sexta-feira, 14 de junho de 2024

SALVAÇÃO PARA A TEMPORADA 2024?

Max Verstappen venceu mais uma corrida, mas teve de dar duro para superar os concorrentes na prova do Canadá, mostrando que a Red Bull não terá um ano muito fácil em 2024, como ocorreu em 2023.

          Desde o Grande Prêmio de Miami, a temporada da F-1 vem assumindo um novo contorno, felizmente, muito mais positivo do que se poderia esperar. Da expectativa de um novo massacre por parte da equipe Red Bull e principalmente de Max Verstappen, especialmente depois da escuderia dos energéticos ter vencido 20 das 21 corridas da temporada passada, e iniciado a temporada deste ano com a mesma força, enquanto os adversários pareciam novamente bater cabeça, apesar de suas evoluções, passamos a ter esperanças de vermos um campeonato, se não mais equilibrado, pelo menos bem mais disputado do que fora o do ano passado.

          Na Austrália, um raro abandono de Verstappen, e alguns problemas com Sergio Perez providenciaram a primeira derrota da Red Bull no ano, quebrando a invencibilidade do time austríaco, em um momento ainda inicial da competição, algo bem mais positivo do que em 2023, quando a única derrota do time dos energéticos veio em Singapura, já na fase final da temporada, sem que isso pudesse alterar em nada o rumo dos acontecimentos àquele momento. Haveriam novas oportunidades durante o ano, visto o número de corridas ainda por serem disputadas? Haviam chances, mas difícil poder estipular uma perspectiva.

          A Red Bull vivia o escândalo do assunto de assédio por parte de Christian Horner, seu diretor principal, a uma funcionária, o que poderia tumultuar o ambiente de trabalho da escuderia, o que parecia não ser afetado, dado o modo como Verstappen vinha dominando as corridas, e até Perez fazia sua parte, assumindo a vice-liderança com performances pelo menos sólidas, aproveitando o carro que possui e superando os demais pilotos nas corridas. Mas, eis que Adrian Newey anunciou que estava deixando o time, após quase 20 anos de casa, o time onde por mais tempo ficou em toda a sua carreira no automobilismo, e provocando um verdadeiro terremoto interno, afinal todos os carros campeões de Milton Keynes tem a assinatura do engenheiro e projetista inglês. E, coincidência ou não, logo após este anúncio, no GP de Miami, eis que a Red Bull começou a ter problemas com seu carro. Será mesmo coincidência? Ou será que, logo de cara, a saída de Newey já se fez sentir, já que o inglês se afastou de todos os trabalhos referentes ao projeto da F-1...

          Seja como for, Verstappen já não conseguiu se impor como vinha fazendo na prova de Miami, e mesmo com as circunstâncias de corrida, não conseguiu discutir a vitória com Lando Norris, da McLaren, que assim que assumiu a liderança, quando já vinha acossando o tricampeão irlandês, simplesmente abriu vantagem, e venceu seu primeiro GP de F-1, levando a McLaren de volta ao degrau mais alto do pódio. Poderia ser apenas um resultado circunstancial, devido às particularidades da pista urbana da cidade da Flórida, em que pese o time de Woking ter levado várias atualizações para seu carro, algo que ainda precisava ser comprovado efetivamente. Na etapa seguinte, em Ímola, Verstappen até dominou a fase inicial da corrida, reforçando esta impressão singular da corrida de Miami. Mas, na parte final, sofreu com o comportamento do carro com os pneus, e Norris veio no ataque, colocando o novo triunfo de Max em perigo, terminando por cruzar a linha de chegada grudado no piloto da Red Bull, que precisou mesmo se defender a fundo das investidas do piloto da McLaren, que embora não tivesse tido chance de tentar a ultrapassagem, chegou muito perto de poder fazê-lo, e repetir o triunfo da prova anterior. Uma corrida ganha por Verstappen no braço, como poucas vezes se viu desde 2022. Circunstâncias da pista, ou problemas reais no carro, que passou a não ter mais aquele ajuste fino que parecia ter até a corrida da China?

A McLaren poderia ter vencido, mas erros de estratégia e azares fizeram o time perder a oportunidade (acima), enquanto a chuva (abaixo) ajudou a complicar as estratégias dos pilotos durante a prova.


          Mônaco trouxe um novo pesadelo para a Red Bull, que tal qual em Singapura em 2023, não se achou na pista monegasca, repetindo a situação de ambos os pilotos do time rubrotaurino ficarem de fora da briga pela vitória, que veio para a Ferrari, e para Charles LeClerc. Uma situação que não oferecia prognósticos válidos, dada as dificuldades particulares da pista de Monte Carlo para a competição, uma vez que pelas circunstâncias da corrida, tivemos a prova mais enfadonha do principado em tempos. Mas, para o campeonato, estava ficando bom. A Red Bull já perdia o duelo em três GPs, situação muito melhor do que a de 2023, quando perderam de vencer apenas 1 corrida em toda a temporada. E Verstappen passava a ter a menor vantagem para um outro piloto de um time rival desde a 2022. Poderíamos sonhar efetivamente com uma temporada disputada de fato? McLaren evoluía a passos largos, e a Ferrari, apesar de tudo, parecia estar ali, chegando perto também, talvez muito mais rápido do que a Red Bull poderia imaginar, e o sinal amarelo estava soando em Milton Keynes.

          Mas a própria Red Bull estabeleceu que as próximas duas corridas seriam cruciais para se avaliar se ainda voltaria a comandar a temporada, ou se os rivais estão chegando com tudo realmente. A prova do Canadá, com novo triunfo de Max Verstappen, assumiu ares já vistos em Ímola, onde os rivais tiveram tudo para vencer novamente, mas esbarraram na capacidade de Verstappen, que em meio aos acontecimentos do GP, garantiu um novo triunfo em meio a problemas enfrentados pela escuderia, que mais uma vez, não conseguiu se impor como vinha fazendo no início. Muito pelo contrário, dava a impressão de que o time ficaria até de fora da briga pela vitória, com o tricampeão holandês voltando a salvar o dia, e reafirmando sua liderança no campeonato, que voltou a ficar mais folgada.

          A McLaren voltou a andar forte, e não deu sorte na pista canadense diante dos acontecimentos da corrida, que foi marcada pela presença da chuva, que bagunçou as estratégias de times e pilotos com sua instabilidade, e pelos acidentes ocorridos que motivaram a entrada do Safety Car, com o circuito de Montreal voltando a mostrar quer sempre pode apresentar um cenário mais emocionante em se tratando do GP de F-1. Mas ali quem surpreendeu foi a McLaren, com a conquista da pole-position por George Russell, que terminou em 3º, o primeiro pódio do time alemão no ano, após várias corridas de performance abaixo do esperado. Será que o time de Brackley também pode chegar para tentar dificultar a situação da Red Bull, como a McLaren já mostrou poder fazer? Para a competição, melhor ainda, termos mais times capazes de brigar pelas primeiras colocações. Quem falhou em Montreal, inexplicavelmente, foi a Ferrari, que nem conseguiu chegar ao Q3, e perdeu uma boa chance de encostar mais na Red Bull. Os dois pilotos ficaram zerados, um verdadeiro desastre, depois do bom momento vivido em Mônaco, com vitória e 3º lugar. LeClerc teve uma performance pífia, e o time ainda errou com seus pneus no trato com a chuva ainda presente na pista, e Sainz teve um acidente onde ainda tirou Alexander Albon da prova. O time, que de início se apresentava como o mais forte rival potencial da Red Bull, precisa se mexer para colocar as coisas em ordem, ou vai ficar para trás da McLaren, impressão que já vem sendo cada vez mais forte nas últimas provas.

          Quem já ficou para trás foi a Aston Martin, incapaz de reproduzir este ano a excelente performance demonstrada no ano passado, e se mostrando ter grandes dificuldades quando o assunto é evoluir seu carro, mantendo-se como 5ª força na competição, onde até mesmo Fernando Alonso tem decaído nas performances, e Lance Stroll raramente ajuda o time a conseguir resultados na pista. O time de Silverstone até que conseguiu surpreender um pouco na sexta-feira em Montreal, mas foi fogo de palha durante a corrida, quando Alonso até segurou Lewis Hamilton enquanto esteve à sua frente, mas tão logo acabou superado no box, despencou para trás, sem conseguir chegar mais à frente.

          E enquanto Ferrari, apesar do percalço em Montreal, e McLaren, se mostram cada vez mais próximas da Red Bull de Max Verstappen, o que pensar da Mercedes? O time alemão vinha prometendo melhorar seu desempenho desde as primeiras corridas, e o que víamos eram eles ficarem brigando até para conseguir pontuar em alguns momentos, de modo que as promessas pareciam apenas promessas mesmo. Mas em Montreal, de fato, os carros prateados mostraram melhorias nítidas, a ponto de Russell ter conseguido a pole, e até ter liderado boa parte da corrida. Mas o inglês perdeu ritmo, e cometeu alguns erros que foram aproveitados pelos rivais, de modo que só deu para salvar o 3º lugar, com Hamilton conquistando a volta mais rápida e seu ponto extra. Ambos poderiam ter feito mais, é verdade. O heptacampeão errou na sua volta rápida e largou apenas em 7º, ficando parte da prova preso atrás de Alonso, e Russell, como mencionado, se afobou na disputa pelos primeiros lugares tentando recuperar a liderança após ter sido superado pelos rivais e não concretizou sua 2ª vitória na categoria. Agora, a F-1 vai para Barcelona, pista que costuma mostrar as virtudes e defeitos de qualquer máquina, e pode ser um teste mais conclusivo para vermos se o time octacampeão vem mesmo para tentar engrossar a disputa pelas primeiras colocações.

Enquanto a Mercedes parece ter conseguido finalmente evoluir sua performance, a Aston Martin mostra que não vai conseguir em 2024 o mesmo desempenho exibido no ano passado.

          Do mesmo modo, Barcelona pode dar uma resposta mais cabal se a Red Bull ainda está tendo apenas um momento de baixa, ou se isso é de fato a tendência atual de performance do modelo RB20, que deitou e rolou enquanto os adversários ainda se acertavam no início do ano, mas agora, mais exigido diante da aproximação dos rivais, estará mostrando suas limitações de fato. Os times conhecem a pista da Catalunha como poucas, e por sua variedade de curvas, é o circuito ideal para se ver qual é a posição de força de cada time, ainda que estes resultados possam variar, dependendo da escuderia.

          Max Verstappen começa a cobrar o time para que os problemas vistos no carro até aqui não se repitam. Já é a segunda corrida onde o holandês precisou fazer a diferença efetivamente para levar o time novamente à vitória, mas pelo modo como os rivais estão ficando mais próximos, ele dá a entender que só ele pode não conseguir garantir vitória em todos os momentos, dependendo da situação. Se a Red Bull ter dificuldades em Barcelona, o sinal vermelho pode soar em Milton Keynes, pois os concorrentes poderão de fato ter chegado para a briga firme pelo título, e mesmo a vantagem garantida até agora por Verstappen pode acabar sendo corroída pelos rivais se o desempenho do time austríaco se complicar ainda mais.

          Para felicidade da concorrência, eis que Sergio Perez está novamente em baixa na competição. Depois de andar relativamente forte até a prova de Shanghai, cumprindo com o que a Red Bull espera dela, o mexicano acabou atingido pelos problemas decorrentes do carro, e mais uma vez, como ocorreu nas temporadas anteriores, caiu lá para trás, enfrentando diversos problemas, e também passando a apresentar performances aquém do esperado. Suas posições de largada em Mônaco e Montreal foram pífias, caindo logo no Q1 da classificação, e largando lá atrás, quando deveria ter a obrigação de chegar ao Q3, algo que Verstappen conseguiu, ainda que o holandês tivesse que suar bastante para realizar. Já foram duas provas zeradas, que fizeram Perez cair da vice-liderança para a 5ª colocação na classificação, algo que não é bom para o piloto, e muito menos para a equipe. E isso ocorrendo, vejam só, logo na renovação do contrato de Pérez com o time por mais dois anos, o que em tese garante sua permanência na Red Bull até 2026. Christian Horner, e o próprio Max já falaram que precisam estar com os dois carros “em ação”, e que Perez será mais necessário do que nunca. Nos anos anteriores, se é verdade que o mexicano teve seus momentos de baixa e ficou devendo em várias provas, o time também não se esforçou a fundo para ajudar o piloto, ficando mais centrado nas cobranças do que em melhorar de fato a adaptação do mexicano ao carro, recusando-se até a mudar certos parâmetros que pudessem deixar Sergio com mais confiança no carro e poder render mais. Será que agora eles darão mais atenção a este tipo de detalhe, quando precisarão de forma mais efetiva do mexicano? A conferir.

          Para os fãs, a temporada parece estar ganhando novos protagonistas, que prometem de fato engrossar a briga, se ainda meio distante pelo título, pelo menos pelas vitórias. Verstappen pode até continuar vencendo corridas, mas não será mais com a extrema facilidade vista no ano passado, e tendo de suar o macacão para de fato chegar ao tetracampeonato. Quanto mais briga na pista, melhor!

 

 

Ridícula a punição sofrida por Sergio Perez, de perder 3 posições no grid do GP da Espanha, a próxima corrida, por “condução insegura” quando levou seu carro com a asa traseira batida de volta para os boxes na prova de Montreal, além de uma multa de cerca de 25 mil euros. A manobra do mexicano a meu ver não colocou ninguém em risco, mas parece ter irritado a direção da corrida por ter evitado mais uma entrada do Safety Car na prova. Até Helmut Marko reclamou da punição dada a Perez, ainda que a Red Bull tivesse reais interesses em evitar um novo Safety Car naquele momento, já que Max Verstappen liderava a corrida e poderia ter sua posição ameaçada caso o pelotão se reunissem atrás dele. Na minha opinião, evitou deixar o carro estacionado em algum canto, e sim, ter intervenções demais do carro de segurança também acaba jogando contra o show na pista, dependendo da situação. A FIA parece não ter o que fazer além de criar regras que só enchem o saco, e isso quando os comissários não metem os pés pelas mãos com atitudes como essa em relação ao piloto mexicano da Red Bull.

 

 

Tendo protagonizado duas batidas durante o fim de semana canadense, o chinês Guanyou Zhou pode estar dizendo adeus à sua permanência na F-1 em 2025. A Sauber, que se tornará Audi em 2026, já tem Nico Hulkenberg garantido para o próximo ano, e a outra vaga tem na teoria um único favorito de quilate, Carlos Sainz, cujas opções vão se escasseando cada vez mais a cada dia que passa, e provavelmente aceitará a oferta dos alemães. Isso deve deixar Zhou de fora do grid no próximo ano, e até Valtteri Bottas está na berlinda, sem ser muito considerado pela escuderia para a próxima temporada. O finlandês, infelizmente, acabou tragado pela falta de competitividade atual do time, e pode ser mais um a ficar a pé em 2025. Quem será que se mantém na parada, afinal?

 

 

Chegou a hora da mais famosa e longa corrida do mundo: as 24 Horas de Le Mans, com largada neste sábado, a partir das 11:00 Hrs., com transmissão ao vivo pelo canal a cabo Bandsports, que exibirá partes da corrida durante sua programação, enquanto seu canal no You Tube exibirá a corrida na íntegra, assim como o canal de You Tube do site Grande Prêmio. Serão 24 horas de disputas onde a velocidade, e principalmente, a resistência de carros e pilotos serão postos à prova. Teremos nada menos que 186 participantes e 62 carros em Le Sarthe, e seis deles serão brasileiros, com alguns deles podendo lutar pelo vitória, um triunfo nunca alcançado em Le Mans, pelo menos na classe principal da corrida, que agora são os hypercars. Felipe Nasr dividirá o carro Nº 4 da Porsche Penske com Mathieu Jaminet e Nick Tandy na classe dos hypercars, partindo da 19ª posição no grid. Na equipe Action Express, também na classe dos hypercars, o carro 311 Cadillac V-Series.R terá Pipo Derani e Felipe Drugovich, junto com Jack Aitken, ocupando o 18º posto do grid de largada. Na classe LMGT3 contaremos com Augusto Farfus no carro BMW M4 GT3 Nº 31 da equipe Team WRT, em companhia com os pilotos Sean Gelael e Darren Leung, largando em 54º no grid; Daniel Serra na Ferrari 296 GT3 Nº 86 da equipe GR Racing ao lado dos pilotos Riccardo Pera e Michael Wainwright ficaram sem tempo e largarão na última posição, em 62º lugar; e Nicolas Costa estará ao volante do McLaren 720S GT3 Nº 59 da equipe United Autosports junto de James Cottingham e Grégoire Saucy, partindo da 50ª posição do grid.

 

 

E a pole position das 24 Horas de Le Mans de 2024 ficou com a Porsche Penske, com o carro nº 6 sob o comando de Kevin Estre, André Lotterer e Laurens Vanthoor, com o tempo de 3min24s634. Kevin, aliás, foi o responsável por desbancar o carro Nº 2 da equipe oficial da Cadillac com Early Bamber, Alex Lynn, e Álex Palou por uma diferença de apenas 0s148, e formam a primeira fila do grid em Le Sarthe. O outro carro oficial da Cadillac, o nº 3 e sob o comando de Sébastien Bourdais, Renger van der Zande e Scott Dixon, vem logo a seguir, abrindo a segunda fila, ao lado da Ferrari 499P da equipe Ferrari, com James Calado, Antonio Giovinazzi, e Alessandro Pier Guidi. Quem vai levar as 24 Horas este ano? No ano passado, deu Ferrari, mas Toyotas e Porsches também vão duelar a fundo pela vitória.

Com 62 carros no grid, Le Mans está pronta para mais uma edição das 24 Horas, na pista de Le Sarthe.

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