O
ano de 2014 mal começou, e o mês de janeiro já ficou para trás. E como já é
hábito todo início de cada mês, é hora de dar umas notas rápidas sobre mais
alguns acontecimentos que ocorreram nas últimas semanas no mundo do esporte a
motor, que segue firme para seus campeonatos deste ano, sendo que alguns deles,
como o Mundial de Rali, já tiveram início, enquanto o principal evento
automotivo de janeiro, o Dakar, mais uma vez elegeu seus vencedores da edição
2014. Uma boa leitura a todos, e mês que vem tem mais sessão "Flying
Laps", pessoal...
Em uma
disputa emocionante, a dupla Nani Roma/Michel Perin conquistou o título do
Dakar 2014 na categoria carros. O título só foi garantido praticamente na
última etapa, deixando ninguém menos do que Stéphane Peterhansel e seu parceiro
Jean-Paul Cotret amargarem o vice-título por uma diferença de pouco mais de 5
minutos, uma margem apertada quando se trata de uma prova off-road como os
ralis. Os Minis, pra variar, dominaram novamente a competição: tanto os
campeões como os vice-campeões competiram com os notáveis veículos compactos. E
para completar, entre os 5 finalistas, apenas a dupla classificada em 4° lugar
era de outro veículo, a Toyota, com a dupla Giniel de Villiers/Dirk von Zitsewitz.
Na 3ª colocação tivemos mais uma dupla competindo com Mini, Nasser Al-Attiyah e
Lucas Cruz, que finalizaram a competição com aproximadamente 57 minutos de
desvantagem para a dupla campeã.
Na categoria motos, o espanhol Marc Coma levou novamente o título no
Dakar 2014. O espanhol da KTM chegou a seu 4° triunfo no rali, e agradeceu a
todos os membros do seu time, que permitiram que ele alcançasse esta marca. A
KTM também conquistou a 2ª posição, com o também espanhol Jordi Viladoms, que
finalizou o rali com quase duas horas de desvantagem para o compatriota. Mas
quem ficou frustrado mesmo foi Cyril Despres, que mesmo tendo conseguido uma
reação espetacular após um início ruinoso na edição do Dakar deste ano, ficou
em 4° lugar, não conseguindo diminuir para menos de duas horas sua desvantagem para
o rival Coma. O francês Olivier Pain, da Yamaha, mesmo time de Despres, chegou
logo à frente de seu compatriota, que também defendia a Yamaha, por uma
diferença de pouco mais de meio minuto, uma marca tremendamente apertada. O
sonho de Despres de aumentar sua lista de títulos fica agora adiada para
2015...
Na categoria caminhões, a Iveco bem que tentou, e pela maior parte do
Dakar 2014, parecia que ia quebrar a hegemonia dos caminhões russos da Kamaz na
competição. Mas, no final, o trio formado por Gerard de Rooy/Tom Colsoul/Darek
Rodewald acabou sucumbindo por meros 3 minutos e pouco ao possante Kamaz do
trio russo Andrey Karginov/Andrey Mokeev/Igor Devyatkin. O feito do trio da
Iveco, contudo, não pode ser menosprezado: a Kamaz fechou com 4 posições entre
os 5 finalistas, tendo conquistado também o 3°, 4° e 5° lugares, ainda que a
competição renhida tenha ficado apenas entre o time que foi campeão e o trio
vice-campeão da Iveco.
Nos quadriciclos, quem fez a festa foi a Yamaha, e em especial, Ignacio
Casale, que conquistou o título da competição "em casa" - ele é
chileno. Na segunda posição, com mais de 1 hora de desvantagem ficou o polonês
Rafal Sonik, também com Yamaha. A Honda fechou na 3ª, 4ª e 5ª posições, com
várias horas de desvantagem para Casale, que dominou a competição praticamente
de ponta a ponta, sem maiores sustos. Agora é esperar pela edição 2015 do
Dakar, quando os "loucos do deserto" estarão novamente em ação...
As 24 Horas de Daytona de 2014 tiveram vitória brasileira: Christian Fittipaldi,
correndo pela equipe Action Express, em parceria com Sebastién Bourdais e João
Barbosa, venceu a tradicional corrida de endurance americana. Foi a segunda
vitória de Christian, que já tinha vencido a competição em 2004. Mas o
destaque, negativo, da prova, foi o violento acidente sofrido por Memo Gidley
com Matteo Malucelli após quase 3 horas de corrida: Gidley atingiu o adversário
em cheio, e seu carro ficou praticamente destruído. A corrida precisou ser
paralisada para o resgate de Gidley, que foi levado para o hospital, onde
passou por cirurgias no braço, na perna e nas costas, onde sofreu fraturas
diversas. Malucelli saiu praticamente ileso do acidente, ao contrário de
Gidley, que passará os próximos meses em lenta recuperação após ter alta hospitalar
das cirurgias.
No Mundial de Rali, o atual campeão Sébastien Oggier iniciou 2014 da
melhor maneira possível: o francês venceu a etapa inicial do campeonato deste
ano, em Monte Carlo, e inicia sua corrida rumo ao bicampeonato. Nem mesmo a
forte neve comprometeu o triunfo do piloto da Volkswagen, que viu seus
adversários se enrolarem com o mau tempo. E, para quem pergunta o que aconteceu
com a Citroen, o time francês finalizou a etapa em 3° lugar, um resultado até
bom, mas com quase 2 horas de desvantagem para Oggier. Sebastian Loeb
certamente deixou saudades...
Robert Kubica estreou como piloto da equipe M-Sport no Mundial de Rali,
e no segundo dia do Rali de Monte Carlo, acabou sofrendo um novo acidente, com
seu carro caindo em uma vala após derrapar em uma curva e bater. Felizmente sem
maiores consequências para o polonês e seu co-piloto, cujo saldo maior foi o
abandono do rali e vários amassados em seu carro modelo Ford Fiesta. Kubica
está dando continuidade à sua carreira de piloto nos ralis, onde suas
deficiências físicas, consequência do acidente sofrido há alguns anos, não o
impedem de pilotar de forma competitiva, ao contrário do que seria necessário
em monopostos, e até que vem mostrando desempenho expressivo, mostrando que o
talento que o levou a ser considerado uma das novas estrelas da F-1 continua
intacto, felizmente. Mas Kubica está tendo uma predisposição preocupante em
sofrer acidentes. Ainda bem que não se machucou nos vários percalços sofridos
até aqui, mas espero que sua sorte não acabe de um momento para o outro. Por
mais que provas de rali sejam naturalmente propensas a acidentes entre seus
participantes, Robert parece estar se acidentando com frequência muito acima do
desejável, e seria bom ele tomar cuidado.
E o Brasil
mostra que em se tratando de providências para garantir competições
internacionais deixa muito a desejar: como se não bastasse os atrasos em vários
estádios da Copa do Mundo, que em qualquer país "sério" e
"competente" já teriam ficado prontas há muito tempo, por mais que o
governo fique falando desculpas a rodo e classificando os críticos de
"pessimistas" e até "inimigos da pátria" (conversa das mais
cretinas, diga-se de passagem), agora é a etapa da MotoGP, que estava marcada
para o dia 28 de setembro, ir para as cucuias: o circuito de Brasília, que iria
sediar a prova que marcaria a volta do campeonato mundial de motociclismo a
nosso país, precisa de reformar que nem sequer foram ainda licitadas. E, depois
de muita reunião e conversa fiada, chegaram à conclusão mais óbvia: não haverá
tempo para se efetuar as obras necessárias para adequar a pista. O resultado
não podia ser outro: etapa brasileira da MotoGP cancelada. As autoridades,
claro, dizem que os planos prosseguem, para que em 2015 a cidade possa receber
as motos mais velozes do mundo, em um novo e reformado autódromo, cujas obras
de modernização, por serem complexas, demandam tempo e um projeto adequado,
afirmando que a nova pista terá todas as credenciais para sediar competições de
alto nível mundial. Convenhamos: em ano onde todo mundo no governo está
entorpecido pela Copa do Mundo, que está sendo mal preparada, para dizer o
mínimo, com um sem-número de obras de infraestrutura que viraram mais uma das
muitas promessas feitas pelo governo para inglês ver e deboche do povo, achar
que iriam dedicar atenção ao autódromo parece piada, ainda mais depois de
termos visto a destruição de Jacarepaguá pelas autoridades cariocas que só
falam e dizem de copa e olimpíadas, nem que seja preciso acabar com o que já se
tem por aí, não é de se admirar o desfecho deste tipo de situação...
A piloto brasileira Bia Figueiredo continua sua batalha para tentar
encontrar um lugar no campeonato da Indy Racing League nesta temporada. Embora
ainda tenha o patrocínio da Ipiranga para ajudar em suas negociações, a
indefinição de transmissão da categoria em TV para o Brasil passou a complicar
tudo, pela falta de visibilidade que isso pode gerar no retorno do patrocínio.
Até o presente momento, a IRL não tem acertada transmissão do campeonato de
2014 para o Brasil, e depois do processo da direção da Indycar contra a
Bandeirantes pelo cancelamento da etapa brasileira, o clima só piorou entre a
emissora paulista e a direção da categoria.
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