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Álex Palou faturou a 6ª vitória na temporada 2025 da Indycar, em nove provas disputadas até aqui. Quem pode brecar o piloto espanhol da Ganassi? |
A temporada 2025 da Indycar segue com muitas disputas na pista, mas o panorama da competição, que sempre foi muito mais variado que a F-1, e bem mais equilibrado, está desbalanceado este ano. E o fator de desequilíbrio atende pelo nome de Álex Palou, que parece rumar forte para ser o único favorito ao título da temporada, e sem alguém que possa desafiá-lo abertamente nesta contenda.
O piloto espanhol está com 93 pontos de vantagem na classificação, um número expressivo, mas talvez não tão impactante, se levarmos em consideração que uma vitória, apenas, confere 50 pontos ao piloto, de modo que sua vantagem é de menos de dois triunfos em provas na competição. Mas a situação, vista unicamente por este lado, não traduz a verdade do que estamos vendo na atual temporada. E, quando vista por este lado, o aspecto não é nada animador para quem esperava uma disputa mais acirrada e empolgante pelo título da competição.
A conta é mais do que clara: disputadas nove provas da temporada, mais da metade da competição, Palou venceu nada menos que seis corridas, a última delas domingo passado, em Road America. Isso significa que o piloto espanhol da Chip Ganassi venceu praticamente dois terços das corridas do ano até aqui, e pior, seu resultado mais baixo na competição foi apenas em Detroit, onde abandonou após ser tocado durante a corrida e ir parar no muro. Nas outras duas corridas, ele ainda foi 2º colocado em Long Beach, e terminou em 8º lugar a prova de Gateway. Um aproveitamento imenso, e que dá a real dimensão do domínio com que Álex vem comandando a temporada atual. Não apenas ele vem pilotando com muita competência, aliada às boas estratégias de sua escuderia, que tem lhe proporcionado um carro muito competitivo, e ajudado a maximizar resultados, Palou também tem tido uma sorte danada, algo que seus adversários certamente não tem tido em 2025. Só para exemplificar: em Gateway, quando Louis Foster roçou o muro e perdeu o controle do carro, no mesmo ponto da pista vinha Palou e Josef Newgarden, com o piloto da Penske pronto para colocar uma volta em cima do espanhol, e provavelmente sendo o grande favorito para vencer a prova. Com a rodada do piloto da Rahal/Letterman/Lanigan à frente, cada um precisou escolher ir para um lado do traçado para tentar evitar a batida, mas eis que o carro de Foster foi para atingir o muro do lado interno, onde Newgarden escolheu para desviar, de modo que os dois carros bateram forte, com o carro de Josef inclusive capotando, e deslizando dezenas de metros da pista adiante de cabeça para baixo. Os pilotos não se feriram, felizmente, mas foi uma prova de como Palou tem conseguido escapar ileso de muitos incidentes na pista no ano, tendo como única exceção a prova em Detroit.
Como desgraça pouca é bobagem, eis que todas as corridas restantes, três, acabaram vencidas pelo mesmo piloto: Kyle Kirkwood, da Andretti, que não por acaso é o vice-líder do campeonato, mas mesmo assim, com 93 pontos de desvantagem para Palou. Não que Kirkwood esteja fazendo uma temporada ruim, o problema é que Palou está indo muito, muito bem. E nomes potenciais que poderiam tentar entrar nesta briga estão duelando mais com o azar do que com a sorte propriamente. Patrício O’Ward, da McLaren, teve algumas corridas fora do TOP-10, inclusive a de Road America, onde andou forte boa parte da prova, mas tendo problemas, e ficando sem obter um resultado melhor na bandeirada. Christian Lundgaard, do mesmo time, também vem tendo percalços parecidos, com problemas e incidentes que literalmente o tiraram das chances de conseguir melhores resultados. Isso chega a deixar Felix Rosenqvist, da Meyer Shank, na 4ª posição do campeonato, sendo mais um piloto que chega prometendo, mas não consegue obter tudo o que poderia render.
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Kyle Kirkwood, da Andretti, foi o único piloto além de Palou a vencer no ano, e é o vice-líder do campeonato, mas sem conseguir ameaçar efetivamente o espanhol. |
Mas, talvez a maior sorte de Palou é ver adversários muito mais perigosos tendo problemas. Um deles é Scott Dixon, seu próprio companheiro de equipe na Ganassi, hexampeão da categoria, e um dos pilotos mais vitoriosos das categorias Indy, mas que também não tem conseguido capitalizar os resultados como deveria. Em Road America, sua estratégia de corrida quase o levou à vitória, tendo largado da 25ª posição, mas ele precisou completar o combustível a duas voltas do final, o que o derrubou para a 9ª posição, enquanto Palou, que fez o último reabastecimento justamente duas voltas depois de Dixon, herdou a vitória. Scott ocupa a 5ª posição no campeonato, com 155 pontos de desvantagem para o espanhol.
E o que dizer do trio da equipe Penske, o time mais poderoso da categoria? Nem dá para mencionar que esta temporada está sendo um verdadeiro desastre para a escuderia, que segue sem vencer na competição em 2025, tendo como melhores resultados apenas três terceiros lugares no ano, muito pouco para o que o time de Roger Penske se acostumou a oferecer. Não apenas seus pilotos tem tido azar, mas também tem cometido vários erros, o time ainda acabou abalado pelo caso dos atenuadores irregulares durante a classificação da Indy500, que resultou na demissão dos principais nomes que cuidavam da escuderia na operação da Indycar, entre eles Tim Cindric, praticamente o braço direito de Roger Penske no time até então, e que agora precisam se readequar com novos profissionais nas respectivas funções. O piloto mais bem colocado da Penske na competição é Will Power, na 7ª posição, com Scott McLaughlin logo atrás, em 8º, mas Newgarden, que em tese deveria ser a maior estrela do time, ocupa apenas a 17ª colocação no campeonato, mostrando o desastre que tem sido sua participação na temporada 2025. Aliás, a Penske tem precisado mesmo se benzer: em Gateway, tinha tudo para fazer uma boa apresentação em conjunto, mas Power roçou no muro e precisou abandonar; McLaghlin teve problemas mecânicos, e Newgarden sofreu um pavoroso acidente, e isso depois de todos eles estarem entre os favoritos para poder vencer a prova. O panorama do time não foi tão otimista em Road America, mas novamente o time ficou a ver navios, embora Power e McLaughlin tenham recebido a bandeirada, mas fora do TOP-10.
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Na primeira corrida do ano, em São Petesburgo, vitória de Álex Palou, e o espanhol não saiu mais da liderança da competição desde então. |
Enquanto isso, outro nome que poderia ser um potencial rival está novamente em um ano onde as coisas não engrenam. Colton Herta é o grande nome de destaque na Andretti, e no ano passado, conseguiu voltar a justificar essa posição, ao terminar com o vice-campeonato, e aparentemente, colocar a cabeça em ordem, depois das expectativas frustradas de ir para a F-1 em tempos recentes. Porém, em 2025, Kyle Kirkwood está finalmente mostrando a que veio no time da Andretti, e até aqui, como mencionado acima, é o único piloto a vencer além de Palou no ano, e justamente ocupando, no momento, a vice-liderança na classificação. Mas, e Herta? O californiano parece ter voltado aos momentos ruins, e até o presente momento, apesar de algumas apresentações fortes, não tem conseguido também converter em bons resultados, e o que acontece é ver o companheiro de equipe roubar o seu protagonismo na escuderia, onde Colton ocupa apenas a 10ª posição na classificação, tendo como único momento de destaque o 4º lugar na prova de Long Beach, muito pouco para quem foi até postulante ao título na temporada passada. E, com a entrada da Cadillac na F-1 no próximo ano, natural que seu nome tenha sido novamente ventilado como um dos possíveis titulares da nova escuderia, mas o que atrapalha é que Herta ainda não tem os pontos necessários para obter a Superlicença, e ao que parece, não vai ser este ano que ele ainda conseguirá o documento, indispensável para poder competir na F-1. Herta precisaria terminar a temporada, no mínimo, em 4º lugar para obter os pontos que faltam, mas está longe disso no momento.
Por isso tudo, Álex Palou está em um quase monólogo na temporada 2025 da Indycar. Ele e a Ganassi estão maximizando resultados, e colhendo os frutos, num misto de competência, talento, e um pouco de sorte, enquanto os adversários estão perdidos, sem constância, sem conseguir mostrar competência, e com muito azar, nem todos estes fatores ocorrendo ao mesmo tempo, mas com alguns deles levando todo tipo de complicação junto, e com isso, entregando de bandeja ao concorrente o título da competição, em um certame que sempre se caracterizou por disputas mais equilibradas e imprevisíveis do que a Fórmula 1, mas que neste presente momento, parece ser mais previsível do que as competições da categoria máxima do automobilismo. E Palou só não disparou ainda mais na competição porque o sistema de pontos da Indycar é absurdamente generoso, onde até o último colocado, mesmo tendo abandonado a prova, pontua, o que explica porque, apesar do massacre das vitórias, o espanhol está “apenas” 93 pontos à frente do mais próximo rival na classificação.
Mas não é preciso ver os pontos acumulados para entender como a temporada está completamente desbalanceada a favor de Álex Palou, mais por culpa dos adversários do que por conta do espanhol e sua equipe, que estão apenas fazendo bem o seu trabalho, ainda mais se lembrarmos que todos usam os mesmos chassis, e apenas dois propulsores diferentes. Um recado contundente de que mesmo com equipamentos similares, um campeonato pode mostrar resultados completamente díspares. Cabe apenas à competência de uma equipe, e ao talento do piloto, fazerem a diferença, e claro, um pouco de sorte também, porque, afinal, ninguém se torna campeão sem ter sorte. Os adversários que se virem para mudar essa situação...
A Indycar anunciou que terá novos carros na temporada de 2028. Os chassis atuais, ainda os velhos modelos DW12, estreados na temporada de 2012, já dão sinais de cansaço evidentes, necessitando serem substituídos por projetos mais modernos. O problema é que a adoção dos novos carro iria gerar mais gastos, e por isso, a decisão de ir adiando sua introdução, que já vinha sendo estudada há alguns anos, antes mesmo da pandemia de Covid-19, que certamente impactou na programação inicial da introdução da novidade. Entre as melhorias que os novos carros irão incorporar, estão a integração total do aeroscreen ao chassi (que atualmente é apenas adaptado ao carro atual), além de melhorias na adoção das novas unidades híbridas de potência. O novo carro também deverá ser aproximadamente 47 quilos mais leve que o atual. A Indycar também anunciou que está em vias de tentar encontrar novos fornecedores de motores, atualmente restritos a Honda e Chevrolet, que estão com contratos por vencer ao fim de 2026, sendo que a Honda já vem reclamando há um bom tempo que sua operação de fornecimento de motores para a Indycar tem sido deficitária, e que pode pular fora, o que deixaria a Chevrolet talvez momentaneamente como única fornecedora de equipamento, já que a direção da Indy não mencionou com quem está conversando, a fim de manter as negociações em sigilo, e só divulgar algo quando tudo estiver oficialmente garantido.
A F-1 chegou a Zeltweg para a disputa do GP da Áustria, no circuito do Red Bull Ring, que como o nome já indica, é a casa da Red Bull, e o momento atual do time dos energéticos não é dos mais inspirados. No ano passado, o time austríaco ainda estava na liderança do campeonato, graças a um início arrasador nas primeiras corridas, dando até a impressão de que repetiriam o domínio avassalador exibido em 2023, onde Max Verstappen estabeleceu um novo recorde de vitórias para um mesmo piloto em uma única temporada, alcançando o tricampeonato mundial. Mas os tempos em 2024, quando o time chegou aqui, já vinha enfrentando sinais de desgaste e tempestades potenciais no horizonte, com o escândalo envolvendo Christian Horner, o chefe da equipe, com uma funcionária, que no final, acabou favorecendo a saída de Adrian Newey, o grande projetista dos carros da equipe, atualmente na equipe Aston Martin. Na corrida, Verstappen brigava pela vitória, mas um enrosco com Lando Norris acabou deixando ambos de fora, com o triunfo caindo no colo de George Russell, da Mercedes. Hoje, é a McLaren que vem dando as cartas no campeonato, com Oscar Piastri liderando a competição, e Norris na vice-liderança. Verstappen, por sua vez, é o 3º colocado, e tendo de partir como franco atirador para ver o que consegue obter frente aos rivais, com um carro que não é o melhor do grid. No Canadá, a equipe de Woking teve seu pior momento no ano até aqui, mas nada indica que o mesmo panorama se repetirá em Zeltweg. Dependendo dos treinos, poderemos ver quem irá dar as cartas no fim de semana, e se Max terá chances efetivas de melar os planos da concorrência… A Bandeirantes transmite a corrida ao vivo, com largada programada para as 10:00 Hrs. de domingo, pelo horário de Brasília.
Mas o holandês tem outro problema para resolver. Ele está quase pendurado nos pontos pelas estripulias na pista, e não pode se envolver em confusões, caso contrário, pode extrapolar o limite, e levar um gancho de suspensão por uma corrida, o que seria desastroso para suas ambições de tentar brigar pelo título. Mas ao fim da etapa da Áustria, 2 pontos irão vencer, e isso tirará parte da pressão a partir da próxima corrida. Ele já precisou se controlar para não se envolver com os demais pilotos em Montreal, e saiu-se muito bem, obtendo um resultado positivo, e quase brigando pela vitória na prova canadense, mas também é verdade que, em nenhum momento, ele precisou dividir uma curva com algum concorrente de forma mais incisiva. Agora, aqui na Áustria, precisaremos ver se algo assim não irá ocorrer. Aí, Max precisará correr mais com a cabeça do que com o pé direito… E procurar ficar longe de alguma eventual confusão, se não quiser que a conta acabe sobrando para ele…
E a MotoGP, depois da etapa da Itália, em Mugello, chega a Assen, na Holanda, para uma das provas mais tradicionais da competição, o GP dos Países Baixos, no circuito que é chamado de “Catedral” pelos fãs do esporte a motor. No grid, teremos o retorno de Aleix Spargaró, atual piloto de testes da Honda, que ao fim da temporada passada resolveu aposentar o capacete como piloto titular, mas que aqui volta para substituir o ainda lesionado Luca Marini, em recuperação após forte acidente sofrido em treinos no Japão, e que ganha uma chance de voltar ao grid, ainda que de forma esporádica, da mesma forma como a KTM faz com Dani Pedrosa. A corrida sprint terá largada às 10:00 Hrs. neste sábado, enquanto a corrida principal, no domingo, terá largada às 09:00 Hrs., ambos os horários pelo fuso de Brasília, com direito a transmissão ao vivo pelo canal ESPN, e pelo sistema de streaming Disney +.
E a F-1 pode continuar na Bandeirantes em 2026… A emissora teria regularizado todas as pendências contratuais, e resolvido manter a categoria em sua grade de programação para um novo período, uma vez que o contrato atual vai até o fim deste ano, e muitos já davam como certa o retorno à Globo na próxima temporada. Mas, querer é uma coisa, levar é outra… Vamos ver quem vencerá a disputa..