Diante de vários percalços pessoais recentes, que tem me impedido de dar atenção a certos assuntos, fiquem hoje com mais um de meus antigos textos, este que foi publicado no dia 30 de junho de 2.000, tendo como assunto principal a excelente temporada que nossos pilotos estavam fazendo na F-CART, a F-Indy original. Depois de alguns anos onde nossos pilotos pareciam não conseguir escapar dos azares na competição, eis que na temporada de 2.000 as coisas finalmente se encaixaram melhor, e nossos competidores começam a dar o ar da graça, como no GP de Portland daquele ano, onde todo o pódio foi verde-amarelo. E finalmente chegaríamos ao título, com Gil de Ferran ao fim daquele ano, repetindo o feito de Émerson Fittipaldi em 1989. De resto, alguns tópicos rápidos com relação aos acontecimentos da semana. Uma boa leitura a todos, e espero que curtam o texto...
O DIA EM QUE O BRASIL ARRASOU A CONCORRÊNCIA NA F-CART
O último domingo foi particularmente especial para todos os amantes brasileiros do automobilismo. O GP de Portland, disputado no circuito de Portland International Raceway, viu o maior massacre brasileiro na F-CART em uma única corrida até agora em sua história. Pela primeira vez, o pódio de uma corrida na categoria foi totalmente verde-amarelo. Gil de Ferran venceu de forma fantástica, utilizando em parte a mesma tática empregada em 99, acelerando fundo e abrindo vantagem para poder parar mais uma vez. Roberto Moreno chegou em 2º lugar e assumiu a dianteira no campeonato, um mérito para a persistência e talento do Baixo, que sempre mereceu o tratamento que finalmente está tendo na categoria. E Christian Fittipaldi completou o pódio, com mais uma corrida agressiva e arrojada.
Os americanos ainda não puderam achar que aquilo foi o máximo. Quase que fizemos os 5 primeiros colocados na corrida serem brasileiros. Hélio Castro Neves, vencedor da etapa de Detroit, por pouco não fechou na 4ª colocação. Ter ficado sem metanol na reta de chegada realmente foi um duro golpe do destino, mas Helinho já mostrou sua classe na corrida, liderando boa parte dela e sendo o franco favorito à vitória até o câmbio começar a lhe apresentar alguns problemas. Outra corrida de monta foi a de Cristiano da Matta. O mineirinho da PPI Motorsports andou forte a corrida inteira e cruzou a linha de chegada em 5º, colado no câmbio de Michael Andretti. Um pouco mais de corrida e o americano simplesmente poderia ser ultrapassado.
Finalmente, com alguns anos de atraso, parece acontecer o que há muito se esperava. A F-CART parece que finalmente se rende ao domínio dos pilotos brasileiros. Somos maioria no plantel de pilotos. De cerca de 25 competidores, praticamente 9 são brasileiros, a maioria deles em boas equipes, como a Penske e a Newmann-Hass, sem contar a Patrick. Correndo por fora, ainda temos brasileiros na PacWest, na PPI, na Arciero, na Dale Coyne e na Morris Numm Racing. Uma hora, o azar que tem inflingido nossos pilotos estes anos todos tinha de acabar. E a hora parece ter chegado.
Já somamos 3 vitórias na temporada. Num campeonato marcado pelo equilíbrio, Gil foi o primeiro piloto a vencer pela segunda vez este ano, e a Penske consegue sua 3ª vitória na temporada, confirmando que seus dias de jejum de títulos podem estar contados. O time de Roger Penske rendeu-se à combinação vencedora dos últimos anos e, apesar de ainda ser, em termos, novata no desenvolvimento do conjunto Reynard/Honda/Firestone, sua capacidade técnica está superando a desvantagem que tem para com os times mais experientes, como a Green. E o melhor, tanto Gil de Ferran quanto Hélio Castro Neves dão mostras de poderem vencer corridas. Ambos são favoritos às vitórias nos circuitos mistos que vêm por aí no calendário, mas que ninguém pense que nos circuitos ovais as coisas serão mais fáceis para a concorrência, pois foi em Nazareth, um circuito oval, onde a Penske iniciou sua reação no campeonato, com Gil de Ferran.
Enquanto isso, a Patrick vive uma situação que não via desde 89, quando seu piloto, ninguém menos do que Émerson Fittipaldi, liderava o campeonato. Depois de mais de uma década no pelotão intermediário, Roberto Moreno está levando o time de Pat Patrick para a dianteira do campeonato. Moreno é o piloto mais regular do campeonato e já anda rondando a vitória. O talento do Baixo sempre existiu, só que agora ele tem tranqüilidade para trabalhar, sendo um piloto contratado, com a preocupação única e exclusivamente de guiar o carro e desenvolve-lo. Moreno ganhou a chance que queria e está fazendo valer a aposta que fizeram nele. Sem dúvida alguma, um feito com méritos.
Christian Fittipaldi também tem potencial para disputar o título. A Newmann-Hass é um dos times mais capacitados da F-CART, e Christian, tendo vencido sua primeira corrida em 99, está louco para repetir a dose. Tem andado perto da vitória novamente, mas o azar ainda não parece tê-lo deixado de vez.
Enquanto isso, Cristiano da Matta vêm ascendendo no campeonato rapidamente. Correndo por um time tecnicamente médio, o piloto mineiro já sente a evolução do motor Toyota na F-CART, que conseguiu em Milwaukee a sua primeira vitória na categoria com Juan Pablo Montoya. Se Montoya venceu com a Toyota, Cristiano também pode repetir a dose. Suas últimas corrida têm demonstrado isso claramente, e em Portland se viu mais uma amostra disso.
Quanto aos demais brasileiros, a sorte ainda anda falhando um pouco. Mauricio Gugelmim ainda não conseguiu se livrar da fase de altos e baixos da PacWest. Tony Kanaan ainda não teve chance de brilhar na nova equipe de Morris Numm, e o acidente de Detroit vai deixar o piloto de molho pelo menos até Michigan. Já Tarso Marques e Luiz Garcia Jr. ainda precisam de mais cacife técnico em seus times para poderem ter anseios maiores.
Pelo menos em classificações, estamos fazendo bonito também. Em Portland, os primeiros colocados no grid eram brasileiros, com pole de Hélio Castro Neves, e Gil de Ferran enchendo a primeira fila (toda da Penske). Roberto Moreno vinha logo atrás. Resultados como o de Portland começam a fazer os americanos ficarem com a pulga atrás da orelha, vendo uma de suas principais categorias automobilísticas serem dominadas por pilotos estrangeiros. Primeiro foi o italiano Alessandro Zanardi a ser bicampeão em 97 e 98. Ano passado, Juan Pablo Montoya, um colombiano, venceu o campeonato. E este ano, parece que a coisa está pelo lado dos brasileiros: os dois primeiros colocados no campeonato são brasileiros, Gil e Moreno, lideramos a Copa das Nações com vantagem e tudo indica que encerramos uma fase de azar de nossos pilotos. A América que se prepare, viemos para ficar!
Começam hoje os treinos livres para o GP da França de F-1. Depois de uma súbita reação da McLaren no campeonato, o resultado do GP do Canadá deixou a situação de Schumacher relativamente confortável na pontuação do mundial, mas a recuperação da equipe inglesa já começa a preocupar os dirigentes do time italiano, que temem que a McLaren consiga fazer em cima da Ferrari o que o time de Maranello não conseguiu nos últimos dois anos: sair de trás na tabela para vencer o campeonato. O resultado do GP francês pode ser uma prévia do que se esperar da fase européia do mundial. Se a McLaren reencontrou realmente seu rumo, a Ferrari que se cuide! A briga promete ser das boas.
Hoje também começam os treinos para a corrida de Cleveland, pelo campeonato da F-CART. Disputada no circuito montado nas pistas do aeroporto Burke Lakefront, a prova promete boas emoções do começo ao fim, pois a largura da pista, aliada à falta de muros e guard-rails, faz com que os pilotos sejam mais arrojados do que são normalmente, o que pode causar alguns acidentes de percurso bem interessantes. Para os brasileiros, é mais um circuito misto, e que agrada a nossos representantes na categoria. Gil de Ferran conquistou em 97 uma vitória fantástica no duelo titânico com Alessandro Zanardi. Este ano a briga está mais equilibrada, com vários pilotos em igualdade de condições, sem favoritos destacados.
Começam as fofocas sobre trocas de pilotos. Alexander Wurz pode ficar a pé antes mesmo do fim do campeonato. A fonte é ninguém menos do que Flavio Briatore, que não anda nada satisfeito com a performance do austríaco, que já foi considerado a nova promessa da Áustria no automobilismo. Quem conhece Briatore sabe que ele já rifou pilotos de muito melhor calibre do que Wurz, então, a ameaça que paira sobre a cabeça do austríaco não é nem um pouco leviana. Antônio Pizzonia, que fez bons testes com a Benetton e impressionou o staff técnico do time, é uma possibilidade para o lugar de Wurz, caso a demissão seja concretizada.
Outro que pode ser a peça central do mercado de pilotos é Jacques Villeneuve. O piloto canadense, depois de algumas boas performances com o limitado carro da BAR, é o nome mais valorizado do momento no mercado de pilotos. Seu possível destino pode ser a Benetton em 2001. Briatore está decidido a ter um piloto de ponta em sua equipe, mas o nome de Villeneuve é o único disponível no momento. Vamos ver no que vai dar.
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