E já chegamos ao fim do mês de junho, o que significa que já encerramos a primeira metade de 2023. Este mês foi palco de uma das mais importantes provas do mundo do esporte a motor, as famosas 24 Horas de Le Mans, e no ano de seu centenário, nem é preciso dizer que foi uma das etapas mais empolgantes dos últimos tempos. Mas, o mundo do automobilismo não ficou restrito a apenas esta grande prova. E então, com o fim do mês, é chegada a hora de mais uma edição da Cotação Automobilística, com uma pequena avaliação de alguns dos diversos e vários acontecimentos e personagens do mundo da alta velocidade que pudemos vivenciar neste mês, com alguns comentários, no velho esquema de sempre: Em Alta (menções no quadro verde); Na Mesma (quadro azul); e Em Baixa (quadro laranja). Portanto, aproveitem o texto e tenham todos uma boa leitura, e até a próxima edição da Cotação Automobilística no final do mês de julho, inaugurando o segundo semestre de 2023...
EM ALTA:
Ferrari vencendo em Le Mans: Se no
campeonato da Fórmula 1 o time de Maranello vem batendo cabeça tentando
encontrar seu rumo, no Mundial de Endurance, onde fez sua estréia na classe
Hypercar este ano, a atuação tem sido bem mais competente. OK que a Toyota
ainda é o time a ser batido, mas os carros vermelhos tem sido os mais
consistentes em desafiar o poderio do time nipônico, ainda mais tendo feito seu
regresso às provas de longa duração neste ano. E, nas 24 Horas de Le Mans, a Ferrari
marcou toda a primeira fila, e esteve sempre no páreo pela vitória na mais
famosa corrida de Endurance do planeta. Por mais que a Toyota e alguns times rivais
tenham tido problemas durante a corrida, como a própria Ferrari também os teve,
o time italiano conseguiu se manter firme, deixando-se afetar menos pelo azar, e
marcou o se retorno a Le Mans, após praticamente 50 anos de ausência na classe
principal, com uma vitória histórica, redimindo a marca do “cavallino rampante”
nos anais da corrida de Le Sarthe. Na luta pelo título, a Toyota ainda tem
vantagem, mas com um pouco mais de sorte e competência, a Ferrari tem boas
chances de pelo menos dificultar a conquista, e quem sabe lançar o desafio para
2024, de que tentará definitivamente o título. Para este ano, pode-se dizer que
a Ferrari já tem o seu grande triunfo no mundo da velocidade, porque ganhar as
24 Horas de Le Mans não é qualquer vitória, muito pelo contrário...
Francesco Baganaia na luta pelo
bicampeonato da MotoGP: “Pecco” vem conseguindo mostrar uma boa regularidade na
atual temporada da classe rainha do motociclismo. Campeão mundial vigente, que
tirou a Ducati de uma longa espera, tornando-se o segundo piloto a ser campeão
mundial pela marca de Borgo Panigale, Bagnaia teve alguns percalços no ano,
sofrendo algumas quedas que poderiam ter sido evitadas, mas é inegável
constatar que, em comparação com o ano passado, sua temporada até aqui tem sido
muito positiva, tendo vencido 4 provas (5, se consideradas as provas Sprint), e
conseguido abrir uma vantagem até razoável no momento. O italiano não tem
conseguido vencer com a facilidade que muitos imaginavam, sendo que seus triunfos
tem sido sempre por margens pequenas, mas tendo conseguido manter o controle na
maioria das situações, mesmo sob pressão dos rivais, quando é muito mais fácil
cometer erros e perder as disputas. E ele ainda teve a sorte de não ter disputa
dentro do próprio time, já que Enea Bastianini ficou fora de combate por várias
corridas, e agora, em seu retorno, ainda não conseguiu mostrar a que veio, de
modo que a Ducati não deve ter uma briga interna em seu time de fábrica pelo
título da temporada, a menos que algo drástico aconteça. Mas Bagnaia, apesar de
alguns tropeços aqui e ali, se mostra um piloto bem mais eficiente do que no
ano passado, e caminha paulatinamente para conquistar o bicampeonato da MotoGP,
consolidando o atual reinado da Ducati como grande força do grid, após muitos
anos de dominação das equipes japonesas na competição. Depois das conquistas de
Valentino Rossi, Francesco Bagnaia tem tudo para se colocar como herdeiro do “Doutor”
na MotoGP, até porque se ele está hoje onde está foi graças ao apoio de Rossi e
sua academia de pilotos, que rendeu aos italianos um novo campeão mundial, que
tem tudo para ser bi este ano, e quem sabe, chegar bem mais alto na carreira,
se conseguir ir evoluindo como parece estar fazendo. Os rivais que se
preparem...
Disputa pelo vice-campeonato na
F-1: Certo, o título da categoria máxima do automobilismo este ano já é praticamente
de Max Verstappen, que faturou as provas da Espanha e do Canadá aparentemente
sem muito esforço, mas aumentando ainda mais sua vantagem na liderança da
competição, mostrando que será praticamente impossível ele perder o
tricampeonato este ano. Felizmente, para os amantes da competição, a disputa
pelo vice-campeonato começa a ficar bem interessante, com pelo menos 3 pilotos
em posição de discutir essa façanha. Sergio Perez, que não tem rendido nas
últimas corridas, além de ver seu companheiro de equipe bicampeão desgarrar
ainda mais, começa a ficar na alça de mira de dois rivais potencialmente
perigosos: Fernando Alonso e Lewis Hamilton, que vem se aproximando devagar,
mas de forma consistente, aproveitando o momento de baixa performance do
mexicano. A Aston Martin parece ter conseguido providenciar bons upgrades para
seu carro, que vem sendo explorado ao máximo pelo asturiano, que após um
momento fora de prumo na Espanha, voltou à carga em Montreal, terminando a
prova em 2º lugar, e com disposição para ser mais abusado nos próximos GPs. E
Lewis Hamilton, confirmando um passo adiante da Mercedes com a nova versão do
modelo W14, também vem chegando, conquistando pódios, e se cacifando para brigar
um pouco mais à frente. Se alcançar Max Verstappen é pedir demais, brigar com
Pérez já está sendo uma realidade, e a menos que piloto mexicano consiga voltar
a apresentar o desempenho das primeiras corridas, quando andava bem próximo do
holandês, ele pode mesmo ficar em perigo de ter de duelar com Alonso e Hamilton
pelo vice-campeonato, algo impensável para quem tem nas mãos o melhor carro da
temporada, e que vinha até a corrida de Miami dando a ilusão de que poderia até
dificultar um pouco a disputa para Verstappen, apesar da realidade óbvia. Pode
não ser muito para se salvar a temporada da F-1 em termos de disputa, mas é o
que temos para o momento, e a possibilidade de duelo entre esses três pilotos
não deixa de ser interessante. Resta saber como eles irão explorar essa briga
na pista, dependendo do momento de cada um. E, no presente momento, é o
mexicano quem está de guarda baixa, enquanto o bicampeão espanhol e o
heptacampeão inglês se encontram em momento mais positivo. Quem vai levar essa?
Disputa nas corridas da Formula-E
2023: O campeonato deste ano da categoria de carros monopostos elétricos pode
ter começado um pouco claudicante, mas nas últimas provas a disputa tem pegado
fogo na pista, com números cada vez maiores de ultrapassagens na pista, e com
pelotões cada vez mais embolados. Que o digam os torcedores que puderam ver na
prova de Portland este mês, onde houve cerca de 403 mudanças de posição na
pista, com o pelotão de carros andando embolado como não se vê em quase nenhuma
outra categoria de competição no mundo. Todo mundo junto, com vários carros
andando lado a lado, aproveitando a largura da pista, em boa parte da corrida,
com mudanças constantes até quase a última volta em todo o pelotão. Ficava até
difícil apontar as posições de alguns pilotos, diante das disputas que rolavam
a todo instante, com até mesmo a cronometragem da prova endo alguns “tilts” momentâneos.
E com pistas mais largas e menos travadas, os carros vão aproveitando cada vez
mais a nova potência dos trens de força, em uma evolução contínua, em que
várias fábricas ainda seguem firmes na competição. E a disputa pelo campeonato
segue firme também, com pelo menos 4 pilotos na condição de postulantes ao
título da temporada, sendo que os dois primeiros colocados encontram-se
separados por apenas 1 ponto, e com 4 corridas para terminar a competição, onde
tudo pode acontecer ainda. Temos cerca de 4 times e duas marcas na briga pelo
título: Envision, Jaguar, Porsche, e Andretti, impulsionados pelos trens de
força da Jaguar e da Porsche, que nunca estiveram mais próximos de serem
campeões da F-E do que agora, na temporada de estréia da terceira geração de
carros da categoria. E briga na pista é o que não deve faltar nas etapas que
faltam para encerrar a temporada 2023. Podem apostar!
Álex Palou: O piloto espanhol da
equipe Chip Ganassi disparou na liderança da temporada deste ano da Indycar.
Palou é o piloto com mais vitórias no ano, três, tendo mais um pódio com um 3º
lugar, e um 8º lugar como pior resultado na temporada até aqui. Campeão da
temporada de 2021, Álex começou sua estilingada vencendo o GP de Indianápolis,
e depois faturando duas vitórias consecutivas, em Detroit e Road America, e
agora, tem 74 pontos de vantagem para Marcus Ericsson, o vice-líder da
competição. É verdade que ainda temos 9 corridas pela frente, mas a dianteira
aberta pelo espanhol é significativa, e se ele conseguir administrar a
vantagem, torna-se o grande favorito para chegar ao título, e se consagrar
bicampeão da categoria. Os demais rivais até agora ainda estão tendo seus altos
e baixos, não conseguindo alcançar uma constância mais efetiva de resultados, o
que favoreceu a disparada de Palou na liderança. Mas, é preciso que ele
mantenha o controle, evite confusões, e não se distraia com assuntos
extra-pista, como ocorreu no ano passado, quando se envolveu com uma tentativa
de transferência frustrada para outra escuderia, o que fez o ambiente na
Ganassi azedar e ele perder o foco da disputa, ficando sem conseguir repetir a
luta pelo título. E é aqui que mora o perigo, já que se fala que ele anda
visando uma vaga na F-1, possivelmente na equipe Alpha Tauri, chegando até a
pedir ajuda a Max Verstappen neste sentido. Será que palou vai acabar repetindo
os erros do ano passado e se complicar sozinho? É o sonho dos rivais, e que
poderia minar sua campanha para tentar o bicampeonato. Palou que fique esperto,
como vem sendo na pista até agora...
NA MESMA:
Max Verstappen: Pode parecer injustiça
colocar o líder da temporada da F-1 nesta situação, mas é o que temos. O
bicampeão holandês vem vencendo ininterruptamente desde a etapa de Mônaco, e
por mais elogiosas que sejam suas performances, isso já parece ter se tornado
banal na atual temporada, diante da falta de perspectivas de uma disputa mais
parelha pelo título, algo que os concorrentes não vem conseguindo oferecer ao
piloto da Red Bull, nem mesmo o seu companheiro de equipe. Resta a Verstappen
apenas fazer o seu melhor, e continuar massacrando a concorrência, e
simplesmente já dar como certa a conquista do seu tricampeonato. Não é culpa
dele ter o melhor carro, nem estar dando o seu melhor, o que é sua obrigação,
como um dos grandes gênios do esporte a motor mundial. Ele diz clamar por mais
disputa, e talvez até tenha um pouco disso no segundo semestre, mas quando já
tiver garantido de vez o título, e sua equipe focar na temporada de 2024, onde
talvez de fato venha a ter uma disputa mais ferrenha pelo título e por vitórias
por parte dos rivais na pista. Mas, por agora, só lhe resta fazer o melhor uso
possível de seu talento e do excelente carro que tem, e continuar enfileirando vitórias,
e quem sabe, bater o seu próprio recorde de triunfos em uma mesma temporada, do
ano passado, já que este ano a concorrência está ainda mais débil, e com menos
chance de oferecer resistência ao domínio do piloto holandês.
Resistência da F-1 a novos times:
E continua a queda de braço em relação à entrada de novos times no grid da F-1.
A FIA abriu processo para cadastrar times interessados em adentrar a
competição, e já tem um nome inscrito, o da Hitech, tradicional time que compete
em categorias de acesso, e que quer tentar a sorte na categoria máxima do
automobilismo. E não vamos nos esquecer também da Andretti, que em parceria com
a Cadillac, quer sonhar também em participar da competição. Mas a Liberty
Media, assim como a maioria dos times, vem novamente com suas justificativas
para lá de cretinas para dizer que a F-1 está muito bem, obrigado, com “apenas”
10 escuderias, e que não precisa de mais ninguém, a não ser que os candidatos
tragam “valor adicional e notório” à categoria, uma definição meio vaga, e que
pode mudar ao sabor da vontade da cartolagem, que fala na cara dura que não
quer dividir o bolo dos lucros com mais ninguém, e com isso atentando para o
espírito da competição. Não é de hoje que a F-1 é uma categoria “anêmica” em se
tratando de número de participantes, lembrando que em seus bons tempos havia 26
competidores no grid, chegando até a ficar gente de fora. Os torcedores querem
mais competidores, e a desculpa de que antigamente havia gente sem capacidade
para estar na F-1, e com isso, denegrindo a competição, já não cola mais, pois
só para se entrar na brincadeira hoje se exige um orçamento monstruoso, e uma
estrutura idem, que não é qualquer um que pode bancar. Portanto, o problema
mesmo é vencer a mentalidade “clube do bolinha” que passou a imperar entre os
participantes e a direção da Liberty Media, onde até mesmo Stefano Domenicalli
passou a comungar com estas idéias imbecis, mostrando que ele virou a casaca
apesar de sua longa vivência na competição ao longo dos anos. Dizer que as
equipes atuais são saudáveis, e que não se precisa de novos jogadores na
partida é uma afirmação das mais idiotas, tentando apenas achar uma explicação
para o egoísmo que está imperando na categoria, que até pode fazer sentido em termos
financeiros, mas mostra que o lado comercial sufocou de vez o lado esportivo,
sem garantias de que isso se reverta em melhores disputas.
Pascal Wehrlein: O piloto alemão
da equipe Porsche entra na reta final da temporada da F-E como franco-atirador,
precisando mostrar serviço se quiser de fato ser campeão. Tendo feito um início
de temporada dos mais inspirados, Pascal perdeu ímpeto a meio da temporada,
enquanto rivais como Nick Cassidy e Jake Dennis, que tiveram seus altos e
baixos, crescerem na competição, enquanto Wehrlein começou a ficar atrás até de
seu companheiro de equipe na Porsche. Pascal até deu uma reagida numa das
provas de Jakarta, mas voltou a se apagar nas etapas seguintes, especialmente
em Portland, onde viu os rivais terminarem no pódio, e ele ficar devendo, até
mesmo para o companheiro de equipe, que subiu ao pódio enquanto ele terminava
apenas em 8º lugar. Restando quatro provas para encerrar a competição, Pascal
precisa reagir já, se não quiser chegar à reta final como azarão, uma vez que
sua colocação na temporada está em risco, com Mith Evans chegando perto, e
tendo desempenhos mais regulares do que o piloto alemão. Tido como grande
promessa do automobilismo há alguns anos, o bom momento vivido pelo trem de
força da Porsche na F-E possibilitou a chance de Pascal mostrar o que vale, mas
a performance irregular do time, especialmente nas classificações, pode fazer
ele perder sua melhor chance de ser campeão nos últimos anos. Uma chance que
pode não aparecer novamente. Ou ele supera os percalços do time, ou ficará na
fila, que pode andar no próximo ano, e não lhe oferecer nova oportunidade de
ser campeão...
Yamaha na MotoGP: Não é só a Honda
que anda perdida na classe rainha do mundial de motovelocidade. Sua rival
direta, a Yamaha, também não vem tendo uma boa temporada, e assim como sua
conterrânea, virou figurante em 2023. Fabio Quartararo, a exemplo de Marc
Márquez, tenta tirar o que pode, e até o que não pode da moto nipônica, o que
tem deixado o campeão de 2021 impossibilitado de voltar a brigar por vitórias,
e menos ainda, pelo título. Tirando um quarto lugar de Franco Morbidelli na
Argentina, e um terceiro lugar de Fabio em Austin, no restante das etapas a
Yamaha tem sido uma negação até aqui. Uma prova do desprestígio da marca
japonesa é o fato de não ter mais um time satélite, com a RNF tendo migrado
para a Aprilia, deixando de usar as motos da marca dos três diapasões,
descontente não apenas com a performance do equipamento, mas também com a
relação com o construtor nipônico. Assim, a Yamaha perde a chance de
contabilizar mais dados a fim de tentar estudar como efetuar um desenvolvimento
mais efetivo de seu equipamento, já que todos os demais construtores contam com
mais de um time para analisar o comportamento de suas motos. E, se Quartararo
não está indo bem, Franco Morbidelli também não tem conseguido muita coisa,
sendo que ambos se encontram bem próximos na tabela de classificação, com o
francês ocupando a 9ª colocação, com 64 pontos; e o ítalo-brasileiro sendo o
11º, com 57 pontos. A marca nipônica diz que trabalha intensamente para
reverter a situação, mas na atual temporada, até aqui, os resultados são
decepcionantes, e sem boas perspectivas de reversão, pelo menos este ano. Quem
sabe em 2024...
Toyota no Mundial de Rali: A marca japonesa continua dando as cartas no principal campeonato de rali do mundo. Kalle Rovanperã segue firme na liderança da competição, com uma boa vantagem para Elfyn Evans, também da Toyota, 41 pontos atrás do atual campeão mundial. E, na terceira colocação do campeonato vem o multicampeão Sébastien Ogier, que não vem disputando todas as etapas da temporada, mas é o piloto que mais venceu em 2023 até agora, com três triunfos, contra apenas 1 de Rovanperã e também 1 de Evans. Ogier, aliás, tem a terceira colocação no campeonato justamente por ter mais vitórias que Ott Tanak, que está empatado em pontos com o francês, até aqui o rival mais próximo da Toyota, defendendo a Ford. Pelo visto, os rivais precisam se esforçar mais, se quiserem destronar o time japonês da liderança do campeonato, onde possuem 5 triunfos nas 7 etapas disputadas até agora, sendo que Ford e Hyundai possuem apenas 1 triunfo cada um, e chances bem remotas de disputarem o título. E a situação dos concorrentes poderia ser ainda mais complicada se Ogier estivesse disputando toda a temporada, sendo que o multicampeão disputou apenas 5 etapas até aqui, tendo vencido, como já mencionado, 3 delas. Assim fica difícil os rivais conseguirem mostrar serviço. Tratem de caprichar mais...
EM BAIXA:
Marc Márquez: O hexacampeão vem
tendo uma fase tenebrosa na MotoGP este ano. Com uma moto não muito competitiva
da Honda, a “Formiga Atômica” tem pilotado no limite, indo várias vezes além
dele, na tentativa de buscar melhores resultados, e o que tem conseguido foram
várias quedas, por vezes até colocando outros pilotos em risco, como no choque
com Johaan Zarco em Sachsenring, ou com Enea Bastianini em Assen. No GP que
mais dominou em sua carreira na classe rainha do motociclismo, na Alemanha, Márquez
chegou a sofrer 5 quedas no fim de semana, terminando por não participar da
corrida, devido a lesões decorrentes dos tombos. Ele até participou da etapa da
Holanda, mas novamente ficou de fora da corrida por ordem médica, diante dos
ferimentos não recuperados da etapa alemã. Como desgraça pouca é bobagem, o
piloto parece não ter mais confiança no seu equipamento, já que a atual Honda
tem apresentado um comportamento imprevisível quando levada ao limite, o que
fez com que seus pilotos sofressem várias quedas. E sendo sempre quem força mais
para chegar ao limite, e por vezes tentando ir além, é Marc Márquez quem mais
vem se expondo, e o número de tombos está ficando mesmo preocupante. O piloto
já se reuniu com nomes importantes do departamento de competições da Honda,
para expor seu descontentamento com a situação atual, uma vez que ele se
dedicou a recuperar-se plenamente para poder voltar a competir em alto nível. O
problema é que a Honda não conseguiu melhorar sua moto de maneira decente a lhe
proporcionar chances reais de disputar as melhores colocações, e andar sempre
no limite tem ficado cada vez mais perigoso. E as chances de novos ferimentos
nos tombos aumentam bastante. Marc Márquez sempre foi um piloto agressivo, por
vezes até demais na pista, o que o levou a conquistar seis títulos de forma
quase arrasadora na MotoGP, mas quando um piloto como ele começa a ter dúvidas
a respeito da confiança no seu equipamento, é porque a situação está mesmo
muito ruim, e não depende só dele solucionar esse problema, mas principalmente
da Honda. Será que ele vai conseguir ter paciência para esperar que seu time
apresente resultados? Até agora ele foi sempre leal aos japoneses, mas diante
da situação atual, toda lealdade e paciência tem seus limites...
Romain Grosjean: O ex-piloto de
F-1 e atual titular do time de Michael Andretti na Indycar começou a desandar
na temporada 2023. Romain vinha de dois pódios de 2º lugar nas etapas de Long
Beach e do Alabama, mas desde as 500 Milhas de Indianápolis o piloto só vem
colecionando batidas e rodadas, perdendo muitos resultados potenciais, e
colocando até a sua permanência no time da Andretti em possível dúvida para
2024, embora para alguns isso seja considerado exagerado. Mas, altos e baixos
da performance da escuderia à parte, Grosjean ainda não desencantou na Indycar
como se esperava. O piloto surpreendeu em sua temporada de estréia em 2021 na
modesta Dale Coyne, o que motivou sua contratação pela Andretti a partir de
2022, mas em um dos grandes times da categoria, o franco-suíço não rendeu o
mesmo até agora, e isso considerando os altos e baixos da equipe. Pior é que a
tendência de Romain de se envolver em acidentes e percalços de pista, já visto
em vários momentos de sua carreira na F-1, bateu em cima nas últimas corridas,
chegando a complica-lo com outros pilotos. Em Road America, por exemplo, ele acabou
envolvido de forma indireta em um acidente entre Will Power e Scott Dixon nos
treinos, recebendo adjetivos pouco elogiosos do atual campeão da categoria. Na
corrida, Grosjean foi o piloto da Andretti pior classificado no grid, e depois
de algumas lambanças na prova, terminou em penúltimo entre os que receberam a
bandeirada de chegada. Melhor Romain colocar um pouco a cabeça no lugar, e
fazer uma reza brava, para sair desse momento ruim, antes que ele acabe
arrumando mais confusões na pista, e até fora dela...
Sergio Perez: O piloto mexicano voltou a enfrentar um momento já visto no ano passado, quando também nos deu a impressão de que poderia ao menos dar a esperança de não deixar Max Verstappen rumar sozinho rumo ao título da temporada. Tendo conseguido duas vitórias na temporada, Perez vinha dando sinais de que poderia, pelo menos, ficar mais próximo de seu quase imbatível companheiro de equipe, e em determinado momento, chegou a deixar Max meio incomodado com a situação. Claro, isso seria passageiro, pois a diferença de talento entre o holandês e seu companheiro de time é patente, mas com alguma sorte, e muita competência, Sergio poderia fazer parecer que daria mais combate, nem que fosse de mentirinha. Bem, depois da prova de Miami, onde apesar de ter terminado no pódio, foi o grande derrotado do fim de semana, eis que Perez não conseguiu dar uma dentro desde então. Em Mônaco, por exemplo, onde poderia reverter a situação, errou no momento mais crasso, na classificação, comprometendo todo o seu final de semana, e vendo Verstappen vencer de novo. Em Barcelona e no Canadá, amargou não chegar ao Q3, tendo de partir do meio do grid, e pior, não conseguir fazer uma recuperação à altura do que Verstappen fez até aqui na temporada quando foi exigido. Como não bastasse ver o holandês seguir vencendo e disparando cada vez mais na liderança, agora é o próprio Sergio que tem que se defender dos rivais que vem chegando cada vez mais perto, caso de Fernando Alonso e Lewis Hamilton, que tiveram desempenhos muito mais sólidos no cômputo das últimas provas, e já colocaram o mexicano na alça de mira, antecipando o que pode ser um duelo pela vice-liderança do campeonato. Se isso acontecer, dada performance do modelo RB19, seria um grande revés ter de batalhar para ser vice-campeão quando poderia estar nadando de braçada sobre os rivais na pista. Azar, ou falta de competência. Pode ser os dois, mas a segunda hipótese é o que vai pesar mais na opinião de todos, e por mais que a direção da Red Bull diga que Perez segue firme no time, apesar de tudo, convém ficar de sobreaviso, porque o humor de Helmut Marko é algo muito instável e sem garantias. Perez que trate de reencontrar o seu rumo, antes que o rumo seja dado a ele...
Lance Stroll: O piloto canadense vem sendo uma das figuras mais questionadas do grid atual da F-1, diante da discrepância de resultados obtidos por ele na atual temporada, se comparado com seu novo companheiro de equipe, o espanhol Fernando Alonso, que em oito provas já obteve seis pódios, e está na briga até pelo vice-campeonato da competição. No Canadá, terra de Lance, o piloto da “casa” terminou a corrida em 9º lugar, resultado que não é de todo ruim, exceto quando se vê que, durante toda a prova, Alonso brigou no TOP-3, terminando a etapa em um excelente 2º lugar, seu melhor resultado no ano até aqui. Tirando a etapa da Espanha, onde Alonso acabou danificando seu carro na classificação, e teve seu pior momento no ano, em nenhum outro momento Stroll andou à frente de seu companheiro de time, ficando bem para trás. Se a Aston Martin está hoje brigando nas primeiras posições na pista e no campeonato, é devido a Fernando Alonso, que está mostrando toda a sua velha capacidade de pilotagem, e empurrando o time cada vez mais cima, como convém a um time de competição que deseja de fato vencer corridas, e quem sabe, lutar pelo título da temporada. Já circulam até boatos de que Lawrence Stroll, dono do time, pode ter que começar a pensar se vale a pena manter Lance no time, se os patrocinadores começarem a exigir que ele trate a operação da escuderia com profissionalismo, e não com paternalismo. Afinal, Lance é seu filho, e todo o seu envolvimento com a F-1 se originou da vontade de dar a ele condições de competir em bons times, sendo agora dono de sua própria escuderia. Portanto, trocar Lance por outro piloto, mais capaz, pode ser complicado. Impossível? Talvez não. Mas difícil, sim. Seria impensável, em caso de troca de pilotos, sacar justamente Alonso para manter seu filho titular, diante de algumas especulações de troca de pilotos, envolvendo nomes como Charles LeClerc ou Lando Norris, e se acontecesse, apenas acabaria com a credibilidade do projeto, que ficaria escancarado como algo feito apenas para Lance Stroll competir na F-1. Mas Lance já mostrou ser capaz de fazer mais do que vem fazendo no momento. Cabe a ele reencontrar a sua melhor forma, e assim, ajudar não apenas ao time de seu pai, e a si próprio, mostrando que merece estar no grid, não sendo apenas um “filhinho de papai rico” como muitos fazem questão de rotulá-lo. Resta saber se ele vai conseguir. A chance está aí, com um carro competitivo, como Alonso está mostrando ser. Que não a desperdice...
Sam Bird: O piloto inglês, um dos
mais experientes do grid da Formula-E, vem tendo uma temporada aquém do
esperado. Depois de passar a temporada de 2022 sem vencer nenhuma corrida, e
vendo o companheiro de equipe Mith Evans terminar o ano como vice-campeão,
tendo quatro triunfos na temporada, enquanto ele amargava apenas a 13ª
colocação no campeonato, com 51 pontos diante dos 180 do neozelandês, Bird repete
a sina na atual temporada, onde segue sem conseguir nova vitória na categoria,
e mais uma vez assiste o parceiro lutar pelo título enquanto ele permanece no meio
da classificação da temporada. Pior, em pelo menos duas ocasiões, Sam dinamitou
as chances da escuderia de obter um bom resultado em corrida, ao acabar
provocando acidentes que tiraram da prova não apenas ele, mas também Mith
Evans, o que não deve ter deixado a cúpula da Jaguar nada contente, por se
tratar de batidas plenamente evitáveis, ainda mais para alguém experiente como
ele. Já se comenta que seu lugar no time inglês está em perigo, e que ele
provavelmente não consiga renovar para 2024, diante dos resultados incipientes.
Para a Jaguar, não seria uma situação inédita: anos atrás, eles dispensaram
Nelsinho Piquet, diante da falta de resultados do brasileiro na escuderia, apesar
de ele ter sido o primeiro campeão da categoria de carros monopostos elétricos.
Ao lado de Lucas Di Grassi e Sébastien Buemi, Sam Bird é um dos pioneiros da
primeira temporada da F-E, e durante quase todas as temporadas conseguia vencer
pelo menos uma corrida, construindo uma boa reputação como piloto na
competição. Mas os dois últimos anos parecem estar colocando essa reputação em
grande risco, e talvez até mesmo sua permanência na competição. Será que ele consegue
se recuperar e evitar o pior? A acompanhar...
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