De
volta com a seção Arquivo, trago hoje uma coluna publicada em 29 de novembro de
1996. O assunto era um pequeno balanço do ano da Fórmula 1, que teve Damon Hill
como campeão, e apenas 3 times vencendo corridas naquele campeonato. Filho de
Graham Hill, bicampeão da categoria, Damon foi o único filho de um campeão da
F-1 a
repetir o feito do pai, ainda que muitos até hoje considerem pouco
representativo, visto que Damon guiava o melhor carro da categoria naquele ano,
a Williams. Jacques Villeneuve era um novato, e mesmo tendo feito uma excelente
estréia, pagou pelo noviciado em determinadas pistas, onde Hill fez valer sua
experiência. Seria o ápice de sua carreira, uma vez que o piloto inglês,
seguindo a sina dos grandes campeões do time de Frank Williams, fora dispensado
pelo patrão para o ano seguinte, e nunca mais guiaria para um time de ponta.
Fiquem agora com o texto, e boa leitura...
F-1 1996
A
temporada 96 da F-1 foi quase que totalmente dominada pela equipe Williams. Das
16 etapas do campeonato, nada menos do que 12 foram vencidas pelos pilotos de
Frank Williams. As restantes 4 provas foram vencidas pela Ferrari e pela
Ligier.
Pelo
terceiro ano consecutivo, a McLaren não conseguiu nenhuma vitória na categoria,
mas mostrou estar em franca recuperação. O ano de 1996, entretanto, foi marcado
por performances irregulares do time de Woking, que foi competitiva em alguns
circuitos enquanto em outros deixou muito a desejar. A nível de pilotos, Mika
Hakkinem mostrou suas qualidades, sendo quase sempre mais rápido do que David
Couthard. Para 1997, a base da McLaren irá permanecer a mesma, a nível técnico
como de pilotos, o que faz prever um ano de mais crescimento na escuderia mais
vitoriosa da F-1, depois da Ferrari, e quem sabe, voltar a vencer corridas.
Pelo
seu lado, a Ferrari até que se saiu melhor do que esperava este ano, onde as
metas estabelecidas eram terminar o maior número possível de corridas,
desenvolver o carro, e se possível vencer algumas provas, tudo tendo em vista
uma excelente performance para lutar pelo título em 1997. Mas não foi fácil:
Michael Schumacher levou o time nas costas e percebeu também como é duro ser um
piloto da Ferrari, especialmente a meio da temporada, quando foi vítima de uma
série de azares mecânicos que abateu a escuderia. O cúmulo do fiasco foi no GP
da França, onde o bicampeão alemão conquistou a pole nos treinos, e acabou
abandonando a corrida na volta de apresentação, antes mesmo de largar, devido à
quebra de seu motor. Fiabilidade restaurada, o time de Maranello obteve
excelentes resultados a partir de Spa-Francorchamps, com Schumacher a subir ao
pódio ininterruptamente até o fim do ano, o que ajudou a equipe a chegar ao
vice-campeonato de construtores.
Já
a Benetton, a grande campeã de 1995, foi uma grande desilusão, ficando sem
nenhuma vitória e terminando o campeonato em 3º lugar entre os construtores, e
marcando pouco menos do que a metade de todos os pontos obtidos no ano
anterior, quando Michael Schumacher foi bicampeão pelo time multicolorido. No
início do ano, Flavio Briatore dizia que a Benetton não precisava de Schumacher
para vencer. Foi uma meia verdade. O piloto alemão era um trunfo na escuderia,
realmente, mas o maior problema em 1996 foi a falta de fiabilidade do novo
chassi B196, pilotado por Jean Alesi e Gerhard Berger. Só para se ter uma
idéia, boa parte dos abandonos de Bergher este ano deveram-se a problemas
mecânicos, que surgiram no carro do piloto austríaco quando este lutava entre
os primeiros colocados. Um exemplo foi em Hockenhein, quando Berger ficou sem
motor a 3 voltas do final, quando defendia-se na liderança da corrida contra Damon
Hill, que vinha em seu encalço. Só por isso, dá para se ter uma idéia de que o
potencial da equipe não caiu tanto assim. Alesi, por sua vez, também abandonou
uma corrida quando sua vitória parecia certa, em Mônaco, onde liderava após o
abandono de Hill. É claro que o problema da Benetton também não foi só esse:
Alesi abusou das suas barbeiragens, tendo começado e terminando o ano batendo.
Berger também exagerou em algumas ocasiões, mas não tanto quanto seu colega de
equipe francês.
Já
a Williams praticamente passeou frente à concorrência em 96, tendo enfrentado
oposição apenas em Spa-Francorchamps e Barcelona, corridas que foram dominadas
por Michael Schumacher. Nas demais etapas, tudo correu sem maiores problemas.
Damon Hill capitalizou sua vantagem de experiência dos anos anteriores para
superiorizar-se a Jacques Villeneuve, cuja chegada à F-1 ocorreu com certa
pompa por parte de Bernie Ecclestone. Nas classificações, Hill mostrou sua
velocidade, sendo quase sempre mais veloz que o canadense, e em corrida, sempre
manteve um ritmo mais uniforme e constante, ao contrário de Jacques, que só se
encontrou com o carro a partir de Silverstone. Mesmo assim, Villeneuve
conseguiu 4 vitórias em seu primeiro ano de F-1, o que não é pouco. Ao se
aproximar o fim da temporada, Hill ainda levou um golpe baixo de Frank
Williams, que o demitiu sumariamente, deixando o inglês abalado durante algumas
corridas. Villeneuve, como o preferido informal de Frank Williams, aproveitou a
crise emocional de Hill para ir à luta pelo título, mas o canadense acabou por
sucumbir na etapa final, em Suzuka, prova que foi dominada de forma magistral
por Damon Hill, que conquistou o título em grande estilo: 10 pole-positions e 8
vitórias em 16 corridas.
A
última equipe a vencer um GP em 96 foi a Ligier, que conseguiu a vitória na
prova de Mônaco, com Olivier Panis. Foi uma vitória totalmente fortuita, visto
que apenas 3 carros concluíram a prova monegasca, mas ainda assim valeu. Foi a
primeira vitória de um time médio na categoria desde o triunfo de Gerhard
Berger no GP do México de 1986, pela recém-fundada equipe Benetton.
A
Jordan, pelo segundo ano consecutivo mostrou potencial para vôos mais altos,
mas acabou ficando aquém do esperado, sem conseguir um único pódio sequer. De
primeira escuderia logo após os times de ponta, a Jordan sofreu para bater a
Ligier em algumas corridas durante a temporada, só reencontrando parte de seu
ritmo no fim do campeonato, mas apenas o suficiente para assegurar a 5ª posição
na classificação de construtores.
Das
demais escuderias, há pouco a se dizer. A Sauber não conseguiu um ano melhor do
que o de 95. A Minardi padeceu o ano todo com a pouca competitividade dos
motores Ford V-8 ED e do chassi M196. A Arrows teve um carro promissor a
princípio, mas não conseguiu desenvolvê-lo durante o mundial. E a Forti Corse
não conseguiu chegar ao fim do ano, resultado de negociações malsucedidas com
fornecedores, patrocinadores e até troca de proprietário.
Resumindo,
o ano de 96 foi totalmente da Williams, mas tudo indica que a temporada de 1997
deverá ser bem diferente desta, dados os prognósticos apresentados até o
momento. Em nome do esporte e da competição, esperamos que assim o seja...
E os brasileiros continuam mandando bala
na Europa: no Festival de Inverno da F-Ford inglesa, realizado em Brands Hatch, Ricardo
Sperafico foi o vencedor, ao terminar em 2º lugar a etapa final do certame, que
foi vencida por outro brazuca, Zaqueu Morioka, com excelente performance...
E Max Wilson também mostra a que veio
para os europeus: convidado a fazer um teste com o carro que levou o alemao
Jorg Müller ao título da F-3000 este ano, o piloto brasileiro de imediato já
andou muito mais rápido que o alemão, para espanto da equipe RSM Marko...
Maurício Gugelmim é o primeiro brasileiro
da F-Indy a receber o novo carro de 1997, no caso o novo chassi Reynard 971R,
equipado com o motor Mercedes turbo. Os primeiros testes do carro acontecem
ainda esta semana no circuito de Sebring, na Flórida.
Nova fofoca nos bastidores da F-1:
Ricardo Zonta estaria sendo sondado pela Lola para ser piloto da equipe em 1997
na F-1, e na melhor das hipóteses, faria dupla com outro brasileiro, Ricardo
Rosset, que também já recebeu uma proposta oficial da fábrica para 1997.
E a Lola mostra que este seu retorno à
F-1 é mesmo pra valer: para tanto, já acertou um contrato de patrocínio
milionário com a Mastercard por um período de 4 anos...
A Benetton sofre mais um revés para a
temporada de 1997: Rory Byrne e Ross Brawn, sua principal dupla na área
técnica, acaba de mudar-se para a Ferrari, a pedido de Michael Schumacher...
E por falar em reveses, a Ferrari já
está sofrendo um, também para 1997: o novo carro da próxima temporada, que
deveria ficar pronto até o dia 16 de dezembro, provavelmente só ficará pronto
em janeiro, o que irá atrasar consideravelmente o desenvolvimento do projeto
programado inicialmente pela escuderia, que continua declarando que o carro
será apresentado sem nenhum adiamento...
Nenhum comentário:
Postar um comentário