempo em que se ventila a possibilidade de seu compatriota Valtteri Bottas ser o escolhido para assumir seu lugar na próxima temporada. Por sua vez, Maurizio Arrivabene afirma que não promete renovar com Kimmi a fim de mantê-lo motivado a dar o seu melhor na pista, e não o fazer perder o ímpeto. Se quer pressionar Raikkonem, Arrivabene vai ter de se mexer mais, porque o "Homem de Gelo" não se agita à toa, e diz que não está nem um pouco preocupado se vai ou não estar no time em 2016, ou se teme ser substituído por Bottas. Mas seria ruim o finlandês sair novamente da categoria por baixo, especialmente depois dos bons campeonatos que fez pela Lotus em 2012 e 2013, quando mostrou que ainda tinha muito a oferecer na categoria. E, dessa vez, poderia sair mesmo de vez...



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