Hora de trazer novamente uma de minhas antigas colunas, e esta foi publicada no dia 05 de maio de 2000, sendo que o assunto principal era a reação da McLaren ao início esmagador da Ferrari e de Michael Schumacher naquele início de temporada. O time italiano tinha vencido as três primeiras corridas daquela temporada da F-1 com Michael Schumacher, mas nas duas provas seguintes, a McLaren reagiu, obtendo duas vitórias que colocavam o time de Woking novamente na briga pelo título, e que de fato se encaminharia até o final do ano, quando Michael Schumacher finalmente conquistaria o tricampeonato, e de quebra, acabaria com o incômodo jejum da Ferrari que já vinha desde a conquista de Jody Schekter em 1979, último ano em que um piloto de Maranello conquistaria um título na categoria máxima do automobilismo. Mika Hakkinen até que tentou, mas teve de se conformar com o vice-campeonato, e a McLaren, apesar de tudo, lutou o que pôde, mas acabou finalmente superada pelo time rosso e seu piloto alemão. De quebra, alguns tópicos rápidos dos acontecimentos daquela semana. Uma boa leitura a todos...
REAÇÃO DA MCLAREN?
Finda a 5ª etapa do campeonato de Fórmula 1 deste ano, a vitória foi de Mika Hakkinen, a primeira do atual bicampeão na temporada 2000, e o segundo triunfo consecutivo do time de Ron Dennis, que também havia vencido a etapa anterior, em Silverstone. E foram duas vitórias com dobradinha: na tradicional pista inglesa, o triunfo foi de David Coulthard, com Hakkinen em 2° lugar, e em Barcelona, ambos ocuparam as posições inversas, com o escocês a terminar em 2° lugar.
Estaremos vendo a reação da McLaren no campeonato? Depois de um início dos mais proveitosos para a Ferrari, que nas primeiras 3 corridas conquistou 3 vitórias com Michael Schumacher, dando a entender que finalmente está chegando a hora da mais famosa escuderia da F-1 encerrar seu jejum de títulos, eis que o time inglês volta a vencer, e dá ânimo a um campeonato que poderia ser um caminho fácil para o tricampeonato de Schumacher. Mas, será mesmo que a McLaren vai passar a dar as cartas no campeonato?
Michael Schumacher ainda lidera com folga o campeonato, com 36 pontos, contra apenas 22 de Mika Hakkinen, ou seja, uma folga de 14 pontos, o que garante que mesmo que não pontue na próxima corrida, em Nurburgring, o bicampeão alemão continuará na liderança do certame. Coulthard, por sua vez, está apenas 2 pontos atrás de seu companheiro de equipe finlandês, e pode ser a surpresa do ano, disputando com Mika a primazia na McLaren. Na Ferrari, Schumacher está muito à frente de Rubens Barrichello, que até o presente momento, não teve um início de campeonato dos mais empolgantes. Levando-se em conta o panorama da competição até aqui, mais uma vez a luta do título deve ficar mesmo restrita a Ferrari X McLaren, com o diferencial de que, pela primeira vez desde 1997, este é o ano em que o time de Maranello começou mais forte do que nunca, requisitando para si o favoritismo da luta pelo título, que nos anos anteriores sempre começou com clara vantagem para os carros prateados.
Neste ano, a McLaren amargou ter as duas primeiras etapas do campeonato praticamente zeradas, só conseguindo marcar pontos a partir da terceira prova, em Ímola. Michael Schumacher aproveitou e abriu uma dianteira considerável, que só agora está sendo revertida, mas o panorama pode não ser tão favorável ao time inglês como alguns acham que pode ser. A vitória em Silverstone, mesmo sendo obtida em dobradinha, foi facilitada pelos problemas mecânicos enfrentados por Rubens Barrichello, que havia largado na pole e liderava com autoridade a corrida, até ter problemas que o fizeram perder a liderança, e depois, abandonar a prova. Com o brasileiro sem ter problemas, o resultado da corrida poderia ter sido outro.
Já a pista de Barcelona é um circuito que privilegia a aerodinâmica de um monoposto, e nesta área, a McLaren conta com o melhor engenheiro da F-1, o inglês Adrian Newey, que projetou os carros campeões dos últimos 4 anos. Mas isso não quer dizer que os carros de Hakkinen e Coulthard tenham vencido apenas por ser a pista da Catalunha: desde o início do ano, os carros prateados têm se mostrado extremamente velozes: Hakkinen foi pole nas 3 primeiras corridas, sendo que a Ferrari só conseguiu sua primeira pole em condições normais na Espanha, já que a classificação na Inglaterra foi conturbada pelas instabilidades climáticas. Mas, se a McLaren tem se mostrado o carro potencialmente mais veloz, sua confiabilidade não tem sido das melhores, infelizmente.
Tanto Hakkinen quanto Coulthard abandonaram com problemas de motor na Austrália, e o finlandês também ficou pelo caminho em Interlagos, enquanto Coulthard acabou desclassificado na prova brasileira. Os primeiros pontos só vieram em San Marino, com Hakkinen a colocar a vitória de Schummy em perigo, enquanto Coulthard esteve distante em luta com Barrichello pela posição restante do pódio. Michael Schumacher, por sua vez, não abandonou nenhuma corrida, e só em Barcelona teve um resultado menos vultoso, ficando em 5° lugar, em parte devido a um problema no reabastecimento, e à briga fraticida entre Michael Schumacher e seu irmão Ralf.
Se a McLaren tiver resolvido efetivamente seus problemas de confiabilidade, o duelo promete nas próximas etapas, e se nos últimos anos vimos Schumacher e a Ferrari correndo atrás da McLaren até empatar a briga, desta vez a situação é inversa: é Schumacher quem é o alvo, e com os dois pilotos da McLaren em posição de caçadores, o que pode complicar a situação se a Ferrari por acaso não apresentar a mesma performance. Se isso acontecer, a disputa do campeonato pode ficar emocionante, e quem sabe se Rubens Barrichello pode entrar também nesta briga, e quem sabe, finalmente conseguir sua primeira vitória na F-1?
Que venha o GP da Europa, então...
Com 15 pontos no campeonato, a Williams ocupa a 3ª posição, sendo o melhor time depois de McLaren e Ferrari, que disputam a ponta no Mundial de Construtores. A Ferrari está na frente, após a prova da Espanha, com 49 pontos, mas a McLaren aproxima-se rapidamente, com 42 pontos. O time de Frank Williams tem um carro relativamente rápido, e não fosse o noviciado dos motores BMW, que começaram praticamente do zero e já mostram grande evolução, apesar de ainda terem alguns problemas de potência, poderiam até estar mais à frente na competição, pelo menos com mais pontos. Mas todo início de uma parceria técnica é assim mesmo: a mesma Williams enfrentou um início de ano complicado em 1989, quando iniciou sua associação de longa data com a Renault no uso de seus motores V-10. Todos têm plena consciência de que com um pouco mais de trabalho, tanto Ralf Schumacher quanto Jenson Button poderão se intrometer na luta pelas posições da frente, e quem sabe, fazer a Williams voltar a disputar vitórias, e possivelmente, o título. É apenas ter um pouco de paciência, pois a BMW não retornou à F-1 para fazer figuração, podem apostar...
David Coulthard praticamente renasceu nesta última semana: seu avião Lear Jet sofreu um violento acidente no aeroporto de Lyon, em que morreram os dois pilotos. Coulthard, sua namorada, e seu fisioterapeuta, que viajavam na aeronave, saíram praticamente ilesos. David, na verdade, acabou fraturando as costelas, mas correu mesmo assim o GP da Espanha, onde foi 2° colocado. Pode não ter ameaçado a vitória de seu parceiro Mika Hakkinen, mas pela violência do acidente de que escapou dias antes, foi um resultado mais do que comemorado.
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