E o ano de 2024 está indo embora, e começam
as expectativas do que poderemos ver em 2025, nos mais diversos campeonatos da
velocidade mundo agora. Mas, antes de chegarmos ao ano novo, precisamos ver o
que aconteceu neste mês de dezembro de 2024, e para isso, vamos
para a última edição da Cotação
Automobilística, analisando alguns dos acontecimentos ocorridos neste último mês
de 2024, com alguns comentários e análises a respeito, no velho esquema de
sempre: EM ALTA (cor verde); NA MESMA (cor azul); e EM BAIXA (cor vermelha).
Uma boa leitura a todos, e até a próxima Cotação Automobilística, depois de uma
pequena pausa no início do próximo ano, voltando provavelmente no final do mês
de março, com as avaliações dos acontecimentos do mundo da velocidade nos
primeiros meses do novo ano. Um ano que espero, seja um ano muito mais
satisfatório e menos sofrido do que este de 2024 foi para mim...
EM ALTA:
Equipe McLaren: O time de Woking
passou por poucas e boas na década passada, quando uma malsucedida parceria com
a Honda ficou muito aquém dos resultados esperados, criando até uma crise na
direção da escuderia e com Fernando Alonso. Ron Dennis, responsável por
transformar o time nos anos 1980, precisou sair depois de se desentender com os
outros acionistas, e deu lugar a Zak Brown, que aos poucos foi arrumando a
casa, e colocando as coisas em ordem. Mas além de conseguir a volta de
patrocinadores para a escuderia, uma das mais vitoriosas da história da F-1,
ele também precisou calibrar a equipe técnica, que iniciou 2023 com o que
parecia ser um desastre, com um carro que andava no fim do grid, para torná-lo
o mais competitivo de todos depois da hegemônica Red Bull, promovendo melhorias
certeiras e eficientes nos carros. Um panorama que se repetiu em 2024, a ponto
de o time laranja passar a ter o melhor carro da competição. É verdade que a
escuderia cometeu vários erros estratégicos nas corridas, o que comprometeu a
atuação de seus pilotos em vários momentos, sem contar que eles próprios também
tiveram sua cota de confusões e erros, mas no cômputo geral, ainda conseguiram
colocar o time inglês na disputa de pilotos e de construtores. O primeiro não
veio pela genialidade de Max Verstappen, mas o segundo foi conquistado com
todos os méritos, encerrando um longo jejum de conquistas da McLaren, ainda
mais se lembrarmos que o último título de construtores do time havia sido em
1998, quando Mika Hakkinen havia sido campeão. O último título de pilotos veio
em 2008, com Lewis Hamilton, mas foi a Ferrari a campeã de construtores naquele
ano. Com mais alguns ajustes, e cometendo menos erros, tanto fora quanto dentro
da pista, com certeza a McLaren poderá ser o time a ser batido em 2025, mas de
qualquer forma, é gratificante ver a tradicional escuderia de Woking voltar a
ocupar o seu grande lugar de destaque na categoria máxima do automobilismo
mundial.
Gabriel Bortoleto campeão da F-2: O
piloto brasileiro saiu duplamente consagrado em 2024. Primeiro, por ter
garantido uma vaga de titular no grid da F-1 no próximo ano, onde irá defender
a Sauber em seu último ano antes de se tornar o time da Audi na categoria
máxima do automobilismo, podendo ganhar experiência e quilometragem com um
carro de F-1 sem sofrer maiores pressões por resultados imediatos. Segundo, por
ter conquistado o título da F-2, repetindo o feito de Felipe Drugovich, que faz
do Brasil o único país a ter conquistado dois títulos na competição em seu
atual formato de categoria de acesso à F-1. Empresariado por Fernando Alonso,
Gabriel conseguiu se inserir no programa de pilotos da McLaren, e mostrou suas
credenciais, a ponto até de o time pensar em segurá-lo diante da incerteza de
manter sua dupla atual de pilotos para além de 2026, mas felizmente o time foi
pragmático, e não se opôs à sua saída, mas deixando as portas abertas para um
futuro retorno, se a oportunidade surgir. Tendo de lidar com alguns percalços
na reta final da temporada, alguns desencadeados pelo próprio time que
defendia, Bortoleto soube manter a cabeça fria e focada, apesar dos problemas,
e o mais importante: não deixou escapar a chance de integrar o grid da F-1 2025
como titular, mesmo que no primeiro ano as perspectivas possam ser
desanimadoras. Isso faz o Brasil voltar a ter um piloto no grid depois de
vários anos, desde que Felipe Massa deixou a Williams ao fim de 2017, fazendo
com que nenhum brasileiro estivesse no grid por oito anos, com exceção de dois
GPs no final de 2020, quando Pietro Fittipaldi substituiu Romain Grosjean na
Hass devido a um acidente do piloto.
Max Verstappen: Mais um ano, e
mais um título, o quarto consecutivo. A melhor conquista do holandês depois do
primeiro título, em 2021. Ainda mais pelo desempenho mostrado a meio do ano,
administrando a situação do modo como dava, procurando minimizar os prejuízos
da queda de performance do carro RB20, e aproveitando cada oportunidade surgida
nas corridas, diante de erros dos times e pilotos adversários. E assim Max foi
mantendo sua vantagem acumulada do início da temporada praticamente inalterada,
e em alguns momentos, até aumentando-a, quando tinha tudo para ver sua folga
desmoronar, e ver sua conquista do título ir para o vinagre. É verdade que em
determinados momentos Max mostrou sentir a pressão, perdendo um pouco as
estribeiras, e voltando a se portar de forma até excessivamente agressiva nas
disputas de posição, chegando a empurrar os adversários para fora da pista,
merecendo algumas das punições que recebeu nestes momentos. Mas não há como
negar que, para ser campeão, não basta apenas braço e talento, é preciso ter
aquele instinto matador, para ir aos limites na briga, e saber encarar as
adversidades sem esmorecer. Verstappen mostrou ter isso melhor do que Lando
Norris, que precisa perder seu noviciado, e ir para a briga nos extremos,
sabendo também reagir melhor às adversidades do momento na pista. O desempenho
de Verstappen na etapa do Brasil, em Interlagos, mostra como um gênio se porta
na pista, no que poderia ter sido um fim de semana perdido, driblando tudo e
todos para alcançar uma vitória categórica, ainda que tenha tido um pouco de
sorte também n a ocasião. Verstappen iguala o feito de Sebastian Vettel na Red
Bull, conquistando um tetracampeonato consecutivo, e está pronto para tentar
aumentar seu currículo de vitórias e títulos, começando por 2025, se os rivais
deixarem isso acontecer...
Competitividade da F-E: A
categoria de carros monopostos 100% elétricos iniciou sua nova temporada neste
mês de dezembro com o ePrix de São Paulo, e mais uma vez, como era de se
esperar, a corrida foi cheia de alternativas e disputas entre os competidores.
As mudanças introduzidas no modelo Gen3, agora rebatizado de Gen3EVO, bem como
os novos pneus mais macios da Hankook, proporcionaram um ganho de performance
incrível na pista da zona norte de São Paulo, com um ganho de quase 3s em
relação à corrida realizada ali mesmo em março. Não apenas os carros ficaram
mais velozes, mas as mudanças voltaram a tornar o “Moto Ataque” um recurso
interessante para apimentar as disputas nas corridas. Se nos últimos dois
campeonatos os pilotos passaram a ver o recurso como um empecilho nas disputas,
mais perdendo posições do que ganhando-as, desta vez a ferramenta proporcionou
disputas impressionantes, com os carros parecendo terem sido “envenenados”
quando ativado o recurso, com os pilotos partindo para cima dos adversários e
fazendo diversas ultrapassagens, o que deu um show adicional à corrida, já bem
agitada. E os carros mostraram também serem bem seguros, como vimos no acidente
de Pascal Wehrlein, que acabou de cabeça para baixo após toque de Nick Cassidy
em briga de posição. Mas o maior show foi de Mith Evans, que tendo largado em último
no grid por problemas na classificação, soube fazer uma corrida estratégica e
agressiva, conquistando a vitória em luta direta com Antonio Félix da Costa,
apesar da forte pressão do piloto português. Parece que teremos mais um ano bem
disputado na F-E, que parece ter acertado em cheio nas mudanças realizadas,
restando saber, claro, se o panorama se manterá em todas as corridas daqui para
frente.
Gabriel Casagrande tricampeão na
Stock Car: O piloto paranaense Gabriel Casagrande fechou a temporada da Stock
Car com um terceiro lugar na etapa final, em Interlagos, e chegou ao seu
terceiro título na competição, feito que já havia celebrado nas temporadas de
2021 e 2023. Com duas vitórias, uma pole, e seis pódios na temporada, Gabriel
fechou o ano com 926 pontos, com uma vantagem de 41 pontos sobre Felipe Massa,
e mais do que tudo, fez questão de frisar que seu título foi limpo, conquistado
na pista, e sem irregularidades, numa crítica ao episódio de manipulação de
pneus feito pelas equipes TMG e Crown na temporada, na etapa do Velopark, que
acabou resultando na desclassificação de seus pilotos pela irregularidade
cometida. O piloto estreou em 2013 na Stock Car Brasil, e desde então, passou a
se concentrar na principal categoria do esporte a motor nacional, onde
conquistou seu primeiro título em 2021, e repetiu a dose na temporada do ano
passado, chegando ao bicampeonato, feito que agora se repete com a conquista de
seu terceiro título. Foi uma temporada disputada e equilibrada, onde Gabriel
precisou superar vários adversários que estavam em posição para conquistar o
troféu de campeão, mas a regularidade e constância do piloto se mostraram
cruciais para chegar ao terceiro título. E ele tentará novas conquistas em
2025, podem apostar.
NA MESMA:
Lucas Di Grassi: O piloto
brasileiro, que na nova temporada da F-E é nosso único representante no grid,
comeu o pão que o diabo amassou na temporada passada, padecendo com problemas e
erros, além do pouco competitivo trem de força da Mahindra que equipava a
equipe ABT, a ponto de a escuderia resolver mudar de fornecedor para a nova
temporada, iniciando uma nova colaboração com a Lola, em parceria com a Yamaha,
com ambas as marcas voltando a participar de um campeonato de monopostos depois
de muito tempo. Apesar dos testes terem demonstrado potencial, há muito
trabalho a ser feito, e na etapa de estréia do novo certame, justamente aqui em
São Paulo, Lucas até que fez uma classificação razoável, mas na corrida, o trem
de força quebrou, impossibilitando o brasileiro de fazer uma boa apresentação diante
de sua torcida, e deixando-o muito frustrado. Como desgraça pouca é bobagem, a
Mahindra, cujos trens de força foram motivo de piada nos dois últimos anos,
conseguiu colocar seus dois pilotos na zona de pontuação, em 5º e 6º lugares,
mostrando ter recuperado parte da performance perdida. Em fase final de
carreira, com apostas que acabaram se revelando infrutíferas nos últimos dois
anos, só falta Di Grassi ter embarcado em mais uma canoa furada na F-E, apesar
de que ainda é muito cedo para julgar a empreitada da união Lola/Yamaha pelo
resultado de apenas uma corrida, mas que o início não inspirou muita confiança
em melhores dias, não inspirou, dando a impressão de que o calvário de
resultados ruins de Lucas poderão continuar por um bom tempo...
Yuki Tsunoda: o piloto japonês
pode ter se esforçado bastante na segunda equipe dos energéticos na F-1 nas
duas últimas temporadas, onde apresentou até algumas performances
interessantes, e se colocou como líder do time na pista, mas lamentavelmente,
isso não foi suficiente para convencer Christian Horner e Helmut Marko de que
ele merecia uma chance no time principal, ao lado de Max Verstappen, que
preferiram promover o neozelandês Liam Lawson para a Red Bull em 2025, deixando
Yuki novamente na sobra, tendo que se contentar apenas com o teste
pós-temporada com o carro do time principal em Abu Dhabi, onde apesar dos
elogios proferidos pelo time ao feedback fornecido pelo nipônico, deixou-o
novamente a ver navios. Talvez por ter o apoio da Honda, que a partir de 2026 desembarca
na Aston Martin, que será o novo time oficial da marca, Yuki poderia ficar
apenas em 2025, caso não quisesse romper o vínculo que mantém com a Honda, mas
é verdade também que o comportamento meio irascível de Yuki em alguns momentos,
como no início deste ano, quando praticamente bateu rodas com Daniel Ricciardo,
não pegaram bem na direção da Red Bull, o que teria prejudicado sua avaliação
para uma promoção ao time principal. Seria interessante ver o japonês ao lado
de Max Verstappen, mas essa é uma situação que não irá acontecer, e pelo menos
no próximo ano, Yuki terá de se contentar em manter sua posição de principal
piloto no time “B” dos energéticos, e quem sabe, apostar que a Honda poderá
levá-lo para a Aston Martin em 2026, hipótese meio remota até o presente
momento.
China no calendário da F-1 até
2030: Depois de ficar ausente de algumas temporadas recentes devido às regras
de isolamento por causa da pandemia da Covid-19, tendo retornado apenas neste
ano, a China está mais do que garantida no campeonato da categoria máxima do
automobilismo. O atual contrato, que era válido até 2025, acabou de ser
renovado, de modo que a prova chinesa, a ser disputada no belo circuito de
Xangai, permanecerá até a temporada de 2030. A etapa deste ano, aliás, ofereceu
a Guanyou Zhou a chance de correr pela primeira vez diante da torcida de seu
país. E infelizmente também pela última vez, já que o piloto chinês, que
defendeu a equipe Sauber, ficou a pé na F-1, tendo seu lugar ocupado pelo
brasileiro Gabriel Bortoleto no time suíço no próximo ano. A China ficou sem
seu GP na F-1 nas temporadas de 2020, 2021, 2022, e 2023, devido às rígidas
regras de isolamento estabelecidas por Pequim durante a pandemia do
coronavírus, mas sempre era parada obrigatória da categoria máxima do
automobilismo, e ao que tudo indica, continuará sendo, pelo menos até 2030.
Aston Martin na F-1: o time
sediado ao lado do autódromo de Silverstone nem de longe teve uma temporada em
2024 comparável à de 2023, onde por boa parte da primeira metade foi considerada
a segunda força do grid, tendo perdido performance na segunda metade devido a
não conseguir evoluir o desempenho de seu carro, que foi sendo superado pelos
rivais, de modo que o time acabou terminando o ano apenas em 5º lugar.
Esperava-se que a escuderia aprendesse com seus erros e conseguisse pelo menos
recuperar o desempenho este ano, mas o que se viu foi a escuderia ficar
praticamente “estacionada” onde já estava, enquanto os rivais continuaram
melhores, de modo que o time acabou praticamente repetindo a mesma posição no
campeonato de construtores, com o 5º lugar, embora tenha tido uma pontuação
muito menor, graças ao fato de que os demais times presentes na competição
conseguiram ir ainda pior, sem terem como ameaçar de fato os carros esmeraldas,
que sofreram em diversas corridas até mesmo para conseguirem pontuar. Como a
esperança é a última que morre, fica a expectativa do que o time conseguirá
apresentar com a contratação de Adrian Newey, que embora só vá se fazer
efetivamente presente no projeto do carro de 2026, certamente já poderá dar
alguns palpites no desenvolvimento do carro de 2025, até aqui o principal
problema da área técnica da escuderia. E, para tanto, manterá sua dupla de
pilotos, o que já tinha sido divulgado há muito tempo. Será que agora realmente
vai?
Equipe Williams: Um dos mais
tradicionais times da história da F-1, ainda não foi neste ano que vimos um “renascimento”
da escuderia, conseguindo deixar o fim do grid para voltar, pelo menos, ao
pelotão intermediário, e quem sabe, tentar melhores dias. O time até apresentou
melhoras nítidas durante a temporada de 2024, mas ao mesmo tempo, apresentou falhas
gritantes, em especial no que tange aos reparos dos carros que sofreram
acidentes, sendo que nas primeiras etapas do ano, estava até mesmo sem dispor de
um chassi reserva, item mínimo para poder competir em um fim de semana de GP se
houver necessidade diante de um percalço. A situação também ficou complicada no
fim do ano com os acidentes sofridos pelos pilotos, que colocou em risco a participação
do time nas etapas finais, diante da falta de peças para reposição nos carros,
tendo que apelar até mesmo para o uso de peças antigas para colocar os carros
na pista. Uma falha de capacidade operacional que um time de F-1 deveria se
precaver para evitar. O time também penou por dar uma nova chance a Logan Sargeant,
que infelizmente não a aproveitou, e ainda por cima andou batendo novamente com
o carro, ajudando a dificultar a situação. A substituição por Franco Colapinto,
tivesse sido feita logo no início do ano, poderia ter ajudado o time a
conseguir melhores resultados em alguns momentos, e a não ficar tão para trás
na briga pelo campeonato de construtores. Resta esperar que, com uma dupla
experiente em 2025, com Alexander Albon e Carlos Sainz Jr., a Williams consiga
de fato melhorar sua performance, e quem sabe, deixar a turma do fundão do
grid, em um ano onde a disputa tem tudo para ser mais acirrada.
EM BAIXA:
Pietro Fittipaldi fora da
Rahal/Letterman/Lanigan na Indycar: Infelizmente, não deu para Pietro
Fittipaldi segurar o seu lugar no time de Bobby Rahal e seus sócios. A
escuderia, que teve uma campanha errática durante a temporada deste ano da
Indycar, anunciou o último piloto para 2025, e ele será Devlin DeFrancesco, que
a despeito de ter arrumado algumas confusões nas pistas, estará trazendo bom
patrocínio para o time, que dessa maneira, apesar dos elogios ao piloto brasileiro,
que teve uma campanha irregular durante a temporada, em boa parte por culpa do
carro deficiente do próprio time, acabou rifado, preterido por um piloto com
mais cacife financeiro. Infelizmente, o neto de Émerson Fittipaldi teve uma
temporada apenas mediana, em parte pelo desempenho fraco da escuderia, em parte
por vários azares sofridos durante o ano, além de que em algumas corridas o
próprio piloto ficou devendo melhores atuações. Apesar de manter a posição de
piloto reserva da Haas em parte da temporada, o piloto também nunca chegou a
ser cogitado para ser titular, e no próximo ano, até notícia em contrário, ele
vai participar do IMSA Wheathertech Sportscar, o campeonato de endurance dos
Estados Unidos, na classe LMP2, e tentar fazer sua nova fase da carreira por
lá.
Presidente da FIA em briga com a
F-1: Mohammed Ben Sulayem parece ter encarnado o espírito autoritário de nações
do Oriente Médio em sua gestão à frente da Federação Internacional de
Automobilismo, e anda disparando a torto e a direito quando sofre alguma
crítica, seja de onde vier. Já comprou briga com os pilotos, querendo punição
para quem falar palavrão durante as transmissões, e ninguém menos que Max
Verstappen já ficou bem contrariado em sofrer punição por causa disso, tendo
até se recusado a dar entrevistas dentro do espaço oficial da entidade nos fins
de semana de GP. E quando cobrado também a respeito das mudanças nos diretores
de corrida recentes, ele foi curto e grosso ao dizer abertamente que “isso não
é da conta deles”, referindo-se aos pilotos, que também cobravam mais
transparência na gestão da entidade. Em poucas palavras, ele disse que não deve
satisfações a ninguém, e que foi eleito para botar a casa em ordem, o que
estaria fazendo. Pode até ser, mas não custaria nada mostrar abertamente o que
anda fazendo dentro da entidade, a fim de explicar melhor as mudanças, e como
elas estão se dando para deixar a entidade melhor. O dirigente parece querer
causar também com a própria F-1, e o clima de confronto por vezes foi evidente,
mesmo quando estava com a razão na discussão, como quando da admissão da
Andretti como equipe no grid da categoria, o que foi rechaçado pela Liberty
Media com as justificativas mais imbecis e descrentes possíveis, mas em
diversos outros momentos, é a F-1 que tem razão de questionar a entidade, em
especial a respeito do comportamento e cumprimento das regras de competição,
com interpretações que ficam variando demais para o gosto dos pilotos e
equipes, que gostariam de posições mais claras a respeito. E começa-se a falar
até em “rompimento! Da F-1 com a FIA, algo que era totalmente impensável na
época de Bernie Ecclestone, que até chegou perto em alguns momentos, mas que
foram evitados com muita conversa e com a habilidade de negociar de Bernie, que
evitou não apenas o pior, como até se saia mais fortalecido. Mas Sulayem não
parece ter a mesma flexibilidade e capacidade que o antigo dirigente, como se
vê em suas respostas mais recentes às críticas e questionamentos. Uma hora essa
truculência cobrará seu preço…
Sergio Sette Câmara: o piloto
brasileiro acabou ficando a pé na nova temporada da F-E. Sua equipe, a antiga
ERT, conseguiu firmar contrato para fornecimento do trem de força da Porsche,
um belo incremento para impulsionar a performance dos carros do time, mesmo
sendo a versão antiga do equipamento, mas que fez Pascal Wehrlein campeão da
temporada passada, lembrando que um dos problemas do time era ter um trem de
forma pouco eficiente, de modo que os pilotos sofriam para manter o ritmo de
corrida, não conseguindo competir com rivais com equipamentos mais fortes.
Porém, a propriedade do time, em mãos de um grupo chinês, passou para um grupo
dos Estados Unidos, e além disso, o acordo com a Porsche fez com que a marca
alemã impusesse um piloto ao time, no caso, David Beckmann. Sergio ainda
manteve negociações enquanto a equipe, agora rebatizada de Kiro, experimentou o
novo piloto alemão nos testes da pré-temporada, para avaliar seu potencial. E
infelizmente, o time resolveu acatar a sugestão da Porsche, deixando Sergio sem
cockpit para a próxima temporada da F-E, mantendo o inglês Dan Ticktun como
titular, já que o piloto ajudou nas negociações para a mudança da propriedade
da escuderia, e com isso, garantindo seu lugar. Restou Ao brasileiro a posição
de piloto reserva e de desenvolvimento na equipe da Nissan, um time que cresceu
muito nesta nova temporada, e que se for possível, pode oferecer uma chance
interessante para Câmara conseguir voltar ao grid num futuro próximo. Mas, por
enquanto, ele fica na reserva, na esperança de poder substituir um dos
titulares em algum momento, se for necessário.
GP da Holanda de F-1: A corrida da
Holanda já está novamente com os dias contados no calendário da categoria
máxima do automobilismo. Os administradores da pista de Zandvoort até exerceram
seu direito de prorrogação do atual contrato, que vence no ano que vem, mas
apenas por mais um ano, de modo que a corrida holandesa ficará no calendário
até a temporada de 2026, e não deverá constar no calendário de 2027. Os custos
de realização do GP, além de uma nova sistemática de tributação que irá incidir
em cima dos ingressos de eventos esportivos vendidos teriam complicado a
provável situação financeira dos promotores da corrida. Chegou-se a cogitar
transferir o GP para a pista de Assen, palco tradicional das provas da MotoGP
em terras holandesas, mas os proprietários da pista não teriam aceitado os
altos valores cobrados pela FOM/Liberty Media para se realizar a corrida,
preferindo manter a classe rainha do motociclismo a embarcar na canoa cara
demais da F-1. Pelo visto, mesmo no auge da febre “Max Verstappen” nos últimos
anos, mesmo conseguindo encher o autódromo no fim de semana de GP não está
sendo suficiente para garantir uma estabilidade financeira à corrida. E nem é
preciso dizer que as incertezas a respeito da conquista de novos títulos por
parte do piloto holandês, uma vez que a Red Bull precisará provar que seguirá
competitiva sem Adrian Newey no projeto de seus carros, ou como ficará a
relação de forças a partir de 2026, com o novo regulamento técnico, podem
trazer novas inseguranças a respeito do fervor dos torcedores ao seu maior
ídolo esportivo do momento. Para a F-1, nada muda, até porque a toda hora
pipocam rumores de novas provas querendo fazer parte do calendário, mesmo no
limite de sua capacidade, com as atuais 24 etapas por ano, de modo que a perda
da prova holandesa na prática até facilita para a Liberty, já que abre uma vaga
que terá vários candidatos potenciais a ocupá-la, sem se preocupar com outras
corridas já garantidas na competição.
Sergio Perez fora da Red Bull: E o
que parecia óbvio finalmente aconteceu, com a dispensa do piloto mexicano por
parte da Red Bull, após negociações para romper o contrato renovado ainda na
primeira metade deste ano, que garantia a presença de Sergio no time em 2025, e
com renovação possível para 2026. Os maus resultados de Perez na segunda metade
do ano foram determinantes para a dispensa de Sergio, mesmo relevando os azares
que o piloto teve que arruinaram alguns resultados potenciais, como os
acidentes com Carlos Sainz em Baku, e ter sido atingido por Valtteri Bottas em
Yas Marina. Perez até cumpriu bem seu papel de segundo piloto nas temporadas de
2021, 2022, e 2023, ainda que neste ano tenha também sofrido críticas por ter
tido mau desempenho em várias etapas, sendo que o time inclusive até se recusou
a acertar o carro mais ao seu estilo de condução, o que poderia ter minimizado
alguns problemas. Este ano, contudo, com um carro que se tornou problemático a
meio da temporada, enquanto os rivais cresceram, Perez infelizmente sucumbiu à
perda de desempenho do carro, não sendo capaz de tentar driblar os problemas,
ao contrário de Verstappen, que manteve um nível de resultados bem mais alto, e
até saiu em defesa do colega de time, ao afirmar que o carro havia mesmo se
tornado muito complicado de guiar. Mas nem a defesa do agora tetracampeão foi
suficiente para segurar Perez na Red Bull, que agora coloca Liam Lawson como
seu substituto com a tarefa talvez inglória de tentar obter resultados mais
condizentes com suas exigências. Sergio, se não tiver mais oportunidades na
F-1, teve até uma carreira bem digna em todos os times pelos quais passou,
superando quase todos os seus colegas de time, à exceção óbvia de Verstappen, e
de Jenson Button quando dividiram a McLaren. Crucificá-lo pela temporada ruim
de 2024 não faz justiça ao que ele produziu na F-1, mas na categoria máxima do
automobilismo o último resultado sempre parece contar mais do que os
anteriores, de modo que muitos já defenestraram o mexicano, dizendo que ele já
foi tarde. Um fim de carreira imerecido, como o de muitos outros pilotos.